Capítulo 491: Declaração de Guerra (2/6)

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『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi – Note 』

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A Pedra de Honra era um monumento colossal localizado no centro da Praça dos Heróis na capital de Karnon. A pedra, que se dizia ter sido criada quando a primeira Praça Dimensional foi construída, registrava as conquistas dos heróis que vieram e se foram ao longo da história de Rafdonia.

“A última conquista foi, o quê, há seiscentos anos…?”

As façanhas não eram inscritas no monumento manualmente, a propósito. A história dizia que o monumento havia sido criado usando um feitiço antigo há muito esquecido, com fortes laços com o labirinto. Quando uma façanha digna de ser registrada era realizada dentro do labirinto, essa façanha era automaticamente gravada na pedra.

“…Pelo menos, é o que diz o enredo do jogo.”

Eu estava perplexo. No jogo, sempre pensei que a Pedra de Honra fosse apenas um item decorativo aleatório, usado para ajudar a explicar o cenário do mundo para o jogador. Joguei por dez anos e, nem uma vez, ela fez algo.

“Eu não acredito que ela realmente funciona.”

Ao chegar à praça, escoltado por um grupo de cavaleiros, fiquei olhando para o monumento, atordoado. As pessoas estavam aglomeradas ao redor da praça para me ver, e os cavaleiros que faziam a guarda claramente estavam lutando para controlar o caos. Como estávamos em Karnon, a maioria dos espectadores eram nobres vestidos com roupas caras.

— Bjorn Yandel! É o Barão Bjorn Yandel…!

— Wooooooh!

Eu me sentia como um animal de zoológico em uma jaula. Mesmo assim, mantive meu olhar fixo na pedra, tentando não deixar meu desconforto transparecer enquanto lia a conquista listada no topo.

Segundo os livros de história, esse foi o momento em que os quatro portais que levavam ao segundo andar apareceram pela primeira vez no labirinto. A próxima conquista era semelhante.

A primeira vez que um aventureiro matou aquele chefe, uma ilha previamente inexistente apareceu.

A primeira pessoa a limpar completamente o sexto andar anunciou a criação de dois novos caminhos para explorar, ambos levando ao sétimo andar.

Quando alguém alcançou o décimo andar pela primeira vez, os Lordes do Andar passaram a residir no labirinto. Então, toda vez que um deles era derrotado, Fendas começaram a aparecer em seus respectivos andares.

“O Herói de Ferro, Juggernaut… Acho que ele foi o primeiro a derrotar um Lorde do Andar.”

De qualquer forma, nada disso era particularmente importante agora. Do ponto de vista de um jogador, a pedra era apenas uma espécie de nota de atualização¹. Essencialmente, sempre que algo no labirinto mudava ou era desbloqueado, uma mensagem louvando o aventureiro que realizou a façanha era registrada. E agora, uma das façanhas na parte inferior dizia o meu nome.

Isso significava que uma nova área inteira havia sido aberta por minha causa. Isso era bom ou ruim? Como eu não tinha como saber, tudo o que pude fazer foi ficar olhando para a pedra, atordoado.

— Barão Yandel! Poderia olhar para cá?

Sem pensar, virei a cabeça quando um homem que parecia ser um funcionário público chamou meu nome.

Clique!

De repente, houve um flash brilhante vindo do cristal de gravação nas mãos do homem.

— Por favor, sorria! Isso vai entrar nos livros de história para sempre!

“Os livros de história… É, acho que não seria tão ruim colaborar.”

Já que eu já estava planejando construir minha reputação e reunir o máximo de apoio possível, coisas como essa eram um ganho positivo.

Ao chegar a essa conclusão, ativei 【Gigantificação】 e flexionei os braços com um rugido de — Behelaaah!

Claro, houve outro flash.

Clique!

Isso deve entrar na versão final, certo?

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Ter meu nome gravado na Pedra de Honra acabou sendo um evento muito maior do que eu imaginava. O fotógrafo, que mais tarde descobri estar trabalhando diretamente para a família real, me fez fazer inúmeras poses em frente ao monumento até que ele finalmente achasse que conseguiu a foto perfeita.

— A iluminação natural realmente faz maravilhas para fotos e vídeos!

Depois de tirar minha foto, fui chamado para um interrogatório. Não foi nada parecido com um interrogatório de verdade, mas se eu não fosse um nobre, com certeza teria sido.

— Ah, entendo… então você está dizendo que não pode nos contar.

— Experiência e conhecimento são ativos valiosos para aventureiros. Por que eu deveria te contar de graça?

— …V-Você tem razão. Segundo as leis referentes ao labirinto, não podemos te forçar. No entanto, você poderia reconsiderar pelo bem do reino e das futuras gerações?

— Talvez. Mas não me lembro de meus companheiros aventureiros que realizaram façanhas semelhantes responderem a todas as suas perguntas.

— B-Bem…

— Estou com fome, então estou indo embora.

Quando saí de lá, já era tarde, e o mundo inteiro parecia diferente. Quando comecei a me tornar famoso, fui agraciado com o apelido de Pequeno Balkan, e quando fiz uma contribuição significativa na guerra contra Noark, fui premiado com o título de barão. Nesses momentos, também parecia que meu mundo havia mudado da noite para o dia… mas nada se comparava a agora.

— É Bjorn Yandel…!

Tudo o que eu estava fazendo era andar pela rua, mas inúmeras pessoas me chamavam. Alguns me aplaudiam enquanto outros corriam até mim, pedindo apertos de mão ou abraços. Uma criança no fundo da multidão acenava para mim e implorava para que eu dissesse seu nome.

“O que é isso…?”

Claro, eu já tinha tido experiências semelhantes no passado, mas isso era completamente diferente. Eu estava em Karnon, a capital. Todas as pessoas que viviam aqui eram nobres ou cidadãos de classe alta. Eles nunca tinham se interessado muito por mim antes, mas agora estavam diferentes.

— O Gigante! É o Gigante!

— O Grande Gigante que nos guiará a uma nova era…!

— Que você seja a luz interminável que Rafdonia precisa!

Até mesmo os aristocratas me elogiavam como fãs empolgados. Fazia sentido, de certa forma, porque eles estavam agindo assim só agora. Alguém com potencial heroico era completamente diferente de um herói real.

— N-Não posso acreditar que um herói como ele nasceu enquanto estou vivo.

O Grande Sábio, Gabrielius. O Explorador do Abismo, Limenin. O Grande Navegador, Pikma. O Herói de Ferro, Juggernaut. Era motivo de orgulho estar na companhia de nomes tão renomados quanto aqueles registrados na Pedra de Honra, e as pessoas estavam extasiadas por, em suas vidas, terem a chance de ver um herói que seria lembrado e comentado por anos. Até mesmo compartilhar o mesmo espaço que eu era o suficiente para fazê-los sentir que faziam parte da história. Assim, achei que deveria dar um pouco de atenção aos fãs.

— Querida! O barão disse o nome do nosso bebê…!

— Essa criança vai crescer e se tornar alguém incrível! Tenho certeza disso!

Era hora de ativar o Modo Pontífice² Bárbaro.

Continuei a interagir com a multidão até chegar à plataforma da carruagem. Não consegui descansar nem mesmo dentro da carruagem, porque as pessoas do lado de fora nos seguiam, gritando meu nome. Levou um bom tempo para finalmente chegar em casa.

— Woooooh!

A essa altura, as notícias já haviam se espalhado por todo o império. Uma multidão enorme se reuniu do lado de fora da nossa casa, um festival improvisado se desenvolvendo enquanto todos celebravam. Felizmente, os cavaleiros da Mozlan eventualmente vieram naquela noite para controlar a multidão e encerrar as festividades.

Eu me recostei no sofá com um suspiro pesado. — Ufa… Finalmente um pouco de paz e silêncio.

Erwen se aproximou de onde estava espiando pela janela, por entre as cortinas. — Acho que todos foram dormir agora.

— Isso é uma loucura. Se hoje foi assim, como será amanhã?

— As coisas vão se acalmar mais rápido do que você pensa. Surpreendentemente, as pessoas… esquecem rápido.

— Como quando todos pensaram que eu estava morto?

— …Sim.

Erwen se sentou à minha frente, e Auyen apareceu para nos servir chá, como se estivesse esperando por isso.

— Ah, obrigado.

— Claro, Capitão. — A voz de Auyen e o olhar em seus olhos estavam diferentes do habitual. Ele sempre foi educado, mas hoje havia um estranho nível de respeito na forma como me tratava. — Deve ser destino eu ter tido a sorte de conhecer você, Capitão, e que você tenha me dado a chance de me redimir pelos meus pecados e estar ao seu lado. Embora eu não possa oferecer muito, continuarei a apoiá-lo no seu caminho da melhor forma possível.

Será que esse cara acha que é um portador³ para o grupo de um guerreiro lendário ou algo assim?

“Era um pouco engraçado vê-lo me bajulando desse jeito, mas não me incomodei em provocá-lo por isso.”

Ele saiu com um: — Tenham uma boa noite — e Versyl e Amelia entraram na sala juntas.

— Sinto muito — disse a Versyl. — Graças a mim, você nem pode ir para casa e descansar.

— Não, estou feliz por não ter voltado para casa. Dada a situação, teria sido difícil para mim voltar aqui amanhã. Além disso, estou um pouco cansada demais para ir até lá de qualquer maneira.

— Entendo…

Honestamente, nada disso parecia real. Todos estavam me chamando de herói, mas será que realmente fiz algo digno de ser registrado na Pedra de Honra? Nós apenas tropeçamos no evento oculto por acaso, e foi pura sorte que conseguimos. A expedição à Rocha de Gelo foi várias vezes mais difícil do que o que acabamos de passar, e muito mais pessoas morreram lá.

“Em termos de dificuldade, aquilo foi muito mais difícil…”

Sacudi o pensamento. — Enfim, você conseguiu descansar?

— Não… Não consegui dormir. Mas não se preocupe comigo. Estivemos lá por apenas sete dias, e todos foram bem tranquilos, exceto pelo último.

Bem, isso é verdade. Normalmente, eu também desmaio de exaustão depois de voltar do labirinto, mas estou relativamente bem agora.

Ainar era a única de nós que estava dormindo profundamente.

— Então, eu examinei novamente no meu tempo livre… — Versyl tirou o item No. 12: Confiança e o colocou na mesa. Eu havia dado a ela o item antes de seguir com os cavaleiros para Karnon para meu interrogatório. — Primeiro de tudo, parece ser o tipo de item que se liga à alma das pessoas.

— Liga-se à alma?

— Sim, mas estranhamente, parece estar ligado a várias pessoas. Parece que você, Sra. Fenelin, Sra. Tersia e eu podemos usá-lo. — Para demonstrar, Versyl colocou a pulseira no pulso da Amelia. Ela não ajustou para caber e, em vez disso, escorregou imediatamente.

Então, apenas aqueles que passaram pelo teste podem usá-lo.

— Sim. É muito provável que seja o caso.

— Hm…

Enquanto eu pensava sobre isso, Versyl falou cautelosamente. — Mas… apenas um de nós pode usá-lo de cada vez. Então, quem você acha que deveria usá-lo?

Confiança era um item extremamente versátil, tão versátil, de fato, que poderia ser usado de forma eficaz por tanques, DPS, magos e sacerdotes. Isso porque ele tinha três efeitos principais e, portanto, três maneiras de usá-lo.

“Primeiro, você é imune a danos causados por aliados com os quais está Vinculado.”

Quando um tanque usava o item, seus companheiros de equipe podiam bombardear a linha de frente com ataques de área sem se preocupar com ele sofrer um único arranhão. Em outras palavras, o maior problema que os tanques enfrentavam era resolvido e mais táticas diversas se tornavam disponíveis para o grupo.

“Segundo, o dano que você causa aumenta em relação ao número de aliados com os quais está Vinculado.”

Quando causadores de dano usavam o item, seu dano aumentava dramaticamente.

“Terceiro, ele dobra todos os efeitos benéficos aplicados a aliados com os quais está Vinculado.”

Quando usado por um sacerdote ou aventureiro de suporte, seus buffs, curas e outros efeitos úteis dobravam em força.

“Podemos excluir o terceiro uso para nossa equipe, já que não se aplica…”

No final, havia apenas duas opções: dar a Erwen para aumentar o poder de dano dela a um novo nível ou ficar comigo para aumentar a estabilidade e durabilidade do nosso grupo.

“Por outro lado, não há razão para pensar demais nisso.”

À moda bárbara, quando havia dois tipos de comida na mesa, você só precisava usar as duas mãos para comer tudo. Assim, não demorou muito para eu chegar ao meu veredicto. Eu usaria a maior parte do tempo, mas quando precisássemos de mais poder de fogo, deixaria Erwen usá-lo. — Vou usar por enquanto e entregar para você, Erwen, ou Ainar quando necessário.

Todas assentiram, aparentemente satisfeitas com minha decisão. No entanto, notei que Amelia parecia um pouco desanimada. Foi uma mudança extremamente sutil, mas eu a percebi imediatamente, já que a Amelia normalmente não tinha expressão alguma.

— Agora que isso está resolvido, todas vocês devem descansar. Podemos conversar mais amanhã. Oh, fique um pouco mais Emily. Tenho algo para conversar com você.

Versyl e Erwen saíram da sala sem discutir, depois de também notarem o estranho olhar no rosto de Amelia. Agora estávamos apenas nós dois. Depois de ficar de pé durante toda a nossa conversa anterior, Amelia se aproximou do sofá para se sentar. — …Se eu soubesse que isso aconteceria, não teria deixado você para interrogá-los.

Eu não podia culpá-la por se sentir chateada. Ela não pôde compartilhar os espólios ou ter seu nome escrito como minha ‘companheira’ na Pedra de Honra. Ainda assim, tentei consolá-la com lógica em vez de palavras de conforto vazias. — Tente ver isso de forma positiva. Se seu nome estivesse gravado na pedra, as coisas teriam ficado complicadas para nós.

Quando fui ver o monumento hoje, notei que os nomes dos membros do meu grupo estavam listados sob a palavra ‘companheiros’ em um texto muito fino. Simplificando, se Amelia tivesse passado pelo teste conosco, seu verdadeiro nome, Amelia Rainwales, teria sido exposto ao público.

— Eu… eu sei disso.

— Sabe?

— É só que… me sinto um pouco amargurada.

— …Huh?

Quando inclinei a cabeça, Amelia levantou os olhos para encontrar os meus. — Porque isso significa que eu nunca poderei estar ao seu lado como meu verdadeiro eu.

— Oh…

“Hum…”

Sem saber o que dizer em resposta a isso, tudo o que pude fazer foi procurar por palavras certas de forma desajeitada. Amelia então mudou de assunto suavemente, aparentemente deixando para trás seu estranho humor. — De qualquer forma, há uma informação que você precisa saber.

— É sobre aquela coisa que você mencionou que me contaria depois?

— Sim.

Eu tinha pedido para ela ficar especificamente para perguntar sobre isso, mas o olhar sombrio em seu rosto estava me deixando ansioso novamente. — O que é?

— Há algo errado com minha memória.

— …O quê? — A princípio, pensei honestamente que ela poderia estar contando uma piada fora de hora, mas conforme ela continuava, ficava cada vez mais evidente a gravidade da situação.

— Houve um momento durante o interrogatório em que me lembro de estar atordoada, e quando recobrei os sentidos, o cristal de gravação estava destruído. No entanto, tenho certeza de que nunca perdi a consciência ou fiz algo com ele.

— Entendo.

— Comparei o tempo que passou com o quanto eu conseguia lembrar, e havia uma pequena discrepância. — Uma discrepância de cerca de dez minutos, ela continuou a explicar. Em outras palavras, ela só se lembrava de tê-los interrogado por trinta e cinco minutos, mas, no total, haviam se passado quarenta e cinco minutos até que ela percebesse que algo tinha acontecido.

— Quais as chances de você estar errada sobre isso?

— Zero. — Se ela estava tão confiante em sua resposta, então algo tinha realmente acontecido. — Pensando bem, há algo estranho até mesmo na forma como me lembro de ter agido. Normalmente, eu teria interrogado nossos prisioneiros de forma minuciosa. Mas, pelo que me lembro, eu os interroguei casualmente e não fui a fundo em busca de informações importantes.

Fiquei em silêncio.

— Por isso, formulei a hipótese de que alguém usou magia em mim. Alguém deve ter manipulado minha memória e implantado informações falsas.

— E é isso que aconteceu?

— Ainda não sei. Pedi para a Srta. Gowland me examinar, mas ela disse que não encontrou nenhuma evidência de que alguém tenha lançado um feitiço em mim.

Manipulação de memória… Quem poderia ser o responsável por isso? Será que havia um mago desse calibre trabalhando para o Conde Alminus? Ou seria um terceiro envolvido?

Eu estava mergulhado em pensamentos quando Amelia ofereceu mais uma informação. — E uma última coisa: quando recobrei os sentidos e olhei ao redor, as armas estavam todas limpas.

— …As armas?

— Sim, até mesmo a espada que te esfaqueou. Parecia que alguém a tinha limpado com algo.

Isso era suspeito. O que diabos aconteceu? Fiquei aliviado que a Amelia estava a salvo, é claro, mas agora havia ainda mais coisas com que me preocupar.

— Aqueles caras… eles disseram que aceitaram um pedido do mercado negro, certo? Por isso não sabiam quem era o cliente. — Devo começar por aí. O mercado negro era famoso por sua segurança rígida e pelos rumores perturbadores de que ninguém que pisava lá sem permissão sobrevivia. No fim do dia, porém, um covil de ladrões ainda era apenas uma espécie de casa. — Acho que devo fazer uma visita.

Em outras palavras, se eu começasse a causar estragos por lá, alguém certamente teria algo a dizer sobre isso.

1. Patch Notes; Termo usado por desenvolvedores ao listar as mudanças em seus jogos ao fazerem alterações e melhorias.[↩]
2. Dignitário religioso que tem jurisdição e autoridade. O chefe supremo da Igreja católica; o papa.[↩]
3. Classe que carrega itens para os outros, a Arua Raven usou um na primeira exploração dela, quando conheceu o Bjorn dentro da Cidadela Sangrenta.[↩]