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Capítulo 77.1 ❃ Grãos de Esperança, Tempestade no Horizonte.

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5º dia do mês, Grande Inverno. Masmorra [??] (Sala do Chefe) – 05:15 AM.

No dia seguinte à intensa batalha travada por Evangeline contra os undeads Troll e Ogro, bem como a Banshee na sala final da masmorra. A cena se desenrola com os vestígios carbonizados e chamuscados dos monstros gradualmente desvanecendo-se. A dissipação dos restos mortais ocorre de maneira quase imperceptível, como se a própria escuridão os absorvesse.

No entanto, dentre os fragmentos remanescentes do corpo da banshee, algo chama a atenção. 

À medida que sua forma é consumida pela fumaça negra, uma peça de cristal negro revela-se lentamente. Essa pedra peculiar possui uma solidez notável, assemelhando-se a uma pedra de riacho, porém refinada com tal maestria que se assemelha a uma preciosidade lapidada.

A luz que permeia a câmara, — embora escassa, banha a superfície da pedra, fazendo-a cintilar em um tom misterioso e profundo. O brilho sutil revela nuances de ébano e obsidiana, enquanto raios de luz capturados dentro da gema irradiam um fulgor quase sobrenatural.

Os contornos da pedra se revelam intrincados e precisos, exibindo uma harmonia perfeita entre linhas suaves e arestas afiadas. Cada faceta parece capturar fragmentos da escuridão, espelhando-a de volta ao observador em uma dança de sombras e reflexos.

A atmosfera ao redor da pedra é carregada de um magnetismo sinistro e sedutor. Ela exerce uma influência inexplicável, convidando os olhares a se fixarem em sua presença enigmática. 

Quem a observasse sentiria um arrepio percorrer a espinha, como se estivesse diante de um segredo ancestral e proibido.

No meio desse processo, a pedra começa a emitir um brilho intenso, enquanto Evangeline permanece desacordada no chão, ainda exausta da batalha recente.

Em seu rosto, traços de felicidade se manifestam, e pequenas risadas estranhas escapam de seus lábios enquanto dorme.

De repente, suas palavras se tornam audíveis, sussurradas em meio ao sono:

— Heheheh…~ Me-Metatron… por favor…~ N-não toque nessa parte desse jeito… Fa- faz… co-cocegas… heheh…~ — Uma risada peculiar escapa de seus lábios, ecoando pelo ambiente.

Enquanto Evangeline permanece envolta em sonhos peculiares, a cena toma um novo rumo, roubando o protagonismo de sua figura adormecida.


5º dia do mês, Grande Inverno. Vilarejo [Sem Nome] – 05:30 AM.

O sol poente irradia seu brilho dourado no horizonte, iluminando com intensidade todos os seres presentes naquele lugar. O som suave do vento balançando as árvores provoca uma brisa refrescante que acaricia os aldeões, que desde cedo se dedicam à colheita dos frutos da plantação anterior. 

Não apenas os grãos e vegetais foram agraciados pela bênção de Isabel, mas também as árvores frutíferas mais distantes receberam um toque sutil de seu mana enriquecido, — acelerando o amadurecimento dos frutos, embora em ritmo mais lento do que as colheitas.

As árvores, — agora carregadas de frutas maduras e suculentas, parecem exibir um esplendor único, um presente da magia que permeia o ar. As cores vibrantes e os aromas deliciosos envolvem a atmosfera, enchendo os corações dos aldeões de gratidão e antecipação. 

Em meio aos canteiros de vegetais e à sombra das árvores, surgem sorrisos e conversas animadas, enquanto as mãos habilidosas dos trabalhadores colhem com cuidado cada fruto, certificando-se de aproveitar ao máximo essa dádiva inesperada.

Os aldeões compartilham olhares maravilhados, reconhecendo a influência mágica presente naqueles frutos. Eles são testemunhas de um acontecimento extraordinário, uma manifestação da conexão entre a natureza e a força mística que permeia sua existência. A harmonia entre homem e terra é celebrada naquele momento, renovando a esperança e a crença na magia que habita o mundo.

No local, o grupo de trabalhadores cresceu consideravelmente em comparação ao seu tamanho original. 

Há anos eles não experimentavam tal abundância na simples plantação. Ao longo do tempo, apenas 60% do que plantavam conseguia prosperar sem estragar, sofrendo com pragas que devoravam os frutos. No entanto, com a intervenção de Isabel e seu poder sobrepujante, os insetos e animais não tiveram oportunidade de prejudicar o plantio, — devido à pressa que os frutos cresceram.

Graças ao poderoso mana da jovem de cabelos brancos, todos os grãos foram igualmente banhados por sua energia, permitindo que amadurecessem em sua totalidade. 

O solo fértil recebeu a dádiva da magia, resultando não apenas na colheita completa de tudo o que foi plantado, mas também em uma fartura inesperada proveniente das árvores próximas. Os frutos, antes tímidos em seu crescimento, desenvolveram-se em proporções exuberantes, proporcionando uma colheita generosa.

A alegria e o assombro tomam conta dos aldeões enquanto contemplam o resultado de seus esforços combinados com a intervenção mágica de Isabel. 

A visão dos campos repletos de grãos maduros e árvores frutíferas carregadas é um testemunho tangível do poder que fluiu através da jovem. Suas habilidades transcendentais renovam as esperanças da comunidade, abrindo possibilidades antes inimagináveis.

O murmúrio de gratidão e comemoração se espalha pelo local, ecoando como uma sinfonia de esperança. Os aldeões trabalham diligentemente para colher cada fruto, cientes de que essa dádiva singular não pode ser desperdiçada. Com sorrisos radiantes e a sensação de plenitude em seus corações, eles se unem em agradecimento a Sacerdotisa de cabelos brancos e à magia que transformou sua realidade.

Balmor lidera seus funcionários como mestre, orientando cada um deles, incluindo os aldeões que se esforçam para realizar uma colheita adequada. 

A cada momento, as pessoas emergem da plantação carregando sacos enormes de grãos, legumes e frutas, depositados no armazém próximo. 

Enquanto isso, Kamila, ostentando um semblante maduro e irradiando uma aura de autoridade devido ao seu papel como chefe interina do vilarejo, segura uma prancheta e engaja-se em conversas com alguns dos trabalhadores de Balmor, que estão recuperando o fôlego após a intensa carga de trabalho.

Ela habilmente anota as informações sobre a quantidade de grãos coletados até o momento, demonstrando sua destreza no registro.

— Então os sacos armazenados até agora… ultrapassam de 133!?

— Sim, senhorita Kamila. Carregamos metade dos sacos e os colocamos no armazém de suprimentos.

— Entendo… Já conseguimos produzir tudo isso, mas… ainda parece que nem está no final da colheita…

Os funcionários viram o pescoço para encarar a plantação e assentem afirmadamente para com a questão de Kamila.

— Argh…! Ai, ai…

Ela inspira, revelando um semblante cansado e um pouco preocupado.

A sinergia entre Balmor, Kamila e os aldeões é evidente enquanto todos se esforçam para maximizar a colheita e garantir que nenhum grão seja desperdiçado. 

As mãos calejadas dos trabalhadores movem-se com destreza, reunindo os frutos do solo e carregando-os com determinação. A plantação transforma-se em um mar de atividade, com a energia e a dedicação de cada pessoa contribuindo para o sucesso coletivo.

— Muito obrigado rapazes! Descansem bem, irei recompensá-los por seus esforços no final dessa colheita.

— Não precisa de recompensa nenhuma. Essa colheita já é um presente enorme!

— Sim, senhorita Kamila! Não se deixe levar com nossos rostos cansados, não! É assim mesmo!

— Sim! Nossa rotina é pesada desse jeito, hahah!

Os rapazes começam rirem do cansaço, felizes por sentirem essa fadiga devido à carga de trabalho de colheita e não de plantio. Eles demonstram gratidão em seus olhos e sorrisos, em contraste Kamila assente com suas falas e continua seu trabalho.

Enquanto o trabalho árduo prossegue, o armazém se enche de sacas transbordando de alimentos, testemunhando o êxito da equipe. 

O suor escorre pelo rosto dos trabalhadores, mas eles não se deixam abater pela exaustão. Movidos pela determinação e pela visão de uma comunidade fortalecida, eles persistem em seu labor com renovada esperança.

À medida que as sacas continuam a encher o armazém, uma expressão de espanto se estampa no rosto de Kamila, ao perceber que eles conseguiram dobrar a produção em relação ao que jamais tinham alcançado antes. 

Com habilidade, ela registra os números em sua prancheta e segue em direção ao armazém adjacente à plantação. Ali, Kamila começa a contar as sacas meticulosamente, enquanto dá espaço para que ajudantes, tanto de Balmor quanto aldeões, passem e depositem mais mantimentos.

A movimentação intensa ao redor do armazém denota um senso de urgência e cooperação. As pessoas se organizam em fila, entregando suas sacas com precisão e agilidade. Kamila supervisiona o processo, garantindo que cada um seja orientado para o local correto de armazenamento. Seus olhos perspicazes examinam as pilhas de grãos, legumes e frutas que se acumulam, verificando se há espaço suficiente para acomodar a abundância que estão colhendo.

Os ajudantes, inspirados pela visão de uma colheita tão próspera, trabalham em harmonia, movendo-se com rapidez e eficiência. 

Cada um cumpre seu papel com diligência, conscientes da importância de seu trabalho para o bem-estar de toda a comunidade. O som das sacas sendo arrastadas e empilhadas ressoa no ar, enquanto o armazém se enche de provisões que serão essenciais para o futuro do vilarejo.

Kamila, percorrendo o ambiente com um olhar atento, percebe que o espaço disponível é limitado e incapaz de acomodar toda a comida colhida. Ela constata que o armazém, projetado para comportar até 120% da produção, não será suficiente para guardar tudo, uma vez que está quase lotado. Restam apenas pequenos espaços para entrada e movimentação limitada, — permitindo apenas alguns passos para a frente e para trás.

‘’Não, não, não… isso não é bom…’’ Uma sensação de preocupação toma conta de Kamila enquanto ela avalia a situação. Ela compreende a importância de preservar e armazenar adequadamente a colheita abundante, para que o esforço não seja em vão. Com determinação, ela rapidamente começa a buscar soluções para o desafio diante dela.

Conversando com os ajudantes mais próximos, Kamila propõe a utilização de espaços adicionais dentro do vilarejo. Ela sugere que algumas áreas vazias e estruturas abandonadas sejam temporariamente convertidas em depósitos improvisados. Essa solução permitiria o armazenamento adequado dos alimentos excedentes, evitando desperdícios e garantindo que todos possam se beneficiar da colheita abundante.

Os ajudantes prontamente aceitam a proposta, conscientes da importância de preservar os recursos valiosos. Juntos, eles começam a mover as sacas para os locais designados, utilizando cada espaço disponível de forma eficiente. Enquanto isso, Kamila supervisiona o processo, garantindo que tudo seja organizado de maneira adequada e que nenhum alimento, seja desperdiçado.


Kamila, com um suspiro de alívio e orgulho, deixa o armazém para respirar o ar fresco lá fora. Ela contempla a magnitude do sucesso alcançado e se pergunta como seu avô, que sempre lutou para manter o vilarejo alimentado, reagiria ao ver tantos frutos abundantes. 

‘’Meu avô… não precisa se preocupar mais com o vilarejo e a fome que nos assolava há pouco tempo… graças a ajuda que Isabel e os outros, todos os alimentos colhidos hoje trarão grande fartura para todo vilarejo…’’ Uma pequena lágrima escorre pelo seu rosto enquanto ela olha para cima, grata por testemunhar esse momento.

Contudo, sua contemplação é interrompida por um aldeão que se aproxima dela apressadamente. Ele informa que o armazém está completamente cheio e os espaços vazios no vilarejo também estão quase esgotados. O aldeão carrega uma saca em sua mão, e atrás dele outros cinco aldeões se aproximam, cada um carregando mais sacas.

Kamila franze a testa em incredulidade, sem conseguir acreditar que ainda há mais para guardar. 

— E… quanto falta para que a colheita termine? Já está acabando?

— Não senhora! Não chegamos nem na metade do segundo terreno do plantio!

— O-O-OQUÊ!?

Kamila, atônita com as palavras do aldeão, acaba caindo no chão de forma cômica, sem acreditar no que está ouvindo. Rapidamente, ela se levanta e corre até Balmor para alertá-lo sobre a situação. Entretanto, o homem de idade avançada já estava ciente do problema, mas também não tinha uma solução definitiva em mente. 

Ambos se encaram, buscando desesperadamente uma ideia para resolver o impasse.

— Então, senhor Balmor, o que podemos fazer? 

— Também do sem ideia, chefe interina… Não esperava que a colheita seria tão farta. Há! Quem diria que estaríamos, agora, preocupados com o excesso de comida e não com a falta dela! Hahaha!

— Se-senhor Balmor! Isso não é hora para enlouquecer, precisamos de um plano rápido!

Eles discutem várias possibilidades, como a construção de um armazém maior. Todavia, sabem que levaria muito tempo para construí-lo do zero, especialmente considerando que o armazém atual já está completamente lotado. Kamila sugere a ideia de um sino de grãos, mas também reconhece que seria uma opção demorada.

Balmor sugere que guardem os alimentos nas casas dos aldeões, porém ambos sabem que as casas não possuem refrigeração adequada nem espaços abertos para arejar os alimentos, o que seria equivalente a desperdiçá-los.

No entanto, um rapaz se aproxima e se pronuncia, oferecendo uma solução alternativa. 

— E se vendêssemos o excesso na cidade próxima, Nakkie. Ela é uma cidade mercantil e possui uma grande demanda por alimentos. Seria uma oportunidade de criar uma linha de negócios para com uma cidade renomada.

Balmor e Kamila lançam um olhar rápido um para o outro, surpresos ao reconhecer o rapaz como Lukas. 

— Lukas! Bom, essa é uma boa ideia, porém…

— Porém, nunca vendemos nada para cidades tão grandes como Nakkie. Para ser mais preciso, nunca vendemos nada para cidade nenhuma. Apenas para algumas vilas e vilarejos distantes.

— Senhor Balmor tem razão. Não somos nós que vendemos para a cidades, e sim os compram nelas.

— Certamente… Me lembro que recentemente que o Patriarca fora até a capital de Axerth para conseguir suprimentos. Quem diria que os papeis inverteriam, não é mesmo? Hahahah!

Empolgado, Balmor agracia a todos com mais uma de suas fartas risadas, deixando Kamila um pouco preocupada, devido ao fato de que o homem de meia-idade nunca demonstrara tanto fervor em suas emoções como agora.

— Se-Senhor Balmor! Não é momento para enlouquecer! E, Lukas. Entendo sua proposta, e os benefícios que elas podem nos oferecer, mas… isso ainda é muito novo e apressado…

Lukas, endireitando seu óculos no rosto, tenta confortá-la de seu mal-pressentimento para com a nova oportunidade.

— Claramente é um grande passo a se dá. Um passo não, uma grande pernada de um ponto ao outro. Vocês estão completamente certos, fazemos parte de um vilarejo e almejar um comércio de venda com uma cidade mercante é muito ambicioso… porém… existe alguém tão ambicioso quanto, que não passava apenas de uma fazendeira e que agora está desbravando uma masmorra mitológica.

Ambos rapidamente entendem a indireta estabelecida por Lukas, e sentem que, às vezes, a ambição pode ser melhores que os empecilhos criados por eles mesmos em suas mentes.

— Você tem razão, filho. Eu, como um dos chefes interinos do vilarejo que faz parte da plantação, compartilho de sua proposta. Se não fosse pela ideia que Evangeline deu a mim, creio que não conseguiríamos terminar de arar as terras a tempo… E olha só como estamos!? Discutindo o que fazer com o excesso de suprimentos! Hahahah!

— Be-bem… se é o que o senhor Balmor diz, também posso concordar… mas por favor, senhor Balmor… você está me assustando com tanta felicidade…

— Hahah! Está bem, eu paro de rir na sua frente, pequena. Sou um homem velho, não consigo segurar minhas emoções como antes. 

Balmor e Kamila, agora assumindo o papel de líder interina do vilarejo, concordam com a sugestão de Lukas e decidem seguir em direção à casa do patriarca, onde devem reunir os demais líderes das áreas de atuação do vilarejo para realizarem uma reunião.

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