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Capítulo 82.3 ❃ O Colosso de Ossos.

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O som das pancadas ecoa, quebrando o chão enquanto o rosnado líquido do Golem de Ossos ressoa no ambiente. No entanto, em meio a esse cenário caótico, Evangeline começa a sentir um desconforto crescente durante sua luta.

”Merda, o que está acontecendo? Desde quando ele é tão forte assim? Não só isso, ele parece mais rápido… mais rápido do que antes. É como se aquela regeneração conseguisse melhorar a resistência, força e velocidade dele…”

Inicialmente, seu adversário parecia ser apenas uma pilha de ossos imponente em tamanho e força. Ao derrotá-lo, porém, a habilidade regenerativa do monstro revelou-se um problema persistente. 

Mesmo ao tentar aniquilá-lo com suas chamas esmeraldas, o morto-vivo ressurgiu, agora mais ágil e forte do que antes.

Grwwwwwaaaaaaaarhh!!

Como se o Golem exalasse uma ânsia insaciável por sangue, ele se lança descontroladamente em direção a Evangeline, aniquilando qualquer possibilidade de escape. Sua carga furiosa repercute em vibrações por todo o solo a cada passo, como o eco sombrio de um destino iminente.

Erguendo seu colossal braço para trás, em um único movimento ele o propejeta para frente, mirando a meio-elfa. 

— Merda! Esse ossudo tá mais rápido ainda!  — Ela se esquiva com extrema dificuldade, lançando-se ao chão para evitar o golpe iminente, apenas para se erguer novamente em um ágil movimento de sobrevivência.

”Tá cada vez mais difícil acompanhar esse esqueleto bizarro, se continuar assim, vai ser só questão de tempo até que ele me mate de vez…”

A cada pancada evitada, o monstro avança implacavelmente, encurtando a distância e tornando o combate ainda mais desafiador para a jovem. Contudo, não é apenas o avanço do Golem de Ossos que prejudica Evangeline.

“Me-merda! De novo não! Não me atrase logo agora!” Em um instante de desespero, seu corpo se rebela, recusando-se a obedecer durante o combate desafiador contra a criatura não viva.

A cada instante, seu corpo parece conspirar contra ela, negando-se a acatar seus comandos apropriadamente. 

Um golpe preciso a alcança, arremessando-a brutalmente contra a parede, criando um estrondo acústico que ecoa pelo corredor como um lamento sombrio.

Entre a fumaça e poeira geradas pelo impacto, estalos de ossos tornam-se audíveis no ambiente, não provenientes do golem, mas do corpo da meio-elfa. 

”Tsk…! Merda… por que isso sempre me atrapalha em momentos críticos…” Movendo-se com dificuldade a partir do ponto de impacto, Evangeline não consegue compreender completamente o que está acontecendo com seu corpo. 

”Por que essa alma fica interferindo direto nas coisas que eu faço aqui… até antes de sair da antecâmara estava tudo normal, mas agora está muito anormal…” No exato local onde deixou a antecâmara, seu corpo parece ter perdido a sincronia, resultando em danos massivos a cada investida do esqueleto golem.

Uma luz púrpura brilhante irrompe no meio da fumaça, dispersando-a e afastando-se de Evangeline. Sua mana espiritual, embora tenha o poder de curá-la, em algumas situações, revela-se incapaz de restaurar seus ossos, limitando-se à pele e a cortes mais profundos. 

”Do mesmo modo como o senhor Ivan me disse, existem limitações para magos espirituais com atributos diferentes. No meu caso consigo fazer algo a mais por ter dois espíritos elementais, mas nenhum deles é equivalente para me recuperar por completo.” Nesse momento, as limitações explicadas por Ivan em sua casa ecoam na mente dela, recordando as deficiências dos magos espirituais em ramos de restauração, restringindo o fogo a situações externas e a água a situações sanguíneas. 

Sendo uma divergente, ao combinar ambas as energias, ela consegue uma cura quase completa de seus ferimentos, exceto pelos ossos, que permanecem marcados pelos impactos e golpes, reduzindo-a abaixo de seu verdadeiro limite de saúde.

A luz diminui, revelando Evangeline com seus cortes e arranhões cicatrizados, mas ao mover-se, ela percebe que seu peso corporal parece maior que o normal. 

”Merda… mesmo com meus machucados curados, meus ossos estão muito fracos, eu precisaria descansar um pouco depois da cura, mas nesse momento não é possível…”

— Tudo que posso fazer agora… é isso… — Envolvendo-se em uma aura de mana que quase consome completamente seu poder mágico, a meio-elfa visa fortificar todo o seu corpo para ignorar a dor em seus ossos, uma ação temporária, porém útil. 

”Mesmo que eu fique sem mana depois, é o único jeito de eu me proteger dos golpes certeiros… e eu acho que não posso usar minha habilidade única com tão pouca mana… só me resta testar meu limite…” Avançando em direção ao Golem esquelético, seus passos transformam-se em uma pequena corrida, afundando levemente o solo sob seus pés, demonstrando o peso adicional adquirido ao saturar-se de poder mágico.

Enquanto isso, o Golem de Ossos avança em direção a ela, determinado a destruí-la rapidamente, seus olhos ósseos brilhando em tons rubros e ameaçadores. 

Por fim, ambos se encontram a poucos metros de distância, seus braços movendo-se em direção ao inevitável choque de punhos. 

— Merda! Não será o bastante… Que se dane… usarei tudo! — Evangeline reforça cada vez mais sua força, enquanto o Golem cobre seu braço com um líquido negro, não apenas para intensificar seu golpe, mas também para se regenerar de qualquer ferimento.

O tempo parece desacelerar por um instante, os punhos prestes a colidirem. 

O impacto estoura o silêncio no lugar com um estrondo aterrador. Paredes, chão e teto, testemunhas impotentes daquela luta, desmoronam, sendo vaporizados pela intensidade do choque.

Lançados em direções opostas, Evangeline encontra-se novamente no limite do corredor, colidindo contra a parede e caindo sentada no chão. 

O golem, por sua vez, é arremessado e cai de costas. O impacto resulta em uma colossal nuvem de poeira, fazendo com que placas de pedra se desprendam das paredes e tetos, desestabilizando a estrutura ao redor. 

Em meio à poeira, Evangeline vislumbra seu braço, agora quebrado em duas posições distintas, destroçado após o violento golpe, exibindo cortes e sangue que fluem dele. Apesar da dor pulsante, um sorriso se insinua em seu rosto. 

”Minha mana acabou, não há chances de eu continuar nenhuma luta agora… e essa dor não me deixa ficar concentrada para regenerá-la… Mas tudo isso foi capaz de acontecer devido aqueles esqueletos de antes… sem eles, teria morrido no primeiro golpe daquele golem de ossos…” Recorda-se dos pontos de habilidade adquiridos, frutos do combate contra inúmeras hordas de esqueletos.

À sua frente, a densa nuvem de poeira desce lentamente, como se o conflito entre ambos nunca tivesse ocorrido, ignorando completamente o caos desencadeado pelo impacto. 

Os olhos rubis de Evangeline, cintilando em um poder mágico, focalizam-se no corpo do Golem de Ossos, agora completamente destruído. 

”Ele está realmente morto… talvez se eu apenas tivesse reforçado meu soco com mana, ele ainda estaria vivo para mais um embate, mas se não fosse por aquilo…” Recordando do momento anterior ao choque, quando, movida pela raiva e frustração com a resistência de seu corpo, tentou reforçá-lo com mana para superar o golem em força. 

Contudo, poucos centímetros antes do impacto, toda sua energia mágica concentrou-se no braço que se lançava, chocando-a ao perceber que seu corpo novamente a traíra, destruindo sua única chance de defesa. 

No entanto, sua perspectiva mudara ao constatar que toda sua mana fusionara-se por completo com suas chamas esmeraldas.

Ao observar o punho do Golem esquelético, ela percebera estar revestido inteiramente pelo piche bizarro que regenerava seu corpo, enquanto o restante não apresentava nada para facilitar sua recuperação.

Num lampejo, Evangeline compreendera que a destruição completa do piche no corpo do Golem resultaria em sua derrota imediata. 

Essa revelação, no entanto, não fora fruto de sua própria descoberta, mas sim da outra alma que compartilha seu corpo, emergindo durante o combate. 

Num último instante, transformou toda sua mana em chamas esmeraldas, aniquilando integralmente o piche negro do Golem de Ossos e neutralizando seu poder regenerativo. 

Observando seu braço despedaçado mais uma vez, Evangeline começa a discernir a intenção da outra alma.

”Parece que eu a julguei do jeito errado… eu acho… Parece que tudo que fez foi algo para me ajudar… Primeiro foi na antecâmara que melhorou meu controle sobre a Emerald Sphere of Desolation, depois foi no corredor ao conseguir muitos pontos de habilidade e agora…”

— Heh…! Se continuar assim, parecerá que a tola nesse corpo sou eu… Na verdade, tudo que fez foi para me deixar viva e derrotar os desafios…

Ao não se esquivar, visou avaliar a força oponente num golpe comum e, posteriormente, em um estado de fúria. 

Compreendendo a magnitude do desafio, decidiu não apenas destruí-lo superficialmente, mas internamente, utilizando o poder desconhecido e sombrio como piche. 

— Coff…! Coff…! Tsk…! Não tem como continuar agora… tudo que quero é… descansar um pouco… — Tosses escapam de seus lábios, e seu sorriso desvanece. Apesar da vitória conquistada, relutantemente se dispõe a enfrentar outra batalha. Sua vitalidade está baixa, assim como seu Mana e estamina. 

Ossos suplicam em dor, e seu braço direito jaz destroçado após o violento embate.

— Mas… quem dera se fosse assim… — Evangeline, ergue-se com dificuldade, apoiando-se na parede para não tombar, inicia sua jornada de volta na direção de onde o Golem emergiu, adentrando a sala escura. 

Seus passos arrastados e pesados, o sangue escorrendo a cada movimento, traçam uma trilha de sofrimento em direção a um destino ainda velado. 

— Arh…! Arh…! — A cada passo, seu fôlego se torna mais árduo, a visão turva e as forças exauridas a cada batida do coração.

Ao alcançar a entrada, Evangeline contempla o ambiente imerso nas sombras, apenas esboçando alguns contornos revelados pela tênue luz externa. 

”Então… aqui é… onde o necro…” 

Contudo, ao adentrar a sala, é brutalmente atacada por uma clava de ossos, sendo arremessada para fora como uma marionete desamparada ao vento, colidindo com o solo. 

”Mer-merda…! O que foi… isso…?!” Exaurida, ela luta para manter os olhos abertos, deparando-se com a imponente silhueta de outro Golem de Ossos e uma figura envolta em manto negro, capuz sombreiro e órbitas azuladas no lugar dos olhos.

— Droga… por essa eu não… esperava… — Sua visão desvanece, seu corpo dolorido finalmente sobrepuja sua consciência, fazendo-a desmaiar no limiar entre a sorte de ter encontrado seu objetivo e o azar de está impotente na frente do mesmo.

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