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Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note – Nosoran 』

No nosso octogésimo sétimo dia no labirinto, eu estava seguindo minha rotina matinal quando Amelia veio até mim com uma notícia interessante.

“Um fantasma…”

Ela disse que não conseguiu encontrar nada quando verificou, mas como havia várias testemunhas, não podíamos simplesmente ignorar os relatos.

Amelia me contou que, com exceção dela, todos os outros membros da equipe de segurança já haviam visto um fantasma pelo menos uma vez durante suas rondas, então chamei todos para uma breve reunião.

— Senti um calafrio e me virei naquela direção, e algo com cabelo branco estava me olhando.

Começando por Mihail Lectus, o homem que fazia parte do departamento de investigação do palácio, ouvi os testemunhos fantasmagóricos de todos, mas, surpreendentemente, parecia que cada um havia visto algo diferente.

— O que eu vi foi um monstro do tipo besta com presas salientes…

— O meu era um pouco diferente… Era um homem que parecia estar vestindo trapos. Seus olhos eram completamente negros, e ele estava chorando lágrimas de sangue, me encarando com ódio.

— O que eu vi parecia exatamente com um slime. Estava escorrendo pelo chão como se tivesse derretido e estava rastejando lentamente na minha direção no escuro. Mas quando esfreguei os olhos, ele desapareceu. Honestamente, achei que tinha alucinado de tanto cansaço.

Cada um deles havia visto coisas muito diferentes. No entanto, havia uma semelhança entre todos: no segundo em que tiraram os olhos deles, os fantasmas desapareceram sem deixar rastro.

— Isso tudo aconteceu ontem?

— Não, cada um viu em dias diferentes. Lectus me alertou após sua ronda ontem à noite, então perguntei aos outros e descobri que todos, exceto eu, viram algo semelhante pelo menos uma vez.

Entendo. Nesse caso…

Enquanto coçava o queixo em pensamento, ouvi um som rangente ao meu lado.

Creak, crack, clatter!

Quando me virei para olhar, percebi que o som vinha da mandíbula da Ainar. Bárbaros tendiam a ranger os dentes quando estavam com medo.

— U-Um fantasma… I-Isso não é perigoso…?

Agora que penso nisso, Ainar sempre teve medo dessas coisas desde que a conheci. Na verdade, a maioria dos bárbaros era assim. Eles sentiam uma aversão instintiva a monstros do tipo espírito, e alguns até tinham um medo absoluto, como ela.

Em um certo momento, fiquei fascinado por essa característica e perguntei a Raven sobre isso, e ela me deu esta explicação: está no sangue dos bárbaros.

Em outras palavras, eles podem ter informações sobre um predador natural imune a ataques físicos codificadas em seus próprios genes. Considerando que os bárbaros dependem tanto de seus instintos, ela disse que isso poderia ser a razão pela qual essa característica era vista em tantas pessoas diferentes.

Bem, isso não importava muito agora.

— Isso me cheira a…— murmurei para mim mesmo.

— Hmm? Cheiro? — Ainar olhou ao redor, farejando. — Alguém ta assando carne…?

Será que o desejo dela por carne era mais forte que o medo de fantasmas?

Eu nunca entenderia ela, mas decidi deixar para lá. De qualquer forma, não era isso que eu queria dizer com ‘cheiro’.

“Carne também é bom… mas havia algumas coisas por aí que eram ainda mais saborosas que carne.”

E o que eu estava sentindo era uma dessas coisas.

“Um elemento oculto.”

Qualquer jogador de Dungeon and Stone que se preze tem um instinto para essas coisas, então, quando ouvi sobre esses fantasmas, percebi isso na hora.

Gulp.

O doce, melado cheiro de um elemento oculto. E um cheiro forte, por sinal.


Neste mundo, os elementos ocultos eram chamados de Conquistas de Gabrielius. Como alguém que já havia encontrado vários elementos ocultos ao longo dos anos, comecei a trabalhar imediatamente. O que eu precisava agora era de informação, muita informação que eu pudesse consolidar em dados tangíveis.

— …Horário?

— Era por volta de uma da manhã.

— Eu estava na primeira ronda… então era por volta das onze da noite.

Quando perguntei às pessoas que haviam visto o fantasma, todos mencionaram tê-lo visto entre onze da noite e três da manhã.

Isso era só coincidência?

“Nem a pau.”

Então, o fantasma da biblioteca aparecia entre onze e três da manhã.

— Ali! Lá. Estava me olhando de lá.

— Eu vi o meu acima da estante de livros…

— Eu vi um nas escadas que levam para fora.

E a localização parecia aleatória.

“Hmm, acho que não é tanto que seja aleatória, mas que tem liberdade para vagar por toda a biblioteca.”

— Senhor, você acha que esse fantasma pode ser uma Conquista de Gabrielius? — Erwen perguntou, com o rosto cheio de curiosidade enquanto minha investigação detalhada começava. E ela não era a única.

— Sim, por enquanto.

Os olhos de todos os aventureiros ao nosso redor começaram a brilhar.

— Uma Conquista de Gabrielius!

— É verdade!

Todos os membros do Grupo de Aventureiros Armin, que eram especialistas em descobrir elementos ocultos, e os integrantes do Clã Hektz se animaram.

Quero dizer, que aventureiro poderia se conter num momento como esse?

— Então… se encontrarmos esse fantasma, vamos conseguir o tesouro? Eu ouvi dizer que todo mundo que encontra uma conquista acaba ficando rico. — Até Ainar, que tinha medo de fantasmas, deixou um pouco de seus verdadeiros sentimentos transparecer.

Isso não quer dizer que todos foram consumidos pela ganância.

Uma pessoa não foi. E ela foi a única a se aproximar de mim e expressar preocupação.

— Yandel, acho que seria perigoso assumir que isso é algo positivo…

Era Amelia Rainwales, minha companheira ao longo do tempo.

— Perigoso?

— Sim. Acho que você está sendo incomumente otimista sobre isso tudo.

Ah, eu entendia o que ela queria dizer. Na verdade, me ocorreu quando ouvi sobre esse fantasma pela primeira vez que talvez fosse algum tipo de espião enviado por alguém, e que só havíamos notado por acaso.

“O chefe da aldeia, por exemplo.”

Afinal, no primeiro dia do nosso retorno à Ilha da Biblioteca, fizemos o capitão do Clã do Leão de Prata usar 【Fuga de Emergência】 em nós.

Tratar cegamente a existência desse fantasma como algo positivo não era de forma alguma inteligente. Mesmo que não estivesse relacionado ao chefe, não havia garantia de que seria algo ‘bom’ para nós.

— Emily, entendo o que você está tentando dizer. Mas estou sendo bem cauteloso, então não se preocupe.

— …Se você diz. Entendi.

— Sim. Obrigado por considerar meu alerta.

Meu instinto ainda dizia que esse fantasma estava conectado a um elemento oculto, mas decidi ouvir o aviso da Amelia e ser um pouco mais cauteloso. Era sempre melhor estar preparado para o pior cenário possível.

“E ao anoitecer… saberei com o que estamos lidando.”

Após chegar a essa conclusão, voltei ao trabalho e passei o dia invocando e matando monstros. Descansamos apenas o necessário, mas, infelizmente, não conseguimos nada de bom hoje.

“Apenas uma essência de quarto nível que nem podemos usar…”

Normalmente, algo assim seria considerado valioso o suficiente para ser colocado em um tubo de essência, mas agora estávamos no ponto em que não podíamos nos satisfazer com pequenas vitórias como essa.

Tsk.

A maior decepção foi que tivemos a sorte de encontrar e matar mais dois Bellarios, mas nenhum deles deixou cair uma essência. Ainda assim, no nosso ritmo atual, eu definitivamente conseguirei uma antes de sair do porão. Quanto mais alto nas prateleiras subíamos, mais livros conseguíamos.

“De qualquer forma, o que faço com o último espaço de essência restante?”

Eu tinha dois espaços de essência vazios. Um deles estava reservado para a essência do Bellarios, e como planejo usar uma essência de Hipramajent para substituir minha essência de Orc Herói mais tarde, essa não conta.

Tomei meu tempo ponderando qual deveria ser minha última essência.

Na verdade, o último espaço não ficaria preenchido por muito tempo. Eu só achava que ter o número máximo de essências possível ajudaria na minha luta contra o chefe da aldeia, mas não era como se eu pudesse conseguir nenhuma das minhas essências finais agora. A menos que outro Guardião da Fenda do oitavo andar, como Milayel, aparecesse por aqui novamente, qualquer que fosse a essência que eu pegasse, teria que ser apagada em alguns meses.

“…Vou manter isso em mente quando novas essências aparecerem. Não preciso tomar uma decisão imediatamente.”

Seria uma situação diferente se eu não tivesse obtido a Muralha de Égide, mas, como agora eu tinha meu escudo final, enfrentar o chefe da aldeia não parecia tão preocupante. Deixei essa linha de pensamento de lado.

Tic, tac.

O dia acabou, e começamos a montar acampamento na biblioteca, como de costume.


【23:00】


A noite havia chegado. Geralmente, por volta das onze da noite, todos, exceto a equipe de segurança escolhida a dedo do nosso esquadrão, estariam dormindo para recarregar suas energias, mas havia muito mais pessoas acordadas hoje.

— Uma Conquista do Grande Sábio…

— Você realmente acha que é uma?

— Mesmo que não seja, estou curioso. Pode ser uma pista para nos ajudar a sair daqui.

Os outros aventureiros estavam acordados e conversando como crianças animadas para uma excursão no dia seguinte.

“Ei, vão dormir.”

— Parem de falar e fechem os olhos! Pode não aparecer se muitas pessoas estiverem acordadas!

Então, fui dizendo para aqueles que ainda estavam acordados irem dormir, e a biblioteca rapidamente se silenciou. Ah, claro, isso só significava que eles pararam de conversar. Estavam longe de estar em silêncio.

Honk!

Honk, shoo, honk.

Dezenas de aventureiros roncavam em volumes variados.

— Parece que todos estão dormindo.

— Então, o que você vai fazer agora?

— Só tem uma coisa a fazer. Procurar por aí e tentar encontrar.

Depois de verificar que todos estavam dormindo, peguei Amelia e Versyl e começamos a patrulhar a área.

— Então… precisamos continuar fazendo isso até às três da manhã? — Versyl perguntou depois de uma hora andando por aí sem encontrar nada. Mas eu não tinha a sensação de que ela estava reclamando de estar presa na patrulha. — Como você tem estado nestes dias, Sr. Yandel?

Em vez disso, parecia que ela estava entediada de caminhar em silêncio. Como eu estava pensando da mesma forma, aceitei a tentativa dela de puxar conversa.

— O que você quer dizer com ‘nestes dias’?

— Só em geral. Todo mundo também está curioso.

Versyl olhou para Amelia, que patrulhava sozinha a uma curta distância, antes de sussurrar — Então, quem é?

— Um pouco mais de contexto, por favor.

— Ah… você já sabe do que estou falando.

Bem, isso era verdade. Eu não estava totalmente sem noção.

Sorri e respondi — Ninguém.

— O quê? Sério? Eu não sei sobre os outros, mas pensei que você estivesse namorando a Srta. Raines.

— De jeito nenhum. Somos apenas companheiros.

— Heh… é mesmo? — Versyl disse, com um tom sugerindo que não acreditava em mim antes de sugerir outro nome. — E a Srta. Karlstein? Notei que o tempo que vocês passam juntos aumentou bastante recentemente.

— Não mesmo. — Era só que as coisas entre nós estavam finalmente menos estranhas. Era por isso que, recentemente, o tempo que passávamos conversando tinha aumentado. Mas eram, na maioria, conversas triviais, como sobre o sabor da comida e ela insistindo que eu precisava comer mais vegetais.

— Todo mundo tem prestado muita atenção, eu acho. Afinal, ela é a única ex do famoso Lorde Barão.

Hmm. Depois de tanto tempo no labirinto, parecia que qualquer coisa pequena se tornava entretenimento para todos.

Inicialmente, eu acolhi o papo furado para ajudar a passar o tempo da patrulha, mas não queria discutir um assunto tão tenso, então encerrei a conversa ali. — Vamos nos aquietar. Todos ainda estão dormindo. — Também, tínhamos trabalho pesado para fazer amanhã, então precisávamos deixar nossos preciosos lutadores descansarem o máximo possível.

Um silêncio pesado se instalou. “Que diabos…? Por que ela não está dizendo nada? Será que ela ficou brava porque eu mandei ela calar a boca?”

— …Sr. Yandel.

Virei-me para Versyl e percebi que ela não estava mais logo atrás de mim e, em vez disso, tinha parado a alguns metros de distância. Quando ela falou, quase não mexeu os lábios, como uma ventríloqua. — Ali — ela sussurrou. — Lá. — Ela estava me encarando de frente, mas seus olhos mal se moviam para o lado, indicando a direção. Por sua vez, mantive meu corpo imóvel e apenas movi os olhos para olhar.

— C-Certo? — ela gaguejou. — Esse é o fantasma de que a ronda noturna estava falando.

— Hmm, não tenho muita certeza, mas acho que vale a pena verificar.

— …É bem assustador. Ninguém mencionou que seria tão aterrorizante.

Não pude deixar de inclinar a cabeça diante dessas palavras.

“Aterrorizante…?”

Parecia que Versyl e eu estávamos vendo duas coisas completamente diferentes.

“Isso é interessante.”

Tudo o que eu via era um ratinho.


A criatura misteriosa que vivia na biblioteca aparecia entre onze da noite e três da manhã, e todos que a viam viam algo diferente. Embora fosse um enigma de várias maneiras, capturá-la não foi particularmente difícil.


【Você lançou Olho da Tempestade.】

【Pela autoridade do corpo transcendental, o potencial inerente a essa habilidade agora está desbloqueado.】


Ela veio direto para mim com um ataque de agarrar.

Quiik? Q-Quuiick!

Era tão pequena que eu poderia segurá-la em uma mão sem nem precisar usar a 【Gigantificação】.

Squick! Squii! Squiik!

Enquanto o rato se debatia na minha mão, guinchando freneticamente, começou a se tornar transparente. Eu quase o soltei de surpresa.


【Versyl Gowland conjurou a maldição de oitavo nível Materialização.】


No entanto, graças ao pensamento rápido de Versyl, o corpo do rato voltou ao normal.

— Que barulho foi esse…? — Amelia correu até nós, alertada pela comoção, antes de franzir a testa ao me ver. — Yandel, o que você está segurando na mão?

— Bem, o que parece para você?

— …É algo que parece muito macio e nojento.

— Sério? E para você, Versyl?

— É um homem coberto de sujeira… Ele se parece estranhamente com alguém que eu conheço.

— Alguém que você conhece…?

— Você não o conheceria.

Hmm, entendo…

S-Squiik! Squik! Squiik!

Olhei de volta para a coisa na minha mão. Não importava como eu olhasse, era um rato-comum. Ou, bem, se eu fosse descrevê-lo, diria que parecia muito com um hamster em pé sobre duas patas. A única diferença era que ele era bem grande em comparação com um hamster da Terra. Esse bicho fazia um hamster comum parecer um anão em comparação.

Squik! Quick! Squiiiick!

Também era meio fofo enquanto se debatia, mas deixei o pensamento de lado. Tínhamos coisas a fazer.

— Por ora, devemos acordar… Ah, todo mundo.

Parecia que a maioria do grupo havia sido despertada pelo barulho e agora olhava na minha direção.

— …Esse é o fantasma?

— É tão aterrorizante quanto disseram.

— Se eu visse essa coisa no meio da noite sozinho, teria tido um ‘troço’…

Ignorando sua diversidade de reações, caminhei até o centro da biblioteca com o rato-hamster na mão.

Tap.

Então, coloquei o rato em cima do altar onde colocávamos nossos livros de invocação.

— …Acho que não é isso?

Infelizmente, o altar não reagiu.

Squ-Squiik! Q-Quik! Squiiick!

Isso significava que eu tinha duas opções restantes.

Uma: apenas o matar.

Duas: lançar magia de distorção nele e depois matá-lo.

“Qual opção eu deveria testar?”

Como só tínhamos um fantasma para trabalhar, essa era uma decisão importante.

Squiik! Squiik! Squiiick!

Deixei meus pensamentos vagarem enquanto começava a amarrar o rato no altar, como o rato de laboratório que ele era.

— ⟅C-Criatura maligna! Me solte já! Me solte!⟆

Mas então, o rato começou a falar.

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Olá, eu sou MrRody!

Capítulo adquirido pelo leitor Jadoka!

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