Capítulo 487: Peregrino (5/7)

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『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi – Note 』

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— Os peregrinos! Parem eles…!

Whack!

Enquanto acelerávamos pela caverna, eu esmagava o crânio de qualquer soldado que encontrássemos pelo caminho. A cada cinco que matava, meus atributos aumentavam ligeiramente, mas o impulso era tão pequeno que mal dava para notar, dadas as circunstâncias.

“Nesse ritmo, devemos chegar à saída em cerca de uma hora…”

Enquanto continuava avançando, a ansiedade que latejava no fundo da minha mente se recusava a desaparecer.

— Bjorn… Quando a Erwen vai voltar?

Até a Ainar estava preocupada. Imagine como eu me sentia.

Será que algo aconteceu? Será que ela estava ferida ou… morreu? A ansiedade estava me corroendo, mas estava fora do meu controle agora. Tudo o que eu podia fazer era continuar correndo com todas as minhas forças e ter fé de que a Erwen nos alcançaria.

Quanto falta agora? Talvez trinta minutos?

À medida que nosso destino se aproximava cada vez mais, minhas preocupações sobre o que poderia ter acontecido com a Erwen aumentavam na mesma medida.

Tromp.

Apesar de não termos feito uma única pausa desde que começamos a correr, de repente fomos forçados a parar.

— Eu não disse a vocês, peregrinos? Só há uma maneira de sair vivos desta caverna.

“Ele estava agora bloqueando nosso caminho.”

Eu não entendia. Ele estava atrás de nós o tempo todo, então como era possível que ele estivesse agora à nossa frente, bloqueando nosso caminho? Nossa velocidade tinha até aumentado gradualmente conforme nossos atributos cresciam.

“Então… como ele nos alcançou?”

Algo estava errado. No entanto, antes que eu pudesse me preocupar com isso, tínhamos outras coisas para resolver. — Prepare-se para lutar, Ainar.

Após ouvir minha ordem, Ainar colocou nossa companheira, cujo corpo ela estava carregando o tempo todo, no chão. — …Descanse, maga.

Dreadfear nos observava e soltou uma risada fria. — Que ridículo.

Talvez fosse. No entanto, no momento em que ele apareceu em nosso caminho, a única ideia que me veio à mente foi tentar lutar.

“Deve ser possível agora com nossos atributos atuais.”

Por hábito, cobri meu tronco com meu escudo e abaixei minha postura, apesar de saber que isso não me ajudaria muito. O que um escudo de ferro barato poderia fazer contra um cavaleiro que usava aura?

Ficamos nos encarando em completo silêncio, esperando que o outro fizesse o primeiro movimento. Depois de um momento, ele falou a mesma linha. — Minha oferta. Ela continua de pé.

Será que havia algo de errado com esse cara? Como diabos ele ainda não tinha desistido desse joguinho de traição?

Ainda assim, se ele queria conversar, eu não desperdiçaria a oportunidade. — …O que aconteceu com Erwen? — Eu tinha que perguntar sobre o que estava me corroendo por dentro enquanto corríamos por horas a fio.

— Se você se refere àquela peregrina, então ela está morta — ele respondeu secamente.

— Mentira.

— Acho que está no seu sangue,  negar o que já sabe.

Por que eu sequer me incomodei em perguntar a ele? Era ridículo pensar que eu poderia acreditar nas palavras de um personagem chefe cujo tema inteiro era traição.

— Quer você acredite em mim ou não, isso não muda a verdade. Não importa o quanto você acredite que está fazendo a coisa certa, no fim, você não passa de um pedaço imundo de…

Não havia motivo para ouvir mais disso.

Corri para frente com um grito de — Ainar! — No entanto, assim que a distância entre nós diminuiu, ele sacou sua espada coberta de aura.

Tap.

Imediatamente, recuei e saí de seu alcance. Aproveitando a abertura criada quando ele mirou em mim, Ainar se aproximou.

— Behelaaah! — ela gritou, direcionando sua espada para ele em um golpe poderoso. Ele desviou para o lado.

Clang!

Sua espada acertou o chão onde ele estava momentos antes. Ainda era cedo para chamar nosso ataque de fracasso. Lutar em equipe significava quebrar a postura do inimigo, alternando entre atacar e defender, e procurando o momento certo para golpear.

Thud.

Enquanto ele desviava do golpe da Ainar, joguei meu escudo inútil na cara dele. Então, com o campo de visão dele bloqueado, dei um grande passo à frente e balancei minha maça. Mais uma vez, ele conseguiu reagir a tempo, movendo sua espada para interceptar minha maça. Estava claro que, nesse ritmo, ele facilmente cortaria minha maça ao meio.

Swoosh.

Então, usei toda a força que tinha para mudar rapidamente a trajetória do meu golpe.

Fwoosh!

Minha maça cortou o ar, evitando completamente a espada dele, e…

Stab!

A espada da Ainar se cravou em seu ombro no momento certo.

“Boa! Conseguimos acertar o primeiro golpe.”

No entanto, não podíamos nos contentar apenas com isso. Não havia motivo para recuar agora. Afinal, uma batalha era essencialmente um jogo de quem podia fazer mais movimentos.

Atacar, bloquear ou desviar, você tinha um segundo para escolher uma dessas três opções, sua próxima jogada, e então a próxima. Graças ao nosso pensamento rápido, conseguimos limitar o número de movimentos que ele podia fazer.

Tap.

O homem foi forçado a se manter na defensiva e se concentrar em bloquear ou desviar. Devido à pressão que exercemos sobre ele, conseguimos diminuir o risco de ele nos atacar. E as outras duas escolhas abertas a ele eram limitadas.

“Esquerda. Sim, eu sabia que você iria para a esquerda.”

Whack!

Ele foi forçado a torcer o corpo para desviar de nossos ataques, fazendo-o perder sua postura. Como resultado, conseguiu limitar o dano que sofreu, mas, em troca, a luta ficou mais fácil para nós e mais difícil para nosso oponente.

Todos caímos em um ciclo vicioso de trocas de golpes. Não importa o quanto estivéssemos em vantagem, não podíamos baixar a guarda. Ele era um cavaleiro que usava aura. Apenas um ataque dele seria suficiente para nos matar, e todas as batalhas vinham inevitavelmente com variáveis imprevistas.

Fwoosh!

Ele levantou sua espada novamente, balançando na trajetória certa para interceptar minha maça. Desta vez, as coisas aconteceram de maneira diferente. Ao ver sua lâmina se aproximando da minha maça, fui forçado a torcer meu corpo para desviar, julgando que perder minha arma seria o pior resultado possível aqui. No entanto, essa decisão me deixou completamente exposto.

Thud.

Ele não desperdiçou sua chance e me chutou diretamente no estômago. Não sofri nenhum dano real, mas a verdadeira ameaça estava em como ele usou esse momento para rapidamente virar a maré da batalha contra nós.

Slash!

Ainar cortou a coxa dele, mas já era tarde demais.

Stab!

No mesmo instante, ele enterrou sua espada no meu estômago.

“Agh, isso dói.”

Eu realmente não esperava que ele me atacasse de maneira tão imprudente.

Embora tenha visto eu ser esfaqueado, Ainar não se deu ao trabalho de perguntar se eu estava bem ou não, em vez disso, continuou seu ataque como a veterana que era. — Aaah!

Eu rapidamente me obriguei a levantar e pulei de volta na luta. Ficar no chão com dor não me impediria de sangrar até a morte. Não importava quantos ferimentos eu sofresse no processo, eu só precisava matar esse cara antes que ele me matasse. Se o matar encerrasse essa raid, então eu poderia ser curado quando saíssemos.

— Behelaaah!

Assim, uma batalha sangrenta se seguiu. Mesmo enfrentando-o dois contra um com atributos melhorados, foi uma luta difícil, especialmente porque nossa vantagem numérica não durou muito.

— Pelo império! — Do nada, um grupo de soldados apareceu e correu em nossa direção, dificultando ainda mais as coisas. Ainda assim, eles não eram totalmente inúteis.

Shing!

Graças a eles, eu tinha um estoque de armas de reserva.

Thud.

Assim que minha maça caiu no chão, cortada ao meio, peguei outra arma do corpo de um soldado caído. Uma espada, um martelo, uma maça… o tipo de arma não importava. Eu só precisava de algo longo o suficiente para balançar contra ele com toda a minha força.

Whack!

Primeiro meus braços, depois minhas pernas, depois meu torso, ombros, olhos e ouvidos… por todo o meu corpo, os ferimentos continuavam a se acumular. Mesmo assim, estava claro que ele não estava muito melhor.

Fwoosh!

Seus golpes, cada um contendo todo o poder e habilidade de um cavaleiro, gradualmente diminuíram em velocidade e perderam força. Até sua aura estava menor do que antes. Um dos braços dele estava gravemente ferido, e sua perna esquerda, que Ainar havia apunhalado algumas vezes, estava tão mole que ele mal conseguia usá-la.

“Quase lá.”

Nós venceríamos. Nesse ritmo, ele cairia antes de nós. Com esse pensamento em mente, levantei o martelo em minhas mãos e coloquei todo o meu peso no próximo golpe. Mas…

Com uma explosão de energia, não muito diferente de uma bomba explodindo, meu corpo foi arremessado para o lado e colidiu com a parede. Estrelas explodiram atrás das minhas pálpebras devido ao impacto, mas rapidamente me obriguei a me levantar para ver o que tinha acontecido através dos olhos turvos.

— Merda.

Não tinha como não xingar numa situação dessas.

Num instante, seus ferimentos foram completamente curados, enquanto ele dava um passo em minha direção. — Minha oferta… — disse calmamente. — Ainda está de pé.

“Que merda ele está falando?”

— Me diz uma coisa… — retruquei. — Você foi criado por papagaios?

Ele não respondeu à minha pergunta. Em vez disso, sem dizer mais nada, ele me esfaqueou no estômago.

— Este… jogo… de merda…

Minha visão ficou preta.

Eu me sentia como se estivesse flutuando em um rio na escuridão total, sustentado apenas pelos meus pensamentos, que surgiam na superfície.

Como diabos esperam que a gente mate um desgraçado como o Lorde do Terror, Dreadfear?

A resposta era simples.

Era impossível. Eu interpretei mal a situação por causa do aumento repentino nos nossos atributos, mas não passava de uma armadilha desde o início. Ele não era um personagem feito para ser enfrentado.

“Eu escolhi errado.”

Eu interpretei tudo errado. Devíamos ter corrido para a saída no momento em que o avistamos. Não devíamos ter tentado lutar contra ele.

“Isso foi feito para ser um jogo de esconde-esconde.”

Aumentar nossos atributos era apenas um pequeno buff concedido a nós para tornar as coisas mais justas enquanto fugíamos dele. Uma batalha frente a frente nunca foi uma opção.

— Ugh…

Agora, eu estava pagando o preço por ter feito a escolha errada.

Quando abri os olhos, estava nas costas da Ainar.

— Peguem eles! — Os gritos dos soldados soavam atrás de nós, mas Ainar continuava correndo à toda velocidade.

— Huh? B-Bjorn…? Você acordou? Você está… bem? Pode me ouvir?

Forcei minha boca a se abrir, apesar de mal conseguir me mover. — Estou… bem… Explique… a situação…

— Ah! O-Ok… — Ainar se apressou em me atualizar enquanto continuava fugindo. — Você desmaiou… e de repente… toda a caverna começou a tremer. E aquele cara… parou de se mover. Aproveitei a oportunidade e te peguei… e fugi rapidamente com você nas costas…

“Ele parou de se mover? Foi por causa do altar?”

Não havia como saber. Esta era a primeira vez que eu experimentava esse nível oculto, então não fazia ideia do que estava acontecendo, e também não tinha um log de sistema para me contar.

— …Tempo?

— E-Eu… não sei. Talvez cinco minutos…?

Então eu fiquei inconsciente por cerca de cinco minutos.

— Mas você está bem? — ela perguntou freneticamente.

— Estou… bem. Só não consigo me mover…

“O que está acontecendo comigo?”

Após pensar por um momento, havia uma teoria que parecia provável. 【Narcolepsia】 era uma habilidade passiva que ativava quando sua vida caía abaixo de 5%. Em 15%, seu status mudava para Paralisado. Então, uma vez que você estivesse de volta a 30%, os efeitos negativos desapareciam completamente.

“Então… eu também tenho habilidades.”

Não eram só a Versyl e a Erwen, eu também comecei com uma habilidade. Mas, como era uma habilidade passiva, só percebi agora.

“Isso significa que Ainar também deve ter uma…”

Qual seria a dela? Não fazia ideia, mas também não havia tempo para experimentar e descobrir.

— Esquerda…

— Hã?

— Vá para a esquerda…

— Ah…

Dei direções para Ainar enquanto tentava organizar meus pensamentos, ainda apoiado em suas costas. No entanto, um som particularmente alto logo chamou minha atenção.

Huff, huff…

A respiração dela estava muito mais pesada agora do que antes, ao ponto de ser preocupante.

— Ainar… você está bem?

— Estou… bem…

Não, ela não parecia nem um pouco bem.

— É só que… eu não consigo… usar minhas mãos… e estou… um pouco ferida… mas tudo bem…

Uma pergunta de repente me ocorreu. Como ela estava me carregando nas costas, não podia usar as mãos, então como ela estava lidando com os soldados que apareciam em nosso caminho? Será que teve a sorte de não encontrar nenhum soldado nos últimos cinco minutos?

Não precisei me perguntar por muito tempo. Ela logo me mostrou exatamente como os enfrentava.

— …Peregrinos imundos! — Um grupo de soldados pulou de uma das encruzilhadas, posicionando-se diretamente em nosso caminho.

A maneira da Ainar lidar com eles era direta. Ela simplesmente continuava correndo. Não, na verdade, ela acelerava e passava direto por eles.

Stab!

Suas armas afiadas atingiam seu corpo, mas com os dois braços atrás dela me segurando, tudo o que podia fazer era suportar os ataques e proteger seus órgãos vitais o melhor que podia. Seus ombros, braços e pernas ficaram cobertos de ferimentos, alguns grandes e outros pequenos cortes. No fim, porém, Ainar conseguiu passar.

Os soldados que deixamos para trás se juntaram ao grupo que nos perseguia. Enquanto assistia a tudo isso, ouvi a respiração da Ainar ficar ainda mais pesada do que antes.

Huff… Huff…

Durante todo esse tempo, eu não disse uma palavra.

Ainar imediatamente notou meu silêncio e perguntou — Bjorn… você está… machucado?

— …Pare.

Isso era arriscado demais. Ela estava obviamente à beira do colapso. E, nesse ritmo, mesmo que conseguíssemos sair daqui, seus ferimentos poderiam acabar se tornando impossíveis de tratar. Nós nem sequer tínhamos uma poção. Sua melhor opção seria me colocar no chão e esperar minha Paralisia passar. Assim, ela não precisaria mais me carregar.

— Eu não posso… fazer isso.

Por algum motivo, no entanto, Ainar se recusou obstinadamente a parar.

— P-Por quê…?

— No momento em que você desmaiou… eu vi… o futuro.

— …O futuro?

— A maga… Quando ela morreu… Eu também vi isso. Pensei que fosse apenas uma alucinação aleatória, mas… agora acho que… é algum tipo de habilidade.

Mas por que ela estava agindo assim? O que exatamente ela viu?

Perguntei a ela, mas ela não quis me contar. — Eu… não posso parar. Apenas confie em mim nisso.

Fiquei mais uma vez sem palavras.

— Eu… definitivamente não… vou cair.

A voz de Ainar estava cheia de determinação. Sabendo que eu não tinha chance de mudar sua opinião, me calei enquanto ela continuava avançando em silêncio.

Tromp, tromp.

Não importa quantos soldados surgissem em nosso caminho, ela nunca parou de avançar.

1. Distúrbio crônico do sono que provoca ataques súbitos de sono.[↩]