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A encarada de Minerva e Kurone estendeu-se por vários minutos. O poder deles pareceu se conectar após o toque de antes.

— Você… — murmurou a Santa.

Claro, era impossível ela não associar esse acontecimento ao menino que conheceu na biblioteca da Universidade Mágica. Todos os preparativos para esconder a sua identidade foram em vão, podia descartar o plano de manter uma relação amigável com Minerva Clergyman.

O poder da Lucy do futuro tocou o poder da deusa do passado, o menino aguardou alguma catástrofe, mas nada além do choque aconteceu. 

Embora nada tivesse acontecido, não conseguia relaxar, afinal Hyze o advertiu antes: interagir com pessoas do passado podiam mudar drasticamente os eventos do futuro.

As pessoas que tinham a capacidade de alterar a linha temporal eram as que reagiam ao toque de Kurone, como Loright, Cynthia e Minerva. Na verdade, chegou a conclusão que o verdadeiro problema não era a Santa, mas sim a deusa representada por ela.

Lucy podia alterar o futuro, precisava tomar cuidado.

— Acho que você tá me confundindo com outra pessoa. 

Com essas palavras, o garoto mascarado fez uma névoa negra surgir e usou essa oportunidade para escapar. Lutar contra a Santa era perigoso, nem tinha motivos para isso. Por ora, iria ficar recluso em seu quarto da universidade até a poeira baixar.

Após encontrar Sylford, voltaria o mais rápido possível para a Universidade Mágica.

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Uma semana após o acontecimento na capital.

Nos últimos dias, só saiu do quarto para participar das suas aulas diárias com o bibliotecário. O medo de encontrar Minerva o fez hesitar algumas vezes, entretanto precisava continuar agindo normalmente para evitar suspeitas por parte do reencarnado da biblioteca.

Por sorte, a Santa não visitou mais a Universidade Mágica.

Um dia, enquanto tentava ler alguns manuscritos, o bibliotecário comentou sobre a ocorrência na capital. Naturalmente, não havia como o homem associar o estranho mascarado a Kurone, afinal o responsável por invadir o tribunal portava dois revólveres.

Aos olhos do homem, a Arma Lendária de Kurone era uma escopeta de canos serrados, e o seu Tipo Elemental era Fogo, não Escuridão, sem falar que uma pessoa comum jamais teria acesso a uma Máscara Infernal — esse fator fez todos pensarem que o invasor se tratava de um novo membro do Conselho do Inferno por um momento, mas…

Kurone fez muitos preparativos para fugir de qualquer acusação, estaria segura se não fosse um único problema: a sua camisa que fazia parte do uniforme da Universidade Mágica.

Sylford comprou outro uniforme antes de enviá-lo de volta à instituição, o problema era que agora o suspeito de ter ajudado na fuga do condenado era um aluno da Universidade Mágica, não mais um membro do Conselho. Bem, podiam existir centenas de alunos, mas era mais fácil encontrar o culpado com um escopo de busca menor.

Mais do que nunca, Kurone não podia chamar a atenção. Se fosse um estudante comum, não teriam motivos para interrogá-lo. “Mas a Minerva me tocou, ela com certeza deve tá desconfiada de mim. Vou ter que ficar bem atento e me preparar pra fugir se der ruim aqui…”

Os dias foram passando. 

Estudava pela manhã e treinava à noite, como de praxe.

Recebeu mais cartas dos irmãos Sophiette — as de Cynthia eram repletas de saudades e promessas de ir visitá-lo em breve, enquanto Sylford escrevia sobre os últimos acontecimentos do reino e as movimentações suspeitas da Seita de Érebos. O homem de orelhas pontudas não entrou em contato.

Ainda não era hora de se preocupar, o próprio condenado falou sobre o fato de não saber a localização da sua líder. Decidiu aguardar mais um tempo.

Assim, o fim do ano chegou e os estudantes que usufruíam dos dormitórios da Universidade Mágica foram liberados das aulas para passar as suas férias com as suas famílias. Kurone achou que seria o único aluno a ficar na instituição, mas recebeu um convite inesperado de Sylford.

Ele passaria o fim de ano em Sophiette… Desde quando começou a fazer parte dessa família? De qualquer forma, estaria mais seguro lá que na universidade, quem sabia quais movimentos Minerva podia fazer em um local quase desértico?

Kurone nem se deu ao trabalho de responder à carta, Sylford já sabia que não existiam motivos para ele negar.

As malas foram preparadas com antecedência e ele deixou o dormitório junto aos alunos que também iriam aproveitar as férias em seus próprios lares. Não imaginou que houvesse uma concentração de nobres tão grande no dormitório masculino.

O ar do exterior estava gelado. Diferente do oriente, não nevava muito no ocidente, porém o clima ainda obrigava os jovens a usarem roupas contra o frio. 

Atravessou o campo de aulas práticas e encarou o terceiro pavilhão. O bibliotecário era uma das poucas pessoas que continuariam na instituição nas férias, então cuidou de deixar avisado que só estaria de volta no próximo ano.

Na entrada/saída da Universidade Mágica, havia um aglomerado de carruagens aguardando os jovens mestres que andavam com pressa e portavam malas pesadas nas mãos cobertas por luvas grossas.

Em um local específico, uma carruagem luxuosa roubava a atenção de todos. Era um veículo criado apenas para ostentar, Kurone faria alguns comentários maldosos se não tivesse avistado logo o brasão na lateral. 

Brasão de Sophiette.

“Não tinha algo pra chamar mais a atenção, não, Sylford?”

{A Celestial pensava que o seu objetivo era não chamar a atenção.}

“Foi ironia, projeto de serafim.”

{Ela começava a ficar ofendida com a alcunha repentina de “projeto de serafim”. Por um acaso é uma crítica ao tamanho dA Celestial?} 

Não respondeu e seguiu em direção ao veículo luxuoso. A maioria dos jovens nobres ficou confusa, afinal Kurone era uma pessoa que quase ninguém sabia da existência. Como um zé-ninguém podia ter relações com a família Sophiette? 

“Ano que vem vai ser dose depois disso aqui. Bem, acho que a maioria vai se esquecer do meu rosto comum.”

Um longo suspiro escapou antes de adentrar a carruagem. 

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Luminus e Cecily caminhavam com dificuldade pela neve. 

Naturalmente, a Reencarnação de Astarte e a Deusa do Tempo não eram afetadas pelo frio, contudo era um incômodo viajar afundando pelo chão esbranquiçado.

Desde que deixaram o vilarejo há alguns meses, começaram a vagar por partes remotas do oriente. O Sistema não permitiria que Luminus escapasse da sua missão, contudo ele só ativaria o instinto assassino quando encontrasse um Fragmento de Astarte.

Vagar por locais sem civilização era uma trapaça, porém nada podiam fazer sem acesso a informações; as bibliotecas e demais fontes de conhecimentos estavam nas cidades. Por enquanto, Cecily só podia tentar ajudar a garotinha a controlar o seu poder com instruções básicas.

A relação entre as duas melhorou desde o acontecimento do vilarejo — local o qual ergueram uma barreira para proteger os moradores, era a única coisa que podiam fazer para compensar o estrago causado.

— Com você se sente? — Cecily questionou a menina ao seu lado.

— Não parece que fiz muitos avanços, mas acho que consigo controlar minha força um pouco.

Luminus só usou monstros para testar sua força, entretanto, nos últimos testes, conseguiu apagar um Logo Gigante com um único soco, sem matá-lo. Era terrível quando a fera se tornava uma névoa de sangue, no entanto ambas as garotas tinham ciência que era um preço a se pagar pelos experimentos.

Quando Luminus estava muito impressionada devido ao sangue dos monstros, Cecily a fazia parar e descansar por alguns dias. A deusa ainda não entendia muito sobre emoções, mas com a menina a ajudando, começava a desvendar um pouco sobre o próprio coração.

Após mais algumas horas de uma marcha lenta pelo horizonte esbranquiçado, pararam para repousar. A barreira da deusa foi erguida e a menina de cabelos prateados cuidou de fazer uma fogueira.

Elas estavam sempre cautelosas, a Seita de Érebos podia agir a qualquer momento, e essas áreas sem civilização eram o cenário perfeito para um ataque em grande escala. O maior problema ali não seria o ataque, mas sim o trauma que isso causaria para Luminus.

Cada vida tirada fazia a garotinha perder uma parte de si, ela não suportaria ter em suas mãos o sangue de centenas de pessoas, por mais que fossem inimigos.

Antes, os membros da seita conseguiram furar a barreira de Cecily e atravessar com um truque, a pessoa responsável pelo ato escapou, o que significava que eles ainda tinham esse ás — e se tinham algo assim, quem garantiria que não teriam uma arma poderosa para matar divindades?

— Cecily… — a voz da Lumius soou de repente, chamando a atenção da deusa loira — eu quero tentar de novo.

— Hã?

— Eu quero ver se consigo controlar o meu poder agora. 

— Você tá dizendo que vai…

— Quero encontrar um Fragmento e tentar controlar o meu poder… não, eu vou conseguir me controlar. — Mesmo sabendo que era algo que poderia lhe trazer mais traumas, Luminus afirmou com convicção.

Perante essa confiança, Cecily só pôde assentir calada, sentindo mais um incômodo no peito. A menina de cabelos prateados já havia explicado posteriormente que isso se chama “aflição”, normalmente sentida quando uma pessoa querida ia fazer algo perigoso.

Então, Luminus tornou-se uma “pessoa querida” para ela?

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