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Capítulo 74 – Vocês serão caçados!

No grande estádio de treinamento, o esquadrão de Colin parecia treinar arduamente, mas sem sua presença. Diferente dos treinos com arquibancadas vazias, as dessa vez estavam cheias, com diversos alunos de anos diferentes os observando. Mesmo que faltassem vários meses para o grande torneio de guilda, os alunos e até mesmo apostadores gostavam de observar e especular os possíveis ganhadores, e a guilda ainda não oficializada de Colin era uma das cotadas para a grande final.

No meio da arena segurando espadas de madeira, Safira e Wiben trocavam golpes intensos. Safira tinha certo ódio de Wiben pelo que aconteceu no refeitório daquela vez. Os espectadores se perguntaram se eles eram mesmo colegas de equipe ao julgar a brutalidade do treinamento.

Safira estava encharcada de suor, sua blusa de treino branca estava colada ao seu corpo, e devido à água ela ficava transparente. Dava para ver o abdômen definido dela e um topper preto por debaixo da blusa. Seus pés e braços estavam enfaixados e em sua mão direita ia sua espada de madeira.

— Já se cansou? — zombou Wiben passando a mão no seu cabelo escuro molhado — Achei que você fosse quebrar minha cara, mas parece que você só sabe falar.

Wiben zombava, mas ele também estava encharcado de suor. Sua pele pálida estava bastante vermelha, culpa dos inúmeros golpes que levou durante o treinamento. Sua roupa de treino se resumia a um short e regata preta, revelando braços definidos. Seu cabelo escuro partido ao meio estava bagunçado e gotas de suor pingavam de seu nariz. Foi acordado antes do treino que não se usaria magia, apenas habilidade de combate e isso deixou a luta bem igualada.

Pondo um dos pés para frente e segurando a espada de madeira com as duas mãos, Safira suspirou devagar e levantou a espada até a altura do pescoço. Ela avançou em uma estocada, mas Wiben foi mais ligeiro, ele deu um passo para frente, acabando com o tempo de reação de Safira. Ele abaixou, esquivando da estocada e bateu com a espada bem na costela dela, a jogando para trás.

Ela se equilibrou e deu alguns passos para trás, assumindo novamente sua postura de guarda. Correndo até Safira, Wiben tentou acertá-la com a espada na cabeça, mas ela se abaixou, e assim que o fez, Wiben tentou uma joelhada, mas Safira defendeu com a espada. Segurando a espada nas duas extremidades, ela deu com o cabo na costela de Wiben e foi a vez dele de recuar, mas Safira não o deixou se recuperar e imediatamente já partiu para cima dele.

Choque!

As duas espadas de madeira se chocaram no ar, se chocaram mais uma e depois mais duas vezes. Os movimentos dos dois estavam ficando acelerado. Em meio a troca de golpes, um tentava acertar um chute e o outro defendia. O outro tentava um soco e o outro defendia, continuando aquele impasse frenético por alguns segundos até que ambos tomaram distância e avançaram contra o outro brutalmente.

Crack!

As duas espadas se quebraram depois do choque. O impacto foi tão forte, que uma das partes das espadas de madeira cravou na escada bem ao lado de um estudante que olhou aquilo apavorado.

— Francamente… — disse Alunys fechando o livro que lia — Isso é só treino, não precisam se matar.

— A gente só estava se divertindo, não estava, chifruda?

Safira franziu o cenho.

— Odeio que me chamem assim.

— Que bom que estão se dando bem! — disse Colin chegando com uma mochila longa de guardar espadas. — Cada vez que venho a esse lugar ele parece mais cheio.

Ao chegar perto deles, Colin jogou a mochila no meio dos três e se abaixou para abri-la.

— Tenho alguns presentes para vocês — disse Colin fuçando nas armas.

Os três cruzaram olhares e se fixaram no companheiro revirando a mochila. Depois de algum tempo, ele pegou uma espada feita de ossos com uma gema presa na base da lâmina.

— Essa é sua! — Ele jogou para Safira — É uma lâmina feita do dente de um bakurak, portanto, ela tem um bom atributo mágico. A gema na base da espada serve para aumentar em muito o atributo mágico, dando ao portador da espada quase duas vezes mais poder. Brighid disse que suas espadas não duram muito porque você vive as aquecendo até o extremo. Acredito que dessa vez você consiga fazer isso sem problema.

Safira pegou a espada pelo cabo e colocou sua magia nela e logo a espada começou a pegar fogo. O fogo era brilhante e bem quente, um fogo mágico. Além de que o material da lâmina a tornava extremamente leve de se empunhar. Aplicando um pouco mais de magia na lâmina, ela viu o fogo dobrar de tamanho e o ambiente tornou a ficar bem quente. Por ser um caído, a reserva de mana de Safira era quase dez vezes maior do que a de um mago comum, e essa era sua vantagem que poucos conseguiam subjugar.

— Essa é para você — ele entregou duas espadas curtas para Wiben — Você é da árvore do sussurro, as gemas dessa arma a tornam extremamente silenciosas, e basta aplicar só um pouco de magia nelas para ficarem invisíveis. Sei que os usuários do sussurro gastam muita mana para deixar suas armas invisíveis, você não gastará quase nada.

Wiben sacudiu as lâminas no ar e de fato foi como Colin disse, ela não emitia nenhum som, nem mesmo se sentia o vento que elas faziam ao cortar o ar. Por último, ele não retirou armas, mas sim um enorme pergaminho, entregando-o para Alunys, que pegou o pergaminho que era metade do tamanho dela. Ela o colocou no chão e o abriu um pouco.

— Demorei alguns dias para encontrar algo assim e me custou algumas moedas. Conversei com Lei Song, e ela disse o modo como usuários da árvore do pélago aprendem magia. Esse pergaminho foi feito por mestres do oriente, um verdadeiro compilado da arte sutil de luta dos usuários do pélago. Lei Song disse que eles chamam esse estilo de arte de Mi Chi Chuan. Um estilo que usa da manipulação de energia que vem de dentro para fora.

Como amante do conhecimento, Alunys ficou vislumbrada com o que via. As posições de treino descritas no pergaminho faziam tudo parecer tão fácil quando se observava. De fato, aquele era um achado e tanto.

— Lei Song também disse que água é o elemento da mudança, e que o estilo de luta de dobra de água é o mais fluido e gracioso, atuando em harmonia com o seu ambiente. Se conseguir alcançar ao menos o nível cinco em sua árvore, você conseguirá controlar a água do interior das plantas e até conseguirá transformar água em gelo. — Colin deu dois tapinhas no ombro dela — Você é inteligente, não deve ser difícil para você.

— Senhor Colin… nem sei como agradecer…

— Não esquenta, foi um presente.

— E essas adagas? — perguntou Wiben apontando para a bolsa.

— Essas são para mim — Ele pegou uma adaga que continha duas gemas — Aqui tem um atributo ante magia e essa outra tem a mesma gema da espada de Safira. A gente parte amanhã de manhã, e ah! Tem mais uma coisa que eu queria entregar a vocês. — Colin retirou um saco preto que estava debaixo das adagas. — Stedd arrumou um ferreiro mágico junto a uma anã alfaiate que a gente conhece em comum. As roupas melhoram o atributo físico como força e agilidade, além de suportarem bem o dano físico e serem perfeitas contra cortes de armas mágicas. Esses itens me custaram uma boa grana e os outros líderes de esquadrão já entregaram para os outros membros.

— Um uniforme de guilda? — perguntou Wiben — Então o negócio é sério mesmo, né?

Os três receberam um casaco de botão de lã fino da cor preta. A gola era alta e com detalhes na borda, detalhes que lembravam a estética oriental. As mangas tinham o mesmo detalhe, assim como os botões que eram dourados.

— Caramba, isso que é estilo… — Murmurou Wiben.

— Achei feia. — disse Safira.

— Até que é bonita… — disse Alunys.

— Bem, agora é de vocês, vistam ela quando forem viajar. — disse Colin dando as costas. — Vejo vocês amanhã bem cedo.

Wiben jogou a jaqueta no ombro e deu as costas para as garotas.

— Vou indo nessa, até mais pirralhas.

Safira nada disse e Alunys deu um tchauzinho.

— Já vai tarde. — Murmurou Safira assim que Wiben dobrou a esquina em direção ao vestiário. — Eu também vou indo, mestre Elhad disse que caçaremos alguns bandidos. A gente deve conseguir fazer isso antes de viajar. Vejo você amanhã, Alunys.

— Ah, certo, até mais.

Após se trocar, Alunys seguiu pela universidade com a mochila nos ombros. Parte dela estava bem feliz por conhecer Colin e os outros, pela primeira vez ela fazia parte de algo importante e nada poderia afastar essa tristeza, pelo menos era isso que ela achava.

Ela estava a caminho do seu dormitório, quando ouviu uma voz a chamando.

— Ei! Elfa da cara esquisita!

Virando-se, ela viu alguns membros da guilda de Loafe se aproximando com as mãos nos bolsos. Os alunos que estavam em volta ficaram tensos e apenas se apressaram para se afastar. Alunys já tinha ouvido falar daquele homem no meio. Doran, o quarto em comando da guilda de Loafe. No torneio do ano passado, ele havia lutado de igual para igual durante um bom tempo contra o irmão de Anton, e isso o fez ficar bem famoso mesmo tendo perdido.

Suas conexões e força eram lendárias, não era atoa que ele era o quarto em comando da guilda bem mais avaliada da universidade. Alunys engoliu o seco e apertou a alça da mochila enquanto Doran e sua turma se aproximava a passos lentos.

Ele era alto e de corpo atlético. Tinha um brinco de argola na orelha esquerda e seu cabelo loiro era penteado para trás. Seu rosto era bem sério e suas pupilas pareciam bastante dilatadas.

— Você é da guilda do elfo negro que chamam de Colin, correto?

Alunys engoliu o seco e olhou para os dois lados.

— Sim… posso ajudar em alguma coisa?

Doran deu as costas.

— Vem comigo.

— Desculpe senhor, mas tenho um compromisso…

Um dos homens de Doran passaram a mão no ombro dela e a forçaram a caminhar. As pessoas que a olhavam nada fizeram, algumas até ficaram de risadinhas. Por medo, ela decidiu fazer o que aqueles caras queriam.

A levaram para uma parte isolada da universidade e a cercaram. Doran estava sério, enquanto seus homens sorriam.

— Senhor… não posso me atrasar pro meu compromisso…

Doran retirou sua jaqueta e a jogou no chão, assumindo uma pose de batalha, erguendo os punhos na altura do queixo.

— Aqui ninguém vai nos atrapalhar. Ouvi história sobre Colin e seu grupo habilidoso, até mesmo Loafe estava receoso em relação a vocês. Mas estou aqui para provar que vocês não valem de nada. Lute comigo, aqui e agora.

Alunys arregalou os olhos e franziu os lábios. Seu forte não era o combate, sem falar que como usuária da árvore do pélago de nível baixo, ela praticamente lutaria nua contra alguém tão esmagador quanto Doran.

— Não quero lutar contra o senhor… por favor… me deixe ir embora…

[Pancada!]

Doran socou o abdômen de Alunys com os punhos nus. Ele não havia usado magia, e mesmo assim aquele soco foi tão brutal quanto um soco embutido com mana. Ela curvou seu corpo, sua mochila escorregou por seu braço e ela começou a tossir até vomitar.

[Vômito!]

Sem perder tempo, Doran a levantou pelo colarinho, a encarando com nojo. Os cantos da boca dela tinha restos de comida e seu nariz estava escorrendo. Seus homens começaram a rir sem parar, já que eles estavam acostumados com àquilo. Tudo não passava de uma grande diversão.

— Olha só, chefe, ela é uma elfa que usa óculos, que ridículo hahaha! — berrou um dos homens.

— E ainda tem essa mancha horrorosa na cara hahaha, que pirralha horrorosa! Acaba com ela, chefe!

Alunys se sentiu impotente, ela achou que era igual a Colin e os outros, mesmo após terem sobrevivido a tanta coisa durante a última missão. Mas ela percebeu que de todos ali, seu talento era o que menos brilhava. Ainda mais se estivesse sozinha.

Doran levou sua mão lá atrás e enterrou seu punho no meio do rosto de Alunys, que caiu rolando no chão. Os homens continuaram rindo, dessa vez mais alto. Alunys cuspiu sangue e tentou se erguer sentando-se no chão. Os óculos dela haviam se quebrado e seu nariz também.

Abaixando-se, Doran pegou sua jaqueta.

— Ela não é de nada. É o que se espera quando se junta um monte de merdas em uma guilda. Tudo acaba virando lixo. Vamos embora procurar a garota chifruda. Ouvi dizer que ela é forte.

Doran começava a se afastar quando ouviu seus companheiros gargalharem ainda mais alto. Ele se virou para ver o que estava acontecendo e viram Alunys de pé com os punhos em guarda. Seus olhos mal enxergavam um palmo a sua frente e seu nariz sangrava tanto a ponto de pingar no chão. O tempo começava a ficar nublado e uma brisa forte soprou naquele lugar aberto e afastado.

Abrindo um sorriso, Doran jogou a jaqueta no chão, assumindo sua postura de luta. Ele colocou mana nas mãos e Alunys fez o mesmo após cuspir sangue.

— Era esse olhar que eu queria ver! — disse Doran — Desta vez vou para valer, me ouviu?


Sentado totalmente largado em um banco de praça, Stedd encarava as nuvens tentando enxergar careta nelas. Ele ajeitou seus óculos vermelhos e prestou atenção em uma conversa, já que era o que ele mais gostava de fazer.

— Sim, foi o que eu vi.

— Tem certeza?

— Claro que tenho, Doran arrastou aquela elfa que usa óculos para a parte isolada.

— Acha que ele vai matá-la?

— Talvez pior, aquele cara é louco.

Stedd ajeitou sua postura e foi até os dois garotos que conversavam. Eles sentiram uma presença ameaçadora atrás deles e se assustaram ao se virar e ver Stedd sorrindo feito um idiota.

— Ei, pirralhos, vocês disseram algo que me interessou, poderiam contar pro tio aqui?


Apressado, Stedd correu até a parte isolada da universidade e viu um grupo de três garotas em volta de algo. Ele as viu de longe e reparou naqueles sorrisos que exalavam maldade, o mesmo semblante de pessoas que não valiam absolutamente nada. Ele se aproximou das garotas e viu Alunys estirada no chão com o rosto arrebentado. O braço esquerdo dela estava quebrado, assim como algumas costelas e o nariz.

As coisas dela estavam esparramadas pelo chão e havia sangue por todo lugar.

— A culpa foi dela. — disse uma das garotas.

— Pois é, era só ela ter ficado deitada, mas não, ela tinha que levantar várias vezes.

— Né! Ela achava que era o quê? Uma super-heroína?

— Quem fez isso? — ele perguntou.

As garotas o encararam com desprezo.

— Não somos obrigadas a dizer.

Em um movimento rápido, Stedd agarrou o pescoço da garota e começou a levantá-la. Ele a apertava a cada segundo que passava e a garota ficava sem ar. As duas amigas conjuraram suas magias e apontaram para Stedd.

— Solta ela, seu cretino!

— Se tentarem alguma coisa quebro o pescoço dela.

As amigas pararam de se mover.

— Foi Doran! — berrou a outra garota — Ele quem fez isso com ela, agora solta nossa amiga!

Stedd a soltou e a garota caiu de bunda no chão, iniciando uma crise de tosse. As meninas ajudaram a amiga a se levantar e se afastaram rapidamente.

Stedd caminhou sem pressa pelo cenário da batalha e juntou as coisas de Alunys. Parou frente a ela, se agachou e a pegou no colo com cuidado. O escritório da secretária Millie não ficava tão longe dali, então ele iria andando para fazer o menos de movimento possível. Ele não queria prejudicar o corpo ferido da companheira.

Cof!

Após tossir, Alunys abriu um dos olhos e gemeu baixinho sentindo as costelas. Ela olhou para cima reconhecendo aquele rosto pálido e os óculos vermelhos.

— Senhor… Stedd…

— Não fique falando, vai piorar.

Alunys se sentia humilhada, com o coração e mente aos frangalhos. Agora que tudo parecia estar indo bem, seu mundo desmorona de novo. Ela se sentiu insuficiente e sua sensação de pertencimento a guilda morreu completamente, junto a qualquer vontade que ela tinha de se encaixar em algum grupo para não se sentir tão sozinha.

Uma lagrima escorreu dos olhos dela e com as forças que sobraram, ela se encolheu nos braços de Stedd chorando baixinho.

— Desculpa… se eu fosse tão forte quanto você, senhor Colin e os outros… Quero ir para casa, voltar pro meu pai… minha mãe… — Ela colocou uma das mãos sobre a mancha no rosto. — O senhor pode me levar para casa?

Stedd continuou inexpressivo.

— Primeiro vamos tratar desses ferimentos, então a gente decide sobre sua ida para casa, pode ser?

— Hum…

Todos os estudantes focaram em Stedd entrando com Alunys nos braços. Alguns deles sabiam o que havia acontecido e acharam a situação cômica. Os dois eram parte do grupo de Colin, portanto, eram considerados escória por boa parte dos nobres desde a festa de recepção.

Aos olhos dos nobres, todo tipo de castigo para eles era pouco.

Não demorou muito para que Stedd alcançasse a secretária. Ele não explicou o que aconteceu, mas era nítido que foi uma briga, ele só não disse contra quem.

Millie havia a deitado na maca e Alunys cochilava enquanto ela fazia os primeiros socorros.

— Ela vai ficar fora de perigo. — disse Millie — Consigo fazer ela voltar ao normal em algumas horas. Mas que diabos aconteceu com ela afinal?

— Apenas treino, você sabe como esses jovens acabam se empolgando, não sabe?

— Treino? Tem certeza?

Stedd abriu um sorriso e fez que sim com a cabeça.

— Cuide bem dela, tenho que fazer uma coisa. Até mais, senhora!

Dando pulinhos, Stedd saiu da sala. Assim que pisou os pés para fora, sua expressão mudou. Encarou o sangue de Alunys em sua mão e o sorriso que sempre enfeitava seu rosto desapareceu.

Um pensamento longínquo veio a sua mente. O pensamento de um dia quando estava conversando com seu pai. Seu pai lia algum livro enquanto o pequeno Stedd brincava com guerreiros de madeira. Seu pai abaixou o livro e pegou Stedd no colo.

— Você está ficando pesado, logo vai ser impossível pegar você no colo como agora haha.

— Mentiroso… o senhor é tão forte quanto a mamãe.

— Eu sei haha, mas não é fácil ser forte. Eu diria que quanto mais forte, mais responsável você se torna.

— Se isso é verdade, então quem é responsável pelas pessoas fortes como o senhor?

— Essa é simples de responder, eu diria que sua mãe, seus irmãos, e até mesmo você.

O pequeno Stedd coçou a cabeça.

— Isso não faz sentido.

— Pensa comigo, filho, se alguém machucasse sua mãe, o que você acha que eu faria?

Stedd coçou a bochecha.

— Você o mataria?

— Isso, e se alguém me machucasse, o que você faria?

— Eu mataria!

Jack bagunçou o cabelo de Stedd.

— Isso aí, filho, quando se torna responsável por alguém, as pessoas que o cercam se tornam responsáveis por você também. Isso é o princípio de uma família, até mesmo amizades mais fortes funcionam assim. Por isso, quando for responsável por alguém, tem que fazer isso de corpo e alma, intendeu?

Abrindo os olhos, Stedd se desfez de pensamentos do passado e abriu seu sorriso de sempre. Agora ele estava livre para se mover como quisesse, então não levaria tempo para chegar a seu objetivo. Ele correu feito um louco em direção ao dormitório da guilda de Loafe que ficava em uma parte separada da universidade. O dormitório todo era tão grande que dava pra ser uma pequena vila.

Stedd estava de frente para o grande portão de grades douradas. Dois estudantes estavam do lado de fora e foram em direção a Stedd assim que bateram os olhos nele.

— Ei, aberração! — disse um dos estudantes — É melhor dar meia volta, não sabe que está no território do Loa-

Vush!

Em um movimento rápido, Stedd degolou o estudante. O amigo ficou em choque, ele mal percebeu a mão de Stedd se mover. Aquilo havia sido um assassinato em plena luz do dia, o assassinato de um nobre. Aquela ação não passaria impune.

Stedd encarou o estudante que estava em choque e o chutou no portão com uma força tão grande que o portão quebrou e o estudante saiu rolando já nocauteado.

A passos lentos, ele adentrou o dormitório enquanto estralava o pescoço. Alguns estudantes que estavam próximos ficaram em guarda observando aquele homem de cabelo prateado se aproximar com um sorriso cínico no rosto.

Stedd crispou os dedos e suas unhas ficaram pontiagudas.

— Loafe, Remora, Norben, Doran e qualquer filho da puta dessa guilda de merda, apareçam miseráveis, eu Stedd, mandarei todos vocês para o inferno!

O alvoroço chamou atenção e não demorou muito para que Loafe despontasse junto a Remora, Norben e até Doran.

Loafe olhou em volta observando todo o estrago que Stedd havia feito e franziu o cenho.

— Entrou sem ser convidado e ainda matou um estudante… é o que se espera de um assassino medíocre.

— Vamos lá Loafe, adiemos o torneio de guildas e resolver as coisas aqui e agora! Um confronto de toda sua guilda contra mim!

Loafe abriu um sorriso de canto de boca.

— Você é bem idiota de achar que pode vencer todos nós juntos. Posso saber o motivo dessa loucura?

O primeiro pingo de chuva caiu, seguido por outro e mais um, até uma chuva começar junto a trovoadas. Stedd guardou seus óculos no interior do paletó. Flexionou os joelhos e uma sombra que serpenteava como fogo começou a surgir por debaixo de seus pés e cresceu exponencialmente.

— O motivo? Hehe Só me cansei de vocês!

Loafe e seus outros três comandantes deram um passo a frente. O resto dos estudantes não teriam a mínima chance contra Stedd, então seriam eles que lutariam.

Ficando agachado, os olhos de Stedd ficaram completamente brancos. Não foram só seus caninos que se tornaram pontiagudos, mas todos os seus dentes. Suas garras ficaram maiores e até mesmo seu porte físico ficou mais avantajado.

— Se preparem. — disse Stedd enquanto um vapor quente deixava seus lábios — Vocês serão caçados!  

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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