Evangeline tenta chamar a atenção do homem para tentar entender o que houve com ele, porém a reação dele a assusta, dado o que ele acaba de fazer.
Em uma ação rápida, — não esperada por ela, Ivan, adianta-se em passos rápidos para próximo do forno-mágico.
Retirando os óculos suspensos no bolso da blusa, ele começa o observar detalhadamente o forno, — com uma expressão completamente séria e ao mesmo tempo curiosa. O homem começa a lamber a parte superior dos lábios como se ansiasse o momento de encostar na superfície do objeto, contudo, contendo sua personalidade peculiar de sair novamente.
Após uma breve observação detalhada, ele expõe em seu semblante uma expressão altamente fascinada, — imaginando inúmeras possibilidades que podem acontecer com sua aluna caso ele exponha a invenção.
Pelo curto espaço de tempo que ele observara a criação dela, imaginara que, se ele não seguisse o plano a risca e falasse que a invenção é de sua aluna, que também é a majin procurada, Moira e seu fascínio aceitaria remover a procura dela, a perdoando em troca de conhecimentos de mercadoria.
Então, virando-se para a direção da meio-elfa, ele expõe sua ideia, — um tanto empolgado.
— Evangeline, isso é incrível! Não, não, não… incrível ainda não é a palavra certa para descrever isto. Isto é uma arte, um marco tecnológico, um avanço complemental que ajudará o dia a dia das pessoas. Esse… forno-mágico, será uma nova novidade no mercado e, se eu disser que você criou, certamente seu nome será o mais falado, tornando você a mulher mais famosa em todo o continente. Então, eu decidi que vou…
Parando de falar por um momento, ele observar o semblante de sua aluna discretamente abaixado com a palma da mão estendida para ele.
Confuso com aquela pose repentina dela, ele tenta perguntar algo, porém é surpreendido pelas falas que Evangeline libera, completando com a explicação sobre o que ela realmente quer fazer em relação a isto.
— Senhor Ivan… agradeço por gostar do forno. Mesmo sendo algo simples, nem mesmo chegando perto do que eu realmente queria, sinto-me realmente feliz por ter se impressionado…
”A-algo si-simples!?”
O curandeiro fica completamente sem palavras.
Após ouvir da boca de sua aluna que tal invenção, — a qual é totalmente incrível perante seus olhos, que ainda não chegou na versão idealizada por ela, faz com que ele fique completamente sem chão.
Raiva. Raiva é o que ele sente neste momento, porém não dirigido a sua aluna, mas sim para si mesmo. A sua felicidade não consegue elevar-se mais, o enraivecendo por ter um limite bobo como este, um limite que humanos possuem em suas emoções. No entanto, mesmo que ele se sinta desta forma, Evangeline não aparenta demonstrar tal emoção, pois ela ainda continua declarando com um tom sério, mesmo demonstrando um semblante claro.
— … Mas com todo o respeito, vamos tentar seguir com o plano original. Não quero que meu nome seja conhecido e nem mesmo circule pela cidade como uma inventora. Já tenho que conviver com o fato das pessoas não me aceitarem por eu ser uma majin e, se souberem que uma tem capacidade de construir coisas como essas, me preocupo o que pode acontecer com vocês, com as pessoas do vilarejo ou com a minha irmã… eles poderiam até concluir que isto não passa de um prelúdio de guerra. Então, para evitar este tipo de desavença e confusão, prefiro não revelar nada agora.
Ivan fica completamente chocado.
A expressão feliz que antes possuíra na face começa a murchar, desaparecendo vagarosamente do seu semblante, — guiando-se para algo mais calmo e focado.
Por um curto espaço de tempo, ele imaginara que se revela-se para sua colega Moira, tal invenção, conseguiria mudar o rumo das coisas do modo mais fácil, retirando a procura de sua aluna e ajudando ela a ter uma boa reputação com todos.
Contudo foi apenas devaneios infantis que surgiram na sua mente. Nem por um único momento, ele pensara em possibilidade como as que Evangeline apontou, e nenhum momento, pensou sobre o que poderia acontecer se desse errado. E, com este fato presente para ele agora, dado como conhecimento por sua aluna, ele esclarece sua mente, — abaixando vagarosamente a face para o chão.
Enquanto observa a felicidade de Ivan se transformar em pesar, Áurea pondera em liberar outro cascudo nele, para que ele retornasse a ser como antes, porém, ao notar a expressão séria no rosto dele, decide não fazer, pois conclui que isso o ajudará a evoluir para alguém muito melhor do que já se tornou.
Agora, mais calmo que antes, Ivan curva-se para a meio-elfa, — desculpando-se sobre o que imaginara. Pois, mesmo que se ela pedisse para não fazer tal coisa, ele faria do mesmo modo, porém, ao receber a iluminação dos fatos dela, decidira recolher para si sua birra infantil, para aceitar de vez o plano.
Mesmo que ele não tenha dito em voz alta para ela o sua real ideia, ainda sente-se culpado por sequer imaginar ignorar a vontade de sua aluna, a jovem que não só mudou o modo de como ele pensara, como também lhe ensinou muito mais coisas do que esperava receber.
Neste momento, ao reconhecer que poderia ter feito uma grande coisa errada, algo que poderia implicar em uma possível guerra, — um ato que o homem arrepende-se de ter vivenciado, conclui que não é certo contar, nem mesmo pensar em fazer tal ação.
— Desculpe!
— Nã-não… senhor Ivan, não…
Evangeline chacoalha as mãos sobre o ar para tentar impedir que o homem se desculpe por isso, visto que para ela não fora algo que deveria se preocupar. Contudo, levantando a face para a meio-elfa, ele firma sua voz e repete com mais força.
— Não, Evangeline… eu preciso me desculpar! Fui um idiota em pensar que isso poderia te ajudar de forma mais fácil, mas deveria ter imaginado que isto já havia passado por sua cabeça. Você é mais esperta do que eu, e nem imagino o que poderá se tornar daqui a alguns anos. Realmente foi besteira da minha parte simular tal coisa e, em nenhum momento, passou por minha cabeça que poderia dar errado de algum jeito. Fiquei tão imerso na alegria e fascínio que esqueci o que realmente importa aqui. Então, por favor, aceite minhas desculpas.
Prostrado. A cena que Shirogane está mais familiarizado a observar em seu papel como imperatriz em seu game, mas isso não é um jogo e Evangeline não é uma imperatriz. Então, por que o homem está deste modo? Por que ele se prostrou desculpando por pensar em algo que não disse? A mente dela fica completamente sem o que concluir, — apenas ficando sem palavras para tal ação inesperada.
— …
Por outro lado, Áurea fica totalmente impressionada com a postura que Ivan tomara para esta situação.
Neste momento curto, ela começa a imaginar o período antes da chegada de Evangeline na vida do homem.
Ele sempre fora um homem fraco, sem voz e sempre se desculpava por tudo, mesmo possuindo razão no que fazia. Ivan sempre abaixava a cabeça para qualquer um, além de engolir seco as judiações que mandavam. Contudo, quando a meio-elfa pisou dentro de sua casa, notou algo que estranhara antes, uma sutil evolução no curandeiro, algo que a impressionou, algo que chamou atenção até de Moira, algo que, o fez amadurecer a sua mente, — a mente que fora abalada durante a grande guerra.
Durante este processo de apreciação, lágrimas começam a escorrer de suas órbitas, seus olhos laranjas começam a tremer e, por fim, dirige o mais profundo agradecimento para a sua aprendiz:
— Evangeline, obrigada.
Agradecendo a meio-elfa por mudar as suas vidas, Áurea curva-se sob o ar, assimilando-se Ivan no processo.
Confusão.
As ações repentinas de ambos deixa Evangeline ainda mais embaralhada e confusa. Primeiro fora Ivan, que prostrou-se a ela desculpando por algo que ainda nem disse e, logo após, fora sua mestra, que a agradecera sem mais e nem menos, curvando-se também.
”Huh!? O que está acontecendo aqui? Será que o forno tá liberando algum gás hipnótico que faz as pessoas se desculparem e agradecerem? Sera que… nããoo… o forno-mágico não é movido a gás, ele é inteiramente mágico! Então, o que deu nesses dois? Preciso fazer com que as coisas voltem como antes, isso é… embaraçoso…”
— E-e… senhor Ivan… mestra Áurea… O que caralhos deu em vocês do nada!?
A exclamação cheia de confusão de Evangeline preenche o local, chamando a atenção de ambos que se curvaram a poucos segundos. Ivan e Áurea olham para a expressão feita por Evangeline, em seguida, entreolhando-se, começam a rir, pois percebem que não deixaram nenhuma pista sequer por fazerem aquilo.
Poucos segundos depois da descontração, Áurea, começa a voar em direção ao forno-mágico. Já em cima do objeto, ela senta-se, — cruzando as pequenas pernas e, apoiando-se com as mãos atrás. Sentada em cima do forno, observa Ivan e Evangeline em sua frente, é com um olhar convicto na face, declara alegradamente:
— Vamos! Já está na hora de começar!
— Certo!
Durante este período de dentro da sala espiritual, Moira, após passar um logo tempo tentando abrir a porta do segundo andar, finalmente acha a verdadeira chave mestra no chaveiro.
A sua insistência em abrir a fechadura com diversas chaves erradas, fez com que o buraco da fechadura fique dilatado, dada a força que ela depositou nesta ação.
Ao colocar a chave certa na porta, a chave mestra conserta a fechadura danificada, — retornando para a forma anterior de ser forçada. Esta é uma das habilidades da 《Master Unlocker》, ela tem capacidade de reparar fechaduras, — além de abri-las, ao fazer elas retornarem para algo anterior o que eram.
Um pouco mais atrás da jovem mulher, Oliver, — ainda um pouco inseguro com o temperamento de sua amada, ele tenta agradá-la novamente, após perceber um sorriso em sua face. Contudo, ele falha miseravelmente.
— E… pa-parabéns, madame Moira. Como esperado da supervisora, conseguiu achar a chave mestra. Nem por um único momento desconfiei de sua capacidade nisto…
De repente, Bentley, atrás do homem, libera uma leve gargalhada.
— Pffhaha!
Virando-se para averiguar o fato do rapaz rir sem motivos aparentes, Oliver tenta questioná-lo sobre este ato, porém, algo o faz congelar de medo.
Para ele, algo semelhante rabo escamoso parecia sufocar sua garganta, tampando periodicamente sua respiração. Ao retornar para observar Moira, ele nota uma expressão completamente irritada nela.
Durante o elogio desferido por Oliver a ela, Moira percebera que, além dele ter escondido a chave mestra consigo, ficou calado o tempo todo, no momento que ela forçava e se estressava em errar a chave correta para abrir a porta. E, para ela, as palavras que ele disse, não passaram de um deboche para com a sua capacidade de pensar, — a revoltando fortemente.
No entanto, mesmo não possuindo um alto controle de sua mana, — para feitiço ou artes de luta, Moira, por ser da linhagem nobre de sua família, herdou a herança que todos da família possuem, — uma poderosa concentração de mana, — a mana que ela esta usando para pressionar Oliver.
Na concepção do homem, Moira é um monstro feroz, um capaz de enrolá-se em seus inimigos e os esmagarem até a morte, além os verem perder a chama da vida lentamente dos olhos. De repente, uma visão surge em sua mente, — uma enorme serpente, tão grande quanto a casa, com lindos e poderosos olhos azuis e uma escama completamente albina.
Horas se passam e as únicas coisas que vem em sua mente são; medo, confusão, submissão e raiva. Oliver sente-se completamente deste modo. Ele sente medo de Moira ao expor tamanho poder de forma imprevisível; confusão, por não entender o motivo do porquê ela está fazendo isto com ele; submissão, ao finalmente observar a magnitude que sua amada é de verdade e, raiva, pelo sobrinho convencido que ela trouxe junto.
A massa de sentimentos que passam pela mente de Oliver extinguem-se em um instante. A sensação de ter ficado preso por longas horas naquela mana condensada fora uma mera ilusão de sua mente, pois durante aquele processo só se passaram alguns segundos.
Ainda chateada com Oliver, Moira apenas vira-se para a porta para abri-la, Bentley, por sua vez, passa pelo comandante, o deixando para escanteio, — seguindo sua tia para dentro da residência, enquanto Oliver permanece estático onde está, visto que ele percebera que, se Moira fosse uma maga treinada, certamente teria o poder para subjugar qualquer um dentro da cidade, porém por sua falta de tempo e compromisso para tal coisa, decidira apenas focar nos negócios que seu falecido marido deixou.
”Fascinante, fascinante! Ela é tudo, bela, mandona, forte e poderosa. Com certeza ela é a mulher dos meus sonhos, a quem eu devo ter! Aquela que… Ué, onde será que ela foi?”
Percebendo que fora deixado para trás, o comandante adianta-se em entrar também na residência, para não receber mais outra bronca da supervisora.
Um pouco antes deste ocorrido, Amice junto a Karenn no quarto, — fica completamente apreensiva com tudo que está acontecendo. Primeiro, ela arrepende-se amargamente de ter feito o seu pequeno plano bobo, de ter chamado a atenção dos soldados, dado a situação que ela acabara gerando com está ação e, segundo, por não ser forte o suficiente por aguentar o próprio sentimento de culpa.
Antes de Áurea dissipar seu minúsculo corpo e retornar para a sala espiritual, ela pediu para que Amice tentasse relaxar e não se culpar muito.
” — Olha, Amice, eu sei que pode ser complicado para você. Pode ser muito difícil conviver com este fardo que você está sentindo, mas isso já era inevitável, eles viriam cedo ou tarde. Então, não se culpe por só dar um empurro nisto, okay? Tente não se flagelar só com isso, pois você só tentou ajudar a Evangeline e, tenho certeza que ela não te culpará por uma coisa dessas”
” — Ma-mas mestra Áurea, eu…”
“— Amice… seja mais compassiva consigo mesma, menina! Não se culpe por algo bobo, e nem por te falhado, se culpe por continuar sendo fraca em tudo! Eu não te ensinei magia só para fortificar sua mana, mas para fortalecer sua mente. Eu conheço muito bem a sua história antes de vir morar aqui, porém, não precisa ficar se prendendo aquela coisa horrível, aquilo não foi culpa sua, e nem mesmo isso. Então, mesmo que não consiga fazer isso agora, pense sobre.”
” — E, antes de eu ir, fique junto da Karenn no quarto. Não quero que aquele rapaz com a Moira te veja neste estado.”
” — Ce-certo mestra…”
Passando-se um pouco mais de tempo, Amice tenta se recompor ao lembrar-se das palavras motivadoras de sua mestra.
Dando pequenos tapas no rosto, — que, deixa as suas bochechas rosadas, ela firma o olhar no seu objetivo, — Karenn, deitada na cama com um semblante completamente calmo, como se estivesse em completa paz.
Andando em direção a bela desacordada, Amice para no meio do percurso.
Passos começam a percorrer o local, junto de vozes familiares. Em uma ação completamente discreta, ela começa caminha sorrateiramente até a porta, em seguida, — encostando a face na superfície amadeirada, concentra-se em escutar o que as pessoas que entraram estão dizendo.
Uma delas parece está altamente revoltada, bravejando por algo que ela não consegue entender. A dona da voz é um rapaz, aparentemente tendo quase a mesma idade que a dela.
”Então, esse deve ser o rapaz que a mestra disse para eu evitar, mas por que será?”
No momento após, uma voz mulheril aquece seus ouvidos com inquietação, — é Moira. Ela aparenta está discutindo algo com o sobrinho. A entonação das vozes deles variam de algo alto para muito baixo e, devido à supressão de som que existe no quarto, — para não prejudicar Karenn, Amice não consegue entender o que eles dizem.
De repente a voz de Ivan surge. Por um leve período, Amice fica completamente alegre ao reconhecer o tom de voz do seu patrão, porém, algo está errado em sua convicção. Antes de sair da sala espiritual, Ivan dera a ideia de usar o encantamento de anti-detecção mágica para retirar Evangeline da casa, no entanto, o homem está fora da sala espiritual, além de estar conversando com Moira sobre algo.
”Mas… por que o patrão Ivan não está ajudando a senhorita Evangeline e escapar? O que será que deu errado!? Não, não, não… é melhor eu me acalmar e prestar atenção no que eles estão falando… Algo sobre… “Friezy” e forno? Espera, o freezer da senhorita Evangeline? O que será que ele fará com aquilo? Ele usará para trocar pela liberdade dela? ”
Enquanto Amice tenta escuta furtivamente a conversa do outro lado da porta, Karenn revela um roncar imprevisível, assustando deliberadamente a criada, — que esbarra acidentalmente no jarro de flores ao lado da porta, o fazendo cair e ressoar um forte barulho, forte o suficiente para chamar a atenção das pessoas de fora do quarto.
O desespero toma conta de Amice após esta ação. O vaso preferido do seu patrão está todo quebrado no chão, todavia esta não é a causa de seu medo, mas sim os poderosos e grossos passos largos que começam a aproxima-se do quarto.
Tum, tum, tum, tum!
Um poderoso caminhar passa pelo corretor.
A intenção da pessoa é clara, é achar a fonte do barulho, contudo o corredor é grande o suficiente para dar tempo para a Amice, dado a distância que o quarto de Karenn está com a sala de estar.
Preocupada em ser encontrada e estragar tudo novamente, Amice tenta desesperadamente pegar a chave que está no seu bolso do avental, porém, por estar com as emoções muito além da conta, — além das mãos completamente trêmulas, deixa o chaveiro despencar em queda no chão, revelando para o procurador o real local do barulho.
Tum! Tum! Tum!
As pegadas estão mais fortes e rápidas, Amice se esforça em agachar para pegar o mais rápido a chave. O seu medo se sobressai e a deixa completamente confusa. A chave que ela sempre usa se apagara de sua mente, — a fazendo a procurar pelo excesso de outras chaves no arco.
Por fim, ela finalmente consegue encontrar a chave certa.
Levantando rapidamente do chão, ela vai de encontro até a fechadura para trancar a porta, todavia não possui mais tempo. A porta é golpeada fortemente por um chute, — arremessando o objeto para dentro do quarto e somente parando ao chocar-se com a parede.
A figura de um rapaz de pele clara, olhos azuis e cabelos loiros, — trajando uma armadura dourada com um manto vermelho surge na entrada destruída, no entanto este belo rapaz não é um herói e, sim, o provocador da quebra da porta.
— Vo-você… é…