Após voltar para a cidade, a primeira pessoa que encontrei era a que menos queria: Drakion Vlad. A vontade de dar uma surra nesse filho da puta é enorme. No fim, ele realmente me traiu. Eu realmente precisei pegar aquelas luvas e destruí-las, só que estou muito cansado para isso.
— Então, parece que o plano funcionou, certo? Você conseguiu matar a Fiona?
Dava um sorriso, colocando a mão no ombro de Drakion, e falava: — Sua atuação foi ótima, realmente pensei que tinha me traído.
Dava alguns tapas no ombro dele e continuava caminhando para dentro da cidade.
“Estou a salvo? Estou, né?” pensou Drakion, imóvel. Algumas horas depois, descobri por um dos aventureiros que ele ficou lá por cerca de quase uma hora.
E agora, chegando na frente da guilda, Amanda e Freytan estavam paradas me esperando.
Amanda me deu uma olhada rápida, me vendo dos pés até a cabeça, correndo na minha direção enquanto falava:
— Mestre, você está machucado?
Amanda saltou e me abraçou, começando a chorar, enquanto passava a mão sobre o rasgado na barriga, se surpreendendo quando percebia que não tinha nenhum corte.
— Olha isso, Freytan, o mestre é indestrutível.
— Você quer que fale sobre isso para ela? — Freytan falou, se aproximando.
— Han? Do que está falando?
Passei a mão na cabeça de Amanda.
— Você lembra de como te salvei? Então, é basicamente por isso que estou inteiro ainda.
Ouvindo isso, os olhos de Amanda ganharam uma aparência de um felino.
— Então o mestre foi cortado? Quem fez isso, eu vou matar ele.
Dei um tapa fraco na cabeça de Amanda, enquanto pensava: “Isso está ficando perigoso, essas habilidades dela estão começando a influenciar ela”.
— Você não pode falar esse tipo de coisa a qualquer um, tão naturalmente. Pode causar problemas.
— Ele tem razão, muita gente me odeia por esse motivo — Freytan olhou ao seu redor.
— Ah, então é por isso que você gosta do mestre — Amanda estava fazendo uma feição de surpresa, enquanto Amanda e eu ficávamos tentando entender o que ela falou.
— Mas indo direto ao ponto, qual foi o resultado?
Freytan deu um sorriso, apontando para a porta da guilda.
— Por que não comprava com seus próprios olhos?
— Ah, então foi realmente um sucesso.
“Drakion se manteve quieto na minha saída e o pior problema, a Fiona, não estava aqui. Essa cidade nunca irá conhecer a era de gelo”, pensava, tentando andar para frente, mas era parado por Amanda, que fazia uma feição chateada.
— O que foi agora, Amanda?
— Isso é vergonhoso falar, mas… — Nesse momento, antes que Amanda terminasse sua fala, Freytan se virou falando:
—
Ela quer foder, e isso.
Amanda deu uma risada nervosa.
— Parece que você conseguiu sua vingança…
— Nah, nem foi tão prazeroso fazer isso, me desculpa estragar o momento.
Passei um braço pelas pernas de Amanda e outro deixei em seu ombro esquerdo, a levantando no colo.
— Não se preocupe, hoje isso não passa. Mais infelizmente… — Antes que terminasse de falar, Amanda colocou o dedo em minha boca.
— Eu sei, mestre, você tem muitos afazeres e está muito cansado, eu sei disso. Então, não ligo se deixarmos para de noite.
Amanda sorriu. Nesse momento, parecia que uma luz emanava de seu corpo. Ela estava parecendo um verdadeiro anjo, mas essa imagem foi destruída somente alguns segundos depois.
— Até porque não quero nada me atrapalhando.
— Claro, claro.
— Então, se já pararam o flerte, podemos entrar?
Sussurrando, Amanda falou:
— Estou com as pernas doendo, sabe? Pode me carregar até a porta?
— Hun? É mesmo? Então acho que não vai dar pra ser hoje, já que estamos ambos cansados.
Amanda rapidamente se soltou, pulando para frente.
— Está tudo bem, eu estou ótima, vamos, mestre.
Assim, finalmente entrei dentro da guilda, vendo um grupo enorme de pessoas, não só aventureiros, como também não aventureiros, se divertindo, bebendo e comendo como se o mundo fosse acabar.
— Eles vão gastar tudo que ganharam assim…
Quando falei isso, todos pararam e me olharam com feições sérias, que em segundos se tornaram risos.
— Do que está falando, mestre?
— Esse é o único motivo para sermos aventureiros.
— Isso mesmo, de que adianta arriscar a vida por dinheiro e apenas guardá-lo?
— Só temos uma vida, temos que aproveitar.
Coloquei a mão na frente do rosto.
— Façam o que quiserem, então, hahaha.
Quando olhei ao meu redor, Freytan e Amanda tinham desaparecido, mas em alguns segundos senti a mão de alguém tocar minha perna. Quando me virei para olhar, era um grupo de crianças.
— Muito obrigado, senhor. A senhorita do arco nos contou tudo.
— Isso mesmo, o senhor foi incrível. Não só derrotou o desgraçado do fogo, como também levou a vadia do gelo para longe.
— O senhor é um verdadeiro herói.
As crianças continuavam a falar sem parar sobre como era incrível e que a luta contra o desgraçado do fogo foi fácil demais. Só que o que me surpreendeu foi por que diabos Amanda ensinou essas palavras para umas crianças.
“O futuro dessa cidade está perdido”, pensei, olhando as crianças que pareciam um grupo de papagaios.
— Que bom que estão seguros. Agora vou sair, ok? O herói aqui está muito
ocupado.
— Sério? Eu queria ouvir sobre suas aventuras.
— Isso mesmo, nos conte como você venceu a vadia do gelo.
Me agachei, apontando para a criança do meio, uma garota de cabelos pretos.
— Então, vou falar sobre tudo depois, mas apenas se vocês esquecerem que as palavras “vadia” e “desgraçado” existem, ok? Não podem falar isso, senão suas mães vão vir reclamar.
— Han? Mas por quê?
— Só façam o que falei, ok? Então, nos vemos depois.
Sorri e acenei para as crianças, começando a me distanciar.
“Já tive que lidar com mães irritadas no outro mundo, não quero fazer isso nesse”, pensei, suspirando.
— O senhor seria o mestre da guilda? — Quem falava isso era uma mulher de cabelos e olhos castanhos, carregando uma belíssima rosa preta sem nenhum único espinho.
— Sou sim, você precisa de alguma coisa?
A mulher se reverenciou, estendendo sua mão.
— Por favor, aceite essa flor. Eu sei que não vale uma moeda de ouro, mas eu queria muito agradecer ao senhor.
Peguei a flor, segurando a mão da garota, conseguindo ver a aliança de noivado em seu dedo. Sorrindo, falei:
— Use bem esse dinheiro em seu casamento. Inclusive, essa flor é realmente muito linda.
[…]
“Você nem ouse falar alguma coisa.”
A mulher me olhou sorrindo, com os olhos lacrimejando.
— Muito obrigado, você não sabe o quanto isso irá ajudar.
A mulher começou a correr para fora da guilda.
— Então, mestre, como foi? Seus fãs são realmente uns fofos, né?
— Eu jurava que você ia fazer algo com aquela mulher — Freytan falou, olhando suas unhas.
— Meu Deus, você realmente gosta de me vilanizar.
— Haha, Freytan só faz para chamar atenção.
— Fica quieta, sua coelha.
— Quem dorme o dia todo depois de transar é você, não eu, hehehe.
— Ha?
— Vocês duas, parem, pelo amor de Deus. A senhorita Dealer está quase desmaiando de constrangimento.
Dealer esteve todo o mundo no balcão imóvel, apenas esperando para fazer seu trabalho, mas agora, ouvindo essas duas, suas orelhas estavam totalmente vermelhas.
— As duas são assim mesmo, certo? Então, não se preocupe.
“Eu realmente sinto muito, Dealer”, pensei, e ao olhar as duas, percebia o silêncio mortal que estava agora.
Dessa forma, todos os aventureiros e não aventureiros continuaram a festejar até de noite, até que a festa acabasse e os que não estivessem morrendo no chão saíssem da guilda, começando a andar pela cidade.
Enquanto eu ia para o meu quarto, ainda estava um pouco cansado, mas nada que a energia dourada, que já tinha se recuperado totalmente, não resolvesse. Mas quando cheguei em meu quarto, Amanda não estava lá e, pela Freytan, fiquei sabendo que ela havia adormecido, e agora seria melhor deixar para amanhã.
— Não há outra forma, a não ser que você queira fazer isso.
— Se quiser tê-lo cortado fora, é claro. Você não está vendo que a Amanda só ficaria mais insuportável se isso acontecesse?
— Entendi. Então, boa noite, querida.
As portas se fecharam e, após cair no sono, algo entrou no meu quarto. Na escuridão, era impossível saber o que era.
— Mestre malvado, você irá pagar hoje!