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— É… oi? — Antes curvada em perdão, Miya olha nos olhos de Akemi, confusa.

— Por favor, me diga quem você é!

Akemi mantém uma expressão séria, mas é possível perceber sua curiosidade diante da indicação repentina de Miya.

— Entendo, você deve estar confuso com o que eu disse, não é?

— O que você quer dizer com chama eterna? E… ser matriarca? Espera… Você é filha da Kaen Miyazaki? 

— Não, não, não! — Miya faz gestos negativos com as mãos — você entendeu errado, vamos com calma! O mais importante é que você entenda que estou te indicando para a ASA!

— Você… pode mesmo fazer isso?

— Sim, mas preciso que você aceite! Não posso recomendá-lo se você não estiver interessado na vaga. É contra as regras! E isso poderia me causar um problemão.

— Olha, eu agradeço muito a sua oferta, mas…

— Mas o quê?! — Miya avança para perto do rapaz, e com as mãos na cintura e batendo os pés no chão, ela aguarda bravamente pela resposta.

Caramba! Esse olhar sério me destrói!

— Eu… não sei se devo aceitar. Não posso prejudicar sua reputação. Não tenho nenhuma noção do nível do seu status, mas não quero causar mais problemas a você.

— Não dou a mínima para como os Miyazaki me vêem, me importo mais em ter uma boa reputação com o resto do mundo, e para isso, eu preciso de ti! E você sabe o motivo!

— Olha… eu…

— Você… — Miya chega ainda mais perto, quase colando seu rosto sério na cara confusa do garoto.

É, acho que vou ter que me acostumar com ela…

— Eu só aceito por uma condição! — Akemi até fecha os olhos por conta da pressão pela resposta.

Miya se afasta calmamente e cruza os braços.

— Hm, e qual seria essa condição?

— Acabei de levar o maior choque de realidade da minha vida. Até o seu próprio pai sabe que eu não sirvo para esse lugar, que não sou bem-vindo aqui. Por mais que você também pense parecido comigo em relação à violência, simplesmente não vejo como eu poderia te acompanhar.

— E… — A garota levanta uma das sobrancelhas.

— Diferente de antes, não tenho mais nenhuma expectativa em mim aqui. Mas você parece enxergar algo que eu não consigo ver. Você é uma pessoa legal, e seria muito maldoso da minha parte não te escutar e dar uma chance.

— Tá, mas qual é a condição?!

— Por favor, nunca desista de mim.

— … É só isso?

Após uma breve coçada de dois dedos na bochecha direita, Akemi tenta explicar melhor: — Não tenho certeza se sou a pessoa que você precisa, mas preciso me reconhecer. Não sei como é viver aqui, mas tenho certeza que na primeira sensação ruim, vou involuntariamente tentar fugir de todas as formas. Por isso, você teria que me segurar e não me deixar desistir, entende? Prometo me esforçar ao máximo para facilitar o seu trabalho e… ser um… um bom… amigo?

— Hihihi, você é uma figura.

Com um sorriso descontraído, Miya estende o dedo mindinho para Akemi.

— O-o que você está fazendo?

— É um juramento! 

Ainda meio perdido, o rapaz entrelaça seu mindinho com o da garota.

— Um… juramento?

Com os dedos unidos, Miya coloca a mão livre no peito e, com determinação, proclama: — Eu, Hiromi Miyazaki, prometo nunca desistir de você, não importa o quão difícil as coisas possam ficar. Prometo estar ao seu lado, te apoiar, proteger e guiar quando se sentir perdido. Vou fazer de tudo para garantir que você encontre o seu lugar aqui.

— E… eu, Akemi Aburaya, prometo me esforçar ao máximo para não te decepcionar. Vou superar meus medos e inseguranças, e farei o possível para corresponder à sua confiança em mim. Vou dar o meu melhor para ser digno dessa oportunidade.

Com os mindinhos ainda unidos, Miya estende o dedão para frente.

— O que é isso agora? — pergunta Akemi, curioso.

— Para validar as nossas promessas, temos que unir os dedões!

— Ah, entendi — diz o garoto ao tocar a ponta do dedão no da garota.

— Pronto, está feito! Estaremos juntos nessa, Akemi!

— Beleza… mas… e agora? Na real, a gente nem sabe se isso dará certo. Como você irá me indicar?

— … Eu não sei… — responde Miya com um olhar vazio, ainda mantendo o gesto do juramento concretizado; entretanto, ela quer transmitir confiança — mas fique tranquilo! Vou encontrar um jeito de-

Woooosshhh!

Sorrateiramente, um som cortante e distorcido do vento ecoa no ar, e algo obscurece a luz do sol sobre os jovens, formando uma grande sombra…

Seguidamente, uma voz forte e familiar ressoa: — Ho ho ho! Parece que temos mais um indicado!

Cap-17-Scene-1

Os jovens, surpreendidos pela nova presença, separam os dedos.

Quem é? Essa sombra não me deixa vê-lo… Mas… essa voz…

Ao observarem melhor, reconhecem Jin Ichikawa com as mãos recuadas.

Akemi é o mais impressionado por ver o shihai surgir do literal nada.

— Oh! Marechal Ichikawa?! De onde voc-

— Jovem Aburaya! Tenho toda essa área na palma da minha mão, nada que acontece aqui escapa dos meus olhos e ouvidos.

Ele veio… do vento?! Só pode ser isso! Mas… mesmo velho ele é capaz de algo assim?! Incrível!

Surpresa, Miya se inclina respeitosamente diante do militar, e com sua voz suave, diz: — Marechal Ichika- digo! Diretor. Com licença, presumo que o senhor tenha ouvido nossas conversas — ela se ergue para olhá-lo nos olhos — se não for incomodo, gostaria de solicitar uma-

— Ho ho ho! Senhorita Miyazaki, eu também estive de olho nele — o shihai se vira para o rapaz — Akemi, observei o seu combate. Confesso que já vi muitas auras na vida, mas a sua me lembrou uma em específico. 

— Eu… lembrei uma aura…?

Aliás, ele me viu lutar?! Ah, não é possível que mais alguém importante tenha visto esse vexame…

— Era magnífica, era lendária, era épica! — Continua o marechal, com um brilho nos olhos ao rememorar os tempos passados e gesticular. — Uma aura de um grande guerreiro, destemido e justo. Com coragem e sabedoria, ele rasgava exércitos inimigos como um raio infinito. Me inspirava nele a todo momento…

Miya, curiosa, dá um passo à frente e tenta perguntar: — Diretor, com licença, você fala do-

Inazuma Kurogane! 

— Inazuma… Kurogane? — pergunta Akemi, confuso.

— Positivo! O único shihai de aura elétrica. Um dos memoráveis heróis de farda que nos salvaram da… — Inesperadamente, Jin pausa o raciocínio. — Um momento… Você não o conhece, jovem?

— Desculpe, eu… nunca havia escutado esse nome.

Ao ouvirem a resposta de Akemi, o marechal e a garota não conseguem esconder a surpresa em seus rostos, sendo a do militar a mais acentuada…

Após instantes de silêncio, Miya diz: — Como assim? Inazuma Kurogane é aquele na… 

Contudo, antes que ela consiga terminar de apontar para o lugar que deseja informar, Jin Ichikawa a interrompe… de novo! A garota até revira os olhos, demonstrando impaciência ao sentir que há um papagaio tagarela interrompendo incessantemente.

— Ho ho ho…! Era de se esperar que fosse assim… — O marechal causa estranhamento nos jovens pelo comentário; porém, sem se deter, ele prossegue em um olhar confiante para Akemi. — Enfim, jovem, entenda que mesmo sem a destreza de um lutador, você não pode apagar a sua vontade de herói. Eu vi e ouvi todas as suas lamentações e sei o que você está pensando. Já vi este filme mais de uma vez.

— O-o que quer dizer? — pergunta Akemi.

— Está vendo aquela estátua ali? — O marechal fica ao lado do rapaz e aponta para a escultura de bronze que decora a fonte de águas vermelhas — Aquele é Inazuma Kurogane, um amigo meu de longa data, o homem mais impressionante que pisou nesta instituição. Junto a mim, ajudou na fundação, e foi figura crucial para a imagem que a ASA possui. Sem contar suas performances nos campos de batalha, como eu disse, um líder indomável nas guerras contra Meilí e Medved.  

— Onde ele está agora?

Miya responde: — Não temos a menor ideia. Desde a Primeira Guerra Sino-Asahiana, ele desapareceu sem deixar rastros. Alguns dizem que ele morreu, outros acreditam que foi capturado, e há quem afirme que enlouqueceu e fugiu. Por mais que eu nunca tenha o visto, imagino o quão ele era impressionante pelas suas histórias. É uma pena.

Em um tom sério, Jin comenta: — Sim, é realmente uma pena. Além de ter perdido um shihai extraordinário, perdi um amigo. Prometi que manteria seu legado vivo, mas ele não aceitou bem a ideia antes de desaparecer. Mesmo que ele tenha sumido do mapa, sonho em vê-lo em ação novamente de qualquer forma… até tive uma chance, porém falhei miseravelmente. Mas você, Akemi! Como portador da aura de eletricidade, pode reviver os momentos de glória de Inazuma.

— E-eu?!

— Positivo! E é por isso que, apenas com o voto da Senhorita Miyazaki, eu, como diretor da ASA, te ingressarei na próxima turma de recrutas.

Com os olhos cintilando e as mãos juntas demonstrando uma felicidade incontrolável, Miya pergunta animada: — Woah! Sério?! Vai nos ajudar?!

Olhando a garota de cima para baixo por conta da altura, Jin Ichikawa, ainda com as mãos na cintura, fala: — Ho ho ho! Isso não seria possível sem você, sua conversa com Akemi foi fundamental. Confesso que ao observar as reações dele durante as lutas, pensei que o perderia… — O militar se volta para o garoto. — Enfim, jovem. Você aceita a indicação?!

Akemi tem um turbilhão de informações passando pela sua cabeça, ter a atenção de pessoas de um escalão tão alto o deixa apreensivo, porém, com um toque de confiança.

Agora, ele está diante da decisão da sua vida…

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Olá, eu sou Andaz!

Peço perdão por não postar o capítulo ontem (domingo), em compensação, tentarei postar o 18 e o 19 ainda esta semana.

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