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Contarei-lhes uma história.

Há diversos e diversos rumores sobre a origem da entidade conhecida como “Vassalo da Morte”, mas a maioria não passa de suposições sem fundamentos ou lendas orais distorcidas pelo passar de boca para boca. 

Contudo, não há ninguém mais confiável para se acreditar que uma pessoa que vira tudo acontecer.

Era uma vez…

Em um mundo onde a humanidade dava seus primeiros passos após o fim de uma Era peculiar, um bebê camponês foi abandonado na porta de um orfanato, bem longe de seu lar.

Naquela época, era comum que muitas famílias perdessem seus lares devido às guerras entre os Deuses Inferiores que coexistiam com os humanos, sendo que os imortais jamais se responsabilizavam pelos danos.

E, quando não tinham para onde ir, só podiam deixar seus preciosos filhos aos cuidados de pessoas de bom coração que certamente fariam o melhor para transformar aqueles órfãos em adultos com um bom futuro, embora fosse duro deixá-los ali e partir.

Entre todos orfanatos, havia um singular, evitado por determinados grupos e procurado por outros exatamente por ser um abrigo excêntrico, que abrigava a quem ali quisesse morar.

Aquele menino camponês abandonado foi acolhido inediatamente pelas irmãs do orfanato, pelo estado dele, o mais provável era que a casa de seus pais fora destruída por demônios e eles não tiveram escolha a não ser deixar o filho em um local seguro.

Na verdade, naquela época era muito comum aquela estratégia entre os outros pais, normalmente eles retornavam entre  cinco ou sete anos depois, quando estavam com vidas mais estáveis, para reivindicar os filhos.

Provisoriamente, deram ao novo hóspede do orfanato o nome de “Loright”, um nome ocidental, apesar do orfanato localizar no oriente, próximo à fronteira do Continente Demoníaco.

A infância daquele menino chamado Loright fora difícil por sofrer preconceito das outras crianças e ter que aceitar que estava só naquele mundo. Por algum motivo, o menino tinha memórias de tudo o que acontecera desde que fora moldado no últero da sua mãe.

Ele relembrava dos gritos de desespero todos os dias e de como aqueles familiares, tirando o pai e a mãe, foram mortos e violados brutalmente pelos monstros.

Podia ter crescido revoltado e com uma fúria mortal contra monstros e demônios, mas algo o salvou de uma vida tão deprimente: uma garotinha daquele orfanato que carregava uma sina similar.

Ambos não tinham ninguém no mundo e eram excluídos por todos os que estavam ao seu redor. A princípio, só estavam juntos por ser conveniente, mas logo aquele relacionamento tornou-se em algo verdadeiro.

Nem irmãos eram tão próximos, um vivia para ajudar o outro, e ninguém mais importava para eles. O mundo podia estar acabando às suas costas, mas, enquanto estivessem juntos, nada mais importava.

Contudo, você já deve saber disso, o mundo é cruel, a linha que divide a felicidade e o infortúnio é instável, e é inevitável algo ruim acontecer quando um ser tem a capacidade de usar uma tesoura para manipular esta tênue fita.

Eu estava lá naquele dia.

As pilhas de corpos sendo incinerados como todas construções ao redor levantavam uma fumaça de desespero em todo o vilarejo ao redor do orfanato, o mais insuportável era o fedor da carne humana cozinhando. 

Aquele menino, Loright, recusou-se a fugir para salvar quem podia, mas seus atos irracionais custaram caro. O responsável por tudo aquilo era impiedoso e não hesitou em queimar pessoas importantes para o menino em sua frente.

Quando a garotinha chegou para ajudar a pessoa que considerava um irmão, era tarde demais. Tudo estava destruído, parecia que seu irmão ainda tinha poucos minutos de vida, mas esse minutos tornaram-se um inferno quando ele viu bem à sua frente aquela garotinha ser morta pela demônia.

Por isso, para vingar-se daquele ser horrenda, Loright aceitou a escuridão do Suserano da Morte. Sua racionalidade se foi, ele sequer pensou nas consequências das suas escolhas, tudo o que importava era vingar sua falecida irmã, mas nem isso ele conseguiu.


— Vê? O motivo para Kurone Nakano nutrir um ódio mortal contra Edward não é o mesmo que o dos humanos comuns… é porque você é o Vassalo da Morte, você é Loright, por mais que não tenha suas memórias, no fundo… a personalidade dele está gravada em sua alma.

Gotas de suor pingavam pelo rosto de Kurone. Ele escutou com atenção cada palavra dita por Hyze, não parecia que a xamã estava mentindo, aquela só podia ser a verdadeira história do Vassalo, apesar de ser a versão resumida e com cortes.

— Você e seu ódio são um perigo… eu já vi isso acontecendo antes… está incrédulo? Saiba que o nome da garotinha que era tão próxima do Vassalo era… “Luminus streix Astarte”.

Após aquela parte, todos, exceto o elfo de armadura negra, esboçaram uma reação diferente. Edward era um subordinado de confiança de Elsie, certamente ele sabia pelo menos o básico sobre Rory, ou melhor, Luminus.

Quando esteve no Hangar dos Mortos, os outros Lolicons Slayers disseram que aquela garotinha possuíu muitos nomes, como “Lux” e “Astaroth”, variações do original.

Eram muitas informações para serem processadas ao mesmo tempo, ele estava organizando a ordem dos fios e tentando entender onde cada coisa se encaixava.

O verdadeiro nome do Vassalo da Morte era Loright, não era apenas coincidência Lao Shi sugerir-lhe o mesmo nome para usar como pseudônimo. O Arquifeiticeiro tinha conhecimento sobre aquela história.

Certa vez, ele dissera algo sobre isso, não lembrava exatamente das palavras do mestre na época, mas Astarte também estava envolvida naquilo.

E o mais importante: Luminus. Loright e Luminus eram próximos, que brincadeira sem graça era aquela do destino? Juntar eles novamente apenas para vê-los sofrer era cruel.

— Este… — Hyze continuou — é o destino que Azrael tanto fala… o Vassalo da Morte ou Astarte estão predestinados a trazer o caos e destruir este mundo… e você e Luminus são as chaves para evitar o renascimento destes seres perversos.

— Não… não! Não! Não! Tem que haver uma saída! — Kurone cerrou os punhos. Aceitar as palavras da xamã era o mesmo que aceitar ser sentenciado à morte, e pelo que podia entender ali, Hyze não descansaria enquanto não levasse o mundo ao seu ideal de “equilibrio”. — Você não tem garantias que o Vassalo…

— Você está certo ao pensar que o Vassalo da Morte possuíu muitos receptáculos, no entanto eles não eram compatíveis como você… Entenda uma coisa, menino, você não é um simples receptáculo, você é o Vassalo da Morte… Mais precisamente, Kurone Nakano é uma extensão ou um pedaço de Loright.

Não adiantava fechar os olhos para o que era dito, mas também não levaria tudo o que a xamã dizia como verdade absoluta. A cabeça começava a pulsar, talvez ainda fossem efeitos colaterais da luta contra Guller, mas tentava manter todo o foco disponível naquilo.

— Sua situação é diferente da situação de Luminus — Hyze falou ficando de pé, as pernas dela tremeram por alguns momentos. — A menina é um receptáculo de Astarte com uma alta compatibilidade, mas certamente não é como você.

— Mas…

— Você fala como se já tivesse visto o caos — Lothus interrompeu Kurone, levantando a mão educadamente. Os olhos dela estavam fixos na figura frágil da xamã.

— É porque eu já vi, menina. Não só vi, presenciei tudo aquilo… várias… várias… várias e infinitamente várias vezes. Sempre que o mundo está perto de seu colapso, ele retorna… você entende o que é isso? Eu vivo este ciclo interminável e não posso escapar…

Não conseguia acompanhar o ritmo de Hyze, mas aquilo passava a ideia que alguma coisa fazia o mundo retornar ao passado sempre que esteve prestes do fim. Seria algum tipo de configuração padrão? Ou o loop ao qual Hyze se referia era causado por alguém?

— Por isso, se há uma chance de acabar com o Vassalo da Morte… nós apostaremos tudo nessa chance… Você é apenas uma criança, jamais entenderá o sentido por trás das minhas ações.

Kurone suspirou. Se tudo aquilo era verdade, então a presença dele ali era uma chance de ouro, apesar de serem baixas, haviam chances de matar o Vassalo da Morte, contudo…

— Eu ainda tenho coisas pra fazer. — O jovem andou em direção à porta com um olhar sério. — Se vocês não vão me ajudar, então eu procuro outra pessoa, mas não vou dar minha vida a ninguém. Digam o que quiserem, mas eu não sou aquele Loright das histórias.

Dessa vez, Hyze não impediu o elfo de armadura negra, ele avançou em uma velocidade insana para imobilizar Kurone, mas o garoto já esperava um movimento dele, por isso adiantou-se e materializou a sua faca de combate.

O elfo foi obrigado a recuar, a faca podia parecer pequena, mas um guerreiro experiente como ele sabia que subestimar o oponente era um erro grave.

[Mas você só fez uma aposta arriscada, não foi mesmo?]

Havia um tom de repreensão na voz de Annie. Ela estava certa, Kurone confiou nos instintos de guerreiro sênior daquele elfo, não havia outra opção, mas se o elfo resolvesse atacá-lo, talvez o resultado fosse diferente.

— Já que insiste em ser teimoso… por que não resolvemos como os nossos antepassados faziam?

Ele não questionou e apenas olhou com interesse para a xamã. Certamente, seria um jogo como aquele duelo que tiveram com Inari na masmorra de alto nível, quando estava na ilha Lou Souen.

Pelas regras, qualquer um poderia lutar como representante do desafiante, inclusive, naquela época fora Kumiho, a Besta Divina, quem lutou como representante da deusa Inari. O mais provável ali era que o elfo de armadura negra representasse Hyze…

— Será um duelo simples, ganha quem fizer o oponente se render primeiro. O perdedor fará o que vencedor pedir, o que me diz?

— Eu aceito — ele respondeu sem pensar duas vezes. O elfo de armadura negra podia ser experiente, mas Kurone não desistiria facilmente em um duelo de vida ou morte.

— Então está confirmada as nossas condições. Amanhã, na arena da vila, eu e você duelaremos — Hyze afirmou abrindo seus olhos o máximo que conseguia e espalhando sua aura hostil por todo o local.

— V-você é quem vai lutar?!


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