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Após o jantar.

Da janela, podia ver a figura de Loright balançando a espada diligentemente.

O jovem de cabelos negros não se juntou a eles no jantar, preferia gastar o seu tempo tentando melhorar as suas habilidades, no entanto…

“Ficar se esforçando tanto assim só vai fazer ele se ferir, é inútil.” Isso foi uma das coisas úteis aprendidas com o Arquifeiticeiro Grau 10. Apesar do seu treinamento na ilha Lou Souen ter sido infernal, tudo fora programado por Lao Shi.

O Arquifeiticeiro acreditava que devia existir uma harmonia entre corpo, mente e alma. Se quebrasse o equilíbrio, o treinamento não poderia prosseguir, Kurone guardou esse ensinamento e tentava evoluir respeitando ele. Embora Lao Shi fosse uma escória, era inegável o seu conhecimento em métodos efetivos de treino.

Durante a sua estadia na Universidade Mágica, estudou durante o dia, na companhia do bibliotecário reencarnado, e treinou pela noite. Nas tardes, tirava algumas horas para meditar, isso trabalhava tanto o mental quanto o espiritual.

Com essa rotina de treinamento, Kurone evoluiu muito mais que Loright, qualquer um podia notar isso. Além da postura mais confiante e a aura estável, o seu corpo ficou mais definido e o rosto envelheceu um pouco.

Envelhecer… não podia se dar o luxo de fazer isso, começou a estudar com o bibliotecário para conseguir destrinchar a literatura dessa época, na esperança de conseguir encontrar uma maneira de alcançar a imortalidade.

Inclusive, enquanto pensava, mais cedo, no desgraçado do Lao Shi, veio à sua mente uma palavra usada repetidas vezes por ele: “ascensão”, e ela era sempre precedida pelo termo “imortalidade”.

Seriam palavras-chave que usaria em sua busca.

Nesse momento, já conseguia ler a maioria dos textos sem problemas. O reencarnado com a AK-47 foi de grande ajuda, afinal Sylford havia lhe prometido algo quando partiu para a capital.

— Chegamos. Está pronto, Iolite? — questionou o jovem Sophiette.

Eles pararam em frente a uma porta como as outras, porém podia sentir uma aura estranha vindo do outro lado. Kurone afirmou balançando a cabeça e o nobre ao seu lado abriu a porta sem fazer cerimônia.

— Não vá fazer bagunça, ok? — falou Cynthia. Dessa vez, ela não quis acordo com George e insistiu em acompanhar os garotos até esse local: a biblioteca da mansão, ou melhor, a biblioteca de Karllos Sophiette.

Se existia uma fórmula para alcançar a longevidade, essa fórmula estaria aqui.

Engoliu em seco antes de dar o primeiro passo. 

O lugar não era muito diferente da biblioteca da Universidade Mágica, na verdade era até mais desorganizada — provavelmente os empregados não tinham permissão de adentrar o local.

Uma pressão incomum espalhava-se pelo ar. Kurone teve um sentimento ruim, como se alguém o observasse. Seus pelos se eriçaram e suou frio… o que era essa sensação?

{A Celestial não consegue entender, mas aparentemente é a essência de Karllos Sophiette.}

“Então ele usava um perfume muito bom pra durar tanto tempo… Fica de olho aí nas coisas, Ellohim.”

{Naturalmente.}

Os outros dois não pareciam incomodados pela presença estranha do cômodo. Claro, após tanto tempo o corpo deles já devia estar adaptado ao lugar, seria estranho se adentrassem e não encontrassem essa essência.

Cynthia correu em direção a uma estante de uma maneira infantil, algo que realmente combinava com ela, e pegou um dos volumes com a lombada propositalmente puxada para fora, para ficar fácil de ser notada. 

Havia um sorriso de entusiasmo no rosto dela quando o livro foi mostrado. 

— Esse aqui é o meu favorito. Lembra? Citei ele algumas vezes, terminei de ler recentemente. Espero que você possa dar uma chance a ele para discutirmos depois.

— “A História do Demônio Troca-Troca”… Parece um livro infantil — Kurone disse com um dedo no queixo, encarando a capa como um crítico.

— N-não julgue um livro pela capa!!

Por algum motivo, Karllos Sophiette gostava de incluir ilustrações em suas capas, essa em questão tinha a figura do que parecia ser o tal “Demônio Troca-Troca” com longos chifres e um terno. Não importava o quanto olhasse, parecia realmente um volume direcionado a crianças.

— É uma história muito envolvente sobre um demônio que alcança a longevidade mudando de corpo quando o seu corpo atual já está ficando fraco… Viu? É uma história bem madura, hmpf. 

Kurone levantou uma sobrancelha. Isso era uma obra de ficção? Hmm, as pessoas não tinham noção sobre a realidade e o imaginário nesse mundo, logo uma obra sobre a luta de Azazel van Elsie contra uma vampira podia ser tanto um trabalho popular entre os jovens quanto um material de estudos sobre a história da Universidade Mágica.

“A História do Demônio Troca-Troca”, apesar de ter um título estranho e uma ilustração de baixa qualidade na capa, podia conter informações importantes sobre o assunto que o interessava.

— Sendo assim, vou dar uma chance a esse livro.

— Eu sabia que ia gostar, afinal eu nunca leria uma obra ruim… — Cynthia estufou o peito ainda em desenvolvimento.

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Cof… A partir de hoje, você tem acesso a essa biblioteca, Iolite — enunciou Sylford, encarando as estantes espalhadas pelo cômodo. — Apenas peço para que tenha cuidado ao ler alguns livros.

Kurone olhou desentendido. Vendo a confusão no rosto do menino de cabelos loiros, o jovem Sophiette pegou um dos volumes de capa preta e o entregou. Era um livro relativamente fino.

Um gosto ruim surgiu na boca quando tocou o livro oferecido por Sylford. Viu estrelinhas no campo de visão e sentiu ânsia. Jogou o objeto no chão por instinto, dando alguns passos para tomar distância.

— O que… — Ele não completou a sentença, seus olhos foram direcionados para a capa do manuscrito no chão. — “Os Segredos da Morte”…

— Dizem que a capa do livro é forrada por um pedaço do manto de um Espírito Ceifador e a tinta das páginas é o sangue dele. Eu já li ele quando era mais novo, é preciso ter uma mente de ferro para ler as palavras. Não há informações muito relevantes, contudo o que torna esse livro especial é o material usado por Karllos Sophiette.

O Sophiette Fundador era um lunático?

Considerando que esse grande mago era misterioso, Kurone descartou a ideia de ele ser apenas um louco e pensou que talvez o material usado na construção do livro pudesse interferir na maneira como o conteúdo era absorvido.

— Que coisa horrível de se fazer com o meu querido Iolite, irmão!

— Desculpe, desculpe, mas é bom ver que até um prodígio como o Iolite não é imune aos truques do meu antepassado. 

Colocou um sorriso amarelo no rosto. Não era a primeira vez que tinha contato com o Sophiette Fundador. Além de ter escutado a voz de Karllos Sophiette na masmorra de Lou Souen, Azrael mostrou-lhe uma cena breve de Astarte e o mago em questão.

Como poderia dizer? Karllos era bem diferente do que imaginava, principalmente pela cor do cabelo. Todos diziam que aqueles nascidos com fios rosas eram amaldiçoados, pois era um sinal de uma proximidade maior com o Sophys.

Segundo as superstições, quanto mais próximo do rosa o tom do cabelo, maior o sangue do clã Sophys correndo nas veias.

Não havia magifotografias oficiais de Karllos Sophiette, logo as representações do mago eram feitas a partir da imaginação do pintor ou escultor. Naturalmente, ninguém pintaria um Sophiette Fundador magro, afeminado ou com cabelos rosados.

“Se bem que o Sylford é bonitinho, talvez tenha herdado isso do antepassado.”

Sophia e Cynthia também eram belas, assim como Lou Xhien Li, que tinha um parentesco um pouco distante. Kurone chegou à conclusão que, no futuro, era bem provável que as pessoas veriam um Sylford Sophiette que nunca existiu.

{A Celestial concorda com você, quanto mais semelhante for a aparência com a de Karllos Sophiette, maior a presença dele na pessoa em questão.}

“Então a Sophia…”

{Naturalmente.}

Eles interagiram por mais um tempo antes de Kurone ser deixado só na biblioteca. Cynthia o entregou “A História do Demônio Troca-Troca” com um olhar que dizia “é melhor lê-lo mesmo”. Às vezes, a pequena Sophiette era bem assustadora.

Seguiu em direção a uma das mesas e colocou o volume sobre a madeira. Leria ele, isso se sua atenção não tivesse sido atraída para um manuscrito sobre um pedestal. 

Tal qual “Os Segredos da Morte”, esse tomo possuía uma capa negra, sem ilustrações.

Aproximou-se dele, mas não viu um título. Se fosse comparar a algo já conhecido, diria que esse livro se parecia com a Bíblia Sagrada do seu mundo… e realmente ele era algo como isso.

Kurone nem precisava de um título para saber o que era esse volume, a aura emanada por ele era suficiente. “Livro das Lendas…”

Estudou sobre o Livro das Lendas com Lou Xhien Li. Era um tomo com vontade própria. Diferente dos outros, ele escrevia as próprias histórias, e as histórias escritas eram baseadas em acontecimentos reais que afetavam o destino do mundo.

Sem hesitar, aproximou-se e tocou a capa negra sem título. No momento em que a sua mão encontrou o livro, um choque, o mesmo sentido quando interagia com alguém que poderia mudar o futuro, percorreu todo o seu ser.

Aparentemente, não eram apenas as pessoas que reagiam ao toque do viajante do tempo.

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