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Capítulo 72 – O Suspiro de Surpresa do Professor Deligne

Tradutor: Jaci

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Uma casa tranquila em Princeton, Nova Jersey.

Um homem caucasiano e careca enfiou suas roupas em uma mala e gritou: “Não tenho tempo, vá procurar outra pessoa! Neste momento, meu professor está em uma cama de hospital. Esta pode ser a última vez que eu o verei! Neste resto de mês, não quero ver nada relacionado à matemática.”

O homem de meia-idade e terno tinha um sorriso estranho. Ele não estava nem um pouco bravo.

Afinal, o homem que estava na frente dele era o famoso Visconde Pierre Deligne, o cara que provou a conjectura de Weil. Ele ganhou a Medalha Fields, o Prêmio Crafoord, o Prêmio Wolf e o Prêmio Abel. Não havia um prêmio em matemática que ele não tivesse ganhado.

Mesmo em uma instituição avançada como Princeton, uma que acomodava gênios da matemática em todo o mundo, Deligne ainda se destacava.

Davis era apenas um editor comum da [Mathematics Chronicle]. Apesar de ter se formado no departamento de jornalismo da Universidade Johns Hopkins, ele sabia um pouco sobre matemática.

A [Mathematics Chronicle] era como a filha da Universidade de Princeton e a enteada da Universidade Johns Hopkins. No entanto, Princeton também era responsável pela revista [Year of Mathematics]1, que era muito respeitada na comunidade matemática. Portanto, Princeton começou a gastar menos recursos na [Mathematics Chronicle].

Os editores da Universidade Johns Hopkins estavam tentando ao máximo manter a influência acadêmica da [Mathematics Chronicle].

Normalmente, uma tese comum de teoria dos números não seria digna da atenção de Davis. Foi uma mera coincidência que ele tivesse uma certa quantidade de conhecimento em teoria dos números; o que proporcionou que ele, ao ler a tese pela primeira vez, descobrisse imediatamente o valor extraordinário dela.

Havia inúmeras conjecturas sobre a lei de distribuição dos números primos de Mersenne, mas nenhuma das conjecturas havia sido provada. Entre elas, a conjectura matematicamente mais bela e precisa foi, sem dúvida, a famosa conjectura de Zhou.

Quando 2^(2^n) < P < 2^(2^(n + 1)), MP tem 2^(n + 1) – 1 números primos!

No entanto, isso era apenas uma suposição.

A conjectura de Zhou não foi provada ou refutada.

Quando fosse provada, seria atualizada para um teorema!

Mesmo que Davis tenha visto que o professor Delini não se importava, ele se recusou a desistir. Em vez disso, disse: “Ora, vamos, visconde Deligne! Sua pesquisa é a mais notável entre qualquer outro professor que eu já tenha visto! Li esta tese e imediatamente pensei em ti. Já trabalhamos juntos há muitos anos. Tu podes, por favor, dar uma olhada?”

“Ora, pare de massagear meu ego”, disse Deligne enquanto fechava a mala e ria friamente. Ele disse: “Eu sei que sou muito bom”.

Deligne, no geral, não era tão facilmente irritável. Como todos os outros gênios de Princeton, ele era apenas um pouco arrogante. Normalmente, se Davis lhe trouxesse uma tese interessante, ele teria tempo para lê-la.

No entanto, por mais interessante que a tese possa ser, Deligne tinha assuntos mais importantes para tratar.

Seu professor, Sr. Grottendick, estava deitado em uma cama de hospital e poderia falecer a qualquer momento.

Ele não estava no clima para estudar problema de matemática algum. Deligne tinha que voar para a França e ver seu professor.

Não apenas seu trabalho de editor acadêmico interrompido, mas também seus próprios projetos de pesquisa.

Davis tentou convencê-lo: “Tu não queres levar um presente para o Sr. Grottendick?”

Deligne disse com raiva: “Presente? Um pedaço de papel sujo? Prefiro comprar uma flor na França!”

“Eu prometo a ti, este papel não é tão ruim quanto tu pensas”, disse Davis sinceramente. Ele então acrescentou: “Provar a conjectura de Riemann não é o objetivo de vida do teu professor? A lei de distribuição dos números primos de Mersenne foi resolvida e demos mais um passo em direção ao topo deste mundo matemático… Mesmo que seja apenas um pequeno passo! Lembro-me da observação que tu fizeste no relatório acadêmico do ano passado – que o caminho para o fim da função zeta de Riemann2 estava escuro e exigia inúmeras velas para que fosse iluminado… Agora, o fósforo está em tuas mãos.”

Deligne olhou para Davis e ficou em silêncio por um tempo antes de finalmente pegar a tese de sua mão.

“Espero que realmente valha a pena!”

No final, o acadêmico não conseguiu conter sua curiosidade.

“Uma prova do teorema de Zhou?” Deligne franziu a testa.

Ele havia lido inúmeras teses como essa no passado e só recentemente deixou de ser tão comum. As pessoas que pensavam que eram inteligentes sempre gostavam de escolher perguntas aparentemente simples, mas nunca tinham conseguido resolvê-las.

Se a conjectura de Zhou fosse comprovada, poderia realmente ajudar na pesquisa da conjectura de Riemann. Afinal, o comportamento da função zeta de Riemann estava intimamente relacionado à frequência dos números primos. A hipótese de Riemann era sobre quando a função zeta era zero.

Quando Deligne leu o nome do autor, ficou chocado.

‘Lu Zhou?’

‘Um asiático? Um chinês?’

Havia muitos matemáticos de destaque na Ásia, mas ele nunca tinha ouvido falar desse nome…

Seu coração não podia deixar de sentir desprezo pelo autor. No entanto, como sabia que David nunca o enganaria com uma tese ruim, Deligne continuou a ler.

Um minuto se passou…

Cinco minutos se passaram…

Dez minutos se passaram…

Deligne manteve a mesma posição de leitura o tempo todo com os olhos fixos intensamente na primeira página. Ele não tinha planos de virá-la.

Davis controlou sua respiração quando viu o professor Deligne agindo assim. Ele não queria perturbar os pensamentos do homem.

Quanto mais Deligne lia, mais séria sua expressão se tornava.

Mais cinco minutos se passaram…

Ele encostou a mala na parede, mas permaneceu em silêncio. Deligne então pegou um papel A4 e entrou em sua sala de estudos antes de fechar a porta atrás de si.

Davis deu um suspiro de alívio e finalmente relaxou os ombros rígidos enquanto se sentava casualmente no sofá da sala.

A julgar por seus anos de experiência, a força que o professor Deligne usou para fechar a porta estava positivamente correlacionada com a importância da tese.

Se fosse um lixo de tese, ele nem fecharia a porta da sala de estudos.

Quando Deligne se acomodou na sala, ele pegou seu papel e começou a verificar os cálculos da tese.

Os cálculos do autor eram claros, lógicos e rigorosos. O método de aplicação era tão inteligente que Deligne não conseguia encontrar um erro.

E nem pontos para melhorar.

O que o confundia era que, além do inglês desleixado, o processo de argumentação era impecável. Não parecia que o autor era um novato…

‘Tão suave…’

‘Incrivelmente suave…’

Ele queria acreditar que havia um erro nessa tese de cinco páginas!

‘Talvez eu tenha perdido o erro?’

‘Talvez seja isso…’

Uma hora se passou.

Depois que Deligne leu a última linha de cálculo, ficou em silêncio por muito tempo. Ele então colocou a tese impressa ao lado do rascunho antes de suspirar e murmurar uma palavra em francês, “Impressionant”.

Uma hora atrás, ele ainda tinha dúvidas em sua mente.

No entanto, depois de lê-la novamente, teve certeza de que esta tese de cinco páginas não continha erros.

Ele não conseguia pensar em outra palavra além de impressionante.

Deligne queria muito conhecer o autor desta tese. No entanto, não haveriam oportunidades no futuro próximo. Depois que voltasse das férias na França, teria que participar de um novo projeto de pesquisa para Princeton, que o ocuparia por alguns meses.

‘Talvez este artigo desperte o interesse do meu professor?’

Ele sabia que a probabilidade era baixa, pois seu professor não estudava matemática há muitos anos.

Davis estava andando de um lado para o outro na sala quando finalmente voltou sua atenção para o tanque de peixes ao lado do armário. Ele bateu no vidro com os dedos e brincou com o peixinho dourado para passar o tempo.

De repente, a porta da sala de estudos se abriu e dela saiu Deligne com a tese na mão.

Davis imediatamente correu e perguntou: “E então?”

Ao colocar a tese na mala, Deligne respondeu sem levantar a cabeça: “Preciso de um tempo. Lhe darei uma resposta dentro de uma semana.”

Quando Davis o ouviu, ele prendeu a respiração por um momento porque estava muito animado.

Trabalhar com Deligne por tantos anos permitiu que ele entendesse completamente a personalidade do professor.

Se a tese não fosse inserida no triturador de papéis do professor, isso significaria que ele não conseguiu encontrar problema algum nela. Se ele tivesse devolvido a tese a Davis, significaria que o conteúdo da tese não atraiu sua atenção!

O tempo de uma semana não era nada.

Era impossível para um editor acadêmico revisar rapidamente um artigo. Análises e verificações repetidas eram necessárias. Não só deve haver o rigor de um matemático, mas também o mínimo de respeito pelo seu próprio campo de pesquisa.

Um problema de matemática de classe mundial estava prestes a ser resolvido.

O valor acadêmico da [Mathematics Chronicle] seria, sem dúvida, melhorado.

Quanto ao próprio Davis…

O que mais poderia provar seu desempenho como editor técnico além de pegar uma agulha no palheiro?

  1. Ano de Matemática[]
  2. A função zeta de Riemann desempenha um papel muito importante em várias áreas de pesquisa moderna. Na Física Teórica aparece em problemas de regularização de determinantes infinitos que surgem em Teoria de Campos; e, também, em alguns trabalhos teóricos sobre o importante fenômeno da supercondutividade.[]
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