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Ofegando e arfando o tempo todo, os bravos rebeldes da cidade de Graiton fugiram apressados, embora seu estado lamentável fizesse com que parecessem tudo menos isso.

Depois da mensagem do mordomo, Daneel logo começou a correr também, ao se lembrar da velocidade cegante do homem carmesim, diante da qual ele não tinha chance. O Rei Anão os conduziu diretamente para o grande afloramento de cristal na fronteira da cidade, onde Daneel havia pisado naquele primeiro dia fatídico para chegar ao Poço. No caminho, o mordomo tirou um clarim de suas vestes largas e soprou duas rajadas estridentes que resultaram em um momento de silêncio e, em seguida, o tamborilar de muitos anões correndo para o ponto de extração.

Tudo isso foi visivelmente planejado, mas isso não significa que eles estavam felizes em ver o desenrolar. O mordomo voltava constantemente para o local da troca, o rosto contraído em decepção e desesperança, e a partir disso, Daneel poderia dizer que todos os rebeldes tinham definitivamente colocado muita fé em seu plano que poderia ter resultado no fim do mestre se não fosse pelo súbito aparecimento daqueles três especialistas.

Não havia dúvida quanto à força deles antes mesmo que o mordomo lhe contasse a respeito. Ele agora podia estimar a velocidade que alguém precisava exibir se quisesse ser chamado membro de um determinado posto e, para ter certeza, até perguntou ao sistema sobre isso no caminho, com uma consulta sobre os itens que haviam sido usado para conceder-lhes esses poderes incríveis.

Infelizmente, devido à distância, não foi possível coletar dados suficientes para dar a ele uma resposta satisfatória. Isso confirmou sua estimativa, mas com a pergunta respondida, Daneel não teve opção a não ser voltar para a verdade surpreendente que se apresentou antes da luta.

Devido à luta frenética que se seguiu à revelação, ele não teve tempo para estudar o que o mordomo lhe disse. Agora que ele não tinha nada a fazer a não ser continuar correndo, ele não podia fugir disso, e assim que começou a desmontá-lo, ele encontrou algumas brechas gritantes que precisavam ser resolvidas.

Se esses rebeldes eram realmente capazes de tanto em todas as camadas da cidade, então por que Sebastian teve que morrer? Eles não poderiam ter estimado o poder do mordomo de antemão, e enviado reforços suficientes para apoiá-lo? Ele tinha até sido chamado de um especialista valioso se assim fosse, por que ele não foi conservado em vez de ser jogado fora dessa maneira?

Se eles estivessem roubando comida para obter armas para travar uma guerra na Superfície, teriam de bom grado deixado escravos e residentes da Refinaria morrer de fome? Ele conheceu vários exemplos deste acontecimento, onde vidas poderiam ter sido salvas se uma nutrição adequada estivesse disponível para os homens, mulheres e crianças dessas duas camadas.

O Rei Anão fingiu aquela coisa de ‘irmão’ o tempo todo, ou o homem realmente tinha pelo menos um pingo de afeto por ele sob aquele rosto sem carne?

Finalmente, se ele não tivesse aparecido como um bode expiatório perfeito, o que eles teriam feito? Como as coisas poderiam ter mudado se Daneel não tivesse dado um passo à frente com seus planos que pareciam perfeitos, mas na verdade não eram nada em comparação com tudo que acontecia nos bastidores?

As três primeiras perguntas puxaram sua mente, enquanto a última fez o mesmo com seu coração. Ele viu ser vital para ele saber se sua intromissão tinha causado mais mortes do que se ele nunca tivesse feito parte disso, em primeiro lugar, e pela primeira vez, ele não pensou sobre o que isso indicava sobre como ele esteve em sua vida passada.

Ele não teve opção a não ser deixar tudo de lado quando eles alcançaram os cristais, e encontraram alguns anões já esperando lá. Eles pareciam normais, no início, mas quando Daneel e o mordomo se aproximaram deles, à luz da segunda lua, ele viu que todos estavam gravemente feridos, vazando sangue de vários cortes por todo o corpo ou até mesmo membros faltando, em alguns casos.

Alguns estavam imóveis no chão, esquecidos pelos curandeiros entre eles, que se preocupavam com outros que ainda respiravam. Daneel sabia, em essência, que era assim que a guerra era, mas olhar para ela de perto fez seu sangue gelar nas veias.

Afinal, embora o vínculo mais forte que ele criou tenha sido com os filhos, ele começou a pensar nesses membros disciplinados da cidade subterrânea como parte de sua família também. Doeu vê-los dessa maneira, e mesmo que ele conseguisse afastar essas emoções com algum esforço, elas doíam no fundo de sua mente, cutucando-o insistentemente, lembrando-o de sua fraqueza que não lhe dera outra opção a não ser sentar-se naquela colina e assistir enquanto os verdadeiramente poderosos lutavam e fracassavam.

Ele viu a carranca do rei quando avistou seus soldados, mas sem diminuir a velocidade, ele pegou um cristal vermelho e tocou nos que estavam na frente deles, fazendo a matriz pontiaguda brilhar uma vez, então se acalmar.

Ele entrou e, sem pensar, Daneel o seguiu, o mordomo rapidamente em seus calcanhares. Eles emergiram diretamente na sala do trono onde uma formação de cristal que não existia antes havia sido montada, e assim que sua visão clareou, ele viu um corpo gigantesco no chão, sem fôlego, com o conteúdo de suas mãos derramado sobre o chão rochoso à sua frente.

O Rei Anão havia claramente desmaiado devido à tensão, e o mesmo parecia que em breve aconteceria com Daneel também. Eles tiveram que correr uma longa distância para chegar à saída na superfície que ficava do outro lado da cidade, e como o mordomo também caiu no chão ao lado dele, ele se maravilhou com a força do homem que parecia ancestral.

Mas então aquela maravilha escapou dele em um instante, substituída por aquelas perguntas latejantes que todas saíram de sua boca de uma vez.

O administrador ouviu, descansando de costas, enquanto o exército de anões destruído se infiltrava na cidade atrás deles. Quando Daneel terminou, ele se ajoelhou e teve que respirar fundo em grandes suspiros mais uma vez, e no silêncio, o mordomo rosnou: “Como tudo isso ainda importa, se você quer saber, então ouça. Se tivéssemos comprometido mais alguém para aquela missão na superfície, não haveria como realizá-la. Sebastian foi quem disse que ficaria bem, pensando que poderia lidar com o mordomo, mas ele subestimou aquele homem. Jezara poderia tê-lo apoiado porque não haveria testemunhas, mas você o incapacitou, de alguma forma. Sim, alguns em ambas as camadas tiveram que morrer, mas se não morressem, o mestre teria ficado desconfiado! Não sei como aquele bastardo sorri sempre que ouve notícias de que aqueles morreram de fome! Ele manda aqueles corpos para a superfície onde alguns de seus protetores excêntricos pesquisam a fisiologia humana! Nosso querido rei realmente pensava em você como um irmão, assim como Lorde Burrow, por sua história ser tão parecida com a de ambos e se tivéssemos tido sucesso, poderíamos ter nos regozijados como uma família! Mas ele falhou! Quanto à sua pergunta final, não faço a mínima ideia! “

As respostas rudes fizeram Daneel se contorcer, pois, o fizeram se sentir como uma criança cujos pais haviam planejado para ele, do qual ele estava tendo um ataque, como acabara de descobrir. Ele alimentou a sensação, entretanto, e descobriu que havia uma última pergunta que ele não havia feito.

“E agora?”

Este finalmente provocou uma resposta visceral do mordomo. Ele balançou a cabeça, seus olhos tremulando enquanto lutavam contra as lágrimas que ameaçavam fluir, e com uma voz fraca, ele respondeu: “E agora? Nós nos escondemos de novo. Eles não conseguem encontrar este lugar, então nos enterramos no chão, enquanto o alvoroço acima acontece e faz as ruas correrem com sangue. Eu realmente queria que as coisas fossem diferentes, desta vez, mas parece quase como se estivéssemos fadados a…”

“BOOM! “

Um som alto o interrompeu, fazendo com que todos na caverna olhassem para cima enquanto o chão tremia e poeira caía do teto.

Intensamente de muito longe, uma voz ecoou na caverna, fazendo os corações de todos os presentes pararem coletivamente, depois bater estrondosamente.

“Eu encontrei vocês, suas formiguinhas! Você acreditou que seria capaz de se esconder, desta vez? Ha! Vocês estão acabados! Aqui vou eu!”

Olá, eu sou o Kayle Kylian!

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