— …
A pergunta intrépida da jovem o faz ponderar por breves segundos antes de responder:
”Afinal, quem é esta garota? Como ela faz esse tipo de pergunta sem temer as consequências? Será que é muito ignorante ou confiante em excesso?”
— Resposta: Não possuo um nome…
— Não tem? Espera, você não tem um nome? Como não? É por isso que assume a forma de outros?
— Declaração: Bem…
— Tá, chega disso, eu vou lhe dar um nome, que tal? Assim, toda a vez que eu vir aqui pedir um pouco do seu poder, poderei te chamar pelo nome. Na verdade… vai ser mais fácil do que ficar te chamando pelo nome de outras pessoas, que é bem estranho a propósito.
— Indagação: Um nome? Você quer me dar um nome? Por acaso você sabe o que nomear um ser como eu pode acarretar? Ou você é só audaciosa?
— Audaciosa?
Um leve sorriso se esboça na figura, que prossegue com outra fala:
— Declaração: Entendo, se você ainda não sabe, não serei eu que lhe contará, por hora, saiba que se der certo, serei extremamente grato a você e a sua geração.
— Ge-geração? Uhum! — Engasga.
Evangeline envergonha-se por um breve momento, ao imaginar-se com centenas de crianças correndo a sua volta, porém, com a intenção de voltar ao foco atual, ignora seu devaneio esquisito e prossegue.
— Ótimo! Então, que tal…
A jovem por alguns minutos começa a imaginar possíveis nomes que poderia dar para a figura em sua frente.
”Hmm… e agora, qual nome eu dou para ele? Se ele ainda fosse uma baleia até optaria em chamá-lo de Mobidick, mas vendo o seu potencial de mudança de forma, não é uma ideia boa… Aff, é meio difícil achar um nome para algo que seja o ser mais poderoso, não, ele literalmente é o “poder de todos”… ’’
‘’Espera, o ser mais poderoso? E se, e se seu nome igual ao de um serafim? Ele mencionou alguém que parece mais poderoso que ele, algo como um “deus” dele… e se eu desse o nome de… ”
— Que tal… Metatron? Já que você é o mais poderoso, capaz de construir uma própria dimensão com o seu poder, nada mais justo que o nome do Serafim mais poderoso que eu conheço.
Após ouvir a sugestão de nome, a figura começa a ponderar sobre:
— Questionamento: Metatron? Metatron… Hmm… me soa algo forte. Eu aceito este nome de bom grado.
Após aceitar a sua nova identidade, agora Metatron, começa remodelar-se para uma nova forma. Diferente de antes que assumira uma aparência de uma das pessoa que Evangeline conhece, nesse instante cria seu próprio aspecto.
Todo o espaço presente começa a tremer. O sol artificial presente no céu se abaixa lentamente na linha do horizonte e uma escuridão surge engolindo todo o local.
Todas essas coisas deviam chamar a atenção de Evangeline, porém a mesma encontra-se focada, visualizando uma forte luz que emite de Metatron e sua metamorfose.
Similar a um brilho solar oculto que parece ter ascendido sobre a planície dimensional, todo o gramado começa refletir um branco ofuscante, enquanto isso, uma pequena fragrância é liberada, e o seu cheiro se mostra similar a uma extensa plantação de morangos.
De repente, com um som alto, uma cascate aparentemente interminável de brilho dourado imunda os céus, submergindo Evangeline, que simplesmente levanta o seu braço para proteger seus olhos. Durante esse período, a altura da figura altera-se. Seus braços e pernas tornam-se maiores, e a sua pele que antes estava morena por conta da exposição solar torna-se clara.
No exato momento em que seu corpo muda, uma túnica muito bela cobre todas as partes nuas de seu corpo. É similar a um manto branco de aparência cara, com adornos dorados por todo o seu exterior.
Semelhante a um alvorecer solar que surge pela manhã prevalecendo sobre as trevas da noite, Metatron mostra-se caminhando vagarosamente em direção a meio-elfa.
Enquanto caminha, algumas pegadas brilhosas são deixadas pelo seu percurso, pois uma imensa mana transborda do seu ser, como se não houvesse fim. Evangeline, ao ver a sua aparência, encanta-se com a sua beleza. Um homem de pele clara, com longos cabelos loiros e um olhar fortemente imponente com uma coloração dourada, que brilha constantemente expondo o seu enorme poder.
No entanto, além de sua beleza impecável, uma enorme aura da coloração dourada o cerca. Tamanho é o poder sentido pela jovem, que em sua mente parece estar sendo completamente esmagada pela presença dele.
— Eu agradeço pelo novo nome, Evangeline. Graças a você, pude adquirir a minha própria forma.
Uma voz limpa e direta percorre os ouvidos da meio-elfa, a despertando de uma vez da hipnotização realizada pela nova forma de Metatron. Entretanto, não é só a aparência dele que chama a atenção dela, mas a bela coloração de sua aura. Tal coloração é simplesmente magnífica aos olhos da jovem, tanto que nem nota o modo que Metatron a agradece, tento a ilusão que para ela, ele sempre falara desse jeito.
Porém, durante o breve momento de sua admiração, percebe que o tempo corre e não pode mais perder tempo naquele lugar, todavia, ao olhar para cima, nota que Metatron está próximo de mais, e em sua expressão mostra-se bastante confuso com a demora na sua resposta.
Evangeline cora-se subsequentemente a isso, e durante sua declaração começa a gaguejar:
— É-É… Bem, bom… Be-Bela forma… Metatron… Di-digo…
O seu modo de falar o deixa ainda mais confuso. Inclinando a sua cabeça, ele a questiona:
— Você está bem?
— A-a-a… Uhum! — Limpa a garganta.
— Bom, você já ganhou um nome e uma nova aparência… então, creio que eu já posso partir, e n-não precisa agradecer pelo nome, a-afinal é só um nome…
— Por que você está agindo tão estranhamente?
— Be-Be-Bem, e-e-eu…
Metatron que aparenta está bastante confuso com a situação, começa a aproximar-se de Evangeline, no mesmo momento, a jovem, por sua vez, distancia-se em passos. Enquanto caminha de costas, não olhando por onde vai, tropeça em uma das pedras e despenca em queda, porém, é segurada por Metatron, que a impede de cair.
— Hiiiii!
De repente, um pequeno grito baixo e estridente é emitido por ela em reação ao toque do homem. Ele, por sua vez, estranha tal comportamento outra vez:
— Huh?
A jovem fica totalmente vermelha de vergonha por soltar aquele grito. Como um meio para poder escapar daquela situação, começa a correr em direção a saída, que fora lhe mostrada antes. Durante o seu percurso, declara em pensamentos, ao questionar sua ações estranhas:
”Que droga! O que tá acontecendo comigo? O que foi aquilo? Aiii… que vergonha cara… ”
Oof! — Suspira.
”Certo, foco, preciso sair daqui o quanto antes… ”
No mesmo momento, Metatron, que está parado vendo a meio-elfa sair apressadamente de perto dele, questiona-se uma vez mais:
— Estranho, o quê será que deu nela?
…
Já bem próximo do limite dimensional, Evangeline direciona sua mana para a estrutura, que abre uma forma rotunda, mostrando parcialmente a visão da sala espiritual de Áurea. Receosa por passar tanto tempo naquele desafio, em seus pensamentos declara:
”Espero que essas três semanas que fiquei aqui dentro não tenham prejudicado ninguém la fora… ”
Logo após, atravessa a abertura que se fecha rapidamente atrás da mesma. Um grande corredor escuro mostra-se em sua frente. Enquanto caminha por ele, começa a ouvir a voz de Áurea em sua cabeça, porém para ela, isso não não faz sentido. Entretanto, o que chama mais atenção a esse fato, é o tom de súplica que o espirito realiza. Preocupada com o que pode acontecer, a jovem apressa-se para sair, e começa a correr em direção a voz.
…
Naquele meio tempo, na sala espiritual, Ivan, caminha até o portal de saída. Áurea, estende sua mão direita, a fim chamar sua atenção, contudo, nem seus movimentos e muito menos sua voz é ouvida por ele.
”Droga… ele vai se matar e eu não vou conseguir dizer nada? Vamos boca! Fale algo! Algo que o faça mudar de ideia… ”
Perdendo as esperanças, a pequena fada abaixa vagarosamente sua mão. Enquanto Ivan, inicia sua passagem pelo portal, a voz de Evangeline ecoa todo o local:
— Que papo é esse de se sacrificar, senhor Ivan?
