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Depois do seu último encontro com Minerva Clergyman, não a encontrou mais pelo campus.

Não conversaram muito, mas podia considerar a sua relação com a mulher amistosa. O motivo de não a encontrar mais é porque a Santa só começaria o seu trabalho de professora da Universidade Mágica de Andeavor no próximo ano.

Como uma Santa, naturalmente ela era muito ocupada — ouviu alguns boatos de que ela teria ido realizar alguns julgamentos de criminosos —, era impressionante ela ter arranjado tempo para lecionar na universidade.

Alguns dias passaram-se desde o encontro com a Santa e quase nada mudou, os dias continuavam monótonos e quase não interagia com ninguém para não chamar muita atenção. Toda manhã, ia estudar com o bibliotecário de nome ainda desconhecido.

As tardes eram ocupadas com sonecas ou passeios pelos locais mais remotos da instituição, já as noites às vezes eram intensas, ele aproveitava da escuridão para treinar com as suas Armas Lendárias nos locais mais distantes dos quatro pavilhões.

Os tiros das armas que não deviam existir nesse mundo assustaram as pessoas, houve diversas buscas para descobrirem qual era a origem e rumores estranhos começaram a circular pela universidade, mas isso não impediu Kurone de continuar sua prática noturna.

Ele sempre mudava os locais usados como campo de treinamento, não podia ficar intimidado pela possibilidade de ser descoberto.

As garras da águia atrofiavam se ela não as usasse por um longo período, assim também eram as habilidades de Kurone, ele precisava dar o seu máximo sempre. Um dia sem treino era um dia que dava de vantagem aos seus inimigos.

Contudo, também precisava cuidar da sua saúde mental, por isso tirava descansos ocasionais, como no dia de hoje.

Sylford veio à capital para discutir assuntos importantes com a realeza e aproveitou a situação para visitar o seu pupilo. Eles logo deixaram o campus e seguiram, de carruagem fretada, para a área comercial.

Como sempre, Sylford possuía o seu ar arrogante. A aura repleta de mentiras desapareceu e ele sorria mais que antes — havia um batom discreto adornando seus lábios. Ao nível de curiosidade, a aparência do jovem Sophiette estava mais feminina que da última vez que o viu, isso fazia o menino loiro hesitar em encarar muito.

— Está gostando da Universidade Mágica? — Sylford perguntou de repente.

“Gostar” era uma palavra muito forte, mas não odiava. Na verdade, seus traumas não o permitiam apreciar nenhum ambiente acadêmico. Não queria saber de escola se pudesse escolher, mas no momento esse era o único lugar que podia ajudá-lo a ficar mais forte.

— Você ficou bem no uniforme.

Ironicamente, Kurone só esteve usando roupas dadas por Sylford e Paltraint nos últimos tempos, e agora usava o uniforme da Universidade Mágica ao invés de roupas casuais para um passeio pela capital.

Bem, o uniforme da universidade não era muito chamativo, se tirasse o blazer, podia se passar facilmente por uma das suas vestimentas comuns. 

O jovem Sophiette estava usando roupas simples também, algo bem diferente do que usou no “encontro” em Fallen… A figura de “Salas Sophiette” de vestido surgiu em sua mente, obrigando-o a balançar a cabeça e pensar em outra coisa.

— C-como tá o Loright?

{A Celestial…}

“Agora não, projeto de serafim.”

— Esforçando-se, como sempre, mas temo que o talento comum de Loright não permita que ele absorva tudo o que ensino, na verdade às vezes fico assustado por ele tentar absorver mais do que as suas capacidades permitem.

O talento “comum” do jovem de cabelos negros era um problema grave. Na verdade, Loright era extraordinário se comparada a alguns humanos, mas isso não era suficiente para competir contra figuras poderosas como Cecily, Azazel van Elsie ou o próprio Sylford.

Essa “fraqueza” era o motivo pelo qual ele aceitaria os poderes de Azrael e se tornaria o Vassalo da Morte. Precisava impedir esse evento.

“O Azrael sumiu mesmo.”

Nem lembrava quando foi a sua última interação com o Suserano da Morte e não conseguia dizer se ele ainda residia em seu corpo — nem mesmo Ellohim tinha essa informação, o Anjo Caído podia ter fugido ou apenas se escondido nas profundezas da sua consciência.

— E a Cynthia? Ela não quis vir me visitar também?

Sylford fez um sorriso amarelo antes de responder:

— Ela quase terminou de arrancar todos os fios de cabelos do George. Partiu o meu coração ver ela esperneando com lágrimas nos olhos. Bem era drama, contudo havia um sentimento genuíno ali, mas infelizmente ela precisa focar em seus estudos para… Ah, isso é surpresa, não posso falar.

O menino loiro levantou uma sobrancelha. Uma surpresa de Cynthia? O que a garotinha podia estar aprontando? Normalmente as surpresas dela eram muito intensas. 

A carruagem parou em frente a uma construção luxuosa, o prédio da sede da guilda de aventureiros de Andeavor — a organização responsável por fretar o veículo —, e os dois jovens continuaram o seu percurso a pé. 

Havia muitos aventureiros transitando pela rua, todos com roupas características que entregavam quais eram as suas Classes. 

Por falar em Classes, qual deveria ser a sua atualmente?

A Classe surgia no nascimento da pessoa, e o corpo tomado por Kurone era o de um menino com idade entre doze e quatorze anos. Sendo assim, esse corpo continuou com a sua Classe originou ou ela foi sobrescrita pela de “Missionário”?

Faria uma avaliação na guilda quando tivesse tempo… e dinheiro. Recebia uma quantia mensal, mas sabia que ver os seus status não era barato, teve sorte por conseguir fazer isso de graça na última vez.

Linda, a mestra de guilda de Grain, disse que analisaria os status de Kurone e Rory com compensação por eles terem salvado a vila dos orcs… sendo que eles mesmos tinham sido os responsáveis por destruir o muro que protegia o local dos monstros.

No fim, era tudo culpa de Edward Soul Za, então os detalhes não importam.

Sentiu-se um pouco comovido ao se lembrar de quando chegou a Neflheim, mas logo deixou isso de lado e voltou a focar em seu passeio com Sylford, o jovem tinha muitos assuntos para compartilhar, afinal algo sempre estava acontecendo nesse mundo caótico.

Quando passaram por uma área comercial bastante movimentada, o tópico da conversa era a Seita de Érebos. Houve um aumento no número de pessoas que viram os membros desse grupo vagando tanto pelo ocidente quanto no oriente e causando problemas.

Naturalmente, relatos sobre Azazel van Elsie e seus crimes era o que não faltava, os mais ousados até apostavam quais seriam os próximos alvos da Presidenta do Inferno — ela sempre alvejava deuses ou quem estava no ápice da sua força.

Tinham esperança de escutar algo sobre Luminus e Cecily, mas Sylford fez uma expressão difícil antes de o fazer perder as suas esperanças. A deusa loira devia estar tentando ao máximo não chamar a atenção.

— Acha que os movimentos da Seita de Érebos tem algo a ver com elas? Talvez eles possam tá procurando pelas duas?

— Há essa possibilidade, contudo uma deusa com uma armadura dourada e uma menina de cabelos prateados e olhos vermelhos-carmesins não conseguem passar despercebidas sempre, a Seita de Érebos já devia ter encontrado elas a essa altura e feito algum movimento.

— E a gente ia saber dos estragos causados pela briga… — Kurone deu um longo suspiro. Cecily estava realmente apagando todos os seus rastros… A palavra “apagar” se repetiu algumas vezes na sua mente. — Mas e se as memórias das pessoas estiverem sendo distorcidas?

— Eu também considerei isso… Nesse caso, não há realmente muito que possamos fazer no momento além de aguardar mais notícias, uma luta entre pessoas fortes não é algo que pode ser apagado da mentes das pessoas com facilidade.

Um tempo depois, eles pararam para comer em um restaurante e continuaram a vagar pela capital após uma pausa. Houve mais diálogos e os tópicos das conversas oscilaram entre as mais diversas coisas.

O menino loiro ficou um pouco decepcionado, não havia nenhuma notícia que pudesse dar uma dica sobre o paradeiro de Annie, não sabia quanto tempo podia aguentar sem a presença da sua companheira — temia o que podia fazer sem alguém para controlar seus impulsos.

Ellohim não possuía um senso de justiça como Annie, a única coisa que importava para ela era Kurone estar bem.

— Escutei rumores sobre a Santa trabalhando como professora na Universidade Mágica no próximo ano, isto é um fato verídico? — questionou Sylford enquanto eles passavam pela praça do tribunal onde Sophia seria julgada no futuro, o prédio era umas das poucas construções com um visual diferente do que teria no futuro.

— Sim…

— É realmente raro ver um Santo lecionando, tenho certeza que você aprenderá muito com ela, a senhorita Minerva Clergyman é muito gentil e agradável.

Não foi bem isso que viu no seu primeiro encontro com a mulher, ela inclusive o atacou com magia de água quando a seguiu pelo campus, embora tivesse dado motivos para isso.

Considerando a posição de Sylford e a maneira como ele se referiu à mulher, era óbvio que ele e a Santa eram conhecidos de longa-data. Talvez se usasse o jovem Sophiette como intermediador, poderia melhorar a sua relação com Minerva um pouco…

— Falando na Santa, hoje é o dia que ela vai julgar um dos criminosos envolvido nos últimos roubos às terras de nobres de Andeavor. Ah, eu não te contei sobre um grupo de criminosos que andam roubando bens dos nobres e distribuindo para os plebeus, não é mesmo?

Existiam vários “Robin Hood” nesse mundo?

— Eles podem mesmo ser chamados de “criminosos” se aparentemente tão fazendo o certo? — Era uma pergunta retórica da parte de Kurone, era claro que as pessoas em questão eram bandidos.

— É uma boa pergunta, contudo eu os mataria caso tentassem saquear as terras de Sophiette. 

— Isso é esperado da sua parte… São muitos?

— Creio que são cinco ou seis integrantes do grupo, sempre atacam encapuzados, mas o rosto de todos já foram vistos antes, inclusive já sabem até o nome da líder do grupo… 

— Então já tem muita informação. Qual o nome da líder?

— Se não estou enganado, é Nie.

Precisou parar. Por um segundo, sentiu como se o um choque percorresse todo o seu corpo e um botão fosse pressionado com um “click” no fundo da sua consciência. Podia ser essa a pista que esteve esperando por tanto tempo?

Girou a cabeça na direção do tribunal da capital. 

Havia ali alguém que sabia o paradeiro de Annie? Se essa fosse a sua única oportunidade de conseguir encontrar a sua companheira, teria que invadir um julgamento novamente, como fez antes, no julgamento de Sophia.

— I-Iolite, o que é essa expressão? — indagou um Sylford preocupado.

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Olá, eu sou NekoYasha!

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