Vamos agora para uma região bem mais ao norte de Hue, conhecida como Atsui Nettai. Essa região é composta majoritariamente por seres animalescos, onde humanos são tratados como raridade. É aqui onde surgiu o clã dos Raionugo, composto por vátios tipos de felinos, os quais possuem descendentes espalhados por toda Hue. Contudo, a intriga dos raion com os poucos humanos que residem em Atsui Nettai, é interminável. Mesmo sendo minoria, eles ainda são considerados ameaças, até mesmo por aqueles conhecidos como predadores no reino animal.
Kisetsu 61, 3ºGenme – Atsui Nettai, Aruka Moyari
A cidade de Aruka, situa-se em uma terra árida, composta por pequenos centros urbanos, poucas casas e quase um silêncio total. Apesar de ser uma cidade aparentemente pobre, seus residentes se adaptaram bem para viverem aqui, como se não lhes faltassem nada. De repente, ecoa-se uma notícia no ar.
— Extra, extra! — exclama um simples jornaleiro, para a vizinhança — Shirei-kan Furuko irá se aposentar de seu posto no 4° Genme! Extra, extra! Rumores dizem que o novo Shirei-kan será do clã dos Raionugo! Como será a vida dos humanos residentes da região após tal acontecimento? Extra, extra!
E então um senhor, que estava sentado em uma cadeira de balanço ali perto, é acordado pelas notícias, e levanta seu chapéu meia-lua de couro, o qual cobria seu rosto.
— Ei! Quer falar mais baixo, roedor?! — reclama o idoso — Tem gente tentando cochilar aqui! Vai gritar pra lá, vai.
— Primeiramente: Eu sou uma cutia, seu ignorante! E em segundo lugar, estou apenas exercendo meu trabalho aqui. Quem o senhor pensa que é para….
Antes do carteiro terminar sua frase, o velho senhor se levanta e mostra sua cara ressecada, mas bem imponente. Ele estava usando um óculos com lentes redondas, lenço no pescoço, calça fina, sapatilhas de borracha e em seu coldre havia luvas de couro, no lugar de armas. Havia, em seu chapéu, insígnias diversas com vários nomes diferentes.
[Matsutamaguno(magno)
Kyapen de Chariku: Senzo
Kai: Waizuheddo]
— Eu preciso realmente responder, roedor?
O jornaleiro, assustado ao ver o idoso, largou seu material e saiu correndo e gritando.
— MAGNO ESTÁ AQUI! MAGNO ESTÁ AQUI! POLÍCIA!
Enquanto a cutia fugia, Magno foi calmamente para a direção onde estava os jornais, e pegou um para ver com mais detalhes do que se tratava.
— Hmm… Então quer dizer que Furuko vai pendurar aqueles cascos velhos dele? E ainda por cima vai colocar um felino no comando? Acho que esse evento vale uma visita, visto que o torneio ainda vai demorar…
Enquanto guardava um dos jornais dentro da sua camisa, um bando de soldados fardados, compostos por vários animais diferentes, partiam em direção a Magno.
— Falei cedo demais. Lá vem eles. — sussurrou Magno, esboçando um leve sorriso.
E então, os soldados o cercam, apontando suas armas para o kyapen.
— Parado aí, meliante! — exclama um dos soldados — Não era para você estar na sua cela?
— O comandante disse que você só pode sair perto da data do torneio — reforça outro soldado.
— Você está parcialmente certo quanto a isso — responde Magno, ainda sonolento — Porém, a cama de lá era bem desconfortável, então resolvi dá uma saidinha. Aí encontrei aquela cadeira bem ali e bateu uma brisa boa. Quando eu percebi, já tinha caído no sono.
— Não zombe da gente, velhote! Sabemos que nos representa no Gurētofue, mas nada nos impede de exercer nosso direito de impor a lei nessa região. Agora, se entregue pacificamente, ou vamos ati…
Antes do soldado terminar de falar, a arma dele e dos outros soldados sumiram, em um piscar de olhos. Os soldados procuram desesperados seus armamentos, e quando olham para Magno, o mesmo estava equilibrado em cima das espingardas e pistolas dos soldados.
— O que? Como esse velho fez isso?
— Impossível! Não senti nada levando minha arma.
— É simples, oficiais — diz Magno aos soldados, de maneira calma — Vocês são tão metódicos e rotineiros, que estão sincronizados. No jeito de andar, no movimento com a arma, e o mais importante, na hora de piscar os olhos.
Com isso, Magno deu um pisão na pilha de armas debaixo dele, gerando uma onda sísmica ao seu redor. Isso fez com que as armas fossem enterradas debaixo de seus pés.
— Não seja tão convencido! Soldados, vamos tirar o sorrisinho desse velhote à força!
Então, todos os oficiais partem em direção a Magno, ao mesmo tempo. O kyapen, já a espera de um contra-ataque, se mostra bem confiante. Ele se posiciona para o uso de um estilo de luta, no qual seus braços se mantém curvados, como os de um louva-deus, e suas pernas se dobram levemente. Seria algo bem respeitável de se ver, se não fosse o bocejo preguiço do lutador.
— Bem, vamos ver se vocês conseguem me acordar de vez!
O primeiro kyapen de Atsui Nettai contra-ataca!
