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Capítulo 64 – Convite do Imperador

Liena e os outros arrumavam suas carruagens enquanto Samantha e Colin estavam na sala do duque para receber o pagamento e algum bônus por proteger o ducado dos vampiros. Afinal, algumas pessoas haviam feito o trabalho de um exército inteiro.

Ao lado do duque estava sua irmã viúva. Seu semblante estava mais tranquilo, ela parecia mais viva. Já o duque, estava ranzinza como sempre.

— Que história é essa de bônus? — Ele perguntou furioso — Não combinamos isso, e vocês lotaram minha casa de desconhecidos durante o ataque. Sabe quanto gastei para alimentar aqueles cretinos?

— Isso não é problema nosso — disse Samantha — Parece que salvar as pessoas é um problema para você. Meus amigos quase morreram para manter esse seu rabo a salvo. Pague o que nos deve e um bônus. Espantamos uma horda de vampiros, acabar com você é bem fácil comparado a isso.

Furioso, o duque cerrou os dentes de ouro.

— Eu não gosto do modo como você fala, mocinha, parece que esqueceu como se respeita os mais velhos! E ainda por cima está me extorquindo, onde já se viu!

— Não seja tão irritante — disse a viúva — A senhorita tem razão, sem eles estaríamos mortos. Dê logo o dinheiro a ela e o bônus.

— Francamente…

O duque se levantou e se retirou para os fundos, batendo a bengala de maneira agressiva na madeira envernizada.

— Desculpem meu irmão, ele sempre foi mesquinho assim.

Samantha abanou uma das mãos.

— Se preocupa não, é fácil lhe dar com gente como ele. A gente já tá acostumado.

— Estamos? — perguntou Colin com a sobrancelha erguida.

Samantha lhe deu um pisão no pé e Colin não disse mais nada.

— Então… — disse Samantha — Agora que o problema com o necromante e os vampiros foi resolvido, o que pretendem fazer agora?

A viúva olhou para baixo pensativa.

— Muitos dos nossos soldados foram mortos nesses últimos dias, estava ponderando pedir ajuda de Ultan, mas eles cobram um valor alto de tributação caso o ducado vire uma jurisdição oficial do império. O pessoal do ducado e principalmente meu irmão estão relutantes em relação a isso, mas acho que vão acabar cedendo… não queremos mais viver com medo.

O duque retornou com dois soldados carregando enormes sacos de moedas, colocando em cima da mesa que estalou com o peso.

Era visível que o duque estava descontente, mas sua irmã tinha razão, sem eles no ducado, provavelmente a maioria das pessoas não teria sobrevivido ao eclipse.

Samantha apoiou a mão nos sacos de moedas e eles se reduziram a dois anéis. Ela colocou um dos anéis no indicador e o outro no dedão.

— Foi um prazer fazer negócio com você, senhor duque! E senhorita viúva, tenha uma boa tarde!

O duque não suportava sequer olhar Samantha nos olhos, pior ainda era ouvir todo aquele deboche.

— Sua…

Depois do pagamento efetuado, Samantha e Colin se ergueram caminhando até a porta. Eles desceram as escadas e Samantha ergueu a mão encarando os anéis que enfeitavam seus dedos.

— Estou parecendo uma nobre com esse monte de anéis.

— Mas você é uma nobre.

— Sou, mas não me visto como uma.

Assim que eles saíram da casa, viram dezenas de soldados com armaduras prateadas ao redor do ducado. Eles pareciam ajudar pessoas, outros descarregavam caixas de suprimentos. Algo que se destacavam neles eram três dragões vermelhos estampados na armadura prateada.

— Aí estão vocês! — disse Lina se aproximando.

— Quando eles chegaram? E quem são eles? — perguntou Samantha.

— Chegaram a pouco tempo. — respondeu Lina — São os dragões carmesins. Eu havia relatado ao império alguns dias antes do ataque dos vampiros, meu pai deve ter enviado-os achando que o problema ainda persistiria.

Samantha não escondeu a surpresa ao ouvir o nome dos dragões carmesins. Eles eram a terceira guilda mais forte mais império e o líder deles era um importante membro do lótus. O imperador deve ter realmente considerado a ameaça dos vampiros para mandar gente como eles.

— Quero apresentar vocês a algumas pessoas. Me sigam.

— Vem, tenho que te apresentar uma pessoa.

“Apresentar uma pessoa?”

Sem questionamentos, eles seguiram Lina passando pelos soldados que os encaravam feio. A maioria ali conhecia Lina ou a filha do comandante da guarda real, mas aquele garoto que se parecia um elfo negro era um enigma. Os boatos sobre Colin ser um desalmado e como seu grupo menosprezou todos os nobres na festa de recepção já haviam se espalhado.

Então os semblantes de ódio eram bastante justificáveis. O mais assustador era que os soldados eram bastante fortes. Estavam longe do nível de Morgana, mas mesmo assim eles não deveriam ser ignorados.

Andaram até uma tenda. Uma mulher loira com tranças se aproximou deles. Seus olhos eram azuis, seus lábios rosados e seu cheiro era agradável.

— Achei que não estivesse mais por aqui, irmã. — disse Lina oferecendo a mão.

Elas se cumprimentaram com um aperto de mão.

— Colin, essa é Janora, a Santa. — Elas soltaram as mãos — Essa foi minha irmã de batalha quando lutei ao lado do império de Ultan anos atrás.

Janora ficou em sentido e prestou continência.

— Janora, segunda em comando dos dragões carmesins se apresentando! — disse ela.

— Sou Colin… apenas Colin…

— E eu sou Samantha…

Janora fez uma reverência.

— Certo, Colin, Samantha, meu comandante está lhes esperando na tenda.

“Comandante dela?”

Lina apoiou as mãos no ombro de Colin e fez que sim.

— Vamos, pessoal.

— Tá…

— A gente se fala mais tarde. — disse Lina encarando Janora — Quem sabe não bebemos um pouco e você me conta sobre sua vida sem graça.

Janora exibiu um sorriso.

— E você me conta como é sua vida empolgante sendo mimada pelo imperador.

Ambas gargalharam e Lina se despediu de Janora com um tchauzinho de costas. Colin olhou por cima dos ombros, observando Janora se afastar. Ele usou a análise, e viu uma mana gentil ser emitida dela, talvez a mana mais gentil que ele já conheceu.

Com uma das mãos, Lina afastou a lona da tenda, e adentraram um lugar limpo. Castiçais enfeitavam o recinto, havia uma mesa grande de madeira no centro com um gigantesco mapa. O carpete era vermelho com decoração de dragões. Havia um baú rústico ao fundo, junto também de uma armadura prata reluzente ao lado do baú.

Um homem loiro alto, que se parecia com Janora, estava sentado na cadeira lendo um pergaminho.

Assim que bateu os olhos nas visitas, ele se levantou e curvou o corpo.

— É um prazer conhecê-los, o senhor deve ser Colin e você deve ser Samantha, certo? Eu não sabia que aquele velho horroroso podia ser pai de uma mulher tão bela, me permite?

Ele pegou a mão de Samantha e deu um beijo.

— Sou Melin, comandante da guilda dos dragões carmesins, é um grande prazer conhecê-la.

Samantha ficou sem jeito, e até mesmo se sentiu intimidada.

— Ah… — disse ela sem jeito — O prazer é meu…

— Ainda não é, mas se me permitir ele pode ser.

— Ei, ei — disse Lina — Vá direto ao ponto, para de assustar a garota, quer se resolver com o pai dela depois?

Melin soltou a mão de Samantha e fez mais uma reverência.

— Mil perdões, senhorita Samantha, espero que isso não tenha sido um incômodo para a senhorita.

— Ah… tudo bem…

Melin assumiu novamente sua postura e começou a caminhar para os fundos da tenda.

— Ouvi falar de vocês — disse Melin fuçando em alguns papéis em uma estante — Alguns estudantes que voltaram da excursão disseram que vocês derrotaram bandidos que usavam ante magia. Depois ouvi dizer que derrotaram um demônio na estrada a caminho daqui e agora ouço que vocês conseguiram parar a invasão de uma horda de vampiros. — Ele pegou um calhamaço de papéis — Depois resolvi pesquisar mais fundo sobre Colin e quem cerca esse garoto tão misterioso, e olha o que encontro! Ele é amigo de uma monarca de duas árvores, uma descendente de Asmurg e dois elfos encrenqueiros, mas o mais surpreendente de tudo é que ele conhece Stedd Ubiytsy.

Melin deu de ombros.

Colin ergueu uma das sobrancelhas, era estranho ouvir o nome de Stedd sair da boca de um comandante de Guildas tão forte.

— Você o conhece? — Indagou Colin.

— Stedd Ubiytsy, ele é o filho mais novo da família de assassinos mais infame da história deste continente. Soube que seus irmãos mais velhos são especializados em caçar imperadores e capitães de Guildas, mas não é só isso, dizem que o próprio Stedd assassinou a família imperial de Respied, que era um pequeno país ao norte, isso com doze anos. — Melin coçou a nuca — Só estou curioso com o fato de que alguém da família Ubiytsy tenha interesse em você.

Colin sabia que Stedd era forte, mas não sabia que ele tinha assassinado uma família imperial inteira, sem contar o histórico de sua família bizarra que caça pessoas poderosas.

Melin entregou um papel para Colin com o selo imperial.

— O próprio imperador ficou interessado em você, ele quis saber quem é o tal elfo que anda influenciando seus filhos mais novos. Isso é uma ordem de convocação para encontrar o imperador pessoalmente. Se eu fosse você, não rejeitaria.
“O que o imperador quer comigo?”

— Agora vamos a um lugar, tem algo que quero mostrar a vocês.

Melin caminhou para fora da tenda acompanhado de Lina, Colin e Samantha. Vários soldados prestavam continência ao avistarem seu comandante. O mais surpreendente de tudo, era que Colin estava com sua análise ativa, enxergando uma aura surpreendente emitindo de todos os integrantes dos dragões carmesins, mas quando ele pousou seus olhos em Melin, ele levou um susto. A aura de Melin era azulada e brilhava como o sol, além de ser uma das maiores auras que Colin já vira em toda sua vida, igualando com Hodrixey. Lina apoiou a mão no ombro de Colin e desacelerou o passo.

— Surpreso? — ela perguntou.

— Bem, um pouco.

— Sua surpresa é compreensível, ele é um monstro.

— Senhorita Lina…

Ela encarou Colin com o canto dos olhos.

— O que foi?

— Ele é um monarca, não é?

Lina fez que sim.

— Ele é um monarca do céu, o único vivo neste continente. — Colin ergueu as sobrancelhas — E também um integrante do Lótus. Melin pode ser o líder, mas ele não está tão longe em termos de poder em comparação aos outros dois comandantes dos dragões carmesins. Os três dragões, é assim que chamam seus comandantes.

— Três dragões?

— Sim, são todos irmãos, e parece que estamos indo conhecer o mais problemático deles agora.

Colin engoliu o seco.

Parando em frente a uma tenda sem segurança alguma. Melin adentrou, encontrando um lugar escuro com sangue espalhado por todo lugar. Havia objetos de tortura espalhados por todo canto, além de alguns membros decepados em conservas.

Melin estalou o dedo e uma corrente elétrica acendeu todas as velas daquele lugar escuro, revelando um ambiente assustador. Havia mais pessoas acorrentadas pelas mãos enquanto estavam nuas, pessoas que viajavam com a guilda. No canto direito, tinha um homem empalado e a esquerda, uma mulher amarrada na cadeira com os olhos vendados e uma mordaça em formato de bola na boca.

Era difícil não ficar chocado com tudo aquilo.

— Ainda não acabou? — perguntou Melin ao homem mais no fundo.

O homem era loiro, tinha os olhos vibrantes e uma aura quase tão poderosa quanto a de Melin. Ele estava sem blusa, completamente ensanguentado, exibindo cicatrizes por todo seu corpo. Abaixo dos olhos, ele tinha uma cicatriz em forma de costura que ia de orelha a orelha.

— Melin… — murmurou o homem como se estivesse irritado — Eu não disse que precisava de mais tempo?

— Disse, mas eu não poderia deixar que você matasse nossas fontes de novo.

O homem olhou para o lado, vendo Lina, Samantha e Colin.

— Imperatriz sombria… O que faz aqui?

— É bom te ver também… Ryanfield.

Ele sorriu e se aproximou de Colin em passos lentos enquanto segurava um alicate. Era difícil não se sentir intimidado com aquela imagem.

— Um elfo negro? Tem tempo que não torturo um desse — ele olhou para o lado encarando Samantha — E tem essa vadiazinha também, seu rosto me é familiar…

— Esqueça isso. — disse Melin — Eles são nossos convidados. E afinal de contas, teve progresso ou não?

Ryanfield se afastou deles e Samantha não poderia ficar mais aliviada. O torturador apanhou sua blusa de linho fino e a vestiu. Ele foi até os fundos e puxou uma lona, revelando dois vampiros ajoelhados completamente nus com panos na cabeça. O corpo de ambos estava cheio de ferimentos dos mais variados tipos.

Esticando a mão, Ryanfield tirou o pano da cabeça de um dos vampiros que se assustou ao encarar seu torturador. Seu rosto estava inchado, como se ele tivesse levado uma surra e tanto.

— Eu já disse tudo que sei faz horas, eu juro pelos doze, eu não sei de mais nada! — bradou o vampiro em desespero.

Ryanfield chutou com brutalidade a genitália do vampiro e ele vomitou devido à dor.

Ryanfield cismou que o semblante sério de Colin estava o julgando com o olhar. Ele deu alguns passos pesados parando frente a Colin.

Melin se aproximou.

— Ei, eu já disse que eles são nossos convidados.

— Que se dane os seus convidados, esse filho da puta está me julgando em silêncio, ele se acha melhor do que eu, não é?

Colin engoliu o seco. Encarar aquele homem nos olhos era difícil. Ryanfield parecia mais um maníaco sanguinário falando daquele jeito intimidador.

— Senhor Ryanfield… — disse Colin — Eu não quis ofender o senhor, sinto muito.

— Não precisa se desculpar — disse Lina se colocando na frente de Colin. — Parece que o mais novo dos três dragões continua com esse temperamento de uma criança birrenta.

Ryanfield cerrou os dentes enquanto encarava Lina.

— Pelos doze, já chega! — Melin sentou-se em uma cadeira de madeira suja de sangue seco. — Não precisa ficar irritado com tudo, só nos diga o que descobriu e deixamos você continuar com a brincadeira.

Ryanfield se afastou, apesar de problemático, ele não contrariaria as ordens de seu irmão mais velho, pois sentia admiração por ele, e, ao mesmo tempo, sentia medo. Mantendo a postura, Ryanfield jamais recuaria perante Melin, mas ele não era um completo imbecil. Ele jamais começaria uma briga que não pudesse vencer.

O torturador foi até uma mesa de canto e apanhou uma espécie de diário. O foliou algumas vezes e de repente parou. Deu dois toques com o indicador no diário e ele começou a brilhar. Foi quando as letras do diário começaram a deixá-lo e engatinharam pelo seu braço e entraram em sua ferida costurada no rosto.

— Muito bem! — Ryanfield abriu um sorriso gentil. — Vamos falar sobre os segredos dos caídos.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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