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Capítulo 90 – Crescimento

Colin estava sentado em um banco com os cotovelos encostados nas coxas observando o movimento daquela vila. Em sua cabeça, ia um capuz feito de pele de urso. Sua boca e nariz estavam tapados com um cachecol preto.

Ao lado, se ouvia marretas se chocando contra o aço. Os ferreiros trabalhavam o mais rápido possível já que as ataques ao vilarejo começaram a ficar frequentes. Como os olhos de Colin eram as únicas coisas expostas, a maioria relutava em se aproximar, mesmo sabendo que ele não os faria mal.

Com os grandes cristais que cercavam parte do país privando os habitantes de usarem magia, muitos deles nunca chegaram a exibir qualquer resquício arcano, sendo uma vila totalmente tribal, que recebia bem poucos visitantes.

Era a primeira vez que eles ouviam sobre alguém levar o golpe do tacape de um troll e continuar ileso. Os habitantes não deixaram de se sentir seguros com Colin e seus amigos ali. O viajante misterioso havia chegado até o vilarejo com suas companheiras, derrotado um troll e firmou um acordo com o líder do vilarejo dizendo que daria um jeito nos fantasmas em troca de quase nada, já que os Galantis não viam muito valor em um punhado de pedras brilhantes.

Então Colin resolveu sair da vila caminhando, observando a paisagem. Não tinha nada mais que montanhas de gelo e neve. Tudo na sua frente era de um branco tão intenso que incomodava sua vista.

Caminhou tanto a ponto de sair de onde as torres de ante magia não o alcançavam.

Foi até o colosso que jazia no lago congelado e com suas habilidades passivas se aprontou para subir no pomo da enorme espada cravada no crânio do imponente colosso.

Sentou-se lá e apreciou a vista.

Suas vistas alcançaram uma enorme muralha de neve que provavelmente fazia fronteira com aquele reino isolado.

Pelos seus estudos recentes de geografia daquele mundo, percebeu que aquele deveria ser a muralha do reino autodeclarado do Norte.

Depois daquele reino havia Rontes, o império militar que estava dando dor de cabeça a Ultan.

Viu também as tais torres ante magia.

Elas pareciam arranha-céus. Eram enormes e pareciam um minúsculo pedaço da Via-Láctea em uma espiral que não parava de se mexer.

Com a brisa gélida açoitando suas vestes, ele se pegou em um momento de reflexão. Se lembrou de tudo que havia acontecido até agora, dos amigos que fez e de tudo que vivenciou até então.

Em breve faria um ano que ele estava naquele mundo, e assim como Brighid havia lhe dito, seu último ano foi intenso, o mais intenso que viveu até então e, o melhor ano de sua vida.

Apesar de gostar da sensação de combate, Colin considerou por um instante em deixar todo esse conflito para trás. Comprar alguma propriedade afastada da cidade, morar com Brighid, Safira e construir uma família.

Com sua mãe entrando e saindo de hospitais e seu pai cada vez mais afetado psicologicamente, Colin cresceu em um lar melancólico e desestruturado.

Ele tinha inveja de seus colegas de classe e continuou tendo por muito tempo. Sua carência afetiva o fez se apegar afetuosamente a uma garota que só lhe deu dor de cabeça. Talvez fosse para suprimir o espaço que sua mãe havia deixado durante os anos, ou talvez porque ele precisava de companhia.

No fim, a garota não se mostrou tão companheira. Acabou traindo Colin com um colega do trabalho. Neste período Colin estava desempregado. Havia gastado quase todas as finanças no enterro da mãe e descobriu a traição uma semana após enterrar a pessoa mais importante para ele. Ele não fez nada, apenas decidiu terminar as coisas por ali.

Através das redes sociais, ele a stalkeava, vendo sua vida prosperar, seu relacionamento prosperar, viagens, jantares caros, enquanto ele não tinha dinheiro para quase nada.

Vivia de migalhas, endividado, gastando dinheiro apenas com jogos no qual ele passava quase 16 horas por dia para não pensar na merda em que estava afundado.

Isso o levou a fazer o que fez, mas por algum motivo ele havia recebido uma segunda chance. No começo, tentou ser alguém que não era, com medo de sentir tudo aquilo de novo, de ser traído.

Mas o tempo o mudou.

Após pensar brevemente no passado, ele achou engraçado toda aquela situação. Pensou novamente na família que poderia construir ao lado de Brighid e abriu um sorriso genuíno.

Enfiou a mão na blusa e retirou o colar prateado que Brey havia lhe dado. O abriu e viu a garota sorrindo com seus dentes faltosos e na foto ao lado ele viu todas as crianças.

“Tem que ser uma casa bem grande para caber todo mundo.” Pensou.

Colin gostava de todas as crianças, mas tinha um carinho paternal em relação a Brey. Talvez fosse porque ela mostrasse um carinho genuíno em relação a ele, e Colin achava ótimo aquele sentimento.

Mesmo que não fosse sua filha biológica, era como se fosse. De um tempo para cá, sua relação com todos ao seu redor havia ficado mais empática. Colin estava tão rodeado de gente que ele amava que se sentia responsável por todas elas. Mesmo que essa pessoa fosse tão mais forte que ele.

Ele até mesmo se sentiu mal por não corresponder aos sentimentos de Morgana, mas ele a via como uma irmã mais velha e nada mais.

A paz que sentia ao se imaginar com todos eles eram bem mais reconfortantes que suas batalhas diárias, mas ele sabia que essa paz tinha prazo de validade. Com tantos problemas se aproximando, Colin tinha que ser mais forte do que nunca para proteger todo mundo. Ainda mais levando o seu eventual destino em consideração.

Colin dizia a si mesmo que não era um herói, mas ele era um herói para algumas pessoas. Ajudou muita gente direta e indiretamente e, lentamente, construía um legado.

Ele havia prometido a Brighid que não se meteria em problemas. Mas depois de o velho Lars dizer que ele estava envolvido de algum modo com a queda do véu que ocorreu milênios atrás, Colin se viu na obrigação de ajudar essas pessoas no Norte, ainda mais depois de ouvir o nome de Drez’gan.

Fazia um bom tempo que Colin não via seus atributos mágicos, então resolveu usar a análise e dar uma olhada em como estava seu status atualmente.

Status
Nome: Colin
Idade: 23

 Árvore primária: Céu. Nível: 06.
Árvore secundária: Pujança. Nível 08.
Árvore secundária: Caos. Nível: 03.

HP: 15. 100.
MP: 10. 320.

Habilidades:

Força: 76
Destreza: 89
Agilidade: 110
Inteligência: 80
Estamina: 154

350 pontos em caos. Para alcançar o próximo nível é necessário mais um pacto de alma.

1590 pontos, habilidade primária, pontos necessários para o nível 7: 520 pontos.

820 pontos em pujança, pontos necessários para o nível 9: 250 pontos.

Para sua surpresa, ele estava bem forte. Em partes era por que era um errante, portanto podia subir de nível bem mais rápido que uma pessoa comum. Sem falar que havia novas habilidades liberadas em sua árvore primária.

Além da adaga elétrica, prisão de choque e sua velocidade extremamente alta, ele havia ganho outras duas habilidades em específico.

Uma delas era a manipulação absoluta de mana. Colin poderia dar forma a qualquer arma que quisesse com sua mana elétrica, somado que todas suas habilidades anteriores ganharam um maior reforço.

Sua agilidade foi outro fato que o surpreendeu, assim como sua força que já era maior que a de muitas pessoas fortes que conhecia. Superando Eilika, Lina e até mesmo alguns vampiros como Carmilla.

Um ponto negativo eram os seus pontos de mana que continuavam extremamente baixos. Uma vez ele havia usado a análise em Brighid e se sentiu completamente humilhado com os pontos de mana dela.

Mesmo que tivesse vantagem em relação à força e agilidade se comparados a ela, a fada tinha um MP de quase 900 mil. Os pontos mágicos dela eram maiores que todos os membros de lótus somados, incluindo até mesmo Hodrixey e Melin, que eram dois monstros.

Colin chutou ser porque além de ser uma monarca de duas árvores, ela estava prestes a se tornar uma monarca de tríade. Isso, somado ao fato de que era um dos poderosos apóstolos de Drez’gan.

Até mesmo Safira tinha mais pontos que ele, quase o triplo.

Depois de se lamentar em silêncio, Colin resolveu continuar visualizando seus pontos de habilidade.

Outra habilidade que ele havia ganho era uma conhecida como Raio Negro. Era uma habilidade que ele já havia manifestado em determinados momentos, mas agora ela estava ali, pronta para ser usada a qualquer momento.

Em vez de seus raios celestes convencionais, seu corpo era envolto por uma descarga elétrica enegrecida, podendo atingir o dobro de velocidade por um período de três minutos. O único problema era gastar 5000 pontos de mana. Suas habilidades de conjuração, sejam ao conjurar uma adaga ou qualquer outra arma, gastava no mínimo 1000 pontos de mana.

Ele havia evoluído muito em tão pouco tempo, mas em comparação a Brighid ele ainda era uma formiga. Colin nunca foi de treinar as habilidades que recebeu. Preferia as testar unicamente em combate, já que ele gostava da sensação de pôr sua própria vida em risco.

Depois de um suspiro ele se ergueu, dando mais uma olhada naquele cenário.

Estava na hora de voltar ao vilarejo.








Colin havia retornado ao vilarejo em poucas horas.

Leona retornou a passos lentos, e alguns moradores não conseguiam parar de encará-la. Não pela pele morena como a de Colin, mas por suas características físicas. Ela cobria as orelhas com um capuz, mas não conseguia esconder suas caudas.

— E então, o que encontrou?

Ela se sentou ao lado dele.

— É difícil encontrar algo em meio a toda essa neve. Precisei ir bem longe, enfrentei um punhado de lobos selvagens e dois ursos da neve.

Colin suspirou.

Depois de crescer, Leona passou a gostar de falar demais, principalmente das coisas que fazia e, às vezes, Colin não tinha saco para isso.

— Vá direto ao ponto.

— Tá, tá, seu grosso!

— Leona…

— Já entendi! Humpf… Ao norte, bem ao norte daqui, tem um castelo de pedra. Não avancei porque parecia perigoso.

Colin fez que sim com a cabeça.

— E onde está Safira?

— Ela ficou por lá, esperando o anoitecer. Se os fantasmas vierem de lá, então ela perceberá e reportar isso. E nem comece a brigar comigo, foi ela quem pediu para ficar para começo de conversa!

Colin suspirou mais uma vez.

Ele não duvidava da força atual de Safira, mas ela querer se provar seria um problema. Logo a noite chegaria e Colin teria que ficar para lutar contra os fantasmas e os possíveis cultistas caso resolvessem aparecer. Mesmo sem poder usar magia, sua árvore passiva o dava extrema vantagem, assim como dava vantagem a Leona.

— Volte e ajude Safira — ele disse — Eu fico aqui.

— Voltar?! Mas acabei de chegar…

— Sei que Safira quer se provar, mas você e eu somos os únicos com uma vantagem real.

Mesmo relutante, Leona sabia que ele tinha razão.

— Certo! — ela disse se erguendo — Vê se toma cuidado, tá?

— Quando eu não tomo?

— Engraçadinho…

Leona se afastou, indo para fora do vilarejo a passos lentos. Não se via mais o sol, então, os moradores começaram a ir para dentro de suas tendas.

Enquanto passavam por Colin, os habitantes agradeciam e falavam algo que ele não conseguia entender.

— Estão pedindo para que os deuses o protejam. — disse o velho Lars.

— Devia se esconder, as coisas podem ficar bem sérias por aqui.

O velho assentiu com a cabeça.

— Você é um rapaz bem estranho, sabia?

— Estranho por quê?

— Parece ser alguém bem reservado, e mesmo que esses seus olhos sinalizem perigo, você é bastante inofensivo quando se conhece melhor.

— Você não me conhece, velho.

Lars se sentou ao lado de Colin.

— As joias foram só um pretexto, não é? Me responda, se eles não tivessem as joias para usar como pagamento, os ajudaria mesmo assim, não ajudaria?

— Vá se esconder e pare de me encher com esse papo. Eu não sou virtuoso, então me deixa em paz.

— Claro, claro.

Lars continuou ao lado de Colin e permaneceu em silêncio, apenas fazendo companhia ao companheiro.

Uma pequena nevasca se iniciou, nublando a visão de Colin. Ele ouviu o barulho de botas se aproximarem, quando se deu conta, viu guerreiros usando espadas e machados.

— O que esses idiotas estão fazendo aqui? Por que não estão escondidos?

Viemos ajudar!

Colin se virou para Lars.

— O que ele disse?

— Eles vieram ajudar.

Colin fez muxoxo.

— Diz para darem meia volta, só vão me atrapalhar.

— Não vai adiantar. Nortenhos tem toda essa coisa de honra e proteger suas mulheres e crianças. Vai ser bem difícil de convencê-los a desistirem dessa ideia.

Coçando a nuca, Colin suspirou e se ergueu sacando sua adaga de ante magia.

— Diz para eles protegerem suas mulheres e crianças dentro de suas tendas. Eu não preciso de ajuda. Eles não mataram sequer um troll. Se um ou mais deles aparecerem será uma carnificina e terá muita morte desnecessária.

Lars abriu um sorriso de canto de boca e disse o que lhe foi solicitado. Os guerreiros engoliram o seco e ficaram com cara de paisagem olhando um pro outro.

O guerreiro, considerado o mais honrado, se ajoelhou e ofereceu sua espada a Colin.

Se o guerreiro de ébano usar um instrumento da nossa tribo para enfrentar os demônios, então o espírito daqueles que se foram o protegerão em combate.

Colin olhou para o lado esperando a tradução de Lars.

— Ele quer que aceite a espada para que assim os espíritos o protejam. Mas essa não deve ser a espada que ele quer oferecer.

Do meio da multidão, quatro guerreiros retornaram segurando algo enrolado por um pano e colocaram no chão.

O guerreiro líder removeu um pano revelando um pedaço maciço de ferro que apelidaram de espada. Ela era bem trabalhada, a lâmina, de aço puro, tinha runas gravadas por toda sua extensão. O cabo era todo ornado, e no pomo estava esculpida uma cabeça de dragão.

Ela foi feita para matar um troll com um único golpe, mas ninguém consegue empunhá-la. Acreditamos que o senhor possa conseguir.

Lars traduziu o que o líder disse e Colin pegou a lâmina e a ergueu sem problema. Para seu nível atual, aquilo não era pesado, e realmente poderia ser útil, mas espadas grandes não eram seu estilo.

Junto a espada, estava uma bainha de ombro, para que Colin pudesse carregá-la nas costas.

Os guerreiros fizeram uma reverência e se retiraram.

Lars se ergueu.

— Também vou indo, se cuida, garoto.

— As garotas estão próximas de um castelo que provavelmente é onde os cultistas estão se escondendo. Assim que eu acabar aqui irei para lá. Então não me espere até o amanhecer.

— Entendido.

Depois de se despedirem, Colin continuou em meio a nevasca esperando os possíveis fantasmas. Colin deu um sorriso de canto, pensando que provavelmente Brighid iria ficar irritada depois de contar que uma ida ao vilarejo se transformou em uma viagem para o extremo norte cheia de fantasmas.

Colin estava bem forte, mas sentiu que caso enfrentasse algum apóstolo tão forte quanto Brighid, seria eliminado em segundos.

Esse pensamento o deixava nervoso, mas não o fez desistir.

Em meio a nevasca, ele viu olhos verdes se movendo em direção a entrada do vilarejo.

“Até que enfim!”

Colin retirou a espada enorme cravada no gelo e a colocou no ombro. Caminhou sem pressa em direção as luzes esverdeadas que via. A nevasca estava bem forte, sem a análise, o clima tornava a visibilidade mínima.

Cadáveres. Foi isso que Colin viu. Havia dezenas deles, sem falar em meia dúzia de trolls da neve e uma dezena de ogros da montanha. A coloração nos olhos de todos era esverdeada e eles pareciam em transe.

Mesmo que fosse impossibilitado de usar magia, algo não batia. Mortos-vivos eram seres mágicos acima de tudo. Eles precisavam ser controlados por um necromante que, precisaria de magia para isso.

A menos que magia usada não fosse uma magia desse mundo, mas de outro.

“O velho disse que estão abrindo portais para evocar essas criaturas. Isso significa que esses zumbis são de outro mundo. Talvez tenham origem no abismo… então quer dizer que magia do abismo é imune a ante magia? Se for, isso é um problema.”

Do meio daquele mar de inimigos, alguém despontou vestindo um manto preto.

— Eu estava certo! — disse o cultista — Quem matou aquele troll não foram os aldeões, mas alguém de fora. Foi você, não foi?

Colin passou o olho pelo mar de inimigos.

— Não acha que você exagerou com o número de inimigos?

O cultista abriu um sorriso.

— Exagerei? Você é um Elfo negro, certo? Se for, então fiz a escolha certa em não facilitar para você, aberração!

— Você usa necromancia e a aberração sou eu?

O cultista apontou com o indicador para Colin e os monstros partiram e disparada na direção dele. Pacientemente, Colin esperou se aproximarem. Apoiou a ponta da espada no chão e assim que os mortos-vivos se aproximaram, ele cortou dezenas deles com um movimento e outra dezena com mais um movimento.

Vush, Vush!

O cultista não esperava aquilo.

Furioso, o cultista ergueu a mão e foi a vez dos trolls avançarem empunhando seus enormes tacapes feitos de toras de madeira.

Um dos trolls tentou golpear Colin pela diagonal e ele desviou num salto acrobático. Enquanto se afastava para trás, outro troll tentou acertá-lo nas costas. Ligeiro, Colin dobrou os joelhos e deu uma cambalhota para trás. Quebrou o tacape do terceiro troll apenas erguendo o braço para se defender.

O cultista arregalou os olhos.

Normalmente os Elfos Negros tinham movimentos brutos e até grosseiros, mas aquele elfo era diferente. Ele segurava uma espada pesada e mesmo assim conseguia se mover com graciosidade e desenvoltura, mesmo não usando um pingo de magia.

Somente pelo olhar de Colin, o cultista julgou que ele era perigoso.

“Um Elfo negro caçador de recompensas e usuário da pujança? Tsc, que merda! Como ele achou esse lugar afastado? Os olhos dele… esse desgraçado vai me matar se eu não fizer nada!”

Dessa vez foram os ogros que se moveram. Com seu corpo grande e desengonçado, o ogro ergueu seu punho de três dedos e se preparou para socar Colin.

Vush, Vush, Vush!

O cultista ficou de queixo caído quando viu o ogro ser cortado em três numa velocidade que seus olhos mal acompanharam.

Foi ali, exatamente ali que ele percebeu que perderia aquele embate.

Virando-se, o cultista começou a correr enquanto os mortos vivos avançavam na direção de Colin a fim de garantir sua fuga.

Ele só ouviu lâminas decepando membros e se arriscou em olhar para trás enquanto corria desesperadamente. Para seu desespero, ele viu quase todos os seus mortos-vivos derrotados.

Ignorando seu corpo fora de forma, ele corria ofegante pela sua sobrevivência. Então se arriscou em olhar para trás mais uma vez e viu aquela lâmina maciça voando em sua direção.

Crash!

A lâmina cravou em suas costas e o transpassou, deixando a lâmina cravada no chão junto ao cultista que se contorcia de dor. O cultista, golfava sangue enquanto Colin se aproximava lentamente com suas vestes escuras esvoaçando de um lado para o outro.

Ele ficou a metros do cultista e olhou para baixo encarando os olhos de alguém que não queria morrer.

— Por que estão atacando o vilarejo? — Perguntou Colin com a maior calma do mundo.

— Pro inferno! — urrou o cultista a todos os pulmões.

Colin apoiou a mão no cabo da espada e começou a enterrá-la no cultista devagar.

O cultista berrou tão alto que até mesmo os habitantes da vila de dentro de suas tendas conseguiram ouvir aquele som de alguém em desespero.

Enfiando a mão no interior do casaco, Colin retirou uma poção de cura menor, um pequeno frasco.

— Não deve funcionar aqui devido a ante magia, mas você usa magia de outro mundo, certo? Deve conseguir fazer alguma coisa e se curar. Se me contar o que quero saber, você será salvo. — Colin abriu um sorriso de canto — Se decida logo. Acho que você não tem muito tempo sobrando.

O olhar de Colin o irritava. Aquele olhar petulante lembrava de pessoas soberbas com quem ele lidou ao longo da vida, mas ele estava morrendo.

Sem muitas opções, o cultista concordou.

— Eles foram sacrifícios para liberarmos um ser superior do abismo…

Colin franziu o cenho.

— Quantas pessoas sacrificou?

Notando que aquilo havia mexido com Colin, ele abriu um sorriso de canto.

— Por que quer saber?

Colin mexeu na espada e o cultista berrou mais uma vez.

— Doze! Foram doze!

— Quantas eram crianças?

— Seis!

Colin assentiu.

— Por que crianças?

O cultista abriu um sorriso debochado.

— Não é óbvio? Elas são mais fáceis de serem absorvidas! Suas almas são puras e para os demônios do abismo, elas são uma delícia!

Colin grunhiu em concordância.

— Entendi…

Ele guardou a poção de cura no casaco e o cultista entrou em pânico.

— Ei, você não ia me curar?

— Ia?

— V-Você me prometeu!

Em um movimento abrupto, Colin retirou a espada e o cultista sentiu uma dor lacerante.

Depois de tossir de maneira violenta, o cultista começou a engasgar com o próprio sangue.

Colin manteve os olhos no cultista agonizando, até que a vida deixou seus olhos.

A conversa com o velho Lars ainda martelava em sua mente. Faltar com empatia contra esse tipo de inimigo o fazia menos humano?

Ele não sentiu nada ao matá-lo, nem mesmo pena. Isso já havia acontecido outras vezes.

De qualquer modo, aquele não era momento para seus devaneios morais. Apoiando a enorme espada no ombro, Colin seguiu caminhando pela neve. Seus pés quase se afundavam por completo.

“Extremo norte… entendi.”

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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