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Boooom!

A aura do homem de orelhas pontudas expandiu, obrigando Sylford e Minerva a recuarem com expressões de pavor estampadas no rosto.

A pessoa à frente de Kurone, antes, era um homem magro e inexpressivo — boa parte do seu rosto era escondida pela barba e o cabelo longo. Bastou ele se libertar das algemas para mostrar o seu verdadeiro potencial, então…

{As algemas estavam contendo o poder dele, é isso que A Celestial pensa.}

Os músculos da potência aumentaram e uma linha avermelhada surgiu ao redor do seu corpo.

Dessa vez o problema era de Sylford. Minerva e o homem de orelhas pontudas lutariam com todas as suas forças contra seus oponentes, visando o fim da vida do outro, os únicos que não desejavam isso eram Kurone e o jovem Sophiette.

A melhor escolha era encontrar uma maneira de fugir.

— [Feixe d’Água]! — vociferou a Santa.

O ar mudou e gotas de água longas seguiram na direção do condenado. O homem não se importou com a investida de Minerva e avançou na direção dela, com passos pesados pelo salão.

Os disparos atingiram o corpo do criminoso e abriram feridas, eram como balas atravessando sua carne, mas ele não ligou e, para a surpresa da Santa, continuou a avançar. Quando chegou perto o suficiente, levantou a mão que cresceu e chegou a um tamanho anormal, pronto para atingir e destroçar a cabeça da mulher.

 Boooom!

O golpe foi interceptado pelo corpo da espada de Sylford, o jovem Sophiette entrou na frente de Minerva em cima da hora, o espaço que tinham era tão curto que ele precisou empurrá-la de maneira bruta.     

Minerva chutou o chão com força e tomou distância, direcionando as palmas da mão para a figura do homem trocando ataques com o jovem nobre.

— [Feixe…]

Bang! Bang!

Os tambores dos revólveres giraram e a Santa foi obrigada a cancelar a sua investida. Se ela continuasse, teria ferimentos graves em ambos os ombros. Apesar de ser alguém que passava a maior parte do tempo em assuntos que diziam respeito ao seu trabalho, ela era versada em técnicas de combate, porém…

“Só sabe usar uma magia do Tipo Elemental Água?”

Desde que a conheceu, ela só elevou a voz para gritar “Feixe de Água” quando se sentia ameaçada. Ela estaria resguardando seus ataques mais fortes ou só conhecia esse mesmo?

De qualquer forma, ainda era um golpe perigoso, a prova disso eram as feridas de aparência repugnante no corpo do homem de orelhas pontudas.

Em termos de força, a luta estava equilibrada, mas era apenas questão de tempo até chegarem reforços ali, alguns nobres covardes desceram do andar superior e correram desesperados para a saída. Se não fossem apenas miseráveis, pediriam por ajuda.

— A gente precisa sair daqui, agora! — bradou Kurone.

O criminoso olhou de canto de olho para ele, sem baixar a guarda para Sylford, e assentiu. Apesar de parecer um brutamontes, ele também sabia da desvantagem que teriam caso enfrentassem os guardas da capital, afinal foi capturado antes, mesmo sendo tão forte. 

A maneira mais simples de escapar era seguindo pelo mesmo caminho tomado pelos nobres covardes, contudo o criminoso contrariou essa expectativa. Ele direcionou a mão de tamanho anormal para uma das paredes e uma esfera vermelha surgiu.

Boooooom!

A bola de energia saiu da palma da mão do criminoso e tocou o concreto, provocando uma explosão enorme. Alguns guardas voaram e boa parte dos nobres acima deitaram no chão, com medo de serem alvejados pelo condenado.

O buraco na parede tinha espaço suficiente para Kurone e o homem atravessarem sem problemas, a verdadeira barreira ali era a Santa que saltou e ficou no caminho entre eles e a sua rota de fuga.

— [Feixa d’Água]! [Feixa d’Água]! [Feixa d’Água]!

Eles precisaram se mover para não serem mais feridos. 

Sylford aproveitou a brecha para fazer um movimento sorrateiro e chegar rapidamente às costas deles. O jovem Sophiette ganhou a oportunidade de cortar qualquer um deles com um único golpe, mas Kurone entendeu na hora que essa era a sua chance de afastar ele do combate.

Bang!

O som do disparo foi precedido pelo barulho da lâmina de Sylford tocando o chão. Ele foi atingido no pulso, era uma bala com pouca potência, mas ainda causou um ferimento relativamente grave — se desculparia com o jovem mais tarde.

Grande parte do que foi feito a seguir não passou de drama do jovem Sophiette, porém as habilidades de atuação do nobre eram aplaudíveis, pois as pessoas acima mostraram expressões de sofrimento e ódio. 

Com isso, Sylford Sophiette estava fora de combate.

Se fosse magia, o caso seria diferente, mas ninguém ali tinha conhecimento sobre armas de fogo e os seus efeitos quando uma bala atingia o seu alvo.

Mesmo o disparo contra o jovem Sophiette não desconcentrou Minerva, ela estava séria sobre aplicar a punição ao criminoso.

— [Feixe d’Água]!!!

Esse foi o seu ataque mais poderoso até o momento. Muita mana foi reunida nas mãos dela e uma linha fina, porém longa e mortal, de água surgiu e seguiu na direção do homem com orelhas pontudas. Ao invés de desviar, ele atirou outra esfera avermelhada.

Ambos os poderes colidiram no centro do salão e uma ventania forte apareceu, tentando varrer todos dali.

Booooom!

A bola de energia vermelha e a linha azulada explodiram, criando uma área de explosão forte o suficiente para jogar Sylford para longe. 

A Santa precisou cravar os pés no chão com força para não ser levada… no entanto isso abriu uma brecha para a fuga de Kurone e o condenado.

O homem aumentou ainda mais o tamanho do seu corpo — um músculo dele ficou quase com o tamanho da cabeça de uma criança — e agarrou o garoto loiro, ao seu lado, de repente. Ele chutou o chão com força e reduziu a distância entre eles e o buraco na parede.

A Santa logo se estabilizou atacou várias e várias vezes. Alguns disparos chegaram a perfurar as costas largas do homem, mas ele suportou toda a dor e continuou a correr com Kurone em seus braços.

— E-eu já consigo me mover sozinho — o menino falou ao se soltar das mãos firmes do grandalhão.

Eles saíram com sucesso do tribunal, mas ainda estavam na mesma rua da construção. Logo, Minerva e os guardas da capital apareceriam, por isso não ficaram parados e continuaram a correr com todas as suas forças.

Kurone só esteve na capital algumas vezes, quase não sabia como andar por ali, então decidiu seguir as costas grandes à sua frente. 

Conforme avançavam, o tamanho do criminoso foi diminuindo, assim como a aura vermelha que o cobria foi desvanecendo. Em instantes, ele voltou à mesma forma de quando Kurone o viu pela primeira vez, e isso resultou em um sangramento ainda maior das feridas abertas por Minerva.

Junta ao seu físico inumano, a sua energia também sumiu, ele desacelerou e começou a ofegar. Vendo que essa pessoa chegou ao seu limite, o menino loiro mascarado apontou para um beco estreito.  

— Aquilo foi bem arriscado… não acho que você me salvou apenas… por achar que sou inocente… — Após entrarem no beco, o homem começou a falar, ofegante.

— A Nie é uma pessoa importante pra mim.

Foi direto. O criminoso levantou uma das suas sobrancelhas grossas ao escutar o nome da sua líder.

— Ela é reservada… não posso afirmar que você está mentindo… mas há também a possibilidade de você ser alguém tentando matá-la…

— Acho que existem maneiras mais simples de encontrar ela.

— Tem razão… Porém, mesmo se eu quisesse, não saberia te dizer onde a encontrar… nós estamos sempre mudando de esconderijo por conta das perseguições… O que pretende fazer agora?… Vai me acompanhar?…

— Não posso, só quero te pedir uma coisa: fala pra Nie que tô querendo ver ela. Vocês podem entrar em contato comigo enviando cartas pro Sylford.

— Espere! — A fadiga do condenado parecia ter desaparecido. — Sylford Sophiette tentou nos matar, a menos que…

— Era tudo encenação.

— E quer que eu confie em alguém como você, que tem amizade com o líder do clã Sophiette?

— Você só precisa dizer que o meu nome é “Kurone Nakano” pra Nie, ela vai saber quem sou.

Era uma aposta arriscada, afinal podia ser apenas coincidência o nome da líder dos criminosos ser Nie, entretanto o menino queria acreditar que essa era a sua companheira. Talvez ela só tivesse usado o apelido dado por Kurone para evitar problemas, afinal “Annie” seria muito chamativo.

— Farei isso apenas porque você me salvou de ser executado — disse o homem, após uma breve pausa. — Independente da resposta da líder, eu entrarei em contato, mas espero que eu não seja enganado.

Recebeu um voto de confiança. Nesse momento, sentia que as chances de reencontrar Annie aumentaram, mas ainda precisava tirar o criminoso da capital.

— Certo, conto com você. Eu vou criar uma bagunça aqui, aproveita o momento pra fugir.

O homem assentiu com a cabeça e deu um longo suspiro antes de encarar a saída do beco.

— Boa sorte, Kurone Nakano.

— Pra você também.

Bang! Bang! Bang!

Disparou em locais aleatórios e começou a correr com uma névoa criada pela magia do Tipo Elemental Escuridão, dificilmente alguém o notaria, e os sentidos de todos ficariam confusos com tiros sendo disparados de todos os lados.

A figura do criminoso desapareceu sem deixar rastros. “Vou precisar me esforçar mais, preciso chamar muita tenção, então esse lugar vai ser perfeito.” 

Quando estendeu a mão para a frente, muitas partículas azuladas surgiram e deram forma a inúmeros objetos de formato circular — eram as minas terrestres.

Os civis no local correram, com medo do menino sem camisa e com uma Máscara Infernal no rosto. O alvoroço foi grande, logo uma quantidade razoável de guardas chegaria ali, e era exatamente isso o objetivo de Kurone.

Ele ajustou as minas terrestres na potência mínima, afinal não queria matar inocentes, só precisava distraí-los. Com os objetos posicionados, desmaterializou os revólveres e invocou a Franchi Spas-12. 

Blam!

O som pesado do disparo da arma ecoou pela capital e, como esperado, homens com o uniforme da guarda de Andeavor surgiram. Alguns hesitaram em se aproximar das minas terrestres, mas não era necessário o toque para detoná-las.

Kurone ativou os explosivos com o seu poder de controle. O som de vários apitos surgiu e ele impulsionou-se com força no chão para chegar ao alto de uma casa. Dali, podia assistir à cena dos guardas correndo das explosões.

{A Celestial pensa que a sua aparência é a de um ser perverso.}

“Você não tá errada. Sem a Nie aqui pra me segurar, eu acabo exagerando.”

Uma nuvem de poeira causada pelas explosões surgiu em meio ao grito dos guardas. Seu trabalho estava completo, isso era suficiente para distrair todos enquanto o homem de orelhas pontudas fugia, contudo…

— Você não vai escapar!!!

Alguém saltou da nuvem de poeira e seguiu como uma bala na direção do menino no alto da casa. Foi um movimento tão inesperado que ele nem teve tempo de reagir.

Quando pensou em atirar ou esquivar, já era tarde. A figura de roupas brancas pousou no telhado da casa e desferiu um chute rápido. Por reflexo, usou as mãos para receber todo o impacto do golpe.

E nesse momento, Kurone Nakano e Minerva Clergyman fizeram o seu primeiro contato.

Um choque percorreu seu corpo, algo semelhante ao que experimentou quando encontrou Loright e Cynthia Sophiette. 

Podia ser apenas impressão, mas também escutou a risada de Lucy no fundo da sua mente.

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Olá, eu sou NekoYasha!

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