Ao erguer os olhos, Akemi flagra Jin Ichikawa entre os militares que evitam a passagem.
Os guardas e o rapaz exclamam com a nova presença: — Marechal Ichikawa?!
— Vejo que temos um recém-chegado — comenta Jin, olhando de modo neutro para Akemi.
Prestando continência ao ser surpreendida, a de uniforme vermelho descreve a cena: — Senhor! Este garoto está tentando entrar na academia com documentos inverídicos e isso é crime. Pode manter o caso conosco, já estamos tomando as medidas drást-
— Deixe-o passar — exalando superioridade em seu olhar sério e afiado, o marechal corta a explicação da subordinada.
Os guardas cedem à autoridade, e após confirmarem balançando a cabeça, abrem o portão.
— Siga-me, garoto — ordena o marechal.
Caminhando pelo caminho de brita até a entrada da instituição, Akemi se sente desconcertado por se envolver em uma cena complicada.
Enquanto massageia o braço e olha para o militar ao lado, ele agradece: — Obrigado, Marechal Ichikawa.
— A partir de agora é Diretor Ichikawa pra você — de peito estufado, andando com as mãos recuadas e unidas no nível da cintura, Jin ainda mantém sua seriedade.
— Ah… claro!
Distraído pela beleza dos jardins e construções locais, Akemi analisa os arredores.
Aqui continua tão vazio, não esperava isso… O que está acontecendo? Era para uma instituição dessas ser assim?
— Mare- quero dizer! Diretor… por que qu-
— Cheguei a achar que você não viria, 01 — interrompe Jin.
… 01?
— Ah! Hehe, perdão pela impressão — o rapaz coça a nuca rapidamente — vim do melhor jeito possível, mas ocorreram alguns mal-entendidos. Que sorte a minha o senhor estar por perto.
Na entrada do prédio principal da instituição, é notável que, assim como do lado de fora, o local encontra-se quase vazio, tendo apenas a presença da recepcionista de estilo gótico.
O diretor informa sua funcionária: — Senhorita Kurosawa, voltamos.
Entediada, ela comenta com sua voz tediosa e lenta: — Hm… conseguiu encontrar o que faltava?
— Positivo, a partir de agora, este recruta está aos seus comandos, tenho que resolver alguns afazeres. Hoje será um longo dia.
Woooosshhh!
Como se tivesse se fundido com o vento, Jin some.
Ele fez de novo! Cara, isso é muito maneiro!
Ao trocar olhares com Akemi, a recepcionista se apresenta: — Olá… — mantendo seu jeito frio, lógico — pode me chamar de Yui, sou a assistente de atendimento daqui. Prazer em… conhecê-lo — embora esteja claramente hesitando, ela estende a mão.
— O prazer é todo meu!
A empolgada retribuição no aperto de mãos não agrada a moça, que com um rosto meio enojado, limpa discretamente as mãos com um lenço embaixo do balcão ao fim do cumprimento.
— Então… preciso registrar a sua chegada — ela arrasta na mesa uma prancheta com uma lista de assinaturas, oferecendo — assine aqui.
Akemi estranha o modo enfadonho da recepcionista falar, mas decide ignorar o fato.
Ele deixa sua maleta no chão, pega a caneta-tinteiro e assina em uma área designada no papel, onde é solicitado seu nome e horário de chegada.
Em seguida, ainda sentada atrás do balcão, a recepcionista o guia; mas com muita má vontade.
— Sua sala é a primeira à direita no primeiro andar. Pode ir até lá e abrir a porta sem nenhuma precaução.
— No… primeiro andar? Você fala deste aqui? — pergunta Akemi, perdido.
Yui passa a mão nos olhos com uma impaciência evidente.
— Nossa, como pode ser tão burro? — sussurra ela antes de ajeitar a postura e tentar explicar com calma. — Estamos no térreo do prédio, o primeiro andar está logo acima de nós, e é lá onde você precisa ir, não é difícil entender.
— Woah! Não sabia dessa! Muito obrigado, moça!
Por incrível que pareça, muitas pessoas confundem essas nomenclaturas…
Após se curvar em agradecimento, Akemi pega a maleta e sobe os degraus das estreitas escadas em U.
Por que será que não há ninguém nem nas escadas? Será que realmente estão acontecendo aulas neste prédio?
Subida uma certa quantidade de degraus, uma área plana conduz a uma porta de ferro; abrindo-a, revela-se um corredor curvo que aparenta completar uma volta circular.
Portas pretas à esquerda das paredes indicam vários recintos.
Aqui também parece desértico. Enfim, tenho que me apressar! Tô muito atrasado!
Seguindo as recomendações da recepcionista, Akemi agiliza o passo.
Tem muito mais portas à esquerda, por que será…? Oh! Uma à direita! Deve ser ela!
Diante da entrada, o rapaz estranha a peculiaridade à sua frente.
Feita de uma madeira escura e desgastada, a porta não possui qualquer identificação nas proximidades, ao contrário das outras à esquerda, identificadas por placas acima.
Yui disse que eu poderia abrir sem problemas. Então vamos lá!
Mas ao girar a maçaneta redonda e empurrar um pouco a porta…
Ktiiinnn!
Akemi é surpreendido pelo barulho de uma lâmina cortante e sente algo pontiagudo chegando perto do pescoço. Por instinto, ele levanta levemente a cabeça e se mantém imóvel ao se sentir ameaçado…
Dentro da sala e de costas para o rapaz, uma garota baixa de cabelo chanel preto usa um uniforme negro com detalhes vermelhos e brancos, semelhante ao masculino.
Ela segura uma pequena foice, mantendo a ponta da lâmina próxima à jugular esquerda de Akemi, que sua frio ao se ver em mais uma situação delicada.
Q-quem é essa maluca?! Não dá pra ver o rosto! E que coisa é essa? Uma kama? Ela quer me matar?!
O silêncio da garota deixa o clima tenso…
A sala onde ela está é relativamente pequena e escura, mas é possível ver que suas paredes estão cobertas por uma impressionante variedade de armamentos, incluindo facões, katanas, lanças, escudos e outros.
Amedrontado por ter uma arma branca apontada no pescoço, Akemi tenta se explicar: — O-opa! Acho que abri a porta errada, eu… vou pro outro lado, foi mal! — Com muita cautela, ele se afasta lentamente…
Todavia, quando a distância se torna menos perigosa, a garota, ainda de costas, fecha rapidamente a porta, gerando um estrondo.
Bam!
A respiração presa por um tempo faz Akemi suspirar aliviado: — Ufa! O que foi isso?! Nossa, que belo cartão de visitas, né…?! Não é possível que a recepcionista me indicou a porta errada, só posso ter pulado uma.
Com passos curtos e ligeiros, o garoto volta na direção contrária de onde veio, longe da porta desgastada.
Ainda assustado, ele tenta entender o que aconteceu.
Quem era aquela garota? Pelo uniforme, provavelmente era uma aluna, mas como alguém pode me apontar uma arma daquele jeito? Ela nem olhou nos meus olhos!
De repente, Akemi vê uma funda e iluminada entrada retangular ao lado direito da porta de onde veio.
Sério que tinha isso aqui antes? Como não vi?
No fundo da passagem, ele vê uma porta fechada e caminha até ela…
Agora, o jovem está convencido de que encontrou a entrada certa.
Deixa eu ver…
Ele examina a placa na porta de ferro.
Sala 1… F?
Decidido, Akemi empurra a porta com cuidado.
Por favor, que seja essa…