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Capítulo 67 – Lar Doce Lar

Punhos rápidos socavam pedras de concreto que eram lançados em sua direção. Assim que entravam em contato com seus punhos, pedra virava pó. Loafe treinava arduamente. Ele estava com faixas nas mãos, sem camisa e com shorts curto.

Assim que terminou, Remora jogou uma garrafa d’água na direção dele e ele a pegou sem olhar.

— Você tem treinado de maneira mais intensa nesses últimos dias. — disse Remora com as mãos na cintura.

Ela pegou uma toalha e limpou o rosto suado. Com um topper preto e shorts curto, ela também estava empenhada no treino, mas não como Loafe, que de fato parecia bem determinado.

— O torneio de guildas está se aproximando. — disse Loafe — Não posso vacilar.

Remora deu de ombros e prendeu o cabelo.

— Relaxa, o torneio é só daqui a alguns meses, e ninguém nessa universidade é mais forte que você.

— Eu sei, mas mesmo os mais fortes não param de treinar. — Loafe terminou de beber toda água da garrafa e jogou de volta para Remora — O assassino de cabelo prateado, ele tem treinado?

— Stedd? Os rapazes que mandei para vigiá-lo disseram que ele só come e dorme. Vive faltando as aulas e quase toda noite vai a tavernas e fica lá, bebendo até desmaiar. Ele é o típico vagabundo, não precisa se preocupar com ele. Mas deveria prestar atenção em três pessoas daquela equipe — Ela ergueu o indicador — Primeiro, é a garota chifruda, disseram que ela está ficando bem habilidosa com a espada. — Ela fez o número dois com os dedos — Segundo, obviamente, é a monarca de duas árvores, e por último aquele elfo negro que lutou contra Anton na prova de seleção.

Loafe deu de ombros. Ele não se preocupava tanto com eles, não os consideravam de fato um desafio.

— Deixe-os para lá. — disse Loafe se abaixando para apanhar sua toalha — O único desafio nessa universidade é Anton, o resto você e Norben podem dar um jeito.

— Se você diz…

— Vamos, preciso de um banho e parece que o imperador me convocou para algo importante.

Eles começaram a caminhar lentamente para fora do estádio de treinamento.

— Estranho, o imperador convocou todo nobre com algum cargo no império, né?

Loafe fez que sim com a cabeça.

— Vamos ver o que ele está planejando.


O vento soprava frio do Sul, e os estudantes começavam a ficar bem agasalhados, com casacos grossos e grife de primeira. Stedd estava sentado em um banco de praça, quase deitado. Ele encarava o céu e os pássaros que faziam a migração para fugir do inverno. Com o indicador ele ajeitou seus óculos de lente vermelha e bocejou.

Com quase todos os seus amigos fora da capital, ele não tinha ninguém para aborrecer ou conversar, já que metade da universidade o odiava e a outra metade tinha medo dele. Fazia tempo que ele não via seus irmãos e para dizer a verdade ele preferia assim.

— Sim, meu pai disse que o imperador está aguardando a chegada dos filhos dele. — disse uma garota bem agasalhada conversando com outra.

— Eu não sabia que o imperador tinha outros filhos, soube que vão acusar aquele elfo negro de sequestro.

— Que elfo? Aquele da festa de boas-vindas?

— É! Esse mesmo! Não sei como ele sabia que o imperador tinha outros filhos.

— Não é para tanto, né, amiga?! Ele chegou até a cidade arrastando a cabeça de um Bakurak, algumas pessoas dizem por aí que foi ele quem quase quebrou o braço da filha do comandante da guarda.

— Sério? A Samantha?

— Sim! Ele sempre foi assim, né? Sempre chamou atenção desde que chegou na cidade. Soube que ele está até mesmo andando com aquele garoto estranho, o tal de Stedd.

Shhh! — A amiga olhou para o lado, vendo Stedd dormir no banco — Vamos sair daqui.

— Você tem razão, vamos!

As duas apressaram os passos e se afastaram. Mesmo que estivessem longe, Stedd conseguiu ouvir tudo com aquela audição monstruosa, típica de um predador poderoso.

“Que merda foi essa que acabei de ouvir? O imperador tinha mais filhos? Colin sequestrou alguém? Melhor eu procurar saber direito o que aquelas vadias falavam”.

Stedd se ergueu e caminhou rapidamente em direção as duas garotas que olharam para trás, vendo Stedd usando uma espécie de blazer, calça e sapatos pretos, óculos vermelhos e uma blusa florida por debaixo do blazer.

Assim que elas se viraram para frente, viram Stedd com as mãos nos bolsos estampando seu sorriso de caninos a mostra. Elas se assustaram, ficaram tão apavoradas que nem se mexeram.

— Olá, senhoritas, tudo bem com vocês?

Elas franziram os lábios e fizeram que sim com a cabeça dando um passo para trás.

— Ouvi a conversa de vocês, poderiam me esclarecer sobre os filhos do imperador e sobre meu amigo Colin?

— Bem… acho que tudo bem…

— Ótimo! — Stedd passou os braços no ombro de cada uma e começou a caminhar com elas — Vamos começar com os filhos do imperador, que tal?

— Tá… bem… Parece que o imperador estava escondendo dois gêmeos… isso é tudo que eu sei.

— E sobre Colin?

— Bem… disseram que ele estava com os gêmeos, então a corte pretende acusá-lo de sequestro… e provavelmente ele será executado…

Stedd fez que sim com a cabeça.

— Parece que isso é um problema, não é? Acho que terei que resgatar meu amigo das garras do imperador malvado.

— Está falando sério? — perguntou uma das garotas. — Se você invadir um julgamento, então provavelmente vai morrer junto do acusado…

Stedd deu de ombros.

— Ossos do ofício, né?! — Ele tirou os braços dos ombros das garotas e fez uma reverência. — Obrigado, senhoritas, tenham uma boa tarde!

Com as mãos nos bolsos, Stedd se afastou exibindo o sorriso diabólico característico dos vampiros.


Da janela da carruagem, já era possível ver os muros da grande capital. As crianças estavam empolgadas, e Colin se sentia aliviado em finalmente estar voltando para casa. O cheiro de mato era reconfortante, e ele ficou aliviado ao ver carruagens de comerciantes indo e vindo, como outros estudantes os escoltando.

— Papai, olha! — Brey apontou para o palácio do imperador que ficava ao longe. — A gente pode ir lá, papai?

— Não sei, eu nunca entrei no palácio, mas deve ser bem grande.

— Deve ser o máximo brincar de esconde-esconde lá dentro. — disse Meg colocando a cabeça para fora da janela.

Potter e os outros meninos olhavam com encanto as armaduras dos soldados, imaginando-os as trajando em um futuro próximo. Eles cruzaram os portões da grande capital, e as crianças ficaram vislumbradas com o número enorme de pessoas nas ruas. As estruturas eram enormes, feitas de pedra polida e a algumas eram de madeira. Tinha pessoas de todo o tipo usando os mais diversos tipos de tecidos.

— Senhor Colin! — disse Meg apontando para uma vitrine — Me compra aquele vestido? Por favor…

— Esquece o vestido. — disse Potter — Olha aquela espada!

Os dois viraram para trás, encarando Colin com os olhos brilhando. Ele suspirou e cruzou os braços.

— Esperem a gente chegar primeiro, então vocês me pedem presentes, pode ser?

— A gente vai ficar em um quarto como da última vez? — perguntou Potter — Eu poderia ter tanto meu quarto próprio…

— Eu também posso ter meu quarto próprio? — perguntou Meg.

— Eu também quero! — disse Tobi.

Colin relaxou no assento e suspirou. Ele estava começando a perceber que não seria nada fácil cuidar de crianças, ainda mais seis delas. A carruagem continuou por mais alguns minutos, e as crianças não pararam de pedir para Colin comprar qualquer coisa que elas achassem chamativo.

Entrando nas diligências do palácio para reportar a missão, Colin reparou nos arqueiros em volta do grande corredor. Tinha um número bem grande deles lá fora.

A carruagem parou, e os soldados que os escoltavam começaram a descer um a um da carruagem. Assim que avistaram os gêmeos, os soldados fizeram uma reverência.

— Príncipe Loaus e princesa Liena. — disse um soldado se ajoelhando — Seu pai, o imperador, aguarda vossa presença na sala do trono.

Os dois já imaginavam o pior, era a primeira vez que o pai deles solicitavam sua presença em algum lugar. Eles encararam Lina, e ela fez que sim com a cabeça.

— Tá tudo bem, vocês no máximo levarão uma bronca. — disse Lina puxando um cavalo pelas rédeas.

— O senhor Colin também foi convocado, certo? — perguntou o soldado encarando Colin.

— Sim. — respondeu Colin — Recebi a carta entregue pelo Comandante Melin.

— Certo! — ele olhou para Samantha — O senhor comandante pediu para a senhorita vir também.

Samantha ergueu uma das sobrancelhas.

— Meu pai?

O soldado fez que sim com a cabeça.

— Pode cuidar das crianças para mim? — perguntou Colin a Lina.

— Claro, acho que elas devem estar com fome, e a cozinha do palácio é sempre cheia de comida.

— Valeu.

— Sem problema, é o mínimo por cuidar dos meus irmãos.

Colin se abaixou encarando as crianças.

— Escutem, tia Lina vai cuidar de vocês por enquanto, então a obedeçam.

— Aonde o senhor vai? — perguntou Meg.

— Resolver algumas coisas, não devo demorar. Quando eu voltar a gente compra algumas roupas para vocês, que tal?

As crianças sorriram uma para as outras e fizeram que sim com a cabeça. Colin se ergueu e seguiu o soldado para dentro do palácio.

Assim que ele entrou, viu um extenso corredor de pedra enfeitado com um longo tapete avermelhado. Tinham velas que iluminavam o corredor e soldados muito bem equipados em cada esquina. Eles faziam reverências assim que os gêmeos passavam por eles, e mantinham um olhar bem firme em Colin, quase um olhar de repulsa.

Eles subiram uma escada circular e adentraram outro corredor com as mesmas descrições. Porém, logo a frente parecia ter um movimento de vários soldados e a luz que vinha de lá era bem intensa.

Após percorrer todo corredor, eles chegaram a um grande salão que funcionava como tribunal. Havia cadeiras localizadas mais acima. Tinha um palanque para o réu ficar e, frente ao réu, havia outro palanque localizado mais acima.

— O que significa isso? — perguntou Samantha.

— Senhor Colin será julgado pelo sequestro dos gêmeos.

— O quê? — perguntou Loaus — Isso é ridículo! Saímos do castelo por conta própria!

— Deve estar havendo algum engano. — disse Samantha visivelmente tensa — Colin não sequestrou ninguém!

— Quem decidirá isso serão os juízes, senhorita. — O soldado apontou para o palanque do réu — Siga para lá, senhor Colin, e não tente fazer nada estúpido.

“Era só o que me faltava”.

Em silêncio, Colin se moveu até o palanque. Sua consciência estava tranquila. Ele tinha certeza que era inocente, mas lentamente começava a ficar assustado. Recordou-se de Samantha dizer sobre a corrupção instaurada no império. Mesmo que fosse inocente, a chance de ser considerado culpado era enorme.

De repente, as trombetas tocaram, e a grande porta de madeira ornada se abriu.

— O grande imperador Ultan chegou para acompanhar o julgamento! — anunciou um orador.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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