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Capítulo 12 – O Reator

「JOUM」


Eruker e eu estávamos carregando o corpo da criatura até a área dos reatores, o motivo de levarmos o corpo para lá, era por ser um local que apenas nós poderíamos entrar.

Carregar aquele verme era horrível, não só por ele ficar pendendo para um lado e para o outro, mas também por ele ser muito pesado, o que fazia com que meus braços, por mais que super musculosos, ficassem cansados fáceis.

O coitado do médico por não ter muita força em seus braços, sofria a cada passo que dávamos.

Ao chegarmos na grande sala, juntamente com uma luz azul tomando meu rosto, um odor repugnante me fez demonstrar as mais feias caretas.

Era um odor parecido com carne podre, que de certa forma me lembrava a época em que lutava na guerra. Aliados e inimigos mortos pelo campo de batalha, corpos tão deformados no chão que a possibilidade de identificação era apenas por suas fardas. Uma lembrança que meros gatilhos como esse me faziam voltar para o terror que era aquele local.

— Que odor.

— Decomposição — disse o médico.

Colocamos o corpo morto no chão e fomos ver o lugar onde tínhamos jogado o corpo. Quando cheguei perto, coloquei minhas mãos sobre o corrimão frio e metálico.

Diante de mim, o núcleo de um reator se revelou. Um buraco em círculo que estava completo de água, tinha algo circular, talvez de ferro, com fios grossos que saíam de seu centro. Em toda a água, uma luz azul hipnotizante emitia um brilho intenso, enquanto um som grave e sutil se juntava com umas leves tremidas que o chão dava.

No canto desse círculo, ainda na água, uma gosma preta estava tumultuada. O médico Eruker rapidamente avistou aquilo e foi em direção, investigar.

Ele tirou de seu bolso um bisturi e se aproximou da coisa com o objetivo de tentar pegar uma amostra. Contudo, quando o bisturi estava prestes a rasgar a coisa, do nada agarrou o braço do médico e instantaneamente começou a puxá-lo para dentro da água.

Eu corri e segurei ele com toda a força que eu tinha. Ele gemia de dor ao mesmo tempo que gritava pedindo para que eu puxasse mais forte.

Até que depois de alguns segundos puxando com toda a minha energia, finalmente a gosma soltou o braço dele, o que fez com que fossemos jogado contra a parede.

— Você tá bem?

— Sim… — Eruker segurava o braço vermelho com dor.

Estendi minha mão para ajudá-lo a se levantar. Após nos erguermos, continuamos nossa investigação, agora com extrema cautela.

De longe, observamos melhor a gosma, ela pulsava devagar como se estivesse respirando. Ela era preta, ao ponto de nem a luz escapar. Eruker disse que a textura era gelatinosa, diferente da gosma em que se encontrava no olho, que é mais pegajoso.

Então fomos em direção ao corpo que carregamos para conseguir algumas respostas. Ao abrir o saco de lixo, o doutor deu um salto para trás, e um líquido preto escorreu de onde estava o corpo.

Ele me olhou com uma cara confusa e de nojo. Em seguida, se aproximou novamente da sacola e a rasgou por completo.

O resto do líquido que estava preso ali dentro escorreu por toda a sala, intensificando mais ainda o cheiro podre pelo lugar.

O corpo, que deveria estar ali, tinha sumido por completo, ou melhor, havia se dissolvido por completo.

Eruker saiu correndo da sala, não aguentando o mau odor. Eu o segui, para ajudar no que fosse necessário.

— Você está bem?

— Sim, apenas tive um grande enjôo. — Ele apoiava as mãos na parede, respirando com dificuldade.

— Entendo.

— Você está até que aguentando bem. — Ele me olhou com um leve sorriso.

— Ah, eu já vi coisas piores na guerra.

— Como era? Digo, se arrepende?

— Não — Após alguns segundos em silêncio, respondi.

— Tornei-me médico com a intenção de servir na guerra e salvar vidas, não para vê-las perecer em um local como aquele, mas em um lugar que as valorizasse.

Permaneci em silêncio, consciente de que palavras não poderiam mudar suas convicções. Ideais nobres, embora louváveis, muitas vezes se perdem pela brutal realidade do campo de batalha, onde vida e morte se tornam uma só.

Ao retornarmos à sala, tivemos a tarefa exaustiva de limpá-la meticulosamente. Equipados com máscaras e luvas, usamos panos para remover os resquícios da substância. Foi um processo lento e cansativo, que só concluímos ao amanhecer do dia seguinte.

Quando finalmente terminamos, fomos imediatamente para nossas camas descansar, já que estávamos acordados desde o dia anterior.

Mesmo com a barulheira das pessoas conversando por todo o canto, eu me joguei na cama com objetivo de apagar. Mas subitamente o chiado chato do rádio ecoou pelo lugar. Todo mundo parou o que estava fazendo e ficou paralisados, esperando para ver o que ia acontecer. Eu saí correndo na direção do rádio, e dava pra sentir a tensão no ar, todo mundo nervoso.

Os olhares ansiosos dos outros me acompanhavam enquanto eu chegava perto do rádio, ansioso para descobrir se o realmente era um milagre. O barulho irritante continuava, deixando todo mundo meio agoniado. Será que o rádio não estava quebrado por completo? Apenas um chiado irrelevante? Ou finalmente poderemos pedir ajuda?

Com o coração batendo rápido, finalmente cheguei ao rádio. Estendi a mão devagar, preparado para lidar com o que viesse pela frente e tentando não deixar minhas esperanças tão altas. O lugar inteiro ficou quieto, todo mundo esperando para ver o que ia acontecer.


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