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Capítulo 56 – O Encontro Dos Mais Poderosos

Tanto Brey quanto Melyssa ficaram empolgadas ao verem Colin em perfeito estado, ou quase isso. Elas se sentaram junto a ele no chão, e pela primeira vez em muito tempo conseguiram sorrir e esquecer por um momento todo inferno que passaram naquele lugar.

Morgana se dava bem com as garotas, e elas não temiam a aparência um tanto intimidadora de Morgana.

Brey até mesmo subiu nos ombros da vampira enquanto ela corria de um lado para o outro. Depois de um tempo, Morgana trouxe até mesmo comida e eles prepararam tudo ali mesmo no chão do quarto, usando os lençóis como forro.

Assim que acabaram de comer, Brey e Melyssa foram brincar com um urso de pelúcia enorme que estava no canto do quarto.

— O que vamos fazer agora? — perguntou Morgana com aquele olhar intenso concentrado nele.

Colin comia um pedaço de pão calmamente. Ele observou Morgana por um instante e desviou o olhar.

— Sou prisioneiro aqui. — disse de boca cheia — Não tem muita coisa que um prisioneiro possa fazer.

— Quer lutar comigo? — Indagou Empolgada — Posso te ensinar a ser tão forte quanto eu!

Ele engoliu o pão que mastigava.

— Você é bem diferente do que achei que seria…

Morgana fez uma careta e se aproximou de Colin.

— E isso é bom ou ruim?

Colin mordeu outro pedaço de pão.

— É bom, eu acho… você é uma boa pessoa ou uma boa vampira… obrigado por cuidar das garotas por mim.

Estendendo a mão, ela pegou um pedaço do pão de Colin e começou a mastigar enquanto fazia caretas estranhas.

— Isso não tem um gosto tão bom quanto carne. — disse de boca cheia — Consegue satisfazer o estômago com essa coisinha?

— Ajuda a matar um pouco da fome. Você já foi humana, não foi?

Morgana fez que não.

— Nós da terceira geração já nascemos assim. Acho que por isso não somos tão desesperados por carne humana como os outros vampiros.

Colin bebeu um gole do seu café.

— Como assim?

— Vampiros transformados são mais agressivos e mais famintos. Por isso, quanto mais nova é a geração, mais desequilibrado é o vampiro. Alistar, por exemplo, era da 12.ª, geração, por isso aquele cachorrinho era tão maluco.

Colin olhou o fundo dos olhos de Morgana. Ele se concentrou naquela íris avermelhada e focou naquela pupila de gato.

— O que foi? — perguntou ela — Tem algo no meu rosto?

Colin suspirou e deu outra golada generosa em seu café. Aquela mulher tinha um corpo bastante atlético e tinha força para varrer o chão com a cara dele, mas mesmo assim parecia tão inocente que fazia Colin se sentir incomodado. Ele coçou a nuca e suspirou mais uma vez. Notando a insatisfação dele, Morgana se afastou um pouco.

— Algo errado? Se quiser posso buscar mais comida.

Colin abanou uma das mãos.

— Não tem nada de errado, eu só estou pensando nos meus amigos.

— Amigos?

— É, eles ficaram no vilarejo, e o eclipse deve estar bem próximo.

Ah, é isso? O eclipse começa amanhã à noite.

Colin levou um susto ao ouvir aquilo.

— Amanhã? Tem certeza?

Morgana fez que sim com a cabeça.

— Nostradamus ainda está tendo dificuldade para parar a rebelião humana, mas não acho que ele vá parar com o plano do eclipse.

Aquilo o assustou por um instante.

— Entendi… E você, não participará do eclipse?

Morgana deu de ombros.

— Não tenho interesse. Para ser sincera, Graff só concordou se juntar a Nostradamus para ver o nível dos vampiros atualmente, e acho que ele ficou um pouco decepcionado. Estão todos muito fracos, não conseguem deter uma rebelião de humanos. Qualquer idiota veria que o plano de Nostradamus falhou antes mesmo de começar. — Morgana abriu um sorriso de orelha a orelha — Mas esquece esse papo sobre eclipse, quando lutaremos de novo?

— Tenho que ajudar meus amigos primeiro. — respondeu Colin — Acho que consigo salvá-los se eu lutar contra Nostradamus.

Morgana cruzou os braços e fez que não com a cabeça.

— Você é forte, mas não tem chance contra Nostradamus. Ele é bem poderoso, não conseguiu reunir todos os clãs pelo carisma, e os outros clãs confiam nele. Até mesmo para chegar até ele você precisará ser cauteloso. O líder do clã Breto é o seu braço direito e aqueles malucos dos Muguenis são os guarda-costas. Só de tentar se aproximar dele já dará um trabalhão.

Colin assentiu e olhou Brey e Melyssa se divertindo enquanto tentavam escalar o urso.

— Desculpa, Morgana, mas não posso fugir disso. Tenho que enfrentá-los, tem pessoas que dependem de mim. Não posso deixá-las na mão.

Morgana suspirou e fez que sim.

— Então você realmente tem um problema em mãos.

Colin notou que a sombra do lado de Morgana oscilava bastante, e ela pareceu não ter percebido. Ele conseguiu ver um olho e logo depois a sombra ganhou forma rapidamente. Eilika surgiu atrás de Morgana segurando uma foice feita de sombra e avançou no pescoço da vampira.

 Thing!

A foice parou na pele dura da vampira e isso foi uma surpresa até mesmo para Eilika, que havia colocado toda sua força naquele golpe. Morgana apenas a encarou por cima dos ombros com um rosto bastante sério. Eilika saltou para trás, mas Morgana já havia feito seu movimento. Sua mão enorme segurou o pescoço de Eilika e começou a asfixiá-la.

Os pés da pandoriana pedalavam no ar.

— Não faz isso, Morgana! — berrou Colin — Ela é minha companheira!
 
De imediato, Morgana soltou Eilika e ela caiu de bunda no chão enquanto tossia demasiadamente. Colin correu até ela.

— Você tá bem?

Eilika fez que sim com a cabeça e recuperou o fôlego. Brey e Melyssa encararam aquela cena bastante assustadas.

— Tá tudo bem! — disse Colin a elas — A gente só estava se exercitando, por que não voltam a brincar?

— São elas? — Perguntou Eilika com a mão no pescoço.

— Sim, são.

Ela olhou para a vampira enorme na sua frente.

— Quem é ela?

— Ela é uma amiga, eu acho… o nome dela é Morgana.

— Ela é bem forte, achei que iria morrer.

— Bem… Morgana é da terceira geração…

Eilika arregalou os olhos. O mais impressionante era como Colin conseguiu fazer amizade com gente assim.

— Pelo menos ela tá do nosso lado, não tá?

Colin engoliu o seco e fez que sim. Ele ajudou Eilika a ficar de pé e ela olhou para cima encarando aquela mulher. Era impossível não se sentir intimidada, ainda mais porque Eilika era baixinha e magrela, já Morgana era totalmente o oposto disso.

— Desculpa por ter te atacado…

Morgana abanou uma das mãos.

— Tudo bem, qualquer amiga do Colin é minha amiga também. — Morgana encarou as orelhas de Eilika e seus olhos se concentraram na calda dela — Uma pandoriana! — Ela se aproximou de Eilika e tocou suas orelhas com o indicador — Nagini vai adorar conhecer você!

A mudança brusca de personalidade assustou Eilika.

— Morgana. — Chamou Colin — Nagini é uma pandoriana, não é? Como ela é daquele tamanho?

— Nagini é um animal raro, então é mais fácil para ela alcançar o terceiro estágio.

Colin ergueu as sobrancelhas. Ele nunca havia ouvido falar do terceiro estágio.

— É o estado bestial do pandoriano. — Respondeu Eilika e Morgana fez que sim com a cabeça algumas vezes — Normalmente os pandorianos como eu, conseguem o segundo estágio naturalmente, mas para alcançar o estágio três, irá depender da força e poder mágico do dono da alma do pandoriano e do próprio pandoriano; por isso, é mais difícil.

— Isso, isso, isso! — assentiu Morgana — Nagini normalmente é tão pequena quanto nossa amiga ratinha aqui, por isso ela não gosta de se mostrar.

— Eu não sabia disso. — disse Colin.

— Não importa, mas e aí vamos lutar? Vocês dois podem se juntar contra mim, o que acham?

— Não temos tempo para isso, temos que ajudar nossos amigos. — Respondeu Colin.

Morgana cruzou os braços e fez beicinho.

— Tá bom, mas pelo menos esperem Graff chegar, ele vai saber o que fazer.

— Onde ele foi, afinal? — perguntou Colin.

— Resolver alguma coisa. Eles não me contam o que fazem, apenas fazem. Então já que vocês não querem lutar, que tal a gente se sentar aqui e nos conhecer melhor, hein?

Colin coçou a nuca e fez muxoxo.

— Nós realmente não temos tempo para isso…

— Não se preocupa, Graff normalmente resolve os assuntos dele rapidinho.

Ele cruzou olhares com uma Morgana sorridente de olhar brilhante.

— Tudo bem, mas espero que ele retorne logo…

— Isso! — Morgana se sentou no chão — Vou começar contando da vez que desafiei o próprio tio Graff para lutar comigo, já aviso que o desfecho deixará vocês de cabelo em pé! O que estão esperando? Sentem-se!


Algumas horas haviam se passado, e logo a manhã chegaria. Graff e os outros da terceira geração continuavam esperando a pessoa que solicitaram há algumas horas aparecer.

A manhã estava próxima, e alguns membros como Carmilla e Orlok estavam apreensivos.

— Que merda! — disse ela — Eles virão mesmo? Não acha que estão apenas nos enrolando para nos pegarem em uma armadilha?

— Se acalme! — disse Graff — Eles podem ser o que for, mas ainda assim acredito que honrariam sua palavra.

— Tem certeza disso? — perguntou Orlok — Não se esqueça que foi um caído que baniu lorde Alucard, e estamos aqui fazendo acordo com eles.

De repente, o tempo começou a fechar e uma ventania forte junto a trovoados se iniciou. A choupana em que estavam começou a tremer devido ao vento. Quanto mais tempo passava, mais parecia que aquela choupana iria sair voando.

A porta de madeira abriu e Var’on adentrou exibindo seu sorriso. Atrás dele estava uma mulher de sobretudo e capuz e, atrás da mulher, adentrou Ehocne, exibindo seu clássico sorriso debochado.

— Parece que os vampirinhos estão quase todos aqui, onde está aquela gorila? — Indagou Ehocne enquanto jogava o cabelo para trás dos ombros.

— Isso não é da sua conta — disse Lestat de maneira grosseira.

Uuu continua com o pavio curto de sempre, mas foram vocês que nos contataram, então acho melhor você segurar sua língua.

Tsc… — Lestat olhou para Graff com o canto de olho — Temos mesmo que fazer um acordo com esses cretinos? Só de olhar para eles fico enjoado.

Graff levantou a mão direita silenciando seu companheiro. Com as mãos no bolso, Graff caminhou para perto dos caídos que estavam próximos à saída. Mesmo que tivesse o corpo de uma criança, ele estava longe de ser fraco como uma. Apenas seu rosto era inocente, porém, Graff era o vampiro mais poderoso vivo. Especulavam que ele era tão poderoso quanto ALucard em seu auge.

Os caídos consideravam essa informação.

Eles tinham ciência que Alucard havia enfrentado um caído e a batalha fora tão brutal, que o caído se recupera até hoje na ilha das fadas.

— Não estamos aqui como inimigos. — disse Graff serenamente — Como sabem, queremos fazer um acordo.

— Que tipo de acordo, homenzinho? — perguntou Ehocne.

— Queremos que tragam Alucard de volta.

Os caídos se entreolharam. Nem mesmo eles esperavam um pedido tão absurdo.

— E por que eu o traria de volta? — perguntou Ehocne — Ele seria uma ameaça para nós, assim como vocês são agora.

Graff abriu um sorriso de canto.

— Sei que vocês andam armando os nortenhos com ante magia, instigaram Nostradamus a reunir todos os clãs para atacar a capital e até mesmo tem interferido na guerra que acontece naquele outro continente. O que vocês realmente querem fazer?

— Não devemos satisfação alguma, a um verme como você! — disse Var’on de maneira rude — Perdemos nosso tempo vindo aqui, vamos embora.

— Sol negro, certo? — Graff se aproximou dele com as mãos no bolso — O homem que dizem ser o mais perigoso do mundo… Não parece grande coisa para mim. Conheci seu povo antes dele ser extinto. Não me surpreende que eles tenham desaparecido, eram todos umas merdinhas, assim como você. Tiveram o fim que mereceram!

Var’on ficou frente a frente com Graff e a tempestade lá fora ficou ainda mais agressiva. As paredes de madeira começaram a tremer violentamente.

— Acho que viver por tanto tempo afetou seu cérebro. — Var’on cerrou os punhos — Parece que esqueceu que está na presença dos caídos.

— E isso era para assustar? Hehehe, você é só uma criancinha mimada que se diverte assustando os miseráveis humanos. — A sombra de Graff tomou conta de toda choupana, e por um breve momento foi como se todo som lá de fora não existisse mais. — Você passou séculos fazendo o que quis, e isso fez você perder o respeito e o medo, mas não se preocupe, consigo fazer isso voltar já, já.

— Ei, ei, ei! — Ehocne ficou entre os dois, apoiando a mão no peito de Var’on o empurrando para trás — Não estamos aqui para brigar, certo? Então se controlem!

A sombra de Graff em torno da choupana desapareceu e o som da tempestade torrencial retornou abruptamente.

— Por que não aceitamos o acordo? — disse a mulher no fundo.

— Ficou louca? — indagou Var’on indignado.

Ela fez que não.

— É mais fácil assim, não é? A terceira geração pode fazer o favor de não se meterem nos nossos assuntos e fazem mais dois favores para nós.

Graff ergueu uma das sobrancelhas.

— Que outros favores?

— Primeiro, Nostradamus já falhou. Soubemos que os humanos ainda estão realizando uma rebelião na cidade subterrânea, ele e todo aquele exército ainda não resolveu esse minúsculo empecilho. E olha que tive tanto trabalho para reunir aqueles clãs…

— Vá direto ao ponto. — disse Graff.

— Tire Nostradamus e os vampiros da jogada, eles não servirão nem para fazer cócegas ao império. São só um bando de incompetentes. O segundo favor esclareceremos na reunião em Khakuk, mais precisamente durante a madrugada daqui a treze dias, então é melhor que compareçam, terá gente bem importante lá.

“Gente importante?” pensou Graff.

— Então basicamente só vão dizer qual o outro favor nessa reunião, correto?

A mulher fez que sim com a cabeça e caminhou para a saída.

— Lide com Nostradamus da forma que quiser. Ele está há anos se preparando para o eclipse, é uma pena que ele seja tão incompetente quanto os outros membros daqueles clãs patéticos.

— E por que vocês mesmos não fazem isso? — perguntou Graff.

— Não faz nosso estilo. — respondeu a mulher — Vemos vocês daqui a alguns dias.

Ehocne estava um pouco tensa. Ela apenas se retirou enquanto puxava Var’on pelo braço. Antes de deixarem a choupana, Var’on e Graff cruzaram olhares mais uma vez. Os caídos desapareceram na penumbra e o tempo se abriu novamente. O róseo da manhã começava a tingir as nuvens, e isso significava que estava na hora de partir.

— Vamos indo. — disse Graff caminhando em direção a saída.

— A gente vai mesmo acabar com os planos de Nostradamus bem na véspera? — perguntou Carmilla — Não é um pouco maldoso demais?

Graff deu de ombros.

— Os vampiros que vieram depois da nossa geração não valem de nada. Seria melhor mesmo se assumíssemos as rédeas e moldássemos a sociedade a nosso modo. Ficamos quietos, deixamos os jovens assumirem e virou uma bagunça. Eles se preocupam mais em satisfazer a si mesmos do que com nossos valores. Se tornaram desalmados, matam qualquer coisa viva só por prazer, praticamente inverteram tudo desde que Alucard foi banido.

Eles deixaram a choupana e Orlok caminhou para próximo de Graff com as duas mãos entrelaçadas atrás da cabeça.

— Mesmo fracos, têm um número consideravelmente alto de vampiros na cidade subterrânea, e vamos mesmo confiar naqueles caídos? Não temos um histórico ótimo com eles.

— Não se preocupe, se eles estiverem mentindo, então eu mesmo os caçarei. Alguns vampiros já devem estar se escondendo próximo a alguns vilarejos, então esses deixaremos pros humanos cuidarem. — Graff exibiu seu sorriso diabólico — Explicarei a situação a Morgana e ao novo amigo dela. Ele, ajudando ou não, não fará diferença. Eu só quero que ele veja em primeira mão o quão poderosos somos.

Carmilla aproximou o passo e se agachou próxima ao ouvido de Graff.

— Vai mesmo confiar no errante? — perguntou Carmilla — Sei que ele é o brinquedo novo de Morgana, mas isso já não é um pouco demais?

— Você vai retrucar Morgana? — perguntou Orlok — Vá lá e diga para a gorila que o novo cachorrinho dela não é confiável. Quero ver quanto tempo você durará.

— Eu não vou fazer isso, eu só acho que a gente tá incluindo o errante muito fácil nos nossos planos. Sei que pretendem usá-lo, mas isso… vocês estão praticamente o considerando um membro da família.

— Achei que estivesse claro. — disse Lestat — Ele não é nosso novo Pet?

— Nosso não, o da Morgana. — Rebateu Orlok com as mãos atrás da cabeça. — E mais uma coisa, a caída aceitar trazer Alucard devido a um favor… que porcaria de favor é esse afinal?

— Um favor bem grande provavelmente. — Completou Carmilla — Isso sem falar que ela quer que eliminemos o nosso próprio povo. Eles não batem muito bem da cabeça.

Graff os encarou por cima dos ombros.

— O que foi, Carmilla? Com pena de matar seu próprio povo? Achei que fosse a grande presa branca, aquela que nunca demostra misericórdia com seus inimigos.

— E não demonstro, só estou pensando na situação em sua totalidade.

Graff deu de ombros.

— Com ou sem caído, eu já planejava assumir as rédeas da organização. Eles disseram que pessoas importantes estarão na grande reunião, e isso me fez ficar levemente ansioso. Enfim, vamos logo apressar o passo antes que o sol nasça.

— Sim, senhor! — disseram todos em uníssono.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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