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Quase adormecendo enquanto assistia à aula sobre invocações mágicas, Safira despertou por completo quando sua colega de trás a cutucou com uma caneta.

— Essa aula é importante! — sussurrou. — Devia prestar mais atenção!

Safira deu de ombros e bocejou.

Fazia três dias que a prova de seleção havia terminado. Por decisão dos professores, ambas foram enviadas para as melhores turmas. Membros do senado de Ultan viam ambas com bons olhos.

Se as patrocinassem, poderiam tirar algum proveito delas no futuro, talvez as tornando esposas de homens com alto destaque, ou as apresentando a seus herdeiros. Não era só casamento por posição que atraía os nobres, mas também aconteciam casamentos onde visavam somente a prole da união e o quão forte ela seria.

O professor magrelo de cabelo grisalho ralo, apontava para o quadro negro explicando como invocações estavam intrinsecamente ligadas a posição das estrelas no infinito, mas haviam invocadores tão poderosos que conseguiam quebrar essa lei.

Cada árvore tinha praticamente uma fauna própria, onde raramente alguns ser invocado seria igual ao outro. Invocá-los não era uma tarefa fácil, gastava mana demais e tinha invocações que saiam de controle, podendo atacar até mesmo o invocador.

Diferente das invocações, existia um processo que consistia em matar um animal e tomar sua alma, mas era um processo complicado, tão complicado que raríssimas pessoas conseguiam realizar tal feito.

Por fim, o professor, que trajava uma túnica branca que realçava seu abdômen obeso, apoiou as mãos corpulentas em cima de seu livro e o fechou, dizendo que a aula havia terminado.

Sem dizer uma palavra, Safira apanhou o livro que recebeu e saiu da sala o mais rápido que conseguiu, andando a esma pelo corredor. Os professores também analisaram as habilidades de Safira e em como ela se saiu durante toda prova. Somado aos mimos dos professores, ela fora mandada direto para uma turma de segundo ano.

Brighid, por outro lado, fora mandada para uma turma de terceiro ano, mas havia algum burburinho entre os professores para que ela lecionasse ao invés de ser aluna. Mesmo entre os professores da universidade, havia somente um que era um monarca, isso sem contar o diretor.

Os uniformes dos alunos de primeiro ano eram brancos com detalhes avermelhados. As meninas usavam uma blusa branca com botões, laço curto no pescoço, uma calça e botas pretas. O laço e a calça geralmente mudavam de cor dependendo do ano do aluno.

Alunos de primeiro ano usavam vermelho, os de segundo ano azul, e os de terceiro ano, preto. Os membros de Guilda geralmente confeccionavam suas próprias roupas.

— Espera! — disse a colega de Safira logo atrás.

Safira olhou para trás e esperou sua colega.

Ela era da mesma altura que Safira, porém, suas orelhas eram maiores e mais pontudas. Ela tinha cabelos louros levemente cacheados e tinha também uma mancha avermelhada do lado direito, que pegava parte de seu olho e bochecha.

Por seus olhos serem levemente esbranquiçados, ela usava óculos, o que era bastante mal visto entre os Elfos, já que eles se orgulhavam de ter uma boa visão e de seus corpos perfeitos.

Ao alcançá-la, a garota apoiou uma das mãos no joelho e recuperou o fôlego.

— Por que está me seguindo? — indagou Safira.

— Somos colegas de quarto, né? E senhorita Brighid disse que quando ela não estivesse por perto, eu deveria cuidar de você.

Dando de ombros, Safira continuou caminhando pelo corredor cheio de gente que na maioria das vezes encarava-a com certo desprezo.

Afinal, ela estava com Colin.

Já circulava boatos de que o Elfo que enfrentou Anton de frente conseguiu dar uma surra em um dos homens de Loafe, e estar com Colin ou suas companheiras poderia significar problema.

— Não devia me seguir por aí. — disse Safira abanando uma das mãos. — Eu já disse que pode ser perigoso para você.

— Se você não tem medo, então também não terei, né?

— Não funciona assim, você sabe…

Safira nunca foi muito de tagarelar, mas pelo jeito que ela andava e seu desinteresse em praticamente tudo no momento, chamavam atenção desnecessária, e sua colega percebeu isso no primeiro momento que a viu entrar na sala de aula.

O professor a apresentou normalmente, mas a maioria dos alunos a encarou com repulsa.

Afinal, ela era uma ninguém.

Uma garota sem posição que conseguiu ingressar em uma das melhores turmas daquela universidade cheia de nobres e pessoas de posição social elevada.

Mesmo com todos aqueles olhares e julgamentos silenciosos, ela não se importou. Assim como Colin, ela acostumou-se ao desprezo.

A colega de Safira correu para frente dela e pegou suas mãos a encarando nos olhos.

— Se tiver se sentindo incomodada com algo, é só me dizer!

Ela reparou que os olhos de sua colega brilhavam sem parar, então somente afastou as mãos e coçou a nuca desviando o olhar.

— Estou bem, Alunys, é só… o Colin…

— O seu amigo fortão!? O que tem ele?

Elas dobraram a esquina do corredor, dirigindo-se para fora da universidade, indo em direção ao jardim onde alguns estudantes faziam piquenique e jogavam conversa fora.

— Ele ainda não acordou… senhorita Millie disse que ele ficará bem, mas que ele danificou um dos vasos de mana internos próximo ao coração, e isso nem ela e nem Brighid podem curar. Então não tem nada para fazer a não ser esperar que ele acorde…

Caminhando mais um pouco, elas foram até um banco de madeira e sentaram-se.

— Acredito que não precisa se preocupar tanto assim com ele. Se a senhorita Millie disse que tá tudo bem, é porque tá tudo bem.

— Eu sei… é que Brighid gosta muito dele… esses últimos dias tem sido bem difíceis para ela e para mim. — Ela olhou para baixo e apoiou a mão cerrada no peito. — Colin é bem importante pra gente… mesmo sabendo que ele vai ficar bem… vê-lo desacordado na cama da enfermaria… machuca bastante…

Segurando a mão de Safira, Alunys abriu um sorriso gentil.

— Sei como se sente, mas vi a prova de seleção. Seu amigo Colin venceu aquele tal de Barone e lutou de igual para igual contra Anton, o número “um” da nova leva de calouros. Colin é bem forte, certeza que vai se recuperar logo!

Safira abriu um sorriso de canto e fez que sim com a cabeça.

— É… você tem razão…

Alunys não parava de sorrir ao estar ao lado de Safira. Sua condição sempre foi vista como uma forma de deficiência por parte dos Elfos que buscavam a perfeição em absolutamente tudo.

Safira era a primeira pessoa que a tratou decentemente naquele ambiente universitário hostil. O que para Alunys pareceu respeito, para Safira não passava de uma cortesia corriqueira. Diferente de Colin, que mantinha a carranca sisuda o tempo todo para evitar que pessoas se aproximassem dele, Brighid e Safira eram o oposto.

Brighid era o tipo de garota que se tornava popular bem rápido por ser muito atraente e por seu jeito extrovertido e até mesmo doce, além de ela ser bem forte. Já Safira tinha um olhar bastante inocente em relação a certas coisas, e algumas pessoas achavam isso “fofo”. Porém, seu ar inocente atraía aos montes alguns rapazes mal-intencionados, que somente não haviam feito nada com ela ainda por medo de Colin ir atrás deles.

Mesmo em coma, o nome de Colin era bastante temido por alguns, principalmente por alguns nobres que ouviram pelas histórias a pessoa sem escrúpulos que ele era, não temendo nem mesmo os nobres.

Após o incidente com Wiben e de vislumbrarem sua selvageria no torneio, os nobres sempre acostumados a fazer de tudo pelo simples fato de serem nobres, sabiam que com Colin isso era diferente.

Se vacilassem, ele revidaria.

— Safira? — disse uma voz ao lado.

Ao se virarem, depararam-se com Kurth usando uma camisa branca de manga curta, um paletó avermelhado com detalhes dourados na borda e uma calça preta. Suas botas eram tão escuras quanto sua calça. O cabelo dele estava penteado para trás e ele segurava uma rosa nas mãos. Nem parecia a mesma pessoa da prova de seleção.

— Kurth?! — disse Safira empolgada, mal reconhecendo o companheiro. — Não te vejo desde a prova, como você está?!

— Ah… estou bem… sobrevivendo, eu acho.

Alunys pigarreou e Safira resolveu apresentá-la.

— Ah! Essa é Alunys, minha colega de quarto, e Alunys, esse é Kurth. Ele ajudou a gente na prova de seleção.

Tímida, Alunys somente deu um oi sacudindo uma das mãos.

Inquieto, Kurth olhou para os dois lados.

— Senhorita Brighid não está com você? — perguntou.

Safira fez que não.

— Ela mal pregou o olho de preocupação com Colin, e o diretor a chamou para conversar. Disseram que alguém da corte do imperador queria conversar com ela.

— Sério?! Espero que não seja nenhum problema.

— Não se preocupe, tenho certeza que não é isso.

Ainda inquieto, Kurth começou a balançar um dos pés e olhou diretamente para Safira. Os dois se encararam por alguns segundos e Kurth engoliu em seco.

Alunys notou o desconforto do rapaz e reparou que ele não parava de mexer na rosa que segurava.

— Que rosa bonita! — gracejou. — Foi você quem a colheu?

— Ah… isso? — Kurth olhou para rosa e depois entregou para Safira. — Pensei que você pudesse gostar…

Erguendo as sobrancelhas, Safira apanhou a rosa. Encarou-a de perto e depois a cheirou. Ela era bem avermelhada, um vermelho tão escuro que parecia negro.

Ela encarou Kurth sem entender muito o porquê de ele a entregar isso, então agradeceu.

— Obrigada…

— Não tem de quê…

Outro silêncio sepulcral invadiu a conversa. Notando a falta de traquejos sociais por parte dos dois, Alunys resolveu agir, já que a situação se tornou desconfortável até mesmo para ela.

— E então, Kurth, né? A cor dos seus cabelos me lembrou do povo do império do sul… você é predominante das terras de Arranis, né?

— Sim… nasci lá, mas tem alguns anos que não vou para casa.

— Sério?! Tem vagado sozinho por aí esse tempo todo, mesmo com os países em guerra?

— Basicamente… eu precisava treinar e ficar mais forte, então consegui alguns trabalhos, fiz algum dinheiro e sobrevivi…

— Entendi… você e Safira são bem-parecidos nisso, eu acho. Não sou tão boa em combate como vocês dois, mas também consigo me virar.

Um grupo de três pessoas se aproximava ao longe.

Este mesmo grupo atraia atenção de quase todos naquele pátio esverdeado. Eles usavam uma roupa cinza básica, e por cima da roupa trajavam um paletó bem escuro.

O homem do meio era alto, tinha o cabelo preto curto e carregava uma bainha ornada na cintura. Do seu lado esquerdo estava um rapaz de olhos puxados. Ele tinha a cabeça raspada e um piercing no canto do lábio inferior. Por fim, ao lado direito, estava uma mulher de cabelo curto preto com as pontas azul-claro. Ela era bastante pálida, e seus olhos transmitiam a mesma sensação de perigo que os olhos de Colin.

Alunys notou que eles estavam se aproximando e assumiu uma expressão de pânico enquanto segurava a mão de Safira.

Não era comum aquele trio aparecer assim do nada.

Normalmente, eles estavam fora realizando missões bastante perigosas. Perigosas até mesmo para os oficiais do império que serviam diretamente ao alto escalão imperial.

— Eles estão vindo pra cá… merda! — Alunys estava apavorada.

— Quem são eles? — perguntou Safira.

— São o trio mais forte da guilda de Loafe… e aquele cara no meio é o próprio Loafe… que merda, que merda, que merda!

Eles ouviram bastante história sobre Loafe e de como ele era poderoso e impiedoso, mas não sentiram magia latente vindo de nenhum dos três, porém, isso não significava que eles não fossem fortes.

Mesmo não sentindo uma magia agressiva, os instintos de sobrevivência de Safira falavam mais alto.

Seu corpo quase se moveu sozinho, sinalizando que era para ela correr dali o mais rápido possível.  No entanto, seus instintos também diziam que se ela corresse, eles a apanhariam sem problema algum.

Em pensamento, ela perguntou a si mesma o que Colin faria, e concluiu que não importava o perigo, seu amigo e mentor enfrentaria de frente, e ela se inspirava nele, então, decidiu manter a calma.

Aproximando, Loafe ficou a alguns metros de Safira. As pessoas que estavam próximas lanchando em um farto piquenique ou jogando conversa fora se levantaram e foram embora o mais rápido possível.

— Foram vocês que lutaram contra Anton, não foram? — perguntou Loafe em um tom bem amigável.

Aquele rapaz estava longe de se portar com o monstro que eles criaram em suas mentes pelas histórias que ouviram.

Loafe encarou Alunys e ela foi para atrás de Safira.

Tremia como um cão assustado.

— Não me lembro de você.

— Ela não estava na prova de seleção — disse a mulher ao seu lado.

— Entendi… bem, soube recentemente que alguns membros do meu grupo causaram problemas para vocês. Eu gostaria de me desculpar.

Loafe curvou-se e seus dois companheiros fizeram o mesmo.

Aquele não parecia o Loafe impiedoso das histórias.

— Soube que seu amigo ainda não se recuperou, espero que ele se recupere logo e possa frequentar normalmente as aulas. — Loafe soou bastante sincero.

— Tá… — disse Safira um pouco sem jeito.

Loafe pousou os olhos sobre os três mais uma vez e todos eles sentiram um desconforto ao encarar aquele olhar penetrante. Mesmo suas atitudes sendo amigáveis, os olhos dele sinalizavam extremo perigo. Daquele trio poderoso, o olhar de Loafe era o menos sinistro.

— Se meus homens infernizarem vocês novamente, basta dizer a Remora ou ao Norben. Eles darão um jeito nos baderneiros. Nosso alojamento fica na parte ao leste da universidade.

Remora retirou do bolso uma carta de baralho preta com detalhes rúnicos dourados em seu verso, entregando-a para Safira.

— Basta apresentar isso na entrada e deixarão vocês passarem sem problemas. — disse Remora gentilmente, apesar da expressão dúbia de seu rosto.

Dando dois passos para trás, Kurth quase caiu no chão.

Em volta de Remora estava diversos monstros grotescos. Ele notou que suas companheiras não viam o mesmo que ele. Ao lado de Remora estava um animal que parecia um gorila de cinco metros com chifres. No ombro dela estava um mico que mais parecia um porco-espinho. No chão haviam várias serpentes que tinham patas de lagartos.

Algumas eram tão grandes que pareciam enormes crocodilos.

Ele olhou por cima dos ombros dela e viu ainda mais monstros estranhos, um mais horrível que o outro.

Após piscar, aqueles animais desapareceram num passe de mágica.

Remora olhou para Kurth e ele abaixou a cabeça. O garoto suava frio, mas tentou não transparecer seu pânico aparente.

— Algum problema, garoto? — perguntou Remora em um tom totalmente diferente de antes. Desta vez soou como uma ameaça.

— Vamos embora, e Remora — disse Norben. — Pare de assustar o garoto.

Ela deu de ombros e caminhou para a direita de Loafe.

Após se curvarem mais uma vez, Loafe e seus companheiros retiraram-se, e foi como se Kurth tivesse removido um peso gigantesco dos ombros.

— Isso foi tenso… — Alunys deu um suspiro. — Não pensei que Loafe em pessoa fosse aparecer aqui, e ainda se desculpar…

Safira olhou a carta mais uma vez e a guardou no bolso da calça.

— Não o achei tão assustador… parecia até um cara legal…

— Isso porque você não o viu no torneio de Guildas do ano passado. Não é à toa que é considerado o mais forte da universidade.

— Alguém tão importante quanto ele iria vir aqui somente pra isso? — Kurth ainda suava frio. — Sei não, parece ter algo a mais nessa história.

Alunys pigarreou e ergueu o indicador direito.

— Se me permite explicar, Loafe e Aoth, o irmão mais velho de Anton, disputaram a final do torneio de guildas do ano passado. Não foi a primeira vez que eles se enfrentaram, mas por mais que as lutas fossem bastante equilibradas, Aoth sempre venceu Loafe. O que mais incomodava Loafe, era que o Aoth era indisciplinado, raramente treinava e sempre dormia nas aulas, mas mesmo assim, ele era um dos melhores da universidade. Recentemente ele retornou para casa e assumiu o comando da família. O pai de Anton e de Aoth é um influente comerciante do império, e há uma rixa entre a família de Loafe a de Aoth. Resumindo, vocês terem surrado Anton pode ter deixado Loafe feliz o bastante para conhecer vocês pessoalmente.

— Quem era aquela mulher? — perguntou Kurth baixinho.

O pânico que Kurth sentia era bem aparente, e ela deduziu do porquê estava tão assustado já que conhecia um pouco de Remora. Às vezes, ela escolhia vítimas para causar pânico, e em pensamento, ela agradeceu por não ter a escolhido, já que ela era bem medrosa.

— Remora é uma excelente conjuradora, melhor que muitos professores da universidade. Pelos registros que se têm dela, dizem que ela nunca foi muito talentosa, mas se redescobriu ao estudar invocações. Não é à toa que é o braço direito de Loafe.

Alguém sem talento que era forte o bastante para ser o braço direito do número um da universidade, Kurth deduziu que aquela mulher não deveria ser ignorada, ainda mais depois das monstruosidades que somente ele viu.

— E aquele outro cara? — perguntou Safira. — Os olhos dele eram puxados. Ele é um estrangeiro?

Alunys fez que sim com a cabeça.

— Não sei se é verdade, mas dizem que ele é o príncipe de uma dinastia de outro continente. Dizem também que ele foi dado ainda bebê para o pai de Loafe como forma de acordar uma paz entre a família de Loafe e a do imperador de Yan Ling. Ele e Loafe são como irmãos, pois foram criados juntos.

Safira olhou para Alunys e depois olhou para o grupo de Loafe que se afastava ao longe. De fato, aqueles três se destoavam de toda universidade. Nem Anton passava uma sensação tão sinistra.

Ela encarou novamente a rosa em sua mão e abriu um sorriso sem jeito. De um jeito estranho, ela havia gostado de ser gracejada com aquele presente simples. Conhecendo Colin, ela sabia que ele nunca a daria nada que ela não precisasse, então, presentes simples assim estavam fora de cogitação.

— Vamos para o dormitório! — disse ela com um sorriso.

Aquela fala deixou Kurth bastante envergonhado. Ele ficou vermelho feito pimenta.

— E-Eu? — perguntou ele.

— Você não, falei com Alunys.

— Ah!

— Obrigada pela flor, achei muito bonita… de verdade…

Envergonhado, Kurth abriu um sorriso e virou o rosto.

— Por nada…

Alunys olhou para Kurth, depois para Safira e fez que sim com a cabeça. Sem aviso, ela pegou na mão de Safira e começou a caminhar com ela.

— A gente se vê, Kurth — disse Alunys quase arrastando Safira. — Foi legal te conhecer.

Sacudindo as mãos, Kurth se despediu, vendo-as se afastar lentamente. No momento, o único medo de Kurth era de que ele pudesse ter pesadelos com os demônios que viu.

Mesmo extasiada com o presente, Safira pensou em tudo que Alunys disse sobre Loafe e Anton. Pensou que talvez eles tivessem se metido bem no meio de uma briga de gente poderosa. Apesar de ser inocente em algumas coisas, ela sabia que se meter com gente afortunada nunca acabava bem.

Não sabia que tipo de atitude tomar caso aquele cabo de guerra começasse para valer.

Brighid estava mentalmente abalada, e Safira sentia-se no escuro sem saber para qual direção seguir se tudo se complicasse.

Apesar de imprudentes e mesquinhas na maioria das vezes, as decisões de Colin a mantiveram viva até a agora e ela se fortaleceu abruptamente, favorecendo-se mesmo que indiretamente daquelas escolhas de Colin. Com Colin fora da jogada, as coisas poderiam se complicar, e muito.

Safira enxergou um futuro bastante complicado sem um norte.

Por um instante ela entristeceu-se e engoliu em seco. Seu amigo imprudente e brigão estava começando a fazer bastante falta. Mesmo desejando ser como ele, ela ainda não estava pronta para tomar decisões de peso tão significativo sem alguma tutela.

Decisões que colocariam em risco não só ela, mas também Brighid, que não estava em pleno exercício de suas faculdades mentais.

Ela sentiu o mesmo pavor de quando pensou que Colin iria abandoná-la após enterrar todos do seu vilarejo. No momento, mesmo fazendo novos amigos e companheiros, Brighid e Colin ainda eram as pessoas mais preciosas para ela, e ela desejava do fundo de seu âmago que eles se recuperassem o mais rápido possível.

“Por favor Colin… acorda logo, a gente precisa de você…” 

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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