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Capítulo 71.1 ❃ Quarteto da morte.

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Neste momento, uma comitiva de indivíduos de passos firmes e determinados está cruzando com fúria um corredor estreito, cercado por tochas que emitem uma luz que ilumina minuciosamente o local, destacando as colunas que sustentam o teto arredondado que se ergue majestoso no topo. 

O som dos passos firmes ecoa pelo corredor, impulsionando a comitiva formada por quatro indivíduos decididos e destemidos para frente, com grande vigor e energia. Eles estão imersos na escuridão que envolve o corredor, avançando com firmeza em direção à sala inicial da masmorra. 

Cada passo é dado com precisão e determinação, guiando-os em sua jornada rumo ao desconhecido. A tensão é palpável no ar, mas esses quatro indivíduos parecem completamente alheios a isso, mantendo seus olhos fixos no objetivo à sua frente. 

Três destas quatro figuras humanoides se destacam, trajando armaduras completas de aço, que apesar de não serem novas, ainda não foram completamente deterioradas pelo tempo. As armaduras apresentam apenas algumas manchas de ferrugem, alguns buracos e cortes, talvez frutos de golpes de lâminas afiadas. Esses indivíduos transmitem uma aura intimidadora e feroz, como se fossem guerreiros de outra época, determinados a lutar até a morte se necessário.

O primeiro guerreiro, posicionado próximo às paredes do corredor, empunha uma grande haste de madeira requintada. A ponta da haste é rematada com uma peça pontiaguda de ferro, atravessada por uma lâmina semelhante a um machado. Esta é uma alabarda feita de um metal negro desconhecido, imbuída de um poder destrutivo capaz de abater qualquer inimigo que ouse enfrentá-lo.

O segundo guerreiro não usa elmo, e sua cabeça é vista claramente no meio do grupo. Ele segura em seu braço esquerdo um escudo torre que cobre boa parte do corpo, oferecendo uma defesa sólida contra qualquer ataque inimigo. Sua espada é uma arma viciosa de lâmina vermelha, com a cor resultante da oxidação da ferrugem. No entanto, o destaque desta espada é seu lindo punho negro azeviche, que parece emitir uma energia sombria e misteriosa, aumentando ainda mais o temor que este guerreiro inspira.

O terceiro guerreiro encontra-se ao lado do quarto indivíduo, que possui um corpo esquelético e uma aparência macabra. Em suas mãos, o terceiro guerreiro empunha duas armas de cabos de madeira preta e sólida, com algumas marcas de arranhões na superfície. No topo dessas armas, duas grandes bolas de aço são visíveis, com pinos pontiagudos que se revelam maças de batalha.

A habilidade do terceiro guerreiro com essas armas é impressionante. Ele as maneja com destreza, fazendo com que as maças girem em alta velocidade, capazes de quebrar ossos e esmagar crânios com facilidade. O som produzido pelas maças ao se chocarem com as colunas de pedra do corredor é ensurdecedor, aumentando ainda mais a tensão no ambiente.

Com passos firmes como rochas, a comitiva segue em direção à sala inicial da masmorra, liderada pelo indivíduo que empunha o escudo torre. A quarta figura, cujo corpo é esquelético, apressa-se para chegar à frente do grupo e, num gesto brusco, ergue seu braço ósseo no ar, para interromper o movimento dos demais.

Suas órbitas oculares vazias observam o ambiente ao redor, em alerta para algum perigo iminente.

Um capacete de metal adornado com um pino no topo é a única peça de armadura da figura esquelética que caminha junto à comitiva, ostentando em sua mão um arco que emana uma sutil aura gélida. 

Ao avistar um movimento na sala à frente, interrompe os passos dos seus companheiros com um gesto brusco, seus ossos rangendo ligeiramente enquanto ergue a arma para ficar pronta para atirar. Seus olhos vazios fitam a escuridão à frente.

Demonstrando uma expressão desprovida de emoções em seu rosto ósseo, a figura esquelética eleva o arco acima de sua cabeça, simultaneamente, erguendo o braço esquerdo para adotar uma posição de arquearia. 

Com movimentos precisos e cuidadosos, o esqueleto, envolto em sombras, puxa a corda do arco até o limite, enquanto um brilho azul e gélido surge na posição em que seus dedos seguram a corda. Uma flecha de cristal glacial, — uma flecha mágica, é formada.

No momento de tensão e silêncio, o arqueiro não perde tempo e com habilidade e destreza, solta a corda do arco com fluidez e precisão, impulsionando a flecha em alta velocidade em direção ao alvo.

A flecha mágica voa velozmente pelo ar, deixando para trás um rastro congelante e formando um caminho perfeito. 

A aura gélida que emana pela flecha cria um arco de neve ao seu redor, congelando rapidamente todo o ar quente que atravessa seu caminho. Assim, o trajeto da flecha se transforma em uma série de pequenos flocos de neve, que flutuam no ar como se estivessem dançando.

Após o lançamento certeiro da flecha de cristal glacial, o alvo escolhido pelo arqueiro esquelético é marcado com precisão. Entretanto, por uma esquiva desesperada e pouco habilidosa, a pessoa em questão se joga ao chão, — evitando a flecha por meros centímetros.

Ao notar que a pessoa almejada escapou da flecha, o esqueleto arqueiro fecha o semblante ossudo e se apressa em adentrar no espaço acompanhado de seus colegas, expondo-se completamente para a meio-elfa que está presente.


Observando com olhos estreitos as quatro figuras que adentram no local, Evangeline revela um semblante de desgosto com a situação. Ela ainda não completou nem uma hora de sua recuperação de mana e, antes mesmo de estar pronta, um grito estridente a interrompe. Logo em seguida, quase é atingida por uma flecha desconhecida.

‘’Nem ferrando… de onde saíram esses caras?’’

Evangeline fixa seu olhar minuciosamente nas figuras à sua frente, analisando cuidadosamente cada detalhe de seus equipamentos. Ela percebe diferenças sutis em relação aos adversários que enfrentou recentemente.

Os três soldados armados chamam atenção por possuírem armaduras completas, que parecem ser feitas de materiais de alta qualidade. Diferentemente dos dois primeiros zumbis, que usavam apenas um peitoral de ferro e uma manopla, esses soldados estão completamente equipados para uma batalha intensa e duradoura.

— Tsk! É serio que terei que enfrentar esses quatro? E um deles ainda sendo um fodido arqueiro?

Estalando a língua com grande indignação, Evangeline aproveita da falta de movimentos dos seus convidados para dar alguns pulos para a retaguarda, com o intuito de distanciar-se o mais rápido possível deles.

Entretanto, a figura esquelética que porta o arco, recusa-se a deixá-la escapar desta vez, dado o seu último erro. Ele tenciona o arco com grande rapidez e dispara uma segunda flecha gélida, em alta velocidade, determinado a acertar seu alvo desta vez.

Antecipando o segundo ataque do projétil, Evangeline se prepara para o impacto e posiciona suas esferas de fogo em sua frente. Ela forma uma barreira protetora com as bolas de fogo, que derretem a flecha antes que ela a atinja. 

Após se afastar do quarteto perigoso, a jovem rapidamente se recompõe e assume sua postura de combate, com as adagas prontas para o ataque. Ela mantém seus olhos fixos no arqueiro, que mais uma vez tensiona o arco, se preparando para soltar outra flecha

— Tá me tirando. Só pode ser sacanagem…

Uma veia pulsa ferozmente na têmpora esquerda da meio-elfa, enquanto ela observa atentamente o arqueiro que a mira com seu arco. Ela aprende da pior maneira como arqueiros são incrivelmente importunos quando estão atrás de um único alvo, e agora se sente como o animal que tentou caçar anteriormente, encurralado e prestes a ser abatido.

”Que merda, hein… Tô parecendo com aquele taelho agora…”

Porém, um detalhe chama a atenção da meio-elfa: o modo como o arqueiro esqueleto dispara suas flechas.

Normalmente, um arqueiro leva consigo uma aljava repleta de flechas para garantir um suprimento constante. Evangeline também havia feito isso anteriormente. No entanto, há algo de incomum nesse esqueleto de semblante inexpressivo: Ele não carrega nenhuma aljava ou flecha em suas mãos ossudas. Então, de onde vem essas flechas que dispara com tanta precisão?

A mente de Evangeline é invadida por uma questão que parece não ter resposta. O arqueiro esquelético continua a disparar flechas contra ela, mas em nenhum momento a meio-elfa o observou retirá-las de algum lugar.

De repente, enquanto o esqueleto tensiona a corda do arco, uma luz azul fraca, acompanhada por uma aura gélida, chama a atenção da jovem. Ela reconhece imediatamente do que se trata aquilo.

”Espera! Aquilo é um feitiço? Ele ta invocando as flechas? Será que é um arco encantado? Como tem armas encantadas aqui? Não pode ser…”

Diversas reflexões inundam a mente de Evangeline em questão de instantes. A possibilidade de haver armas encantadas na masmorra a perturba profundamente. Se tais armas existem dentro deste lugar, isso pode significar que a origem dos encantamentos ensinados a ela pode ser um equívoco completo. E se essas armas encantadas existem aqui, certamente foram criadas pela masmorra ou trazidas de fora.

Mas o que a surpreende ainda mais é a capacidade que essas armas encantadas podem ter, como o arco que cria flechas infinitas do nada. É um tipo de encantamento que ela nunca imaginou ser possível.

Então a flecha se forma.

Evangeline se prepara para mais uma vez esquivar da flecha do arqueiro esquelético, mas é interrompida quando um pedaço de rocha é lançado em sua direção. A jovem consegue se desviar facilmente do projétil, mas logo se concentra em um novo alvo… 

Uma flecha vindo em sua direção.

Um sorriso confiante toma conta do rosto de Evangeline, enquanto ela zomba do arqueiro e se esquiva novamente. No entanto, o sorriso se desfaz rapidamente quando ela percebe a aproximação veloz de três sentinelas da morte em seu encalço.

Ao notar a aproximação do trio, a jovem arqueia as sobrancelhas em surpresa, pois é a primeira vez desde que chegou naquele lugar que vê um trabalho em equipe tão bem orquestrado.

”Parece que esses três não vão só observar minha luta como o outro fez. Então concluo que eles são do mesmo tipo que o primeiro zumbi que me atacou… Logo… não preciso me conter em ter que destroçar cada um deles.”

Um lampejo rápido de aço negro seguido por um poderoso vento corta o ar em alta velocidade em direção a meio-elfa, que se esquiva por pouco, perdendo alguns fios de cabelo de sua franja em resposta. No entanto, antes que ela possa se recuperar, uma espada avança em alta velocidade da esquerda para a direita, mirando perfeitamente em seu pescoço e impedindo sua fuga imediatamente.

Evangeline mantém seu foco na lâmina que corta o ar em sua direção, rapidamente elevando suas adagas com um brilho sutil azul que as envolve. Com habilidade, ela golpeia consecutivamente o ataque do zumbi de armadura, desacelerando-o e ganhando uma fração de segundo para esquivar-se e fugir dos dois inimigos.

Uma gota gordurosa de suor escorre pelo canto do rosto da jovem enquanto ela observa atentamente o grupo de inimigos que se aproxima. Diferente da dupla anterior, essa equipe possui movimentos consecutivos e coordenados entre eles, o que a faz pensar que terá um desafio ainda maior pela frente. No entanto, Evangeline não se deixa abalar e se prepara para enfrentá-los com toda sua habilidade.

— Eles lutam perfeitamente em grupo, cobrindo um ao outro e me ofuscando de mirar no arqueiro. Porém eles não parecem possuir consciência ou comunicação entre eles para isso… Parece até que são…

Enquanto tenta concluir sua fala, a jovem é abruptamente interrompida por um vulto metálico que se dirige em sua direção a toda velocidade.

Ao perceber que se trata do terceiro membro do grupo armadurado, portando maças de batalha com pinos afiados, ela mal tem tempo de se esquivar do ataque iminente. Infelizmente, a jovem falha em evitar o golpe, sendo atingida pela maça, que acerta em cheio o centro de seu abdômen. O impacto é tão forte que rompe imediatamente sua proteção de mana, produzindo um som semelhante ao de vidro quebrando.

Como uma marionete desgovernada, a jovem é arremessada pelo ar com grande velocidade pelo impacto da maça, parecendo não ter controle de seu corpo. Seu corpo se choca com a coluna atrás dela, causando uma colisão violenta, e fazendo com que ela expulse um grande volume de sangue pela boca.

O sabor de ferro característico invade sua boca, misturado com as lágrimas pesadas que brotam de seus olhos, devido à dor excruciante que queima em seu abdômen.

Enquanto a dor persiste em seu corpo, a jovem se ajoelha, uma mão segurando firmemente sua barriga, enquanto sua expressão é uma mistura de angústia e cansaço.

Ao observar o trio de sentinelas da morte avançando em sua direção, ela percebe que precisará usar todos os recursos que tem para sobreviver. No entanto, uma lembrança repentina surge em sua mente quando a morte se aproxima… 

As palavras da dríade sobre os draugrs.

‘’— Os draugrs nada mais são que aventureiros que perderam suas vidas dentro da masmorra. Porém essa masmorra não é igual ao resto, ela abriga a aura da deusa da Morte, Frua. Por eles morrerem por causa da ganância de recuperar o colar, a deusa Frua não aceitou suas almas no pós-vida, deixando a alma e o corpo morto deles para trás. Criando os monstros conhecidos como draugrs.’’

”Se eu morrer nesse lugar… eu vou me tornar um… draugr… ”

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