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『Tradutor: Metal_Oppa』


O chá vermelho na xícara havia perdido o calor.

Marlene colocou a xícara de chá na mesa e olhou pela janela. Embora mal tivesse passado do meio-dia, já estava anoitecendo. Mesmo os outros mercenários ainda não estavam acostumados com essa estranha diferença de tempo. No entanto, tiveram a sorte de Rhode ter pensado nisso quando estava construindo a Fortaleza. Ele construiu uma torre do relógio que tocava uma vez todas as manhãs, tardes e noites. Com esta torre do relógio, todos puderam se ajustar gradualmente à drástica diferença horária.

Olhando para a paisagem, Marlene esfregou a testa suavemente. As operações da Fortaleza haviam se normalizado e o único problema que ela teve foi quando Marfa entregou o pedaço de papel informando que Anne havia fugido. No entanto, Marlene não ficou muito surpresa, pois conhecia a personalidade de Anne de dentro para fora. Marlene fez os ajustes rapidamente, sabendo que Marfa era honesto e confiável, então não se preocupou muito com isso.

No entanto, isso não significava que Marlene estivesse livre de problemas… Embora as operações estivessem indo bem para a Fortaleza e não houvesse problemas em toda Paphield que exigissem sua ajuda, Marlene estava preocupada com seus problemas pessoais, que estavam relacionados a Canária.

Antes de Rhode deixar a Fortaleza, ele queria que Canária e Marlene administrassem a Fortaleza juntas. Se fosse no passado, Marlene teria ficado encantada. Afinal, ela trabalhava bem com Canária e as duas eram próximas uma da outra. Além disso, Canária era uma perita e experiente em técnicas de lançamentos de feitiços, então ela poderia até ser considerada a mentora de Marlene.

No entanto, depois de esbarrar no ‘ato’ de Canária e Rhode naquele belo dia, Marlene se sentiu envergonhada sempre que viu Canária… Embora não se considerasse namorada de Rhode, o pensamento de seu homem ter o mesmo relacionamento com outra mulher a fez sentir desajeitada. Ela não sabia como enfrentar Canária e pensou que Rhode esclareceria a situação para Canária ou para ela. Mas, parecia que Rhode não tinha intenção de fazer isso. Quanto a Canária, Marlene sentiu que ela deveria ter notado que algo estava errado também. No entanto, a atitude de Canária em relação a Marlene permaneceu a mesma.

‘Será que porque ela não é uma humana viva, ela não está nem um pouco preocupada com isso?’

Marlene não achava que Canária tivesse tais pensamentos. No entanto, ela estava preocupada porque Rhode não estava mais por perto para resolver esse problema e ela tinha que agir normalmente sempre que estava sozinha com Canária. Isso incomodou muito Marlene e ela não sabia se deveria se abrir para Canária. Mas o que ela deveria dizer?

“Fuuh…”

Marlene abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro. Nesse momento, alguém bateu na porta. A jovem se virou e arrumou os documentos em sua mesa apressadamente. “Por favor entre.”

A porta se abriu e Canária entrou com seu sorriso gentil e habitual. “Estou incomodando você, Srta. Marlene?”

“Ah, não, já estou finalizando aqui.” – Marlene sentiu seu corpo endurecer assim que viu o sorriso de Canária. Ela forçou um sorriso de volta e abaixou a cabeça, fingindo organizar seus documentos. “Qual é o problema?”

“É assim…” – Canária olhou para Marlene e estreitou os olhos com um sorriso atrevido. Ela se aproximou de Marlene e entregou uma pilha de papéis. “Rhode mencionou anteriormente que quer que os mercenários pratiquem batalhas nos Pontos Distorcidos. Eu vim com um plano. Deixe-me saber se há algo que você deseja alterar.”

“Tudo bem, vou dar uma olhada mais tarde.” – Marlene pegou os papéis apressadamente e virou algumas páginas antes de deixá-los de lado. No entanto, Canária não saiu instantaneamente como Marlene esperava. Em vez disso, Canária sorriu para ela, o que deixou a jovem se sentindo pouco à vontade. ”H-há mais alguma coisa, senhorita Canária?”

“Não é nada importante… Mas…” – Canária estendeu um dedo e apoiou o queixo. “Sinto que a Srta. Marlene está agindo de maneira estranha… Então, estou apenas curiosa… Você parou de me encontrar para tomar chá e também parou de discutir os problemas de suas técnicas de lançamentos comigo… Será que eu não te ensinei bem o suficiente?”

“Ah, não é assim.” – Marlene levantou a cabeça e gesticulou em pânico apressadamente. De fato, as palestras de Canária sobre técnicas de fundição de feitiços eram extremamente práticas e simples de entender. Para ser franca, Marlene sentiu que os dez dias que passou aprendendo com Canária foram muito mais úteis do que os dois anos de aulas que recebeu na escola de magia. Marlene finalmente conseguiu confirmar que Canária era de fato uma Maga Selvagem. Canária era clara e lógica quando se tratava de técnicas de lançamentos para batalhas reais. No entanto, Canária não sabia nada sobre a natureza da fonte de energia e as forças motrizes especiais desses feitiços.

Marlene ficou surpresa ao saber na escola de magia que um Mago precisava primeiro entender o poder em si antes de ter o direito de aprender como conjurá-lo ou agarrá-lo. A presença de Canária esmagou totalmente a verdade que Marlene havia aprendido porque ela não tinha conhecimento da base e do núcleo mais básicos. Ela tratou feitiços como feitiços e poderes como poderes separadamente, mas ela foi tão bem sucedida mesmo não sabendo disso. Se fossem outros, talvez Marlene considerasse essa pessoa uma pessoa de sorte. No entanto, Canária estava no [Estágio Lendário] e a própria sorte não poderia trazer ninguém a este ponto. Marlene se sentiu incrível que o conhecimento de Canária sobre poderes mágicos parasse no mais básico dos atributos elementares e manifestações de poder. Canária tinha zero noção de conhecimento aprofundado, então como ela era tão habilidosa em habilidades de conjuração?

Marlene questionou Canária, mas sua resposta foi: ‘Você pode saber pilotar um avião, mas não é necessário que você saiba como fazer um avião’. Marlene foi incapaz de compreender tal afirmação. No entanto, embora ela não soubesse o que era um avião, ela entendia mais ou menos o que Canária queria dizer.

“Então, qual é o motivo?” – Canária estava sentada em frente a Marlene, apoiando os cotovelos na mesa enquanto empurrava as mãos contra as bochechas, sorrindo descaradamente. Marlene ficou nervosa e seu olhar vacilou. No final, Marlene respirou fundo e longamente. Ela era uma mulher inteligente e sabia que Canária estava aqui para discutir esse problema com ela. Marlene sabia o que estava em jogo em esclarecer esse problema que ela estava atualmente, então ela hesitou em falar. Agora que Canária havia tomado a iniciativa de falar com ela, não havia mais necessidade de Marlene ser tão reservada.

Marlene serviu uma xícara de chá para Canária e para ela antes de acenar para ela. “É sobre…”

“Rhode, certo?” – Canária continuou a frase de Marlene descaradamente, que pegou a jovem de surpresa. Marlene assentiu em reconhecimento enquanto Canária piscou espirituosamente e perguntou. “Então, Srta. Marlene. O que você acha do meu relacionamento com Rhode?”

“Eh?” – Marlene ficou perplexa com a pergunta porque não a considerou antes. O relacionamento de Canária e Rhode? Com base no que Marlene tinha visto, mesmo que os dois não fossem um casal, deviam estar namorando no mínimo. No entanto, embora ambos fossem próximos, não havia nenhum contato íntimo entre eles durante as interações normais. A situação de Marlene era um tanto singular, não só porque ela gostava de Rhode, mas porque também achava que era sua ‘obrigação’ e ‘responsabilidade’. Em outras palavras, mesmo que Marlene não amasse de Rhode, seu próprio destino decidiu que ela precisava. Sem dúvidas, era muito melhor estar com um homem que ela gostava e admirava do que com um homem de quem não gostava.

No entanto, Canária agiu de forma diferente de Marlene. Canária não parecia estar emocionalmente ligada a Rhode, mas ambos pareciam mais próximos do que amigos normais. No entanto, eles também não pareciam ser casais. Nesse momento, um termo surgiu na mente de Marlene. “Isso… eu não tenho muita certeza. Mas, a senhorita Gillian uma vez me disse que… você e Rhode tinham uma ‘amizade colorida’…”

“Senhorita Raposa?” – Canária arregalou os olhos em surpresa, mas ela recuperou seu sorriso habitual rapidamente. “Você sabe o que é ‘amizade colorida’, senhorita Marlene?”

Marlene balançou a cabeça, pois não fazia ideia do que esse termo significava. Canária sorriu descaradamente com sua reação e se inclinou para trás. Ela cruzou as mãos e olhou para Marlene. Por razões desconhecidas, Marlene se lembrou de Rhode instantaneamente quando percebeu a ação de Canária. Embora Canária e Rhode não fossem iguais, a sensação era surpreendentemente semelhante. Rhode sempre tinha uma expressão imutável, enquanto Canária sempre tinha um lindo sorriso. Era como se não houvesse nada neste mundo que valesse sua raiva ou dor.

“Amizade colorida é… na verdade bem simples. Srta. Marlene, quando você tem um amigo que você gosta, você fica ansiosa para conversar e aproveitar a hora do chá com a pessoa, certo?” – Marlene assentiu enquanto Canária erguia um dedo. “Rhode e eu temos um relacionamento semelhante, okay? Mas, sempre que eu quiser estar com ele, quero ter algo mais feliz e confortável, assim como a Srta. Marlene viu naquele dia.”

“Ah…” – Marlene corou de vergonha, pois não estava ciente de que Canária sabia de sua presença naquele dia. Mas pensando bem, ela possuía força no [Estágio Lendário], então deveria ser fácil para ela detectar Marlene… Mas…

“Mas isso não é o que amigos normais deveriam fazer, certo?” – O tom de Marlene endureceu. Como filha de uma grande família nobre, ela tinha ouvido falar de muitos assuntos horríveis. Muitas damas nobres tinham aparências graciosas e elegantes, mas se entregavam à devassidão. Isso era especialmente verdade quando estavam na idade de ansiar por amor. Algumas delas com má educação encontrariam qualquer homem nobre e se envolveriam em atividades vergonhosas. Algumas não só procuravam homens em reuniões nobres; elas até miraram nos empregados em suas próprias casas. Além disso, algumas nobres de classe baixa até se voltavam para seus parentes. Essas pessoas não fizeram isso por amor; em vez disso, apenas se sentiam à vontade fazendo isso e não se importavam com o homem a quem se entregavam. Marlene desprezava essas pessoas porque elas não tinham respeito próprio.

“Claro que não.” – Canária estava ciente das opiniões de Marlene sobre isso. No entanto, ela sorriu gentilmente, pegou a xícara de chá na mesa e olhou para o chá vermelho. “Eu estava exausta da minha vida. Minha família, amigos e muitos outros tinham grandes expectativas em relação a mim. Mas não consegui resistir. Eu só podia trabalhar duro para conseguir o que todos queriam de mim. Assim eles ficariam felizes e como eles estavam felizes, eu ficaria feliz também… Mas isso não sou eu.”

Marlene ficou um pouco surpresa ao perceber que podia entender o que Canária havia passado. Afinal, como herdeira de sua família, ela estava em situação semelhante e, neste momento, não estava mais vivendo para si mesma.

“Meu relacionamento com Rhode foi um acidente e uma coincidência. No entanto, aos poucos, passei a amar esse relacionamento. Eu amo essa sensação confortável e ser entregue a essa felicidade, esquecendo todos os problemas que tenho. Além disso, é só em momentos como esse que eu jogo fora a máscara e encaro tudo com meus próprios sentimentos e pensamentos. Eu não tenho que agir como a menina obediente que meus pais e outros me retrataram e posso fazer o que quiser. Rhode nunca me viu como uma mulher vadia sem moral. Ele sempre me respeitou e me protegeu, então não tenho escrúpulos em ser o meu eu mais verdadeiro na frente dele. Eu sinto que esse tipo de relacionamento é ótimo. Mas não tenho intenção de dar o próximo passo porque isso é bom o suficiente. Este relacionamento que temos é o melhor para mim e para Rhode.”

“Por que?” – Marlene perguntou curiosa, pois achava difícil entender. Canária parecia gostar muito de Rhode, então eles não deveriam levar isso para um estágio mais profundo? Embora, estritamente falando, Canária não fosse um humano vivo agora, Marlene não conseguia entender por que Canária tomaria tal decisão.

Canária estendeu o dedo e colocou-o em seus lábios macios e rosados. “Porque não há necessidade.”

“Não há necessidade?” – Marlene inclinou a cabeça porque não conseguia entender o que Canária queria dizer.

Mas neste momento, Canária se levantou. “Eu não quero explicar muito, Srta. Marlene. Afinal, este é o meu desejo pessoal. Eu gostaria de manter esse relacionamento com Rhode e não levar isso adiante, porque sei que não posso ser a pessoa que Rhode mais ama… Ou talvez ninguém possa se tornar essa pessoa.”

“Mas por que?” – Marlene perguntou curiosa.

Canária se aproximou da porta e colocou a mão na maçaneta da porta. Ela se virou e olhou para Marlene. “Porque você nunca pode assumir a posição de alguém que saiu para sempre.”

Mais uma vez, o sorriso gentil e gracioso surgiu no rosto de Canária. Ela saiu e fechou a porta, deixando Marlene em transe e cheia de perguntas enquanto olhava para a porta fechada.

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