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[ 25 de abril de 1922, Toryu, Asahi. ]

Finalmente, o tão esperado dia.

Akemi, sozinho em casa novamente, está ansioso para conhecer a ASA.

Procurando não ficar ainda mais ansioso ao ver as horas passarem, ele decide ler, na busca de acalmar os nervos que passou no dia anterior.

Entretanto, seus estudos são interrompidos pelo inevitável “chamado da natureza”, fazendo-o apressar-se em direção ao banheiro.

[ 4 minutos depois… ]

De repente, o portão da casa é batido sete vezes em um tom melódico.

Toc, toc, to-toc toc. Toc toc.

Sério que alguém está batendo na porta?

Ele limpa as mãos e vai em direção à porta. Ao olhar para o relógio na parede da sala, percebe que são doze e meia.

Ainda nem está de tarde, quem será que é?

Quando a porta é aberta, o rapaz é surpreendido.

— Ha haha! Como está, garoto?! Deu tempo de se preparar?!

— Major Hasegawa?! Não esperava o senhor aqui agora, achei que viria outro alguém mais tarde.

— Aconteceram várias coisas ao relatarmos o seu caso quando voltamos para a ASA. Tem pessoas animadas com você, estamos ansiosos para te ver em ação! 

— E-espera, eu realmente não tenho que levar nada?

— Preciso apenas que você assine aqui — juntamente de uma caneta, o militar apresenta o que aparenta ser um contrato e indica onde a assinatura deve ser feita.

— Eu deveria ler?

— Não é nada demais. O nosso veículo está bem ali. Apresse-se, pois estamos quase atrasados!

Enquanto assina, o rapaz reflete.

Queria que meu avô estivesse vendo esta cena, nossa despedida pela manhã foi breve… não vejo a hora de contar para ele tudo o que vou vivenciar agora.

Depois de trancar a porta de casa, Akemi se depara com um camburão metálico, camuflado em tons de verde, brilhando sob a luz do sol e cercado por uma multidão de civis curiosos.

No entanto, a atenção é capturada por um par de grandes animais atrelados à frente do veículo. São criaturas de olhos azuis, presas enormes, pelagem branca com escuras listras horizontais nas costas e curtas caudas arredondadas.

O que são aquelas coisas?! Parecem uma espécie de urso, mas com a cabeça e traços de um tigre albino!

O major ordena: — Garoto, entre pela traseira do veículo — seguidamente, ele levanta a voz para a multidão em volta —. Moradores! Por favor, se afastem! Essas feras ainda não comeram nada hoje! Ha Haha!

Através de algumas pessoas bloqueando o caminho, Akemi segue em direção ao compartimento traseiro do camburão.

Ao puxar com força a maçaneta, ele percebe que há apenas um garoto ocupando os bancos internos à esquerda.

Parece que não viajarei sozinho. Aliás, esse cara está um pouco acima do peso, não é? Será que também tentará a ASA? De qualquer forma, ele deve ter a minha idade. Vou me sentar ao lado dele. Prometi ser mais extrovertido a partir de agora!

— Eh… com licença, qual é o seu nome?

O outro rapaz responde calorosamente com um aceno. 

— Olá! Sou Sho Yamamoto, mas pode me chamar de Sho.

Engraçado, ele tem a língua meio presa, mas dá para entender o que fala. Tenho que retribuir com um sorriso.

— Prazer em conhecê-lo! Meu nome é Akemi Aburaya.

Sho tem um estilo bastante monocromático. Seus olhos e cabelos claros combinam com sua larga camisa branca e calça bege, que lembram a cor da madeira de bétula. Já o tamanho dos seus óculos contribui para uma imagem de inteligência.

— Você também está a caminho da academia, Akemi?

— Sim! Mal posso esperar!

Subitamente, o camburão parte em alta velocidade.

— Epa! Que isso?! — indaga jovem Aburaya, procurando algo para se segurar.

Ajeitando os óculos, Sho responde: — São os Felinursidae Smilodensis.

— Peraí, o quê?

— Falo dos animais transportando o camburão, você não viu?

— Sim, mas nunca havia visto nada parecido antes.

— São popularmente chamados de ursos-sabre, híbridos com a força de um urso e a velocidade de um tigre. Mas acho que assim como nós, essas específicas feras que estão nos levando são áuricas.

— Animais áuricos? É a primeira vez que vejo algo assim!

— Seres híbridos e áuricos são comuns em Asahi e existem há milhares de anos. Apesar de sua força extraordinária, caçar certas espécies é estritamente proibido. Entretanto, algumas feras representam uma ameaça para a integridade das cidades. Por isso, o governo convoca shihais para domá-las ou, se não houver alternativa, eliminá-las.

— Eu sei desse fato, mas, você sabe qual é a aura desses ursos-sabre?

— Sinceramente, não faço ideia, mas creio que sejam áuricos, considerando que são do exército.

— Entendi… Mas então, imagino que você tenha uma aura, qual é?

— Minhas habilidades são relacionadas à natureza, uma aura florestal. Mas apenas consigo fazer mudas de plantas, olha só — Sho faz um pequeno broto nascer na palma de sua mão.

— Wow! Que demais!

— É totalmente inofensivo, mas espero que no futuro seja algo útil. E você? Me mostre também! Com certeza sua aura é mais interessante que a minha.

— A minha aura?! Bom, e-eu vou tentar…

Akemi aproxima as mãos e tenta usar sua energia.

Porém, nada acontece.

Mais uma vez, ao tentar canalizar uma corrente elétrica controlada em suas mãos, nada acontece.

A ansiedade começa a dominá-lo.

— Ai, caramba! Até agora não está funcionando?!

— Fique tranquilo. Talvez seja apenas um momento de instabilidade, isso é normal. Todos nós enfrentamos falhas e limitações em nossas auras.

Akemi busca coragem para encarar a situação enquanto fixa o olhar em suas mãos.

— Saquei.

— E qual é a sua aura?

Acho melhor não contar sobre como eu despertei a minha aura, posso acabar parecendo estranho.

— Eletricidade, não tenho muito controle sobre ela, mas eu sei alguns truques.

A viagem prossegue em direção à ASA e os dois continuam conversando. 

[ 9 minutos depois… ]

Após um tempo viajando, eles finalmente chegam ao centro de Toryu, um local residido apenas pelas famílias nobres e burgueses de Asahi. 

Akemi quase nunca frequenta essa área nobre e distante de sua casa, então ele não conhece muito bem o lugar.

Com a chegada, o camburão diminui a velocidade.

A luz amarelada dos postes de gás dão um sentimento acolhedor, iluminando os caminhos que levam a diversos lugares.

Em meio ao cenário de construções de concreto, existem casas de madeira de arquitetura singular. Seus telhados inclinados, feitos com telhas de cerâmica, remetem tradições de Asahi.

Lojas e restaurantes caros também se espalham entre as moradias.

Akemi sente o aroma das comidas típicas que seu avô costuma cozinhar, o cheiro de alimentos deliciosos, como takoyaki e tempura, permeiam o ar.

Esse cheiro está me matando, será que lá terá algo para comer?

O camburão passa por uma rua repleta de lojas de artesanato, onde peças de cerâmica, bonecas Kokeshi de diferentes formas e belos quimonos de seda estão em exibição nas vitrines.

Em outra esquina, uma casa de chá se destaca com sua fachada decorada com lanternas de papel vermelhas e brancas.

Dentro desse estabelecimento, uma geisha elegante acena gentilmente para os rapazes no camburão.

— Olha só, Akemi! Ela está nos olhando. Hehe, tão bonita.

Hipnotizado e envergonhado, Akemi responde o aceno da geisha.

Repentinamente, o veículo chega na localização das escolas áuricas mais famosas de Toryu.

No lado esquerdo encontra-se o Instituto Lunar Hoshizora, cuja imensa estrutura de concreto azulado causa uma sensação de serenidade, especialmente pelos seus amplos jardins próximos às entradas.

Os brasões de Hoshizora acima dos portões de entrada simbolizam uma lua cheia com uma coruja mística à frente, tudo em tons suaves de azul e branco.

Esses institutos são tão maiores que a minha antiga escola… deve ser incrível estudar neles.

— Você estudou em algum desses institutos, Sho?

— Ele está bem na sua frente.

— Hoshizora?

— Certamente que sim. 

— Hm, como era sempre perder nas Olimpíadas Estudantis? — pergunta Akemi de modo zombeteiro.

— Você é de Taira?!

— Não. Eu sou de… um outro lugar… mas isso não vem ao caso.

— Olha, eu não participava muito dos esportes que exigiam aptidão física, mas no tabuleiro…

O Instituto Lunar Hoshizora é uma das escolas áuricas mais influentes de Asahi, empatada em questão de qualidade com seu rival, o Instituto Solar Taira.

Separadas pela ampla praça central, onde árvores frondosas e arbustos multicoloridos embelezam o ambiente, essas instituições possuem eras de existência, mantendo a sua rivalidade desde o primeiro dia de suas fundações.

Dando foco ao Instituto Taira, sua representação de ferocidade é inegável por conta dos muros feitos de concreto negro e toques de madeiras tingidas de vermelho.

Admito que sinto uma certa apreensão em relação aos graduados de Taira, até porque, ao contrário de Hoshizora, parece que eles só formam cascas grossas. Dá pra entender porque o Sho é tão tranquilo.

Os brasões de Taira representam o sol em cores douradas, e à frente do símbolo, há um tigre-de-bengala em chamas.

Apenas as famílias nobres têm o privilégio de enviar seus jovens para estudar nesses lugares. Sho deve ser ricaço… nem imagino o quanto ele sabe além de mim, já que jamais me vejo sequer passando pela entrada dessas escolas.

Embora sejam essenciais para a formação básica áurica, é evidente a distinção entre essas instituições desde o primeiro olhar. Uma irradia sabedoria e serenidade, ao passo que a outra leva uma filosofia de força e bravura…

Com o decorrer do caminho, uma melodia suave paira no ar, até que um pequeno teatro nas proximidades é revelado.

Espera, estão encenando shihais?! Ah, como eu queria parar pra ver!

As habilidades dos artistas dão vida às histórias dos lendários shihais que protegeram o país. Os movimentos e detalhes das performances encantam os espectadores…

Em cada canto do centro de Toryu, entre toques de modernidade, quase tudo captura a essência da antiga Asahi.

Akemi quer muito continuar contemplando as paisagens, mas bruscamente, o veículo vira em direção à outra rua, saindo do centro.

A velocidade novamente é aumentada gradualmente e após alguns minutos andando por bairros vazios, uma estrada de terra é alcançada e tudo começa a balançar.

Sho sente uma sensação estranha e comenta: — Acho que estamos chegando. Eita… sempre fico enjoado nesta parte.

[ 16 minutos depois… ]

O longo caminho onde só dá para ver um alto matagal parece não ter fim, até que finalmente surge o que parece ser a grandiosa ASA. 

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Olá, eu sou Andaz!

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