Selecione o tipo de erro abaixo

— Eu tava querendo evitar isso, mas já que estamos aqui… — Ezequiel estufou o peito e gritou — Curvem suas cabeças para o seu rei! Vocês estão abaixo do MEU céu, logo todos aqui pertencem a mim!
Todos, até mesmo os demônios, ficaram perplexos com o quão ridículo aquilo estava sendo, apenas o som do vento correndo por nós era ouvido.
— Haha… — o grande general riu levianamente — HAHAHAHAHAHA! Quem você pensa que é? HÃ? Tudo abaixo do céu é seu? Sua criatura INSIGNIFICANTE! — seu machado fincou no chão com um único movimento.
Bizon andou calmamente em direção a Ezequiel, aumentando sua pressão a cada passo. Nossas cabeças se curvaram involuntariamente enquanto éramos esmagados pela atmosfera. Ambos olhavam-se nos olhos, confrontando suas presenças, o enorme machado prateado era erguido com uma única mão, criando uma sombra sobre o cabelo espetado de Ezequiel.
— Abaixo do céu… e acima do inferno… tudo pertence a Lilith! — com excelência, cortou todo o caminho até o chão, independente do que estivesse em sua frente, criando uma cortina de poeira a sua volta.
— Tsc! Você é vesgo? — Ezequiel riu de sua cara.
— O quê? — Erguendo sua mão, dispersou a poeira, revelando um rasgo em linha reta no chão até a floresta — impossível!
Em fúria, o general desferiu um rápido soco em sua direção, porém, o mesmo foi puxado para o solo. Melissa apontava sua mão aberta para o demônio, o pressionando cada vez mais.
— Então isso é culpa sua, pirralha! — se levantando contra a gravidade.
— Eu vou pegar isto emprestado — tocando a armadura de aço do general, Ezequiel transformou toda a extensão do braço da armadura em uma katana de lâmina extremamente curva.
— General! — um de seus servos gritou.
— Nem mais um passo! — exclamou para o mesmo — Quem esse humano pensa que eu sou? — num piscar de olhos, o general empurrou Melissa para longe com um único tapa — EU SOU O GRANDE GENERAL BIZON! — com uma agressividade fora do comum, carregou Ezequiel pelo pescoço, jogando-o no chão como se não fosse nada.
— Ezequiel! Melissa! — Galliard gritou.
— Façam o que quiserem com o resto deles… mas esse aqui de cabelo estranho… deixe-o para mim.
Com sua ordem, todos os servos começaram a nos atacar, Galliard e eu nos defendemos como podemos, mas mal conseguimos causar dano naquelas criaturas. Melissa se esquivava dos ataques com acrobacias ágeis e suaves, enquanto Ezequiel encarava o general ainda o olhando por cima dos ombros mesmo estando imobilizado.
— É melhor se afastar… — Ezequiel sugeriu.
A lâmina de sua katana cortou o ar entre os dois, Bizon se perguntava como aquilo era possível, vendo que o fio de sua espada estava maleável tal qual um chicote.
— Manipulação de metal… nada mal moleque — mais uma vez erguendo seu machado — mesmo assim não é suficiente! — ao bater sua arma no chão, abriu uma fenda em direção a seu oponente.
Ezequiel se esquivou agilmente, correndo em direção ao general, sua espada balançava a sua frente, bloqueando os estilhaços de pedra lançados contra si. Em um único salto, sobrevoou a cabeça do general, fazendo um corte superficial em seu capacete.
— Nenhum dano! — pousando suavemente.
— Não vai me ferir mesmo se eu permitisse, primata.
— Primata! Gostei! Gorilas são os verdadeiros reis da floresta! E EU SOU O REI DO MUNDO!
— Continua falando coisas sem sentido, não tem como alguém como você ser rei de algo.
— Eu já disse, abaixo desse céu, tudo é meu! Se você me rejeita, está indo contra o seu rei!
— Que irritante…
Desviando um pouco minha atenção dos servos, avistei Melissa, graciosamente intacta, com uma pilha de demônios ao seu lado. Ezequiel trocava golpes com Bizon, sua velocidade, mesmo sendo superior, não era párea para os reflexos do general, que o afastava sempre que se aproximava.
Do meu lado, após muito tempo, conseguimos derrotar todos os servos. Agora só restava o general, mas o mesmo não nos deixava chegar perto.
— Não interfiram! Ele é meu! — Ezequiel ordenou.
— Você não é páreo pra ele! Não consegue ver? — gritei.
— Hunf! Até os seus servos entendem a situação — disse o general, rindo.
— Dá última vez eu levei um golpe de sorte, agora é diferente! — disparou confiante.
Com destreza, ele girava e cortava de forma excepcional, evitando todos os ataques do grande demônio, seus movimentos confundiam seu oponente, o deixando perdido, mesmo que não conseguisse causar dano.
O general, de repente, largou seu machado no chão, deixando de lado a maior parte de sua força para enfim conseguir segurar Ezequiel. Bizon agarrou seu pescoço e o levou para o chão, cobrindo seu rosto de socos poderosos.
— Já chega de brincar! — em meio a chuva de golpes — primatas como vocês não deveriam estar nem diante da minha presença!
— MERDA! — eu corri em sua direção, acertando uma explosão bem no seu rosto — LARGA ELE!
— Grrr… — o general grunhiu como uma besta.
Eu estava pronta para lutar, mesmo que minhas mãos tremessem de medo. A fumaça da explosão se dissipava, revelando metade do seu rosto abaixo do capacete destruído. Suas presas no maxilar inferior estavam trincadas e tremiam com a fúria que o consumia. Rapidamente, com apenas uma mão, ele agarrou o meu rosto, me estendendo aos céus.
— Moscas irritantes, já me cansei de vocês! — preparando um soco potente com sua outra mão — não deixarei que saiam com vida! — ele esmagava minha cabeça como se fosse uma frágil bola de vidro.
Minhas forças iam embora com a dor, não conseguia nem mesmo emitir uma pequena onda de calor. Mais uma vez eu estava incapacitada, de frente com a morte.
— SWOOISH — eu caí ao chão de repente, sendo encharcada por um líquido negro que caía sobre mim.
O machado do general era cravado no chão agressivamente, seu antebraço caiu em seguida, ainda pulsando vividamente.
— VAMOS EMBORA AGORA! — Galliard gritou.
Senti meu corpo se tornando mais leve, eu lutava para me manter consciente, mas minha mente se apagava cada vez mais com uma dor de cabeça latejante.
— NÃO VÃO FUGIR! — com seu único braço restante, arremessou sua poderosa arma em nossa direção.
Felizmente, sua mira, prejudicada pelo golpe anterior, fez com que errasse o alvo, fincando o machado bem ao nosso lado. Eu escutava o grito da sua fúria de longe enquanto fugiam em direção a uma planície desértica.
Ezequiel flutuava desacordado ao meu lado, eu era carregada nos ombros de Galliard, que corria ofegante sem parar e Melissa, por outro lado, acompanhava-o tranquilamente, conduzindo o corpo flutuante. Um bom tempo depois, com minhas energias restauradas, me desprendi dos braços largos de Galliard.
— Hã? Elena?
— Já estou melhor, não precisa mais me carregar.
— Está tudo bem mes- — Melissa perguntou preocupada.
— Por que me ajudou? — a interrompi.
— E-Ele ia te matar…
— Se não fosse por você, ele nem mesmo teria nos visto!
— Elena…
— Do que você tá falando?
— Se não tivesse feito barulho naquele momento… nada disso teria acontecido!
— O QUE VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE? — os olhos de Melissa se contorcer em raiva — FICASSE PARADA VENDO AQUELA FAMÍLIA MORRER?
— E O QUE ISSO IMPORTA PRA VOCÊ? — eu me aproximei de seu rosto, a olhando por cima — DESDE QUANDO ISSO IMPORTOU PRA VOCÊ EIN? — de repente, um tapa seco em meu rosto.
— Eu cansei de ouvir suas ofensas sobre mim — me encarando profundamente em meus olhos.
— Sua pirralha! — Galliard me segurou firme para que eu não voasse no pescoço daquela garota.
— Você não sabe nada da minha vida… e mesmo assim insiste em me odiar.
— Não sei nada? Qualquer um nesse mundo sabe sobre a herdeira do trono de Shryne! Uma garotinha mimada que vive nas asas do papai!
— Meus pais estão mortos, Elena.
— Tá querendo que eu acredite nisso? Eu não vou ter pena de você!
— Não me importo se acredita ou não, mas um fato é um fato — Ela cerrava seus punhos, segurando suas emoções — eles morreram pouco tempo depois daquela invasão. Optaram por esconder suas mortes para não gerar mais pânico nos cidadãos, enquanto eu sabia toda a verdade. Não diga que sabe sobre a minha vida, por que não, você não sabe. Então se já cansou de ser mal agradecida por ter salvo sua vida, é melhor a gente continuar andando antes que aquele demônio nos ache.
O vento corrido ressoou ao som da sua furiosa caminhada na areia.
— A baixinha acabou contigo — Ezequiel, que acabara de acordar, comentou.
— Não põe mais lenha na fogueira… — suspirou Galliard.
Foram horas torturantes em meio ao sol escaldante do deserto, um silêncio mortal pairava até mesmo sobre Ezequiel, o mais escandaloso de nós. Eu digeria as duras palavras de Melissa, me culpando pela maneira ríspida que a tratei. A noite enfim caiu, agora o frio e a escuridão nos assombravam.
— Acho melhor pararmos um pouco — Galliard parou — devo conseguir formar uma fogueira com o que reuni no caminho.
— Certo…
Com todo o cuidado e delicadeza, ele montou uma pequena fogueira com pedras e galhos secos, porém, o vento gelado do deserto não ajudava a acendê-la.
— Elena, dá uma ajudinha aqui.
Prontamente, me aproximei dos galhos e acendi a fogueira com uma pequena fagulha.
— Valeu! — se levantando — agora vou atrás de algo pra comermos.
— Eu vou-
— Ezequiel vai comigo caso alguma coisa aconteça.
Então, ambos partiram. Melissa, sentada ao lado da fogueira, ainda expressava indignação em seu rosto. “O que devo fazer? O que devo falar? Devo me desculpar?” eu me perguntava incessantemente, depois de ter esfriado a cabeça, a culpa me consumia, mas não sabia como lidar com aquilo.
Sentada do outro lado da fogueira, eu me afundava nessas perguntas.
— Voltamos! — Ezequiel e Galliard voltaram após um longo tempo.
Não consegui trocar uma única palavra com Melissa e isso pesou ainda mais em mim.
— Trouxe um calango comum e algumas frutas, deve ser o bastante para passarmos mais alguns dias.
O pequeno calango morto era assado na fogueira, enquanto Galliard, com uma faca feita por Ezequiel, cortava precisamente as frutas azuis.
— Por quê tá fazendo isso? Não são apenas frutas?
— Não são frutas comuns, a semente delas é extremamente perigosa, fazem mal ao corpo e afetam diretamente os vasos sanguíneos — explicou.
— E o que isso tudo quer dizer?
— Depois de morder a semente, em poucas horas seu sangue para de circular, mesmo que seu coração continue funcionando e em um tempo menos ainda, você morre.
— E A GENTE VAI COMER ISSO?
— Relaxa, eu acabei de cortar a semente e os restos dela — estendendo em sua mão, uma fruta para cada — podem ficar tranquilos.
— Não sei, não… — eu estava hesitante.
— Confio em ti, gordinho! — Ezequiel comeu a fruta inteira com uma única mordida — Tá uma delícia!
— VOCÊ É MALUCO? — gritei.
— COF! COF! COF! — ele tossia brutalmente.
— TÁ VENDO AÍ! ELE VAI MORRER!
— Que nada — Galliard deu uns tapinhas em suas costas — Ele só engasgou.
— Fala sério…
O calango estava bom dentro do possível, logo após comermos, dormimos despreocupados ali mesmo ao redor da fogueira.
No dia seguinte, continuamos a vagar cansados e sem rumo, de repente, um estrondo seguido dos gritos de uma marcha. Os servos do General Bizon seguiam nossos rastros, enquanto o mesmo liderava os pequenos demônios.
— Não descansem até que seus corpos mortos estejam a minha frente. ELES IRÃO PAGAR POR SUA INSOLÊNCIA.

Picture of Olá, eu sou Smaell!

Olá, eu sou Smaell!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥