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Capítulo 73.3 ❃ A Evolução.

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A escuridão se espalha pelo mundo conforme a noite toma conta, e o sol desaparece no horizonte, deixando para trás um rastro de chamas ardentes e tons alaranjados.

Uma das luas emerge lentamente no horizonte, penetrando suavemente o céu tingido de laranja e transformando-o em um oceano de matizes azulados e púrpuros. A fusão de cores incomuns e a deslumbrante beleza da lua turquesa deixam os espectadores sem palavras, mergulhados na contemplação da maravilha da natureza que se desenrola diante de seus olhos.

O clima ameno que outrora reinava cede lugar a uma leve brisa fria, que se intensifica além da normalidade, porém ainda oferecendo um conforto acolhedor. Neste momento, a noite traz consigo a fortaleza do inverno, envolvendo toda a planície com um manto de ar gélido e emanando uma aura enigmática e cativante. A paisagem se metamorfoseia em um cenário digno de um devaneio, capaz de cativar a atenção e enlaçar o coração dos observadores por horas a fio.

À medida que o sol se afunda no horizonte, os habitantes da pequena aldeia recolhem-se em suas moradas, buscando abrigo e aconchego.

O céu é invadido por uma tapeçaria de tons dourados, rosados e lilases, que se estendem por toda a paisagem. Gradualmente, as luzes das lanternas dos postes vão se extinguindo, mergulhando as ruas em uma serenidade silente.

As casas ganham um ar acolhedor, com janelas que se fecham e cortinas que são puxadas, como se protegessem seus moradores do desconhecido que paira lá fora. O crepúsculo derrama um manto de tranquilidade sobre a vila, enquanto os sons da natureza ecoam suavemente, criando uma sinfonia noturna que embala os sonhos dos que se entregam ao sono.

À medida que a escuridão se adianta, pequenas chamas ganham vida nas lamparinas das casas, espalhando pontos de luz em meio à penumbra iminente. Nos modestos lares, velas e tochas são acesas, lançando um brilho tênue que desafia as sombras aglomeradas nas paredes.

O aroma de madeira queimada e cera derretida permeia o ar, evocando uma sensação de calor e acolhimento, mas também lembrando os perigos que espreitam além dos limites domésticos. O vilarejo repousa em uma tranquila serenidade, apenas interrompida pelo canto dos grilos e o murmúrio dos animais noturnos que emergem das sombras.

Dentro de seus aposentos, os aldeões se aninham em seus cobertores, deleitando-se com o conforto e a segurança que seus lares oferecem, enquanto observam a noite se desenrolar, envolvendo-os em seu manto enigmático.

Os jovens agricultores se despedem enquanto os demais prosseguem espalhando as sementes na terra. Balmor, o líder e proprietário da maioria dos campos, observa à distância, sentado em sua cadeira próxima à cerca de madeira.

Um sorriso de satisfação se alastra pelo rosto do homem de meia-idade. Ele sente uma alegria profunda pelo presente recebido de sua neta adotiva, Evangeline. Graças aos cavalos que ela lhe concedeu, o processo de arar o campo após a colheita se tornou surpreendentemente ágil, permitindo que os jovens descansassem em turnos regulares.

“Devo expressar minha gratidão mais uma vez quando retornar. A ideia de utilizar os cavalos para arar o campo revelou-se verdadeiramente brilhante!”

Contrapondo-se à agitação do trabalho nos campos, uma sensação de paz permeia a área. As pessoas recolhem-se em suas humildes moradias, acendendo as lanternas para iluminá-las. O ambiente adquire uma atmosfera tão íntima e onírica que parece pertencer a um sonho, onde a única essência é a beleza da simplicidade.

Imerso em seus pensamentos, o homem ergue os olhos para o céu noturno, contemplando extasiado a deslumbrante lua turquesa, que emana uma luz própria. Seus raios prateados banham o vilarejo, difundindo uma sensação de serenidade e calma que permeia todo o entorno.

O ar gélido do inverno parece envolvê-lo, proporcionando um aconchego reconfortante. Nesse cenário de tranquilidade, o homem sente-se imensamente grato pela vida que leva e pela oportunidade de apreciar momentos como este, onde a natureza é capaz de presentear tamanha beleza e serenidade.

Os delicados feixes de luz prateada deslizam suavemente pelas frestas das janelas, adentrando as casas e estabelecimentos do pitoresco vilarejo. Onde antes dominavam as sombras, agora se estabelece uma luminosidade dócil e serena, capaz de acalmar os corações dos seus habitantes.

Cada janela é agraciada pelos raios prateados, transformando a escuridão em uma atmosfera serena e tranquila. É como se a própria natureza envolvesse o vilarejo em um manto de paz, aplacando preocupações e fazendo com que os infortúnios do cotidiano se tornem pequenas insignificâncias diante da beleza desse momento.

Dentre as casas, uma delas se destaca pela intensidade da luz prateada que irrompe por uma de suas janelas. Diferente das demais residências, esta habitação não está completamente iluminada, mas banhada por um suave brilho em um dos quartos.

Ao adentrar nesse cômodo, uma jovem de longos cabelos brancos e olhos azuis como safiras caminha com graciosidade, arrumando o espaço que aparenta ter sido desorganizado por ela mesma. A luz prateada parece abraçar sua figura, realçando sua beleza e emanando uma aura de serenidade que a envolve.


3º dia do mês, Grande Inverno. Residência Lingothar – 08:35 PM. 

Após finalizar o arranjo da última peça de mobília, — uma escrivaninha branca de madeira, ela ergue com facilidade uma cadeira de braços do mesmo material e a coloca cuidadosamente ao lado. Um breve olhar ao redor revela que a desordem que antes dominava o quarto agora desapareceu por completo. Uma sensação de satisfação percorre seu ser, permitindo que ela retome seu precioso processo de estudo mágico.

Movendo-se com graciosidade em direção ao centro do quarto, a jovem se aproxima de uma pilha de livros. São oito, talvez dez volumes, cada um adornado com capas únicas e detalhes meticulosos. Com cautela, ela se agacha e ergue a pilha de livros, levando-a consigo até o canto do aposento, onde uma estante de madeira branca aguarda sua chegada.

No entanto, em contraste com a ordem exemplar do quarto, a estante está repleta de conteúdo. Livros se acumulam no topo, amontoando-se ao redor, criando uma verdadeira confusão literária.

Ao dirigir-se ao canto da estante, a jovem posiciona cuidadosamente a pilha de livros ao lado. Em seguida, ela se aproxima da mesa próxima à estante, onde cinco livros repousam em ordem.

Ao examiná-los, um leve franzir de testa se forma em seu rosto, expressando sua insatisfação. A mão se apoia no queixo, refletindo sobre a situação.

— Ahh…!

Um suspiro pesado escapa de seus lábios, revelando sua decepção ao perceber que aqueles são os últimos livros que ainda não leu. A frustração é palpável, uma vez que praticamente esgotou todos os volumes que ensinam magia em sua escola.

“Parece que minha jornada de leitura chegará ao fim com esses daqui.”

Seus pensamentos ecoam interiormente.

“Bem, talvez eu peça à minha mãe, Anastácia, para me levar à cidade mais próxima e comprar mais livros. Sim, vou terminar de ler esses aqui e aprimorar ainda mais minha magia, para que eu possa auxiliar meu avô Balmor de maneira ainda mais eficiente e, quem sabe, ser recompensada com um novo livro.”

Com determinação renovada, ela toma a decisão, vislumbrando um futuro repleto de conhecimento e aventuras mágicas.

PUM…PUM…PUM…

A jovem de cabelos brancos para por um instante ao escutar passos se aproximando do quarto, vindos do corredor. Ela fecha os olhos rapidamente e concentra-se em sintonizar com o mana da pessoa que se aproxima em companhia de sua mãe.

Com sua habilidade mágica aguçada, ela é capaz de discernir a identidade da segunda pessoa, reconhecendo imediatamente quem está chegando junto com sua mãe.

”Professor Lukas? Então ele veio acompanhado pela mãe Anastácia?”

Poucos minutos se passam e batidas ressoam na porta do quarto, anunciando a chegada dos visitantes.

TOC! TOC! TOC!

”Parece que a mãe Anastácia trouxe o professor Lukas para verificar minha condição. Ela está genuinamente preocupada com isso… Melhor eu atendê-los antes que a ansiedade dela aumente. O mana dela ficou tão turbulento desde que ela saiu do quarto naquela ocasião…”

Abandonando o livro na pequena mesa, Isabel responde às batidas de Anastácia do outro lado.

— Mãe Anastácia? O senhor trouxe o professor Lukas para compreender minha situação?

— Sim, o trouxe para ver e explicar o que aconteceu com a seu corpo. Espero que você não se importe.

Uma voz abafada responde do lado de fora em resposta à questão levantada por Isabel, que agora observa seu próprio corpo após as palavras de sua mãe.

No instante seguinte, ela responde com uma voz compreensiva.

— É claro que não, por que eu me importaria? A senhora parece bastante preocupada com isso. Portanto, compreendo suas ações.

”Espero que isso a ajude a relaxar um pouco, se ela entender o que aconteceu comigo…”

Ela pensa, preocupada com o bem-estar de sua mãe.

— Muito bem. Entrarei agora.


Do lado de fora, Anastácia começa a abrir a porta do quarto lentamente, enquanto Lukas aguarda um pouco distante da entrada.

Ajeitando os óculos no rosto, o rapaz pondera sobre as ações da ferreira em deixá-lo do lado de fora primeiro.

”A situação parece um tanto complicada agora. É compreensível que ela se sinta desconfortável com a ideia de um homem ‘olhando o corpo de sua filha’. Bem, não me importo tanto. Mas o quanto Isabel mudou para que ela haja desta forma?”

Ao girar a maçaneta da porta, Anastácia adentra completamente o lugar, fechando a porta parcialmente enquanto algo a faz hesitar.

Ao entrar no quarto, Anastácia é surpreendida pela mudança na aparência de Isabel. A menina de antes parece ter se transformado em uma jovem mulher, com curvas mais pronunciadas e um semblante mais tranquilo. Anastácia se lembra das brincadeiras que costumava fazer com Isabel e questiona o que aconteceu com aquela menina. Ela sente-se insegura e desconfortável com a nova versão de Isabel.

Mas por alguns instantes, Anastácia tem a oportunidade de admirar a beleza magnífica de Isabel, que é deslumbrante e sedutora. Cada detalhe do corpo da jovem é digno de apreciação: os longos cabelos brancos refletem a luz do luar e conferem nobreza à sua figura; os olhos azuis safiras transmitem uma intensidade que encanta e penetra na alma; a pele pálida e angelical, sem exposição ao sol, complementa a perfeição física de Isabel.

É como se a própria natureza tivesse esculpido Isabel como uma obra de arte inigualável, uma visão deslumbrante que merece ser contemplada por todos os que têm o privilégio de vê-la.

Com um olhar confuso, Isabel questiona sua mãe sobre sua atitude silenciosa e imóvel.

— Mãe Anastácia, está tudo bem com a senhora?

Seus olhos azuis safiras brilham intensamente, mesmo na escuridão, enquanto ela observa sua mãe com atenção, transmitindo claramente sua perplexidade através de sua expressão facial.

A pele pálida de Isabel, tão delicada quanto a seda ao toque, reflete suavemente a iluminação noturna, enquanto seus longos cabelos brancos fluem suavemente com a brisa da noite.

Com voz calma, porém firme, Isabel busca compreender o que está acontecendo, sua curiosidade aguçada pelo desconhecido.

Ao ser abruptamente despertada da sua admiração, Anastácia fica atônita com a transformação que sua filha sofreu em sua aparência.

— O QUÊ!? M-MAS O QUE É ISSO?!

Um grito ensurdecedor e incrédulo irrompe no ambiente, penetrando no quarto como uma lâmina afiada e aguda. O som reverbera com uma intensidade assustadora, espalhando-se em todas as direções com uma velocidade atordoante.

Como se tivesse sido atingido por um raio, Lukas é instantaneamente tirado do seu estado de ponderação e concentração, sentindo seu corpo estremecer diante da força desse clamor.

A onda sonora se propaga pelo corredor e pela casa, ecoando nas paredes e no teto com uma intensidade interminável.

— Senhorita Anastácia, há algum problema aí dentro? Posso…

— Não! Não, não, não… Não entre agora… está… tudo bem…

Interrompendo Lukas antes que ele abra completamente a porta, Anastácia avança rapidamente e a fecha com o peso do seu corpo, — trancando-a.

Com um passo firme e decidido, Isabel se aproxima de sua mãe, fixando seus olhos nela com uma expressão preocupada.

A torrente de mana pulsando em seu interior começa a se agitar novamente, uma sensação à qual a jovem já se habituou. Anastácia claramente não está em seu melhor estado, e sua filha sabe que precisa agir rapidamente para evitar qualquer coisa ruim que possa acontecer.

— Mãe? Você está bem? O que fez você gritar assim?

Anastácia olha diretamente para o rosto de Isabel, ignorando completamente o corpo maduro dela neste momento.

Com um semblante sério e preocupado, ela responde à dúvida levantada pela jovem sobre a sua presença no quarto. No entanto, a composição do mana no interior da ferreira começa a ficar instável novamente, deixando Isabel cada vez mais apreensiva.

— Isabel… você realmente não sente absolutamente nada diferente em relação a si mesma?

Inclinando a cabeça, — simulando uma expressão confusa, Isabel retruca.

— Não, não sinto muita diferença. Talvez um pouco maior do que antes. Por quê? Há algo estranho em mim de novo…?

— Não diria estranho… Mas por favor, olhe-se no espelho novamente…

Ainda incrédula com a aparência radiante de Isabel, Anastácia abaixa a cabeça e cobre o rosto com as mãos. Enquanto isso, Isabel se dirige ao espelho e se depara com a imagem de uma bela mulher refletida ali.

Inicialmente, Isabel se assusta com a nova forma que assumiu, porém, diferentemente do seu comportamento anterior, não começa a explorar seu corpo com curiosidade revoltante. Ela compreende perfeitamente o espanto de sua mãe e, por isso, age de maneira mais contida e reflexiva.

”Então, amadureci novamente… Como eu não percebi antes? Eu nem sequer me sinto diferente, nem um pouco… Agora pareço ter a mesma idade que a Mestra Evangeline… talvez com esse corpo eu possa…”

— Isabel… eu trouxe Lukas para tentar entender o que aconteceu com você. Então, peço que vista roupas mais apropriadas…

No exato instante em que se perde em seus próprios pensamentos, a jovem é bruscamente interrompida pela percepção de que suas roupas estão absurdamente curtas, revelando partes de seu corpo que, como uma dama, jamais deveriam ser expostas.

Um rubor ardente toma conta de seu rosto, revelando a vergonha que a invade, e ela se atira abruptamente na cama, cobrindo seu corpo com o lençol que está ao seu alcance.

— Meu Deus! Que constrangedor!

Isabel se envolve por completo no lençol branco, tornando-se ainda mais encantadora aos olhos de Anastácia, como se a jovem fosse uma divindade celestial que desceu à Terra para ser admirada em toda a sua esplêndida beleza.

”Incrível… ela é mais deslumbrante como mulher do que quando estava em um corpo mais jovem… Sua aparência é digna de uma realeza…”

— Mãe Anastácia, eu não tenho roupas que sirvam para o meu novo tamanho. Será que tem algum problema se eu usar o lençol como um robe?

Com uma expressão ponderada, Anastácia balança a cabeça negativamente, mas um sorriso ilumina seu rosto.

— Na verdade, assim você parece um tipo de anjo. Para ser sincera, não acredito que exista homem neste mundo digno da sua beleza. Não tenho certeza se permitirei que você se case com alguém.

Enquanto Anastácia elogia Isabel, a jovem abaixa lentamente o rosto, corando com as palavras gentis. Ela agradece à ferreira timidamente, demonstrando um pouco de constrangimento.

— O-obrigada… e-eu acho…

— De qualquer forma, agora que você está totalmente coberta, é hora de deixá-lo entrar. Só espero que ele não se apaixone pela minha filha… de dez anos…

— M-Mãe Anastácia! P-por favor!

— Estou apenas brincando… eu acho.

Abrindo a porta lentamente, Anastácia observa Lukas do lado de fora, em seu estado meditativo no chão. Ela se encanta com a serenidade estampada no rosto do rapaz, que parece estar mergulhado em pensamentos profundos. No entanto, sua admiração é abruptamente interrompida quando ele abre os olhos bruscamente, encarando-a sem qualquer cortesia. O constrangimento toma conta de Anastácia ao ser pega olhando para ele sem dizer uma única palavra.

Diante das atitudes estranhas da ferreira na porta, Lukas a questiona sobre a situação atual.

— Está tudo bem agora? Ou precisa de mais tempo?

Sem demonstrar o rubor que invade suas orelhas, Anastácia responde de maneira rápida e objetiva, ignorando o calor que se espalha por seu rosto.

— S-Sim… está tudo sob controle agora. Você pode entrar…

— Muito bem. Com sua permissão, então.

Levantando-se do chão, Lukas se aproxima da porta e adentra o quarto.

Enquanto permanece parado na porta, Lukas direciona seu olhar ao redor e percebe que a estante de livros de Isabel está repleta. Cada livro presente é identificado por ele como pertencente à escolinha. A quantidade impressionante de livros evidencia o comprometimento de Isabel.

”Que interessante… Ela conseguiu ler todos esses livros em apenas alguns dias… Não é de se surpreender que ela tenha concluído seus estudos em menos de uma semana. Como será que ela comporta com livros mais avançados?”

Impressionado com a habilidade de leitura de Isabel, Lukas desvia seu olhar para a frente, planejando elogiar sua capacidade. No entanto, o que ele vê é tão impactante que o deixa sem palavras.

— Isabel, você realmente honra o título de alguém que concluiu os estudos em pouco tempo. Certamente, você é… uma… Fada…?

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Olá, eu sou HOWL!

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