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O céu é percorrido por uma paisagem cinza poderosa. As árvores, com suas folhas verdes como esmeraldas, farfalham sob a alta densidade do frio ar que corre na copa das árvores.

Animais de pequeno porte começam a sair de seus abrigos gradualmente enquanto observam a área mais próxima ao solo úmido.

No alto de uma árvore, um grupo de esquilos se reúne em um toco e olha para fora, notando que a densa chuva de outrora desapareceu, mesmo que ainda esteja chuviscando.

De repente, outra forte brisa atravessa as árvores da floresta, trazendo consigo um odor característico de terra molhada e orvalho, — enchendo as narinas dos esquilos de vigor e felicidade.

A pequena família de esquilos começa a se preparar para sair de suas tocas, colocando as pequenas patas no galho grosso do lado de fora e observando a vasta vegetação esmeralda do local.

Nesse momento, não só eles, mas também outros animais de pequeno e médio porte, saem de seus abrigos.

A chuva que antes os assustou e os obrigou a se proteger não está mais presente, dando-lhes a oportunidade de voltar para suas tocas e talvez continuar suas caçadas por alimentos antes do clímax do inverno chegar.

Em contraste aos animais, o povoado do vilarejo, que faz periferia a floresta, revela expressões firmes e alegres ao passarem pelas ruas de terra, — com algumas poças bem grandes de lama, carregando seus pertences nos braços.

Muitos ali presentes estão esperando a chuva cessar para finalmente retornar a suas casas, enquanto outros só observam a maravilhosa música das cacofonias das gotas que a chuva realiza em seus ouvidos, — como um perfeito soneto realizado pela natureza.

No vilarejo não possui muitos trabalhos em que são estragados devido à chuva, dado as pequenas terras que plantam hortaliças, — que dependem exclusivamente dela para sobreviver. Este é o fator primário na origem deste local, próximo à floresta, que abriga animais de pequeno porte para comida e artesanato, e o rio, que cruza entre ambos, que possui água para o plantio e higiene.

No meio da movimentação das pessoas pela rua enlamaçada e úmida, uma bela mulher jovem, de longos cabelos pretos, presos em um rabo de cavalo comum, — que veste uma blusa comum branca e uma calça de couro marrom, revela um carismático sorriso no rosto, — chamando a atenção de algumas pessoas próximas.

No processo que passeia entre o povoado, esta é cumprimentada por acenos, algo que ela responde com toda a empolgação de volta.

Durante sua caminhada, esta bela mulher carrega em seu aperto um saco de pano, comumente usado para guardar batatas, amarrado com um barbante simples na boca. Ela o segura com grande aperto e cuidado, — tratando-o como se fosse um recém-nascido em seus braços.

Após um breve momento, um fio dourado de luz cruza seu caminho, — fazendo-a parar e admirar tal coisa.

Olhando para o céu, ela percebe que as nuvens escuras que percorrem todo o espaço celeste, começam a se dissipar vagarosamente, — revelando diversos raios dourados do sol como resposta.

De pouco a pouco as nuvens regridem junto à forte brisa que as carregam para bem longe. Até que por fim, um vasto céu alaranjado mostra-se aparente para todos na rua.

Pesados suspiros de agrado surgem por todo o local.

Os admiradores, — os aldeões, ficam impressionados com a beleza que a natureza lhes entrega diariamente. Contudo, o mais destacante no céu alaranjado, é o seu incrível arco de sete cores, — percorrendo todo o vilarejo, — como uma ponte que liga a terra ao paraíso.

Após observar tamanha magnitude natural com os olhos, a bela moça enche-se de empolgação, apertando mais ainda o saco nos braços, além, é claro, de aumentar os passos para o seu destino.

Passo após passo ela segue rumo ao seu destino, — sendo cumprimentada por alguns e analisada por outros a distância.

Ela para subitamente e observa uma grande construção à sua frente. A construção tem dois andares, com uma pequena janela na frente que mostra uma lojinha no interior e uma escada que possivelmente conduz ao segundo andar. A loja pertence à ferreira da vila, Anastácia Lingothar, — a pessoa que está segurando o saco nas mãos.

Sem muita enrolação, Anastácia entra em sua casa e segue em direção ao interior dela. Ela se aproxima da entrada de sua oficina e verifica se as portas de aço estão trancadas.

Um sinal de sobrancelha erguida fica aparente ao notar as portas trancadas, logo após um sorriso aparece em seu rosto.

Depois de confirmar isto, ela olha para o balcão à sua frente e percebe uma moeda de prata com um brasão de um machado, além disso, logo abaixo, um pedaço de papel rasgado.

Se aproximando do local, ela coloca o saco em cima do balcão e se move em direção ao pedaço de papel.

Pegando a moeda de prata e guardando-a no bolso da calça, ela recolhe o papel e lê-o imediatamente.

— “Mãe Anastácia, a loja principal, junto a oficina, está arrumada como pediu. Também tomei liberdade de trancar a oficina, deixei a chave no quarto da senhora. Se perguntar onde estou, certamente estou no meu quarto a esta hora. Já jantei adiantadamente, não precisa se preocupar. — Assinado, Isabel.”

Anastácia sente um semblante feliz surgir em seu rosto após ler o pequeno bilhete de sua filha Isabel. Ela se alegra por ter alguém como Isabel ao seu lado como filha, uma garota comprometida e inteligente, tanto em estudos normais quanto em mágicos.

Olhando para a bolsa de pano que repousa no balcão, a ferreira a agarra e segue em direção à escadaria de madeira atrás de si, começando a subir rapidamente.

Ao chegar em um corredor médio, Anastácia avista três portas, uma à esquerda e duas à direita, — estes são os quartos do local, uma para visitas e outros dois para Isabel e ela.

Ao chegar no último degrau, a ferreira retira os sapatos e os encosta no canto, próximo a outros dois sapatos brancos. Então, ela caminha em direção ao último quarto do corredor, que possui uma porta de cor azul-claro, — o quarto de Isabel.

Parada ao lado da porta, ela encosta a orelha na superfície amadeirada para escutar o que sua filha está fazendo.

Alguns minutos se passam e nada. Nenhum ruído surge de dentro do local, — surpreendendo um pouco a ferreira com a prática que a garota tem ao estudar.

”Ela deve ter se concentrado mais no estudo agora, depois que a senhorita Evangeline disse aquilo…”

Após aprender que sua mestra, Evangeline, não irá levá-la junto, Isabel entrou em um pesar absoluto. Naquele momento, ela sentiu que todo o trabalho que teve em se fortalecer seria em vão. Todavia, isso não durou por muito tempo. Evangeline naquele mesmo momento a incentivou a melhorar ainda mais suas habilidades mágicas, ressaltando que estava impressionada com o progresso que ela teve e prometendo que estaria disposta a ouvi-la na próxima vez que ela ficasse mais forte.

”Espero que ela não se esforce demais. Isso é muito bom, mas… sinto que ela não é mais aquela criança que brincava com as outras… Ela amadureceu muito rápido…”

Uma vez que Isabel começou seu treinamento, ela abandonou todo o tipo de distração anterior, como brincadeiras com as outras crianças do vilarejo, — deixando Anastácia um pouco triste com essa situação, afinal, crianças deveriam aproveitar a juventude.


A ferreira recua a cabeça da porta e finalmente revela suas batidas.

TOC, TOC, TOC!

Suaves batidas com som de madeira ecoam pelo corredor quieto. Poucos instantes se passam e uma voz límpida ressoa do lado de dentro.

— Pode entrar, mãe Anastácia.

De primeiro momento, Anastácia se surpreende com a dedução certa de que é ela batendo a porta. “Como ela sabe que sou eu batendo?” Esse questionamento passa como um foguete em sua mente, só para depois concluir que-

”Argh… Fracamente, somente eu moro aqui com ela….”

Um sorriso amargo e sem graça se revela no rosto da bela moça, que segura a maçaneta da porta em seguida, girando-a para o seu lado e abrindo lentamente a porta, com um rangido característico de madeira ressoando-a no lugar.

Depois disso, Anastácia adentra sem muitos rodeios no quarto e, sem prestar muita atenção na figura calma sentada no chão a sua frente, rapidamente fecha a porta do quarto e vira-se em seguida para Isabel.

Observando a garota de cabelos brancos que revelam um tom prateado com os raios do sol pela janela, nota uma pequena torre de livros ao redor dela.

”Uma… duas… três… quatro… cinco! Cinco torres de livros?! Como ela leu tudo isso em poucos dias?”

Impressionada com a capacidade de leitura de sua filha, observa novamente a pequena, que abriga uma aura calma em volta do corpo.

”Mesmo não sendo boa com magia e muito menos tendo a capacidade de sentir o poder dos outros, qualquer um, em sã consciência, conseguiria notar essa aura ao redor dela.”

Não é visível para a ferreira, mas ela enxerga uma pequena ondulação no espaço em volta da jovem garota sentada no chão, algo semelhante a uma onda tremulante que as altas doses de calor fazem em contato com solo em climas áridos e quentes.

Pegada de surpresa com a cena impressionante de sua filha, Anastácia fica com uma expressão de êxtase por alguns longos minutos.

Isabel dirige suas palavras a ela, quebrando completamente o silêncio do local:

— Mãe Anastácia, o que a senhora precisa?

Com os olhos ainda fechados e em posição de lótus no chão, Isabel questiona Anastácia sobre a visita. Anastácia responde com certa hesitação:

— Eh… ah… eu… Uhum! Bem… vim aqui para lhe dar algo… um presente! Eu sei que seu aniversário é daqui a uma semana, mas eu não consegui esperar para entregar. Então, espero que goste.

Isabel abre rapidamente os olhos, revelando um vasto azul safira profundo para Anastácia, que levanta as sobrancelhas, — surpresa com a intensidade da cor. Porém, não é só a cor que chama a atenção de Anastácia, mas uma poderosa pressão sutil que cruza todo o seu corpo como uma espécie de formigamento.

”Mas… o que este sentimento…?”

Isabel descruza as pernas para se levantar, pondo as mãos nos joelhos e erguendo-se rapidamente. Anastácia observa algo em sua silhueta que chama mais ainda a sua atenção.

”Ela… cresceu?!”

De fato, Isabel está um pouco maior que antes, alguns centímetros a mais. No entanto, não é só o tamanho que mudou nela, seu corpo infantil quase não se mostra presente nesse momento.

”Ela parece uma adolescente… mas ela ainda tem 10 anos… Mesmo que ela vá fazer 11 daqui a uma semana, não explica como ela mudou assim tão rápido!”

Observando o presente nas mãos de sua mãe, Isabel dá um passo para frente, mas Anastácia, ainda um pouco assustada com a mudança em Isabel, dá outro para trás. Isso surpreende a garota, que a questiona com uma expressão duvidosa:

— Eh…? Algum problema, mãe?

Sem dizer uma única palavra, Anastácia agita ferozmente a cabeça, respondendo afirmativamente.

— E… o que seria? Estou fedendo? Suja…?

Semelhante a antes, ela chacoalha a cabeça negativamente durante as suposições.

Elevando uma das sobrancelhas em dúvida, Isabel tenta saber o que há de errado com ela, — olhando para si de cima a baixo procurando por algo de estranho, visto que ela não nota diferença nenhuma.

— Mãe Anastácia, se tem algo de errado comigo, por favor, me diga…

— Argh…

Um pesado suspiro invade o local.

Toda a situação que a fez se impressionar uma vez após a outra a deixara sem palavras e, por causa disso, agora Isabel aparenta estar triste.

— Me desculpe por isso… mas não parece ser algo… muito sério… eu acho…

— E o que seria?

— Bem… seu corpo… Coff! V-você… como eu posso dizer isso…? Você… cresceu um tanto, desde ontem…

— E-e-eu… c-cresci?

Olhando agitadamente para o corpo, Isabel não encontra nada de diferente, — tateando, apertando até esfregando o corpo agitadamente.

Depois dessa agitação toda, ela guia-se para próximo da cama, que lá abriga um espelho médio.

Parando em frente ao espelho, a garota nota que sua altura está maior que antes, além de…

 — P-p-peitos?

— Não estão tão desenvolvidos, mas você entende por que eu me afastei quando se aproximou agora pouco?

— Ma-mas eu… não me sinto diferente…

Colocando a mão no queixo, Anastácia realiza uma expressão ponderativa, tentando bolar algo para solucionar este caso.

— Eu nunca vi nada assim antes… crescimento espontâneo… Até seria plausível se você fosse uma… não, não… Talvez eu pergunte aos meninos se eles sabem sobre isso.

Virando rapidamente o olhar para sua mãe, — ainda com as mãos nos minúsculos seios, Isabel, um pouco atônita com a situação atual, a questiona sobre os tais meninos.

— Os professores? Eles devem saber sobre isso, mas duvido um pouco…

Olhando para o saco de pano em sua mão, Anastácia se lembra que viera todo a sorrisos para casa para poder surpreender sua querida filha, porém o contrário aconteceu.

— Argh…! Pensando que eu que iria te surpreender e você me apronta uma dessas… Bem, de todo o modo, aqui está o que eu disse. Espero que goste.

Erguendo os braços, Anastácia revela a bolsa de pano comum para Isabel que, invés de achar estranho o saco de batatas como presente, — eleva as sobrancelhas em resposta, ao sentir uma extrema concentração de poder dentro do mesmo.

— Quanto mana… O que é isto?

Segurando com grande cuidado após recebê-lo, ela pergunta sobre a origem do objeto.

— Digamos que é um presente meu e da senhorita Evangeline. Bom, ela não sabe exatamente que eu dei a você, mas pode se dizer que é nosso presente sim. Afinal, ela deu para mim e eu estou dando para você agora.

— Um presente da mestra…

— E meu… 

Observando um largo sorriso se aflorar no rosto de sua filha, Anastácia se abstêm ao se interromper de continuar.

— … Ah, esquece… Espero que aproveite. Até lá, procurarei pelo meninos para me explicar sua situação.

Explicando qual será seu próximo passo para sua filha, Anastácia se depara com Isabel completamente hipnotizada pelo presente que recebera dela, — fazendo-a revelar um sorriso no rosto. Contudo, enquanto observar a felicidade de Isabel, surpreende-se com o que ela diz.

— Um presente… da mestra Evangeline…

Nesse momento, seu sorriso torna-se amargo. Sua filha a ignorou completamente após aprender sobre a origem do presente dela.

”Ai…ai… fazer o quê? A senhorita Evangeline é muito mais carismática do que eu, não há como competir… É melhor eu me apressar e resolver isto logo. Como já se viu uma criança virar uma adolescente em um dia?”

Abrindo a porta do quarto, Anastácia, — balançando a cabeça em desapontamento, dá de ombros sobre o que Isabel está fazendo, — ao sair do local e dirigir-se para fora de casa.


Em contraste com a pressa que abriga no rosto de Anastácia ao aprender sobre a situação atual de sua filha, Isabel, em seu quarto, ainda porta uma expressão hipnotizada para com a bolsa de pano em mãos, — que emana uma grande quantidade de mana natural.

Ignorando totalmente a situação passada sobre o seu corpo, a jovem garota retorna para o assento no chão, apoiando o saco no piso para sentar-se adequadamente. 

Cruzando as pernas uma sob a outra, a garota realiza novamente uma posição de lótus, — comumente usadas pelos magos para meditar e praticar controle de mana, entre outras atividades. 

Ao pôr as mãos sob o saco de pano, ela desamarra o barbate na boca do mesmo com grande cuidado, até que de dentro, um brilho verde característico se reflete para fora. 

Observando tal coisa, a garota põe a mão no interior do saco e retira de lá o núcleo da besta mágica, — derrotado anteriormente por sua mestra no hall da masmorra.

Observando atentamente o núcleo esférico de aparência translucida, — que revela um brilho verde único, Isabel sente que algo começa a se formar no interior do mesmo. 

Neste instante, uma poderosa energia explode de dentro para fora do núcleo, sobrepujando todo o quarto da garota em uma pressão esmagadora de poder mágico. 

Nessa situação, magos de baixo calibre desmaiam com tal pressão, enquanto outros ficam completamente impotentes com o poder esmagador, — perdendo muito do vigor no processo. No entanto, diferente desses magos, Isabel não demostra nenhuma dessas ações, — apenas revelando algumas gotas de suor, escorrendo por suas bochechas rosadas de empolgação.

O brilho de seus belos olhos azuis, cintilam alegria e animação ao observar tamanho presente em suas delicadas mãos. 

”Obrigada, mãe Anastácia e mestra Evangeline. Desse modo, ficarei muito mais forte antes mesmo da mestra retornar.”

Colocando o saco de pano ao lado, no mesmo momento ela apoia o núcleo nas pernas, — pondo as duas mãos em cima do mesmo. 

Após breves segundos, Isabel fecha os olhos e realiza uma espécie de respiração coordenada.

Uma breve aura surge do interior da garota no quarto, engolfando todo o corpo dela com um brilho semelhante ao do núcleo, entretanto, este verde possui um reflexo metálico único.

A poderosa corrente de mana em todo o quarto começa a regredir para o interior do núcleo de mana, deixando-o apenas com o brilho verde, — aceso como uma lâmpada.

De pouco a pouco, o brilho do núcleo diminui no mesmo momento que a aura da jovem torna-se mais densa com o passar do tempo. Até que por fim, o núcleo revela uma rachadura sutil na superfície, guiado de outras duas. Finalmente rachando-se por completo e, desfragmentando em uma areia brilhosa de vidro moído.

Após alguns segundos, o pó se desfaz no ar, — voando próximo ao rosto tranquilo de Isabel, que no momento seguinte revela um sorriso.

Abrindo os olhos após a isto, uma poderosa concentração de mana preenche o local, sobrepujando as mobílias do quarto que caem com a densa pressão, junto de um brilho vicioso, emanado dos olhos azuis dela.

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