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Capítulo 5 – A Realidade


A paisagem urbana dominada por uma paleta de cores sombrias e opressivas que, apenas ao olhar, tirava partes emocionais de mim. O céu acima perpetuamente encoberto por nuvens negras, filtrando a luz da estrela gigante em um brilho enfraquecido que mal iluminava a devastação abaixo.

Os vidros dos edifícios, que outrora eram belos, estavam fragmentados pelo chão sujo e impuro, juntamente com os aços retorcidos.

A minha visão antiga da bela metrópole oscilava entre a visão que tinha diante de mim. Seria mentira dizer que eu sentia nada vendo aquilo. A minha casa, a cidade onde vivi grande parte de minha vida, estava destruída, estava devastada.

Enquanto estávamos contemplando a cidade destruída, meu ombro esquerdo começou a arder como fogo, o que me faz rapidamente olhar para a origem.

O que eu via era minha roupa preta rasgada, expondo meu ombro queimado e vermelho.

— Aiii! Que merda é essa? — Karley, enquanto passava a mão freneticamente em seus braços.

— Uma chuva ácida… temos que achar um lugar para se esconder, rápido! — Vurg exclamou com um olhar de desespero.

Em meio à tensão e ao perigo da situação, Vurg rapidamente observou ao redor de onde nos encontrávamos. Ele avista uma casa destruída, porém com um teto ainda em pé. Todos nós, desesperados, corremos para debaixo. A casa estava com as paredes corroídas e partes destruídas, restando apenas pilastras que mantinham a estrutura em pé.

A chuva ácida cai como um temporal.

As gotículas verdes preenchiam minha visão. Mesmo não podendo escutar, minha mente, por costume, criava o som de chuva em minha mente.

As gotas ácidas que caiam sobre a paisagem devastada transformava o ar em um denso nevoeiro que corroía tudo o que tocava. Os carros eram corroídos e sua tinta danificada, deixando um rastro de descoloração por onde a chuva passava.

— É a primeira vez que vejo. — Karley hipnotizado pela chuva a observava. — Estranho, por que está acontecendo logo agora?

— Simples, poluição. — Vurg abanando as mãos.

— Eu sei disso, mas a humanidade já deixou de viver por aqui.

— Graças ao repentino sumiço da humanidade, as empresas que poluíam ficaram sem nenhum cuidado e algumas, provavelmente, não foram nem desligadas.

— Ah… faz sentido! — Karley lentamente olhou para Vurg. — Você entende bem.

— O motivo é que eu sou professor de física.

Karley rapidamente teve sua expressão alterada para uma de surpresa. Ele olhou para mim com uma mistura de raiva e dúvida, como se estivesse perguntando: “Então foi ele, né?”, em um tom bravo.

Dei um pequeno sorriso de volta como se respondesse: “Sim, foi ele.” em um tom de deboche.

— Por que tamanha surpresa?

— É que… seu jeito de falar não aparenta ser de um simples professor.

— E como um professor deve falar? — Em um tom de estranheza, Vurg perguntava.

— Esquece, por favor.

— Eu não vou esquecer! — Ressalto apontando para mim mesmo.

— Seu desgraçado!

— Já que estamos nesse tema de revelação, quero te perguntar uma coisa, líder. — perguntava olhando fixamente em seus olhos. — O Justem… ele era realmente um psicólogo? Digo, ele fez uma grande burrada pra um psicólogo.

Karley deu um grande suspiro e voltou a olhar para a chuva. — Primeiramente, não me chame mais de líder, não estamos na instalação, segundamente, não… ele não era um psicólogo!

Um silêncio novamente revisitou. Eu já suspeitava sobre isso, mas ver Karley confirma, com certeza foi bem mais satisfatório.

— O médico Eruker, ele também não é um médico de verdade! Quero dizer, de certa forma ele nunca terminou a faculdade!

Isso apenas fortificava minhas suspeitas. Os profissionais que foram supostamente escolhidos pelo governo eram uma farsa. Mais uma prova de que éramos meros inúteis.

— Pera, quer dizer que a teoria do oxigênio… — perguntou Vurg com a mão no queixo pensativo.

— Calma, sobre o problema do oxigênio, é uma teoria real, por mais que ele não tenha terminado a faculdade, ele já tem uma boa base de conhecimento para usar na prática.

— Será que todas as instalações estão sem médicos de verdade? — perguntei coçando minha testa.

— Provavelmente não, pois apenas tivemos azar de nosso médico não ter terminado a faculdade.

— Entendo.

O vento começou lentamente a se intensificar, e a chuva ácida começava a invadir nosso abrigo provisório.

O vento estava tão forte que placas de metal voavam pela cidade, batendo e levando junto alguns destroços. Achávamos que a situação não poderia piorar, mas o teto de onde estávamos começou a ser corroído pela chuva, surgindo furos.

— Teremos que se juntar no canto! — gritava Vurg apontando para o canto da parede.

Quase todos juntos em umas das quinas da varanda, isso me fazia lembrar de meu canto na instalação, uma lembrança que eu não sabia decifrar ser boa ou ruim.

A chuva parecia se intensificar cada vez mais. Os ventos sopravam para todos os lados e a água caía em todos os lugares. Com todo o chão encharcado por um líquido que poderia nos machucar, parecia tornar tudo em nossa volta conspiratório contra nós.

Até que a chuva lentamente cessou. O alívio em nossos olhos eram nítidos, sabíamos que se continuássemos daquela forma, poderíamos estar mortos.

Mas o saber de que não morremos horrivelmente derretido pela chuva ácida, nos deixou ainda mais ansiosos com a caminhada — para sair logo dali.

Quando a chuva passou por completo, saímos com cuidado do nosso abrigo.

O chão por onde passávamos, agora menos poroso, tornava tudo mais difícil. A água que se acumulava pelo terreno poderia danificar nossas roupas. A cor da terra, agora mais pálida, alimentava o ambiente morto. Contudo, com medo de enfrentar outra chuva como aquela, decidimos continuar a caminhada mesmo assim

Andando pelas terras invividas, sentia uma sensação estranha. Olhei para Vurg e seu olhar parecia desconfiado. Ele olhava constantemente para Karley como se quisesse dizer algo, mas não conseguia. Tentei deduzir o que poderia ser, todavia sem sucesso.

Todos ali estavam cansados, Louga e seu irmão sendo os mais fracos do grupo, eram os mais ofegantes. Eu, Karley e Vurg, por outro lado, estávamos aguentando bem toda a caminhada.

Porém, para a infelicidade de todos, percebemos que ainda estávamos na entrada da cidade. Sabíamos que, por ser um lugar muito grande, iria demorar bastante para chegarmos ao nosso objetivo..

Mesmo com o cansaço nos consumindo devido aos equipamentos pesados, ainda tínhamos uma grande força de vontade para continuarmos a caminhada.

A ansiedade de encontrar pessoas novas, deixava todos ali muito mais animados — exceto eu, que não me importava muito.


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