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Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note – Nosoran 』

Raposa, Lobo, Goblin, Rainha, Borboleta, e então eu e Auril Gavis.

Nós sete estávamos ali, enquanto uma eletricidade perturbadora preenchia a sala que abrigava a Távola Redonda. Honestamente, como poderíamos reagir de outra forma a uma bomba dessas? As pessoas aqui eram todas veteranas experientes, que haviam sido sugadas para um mundo estranho anos atrás e estavam presas aqui desde então.

— Voltar…

— …pra casa?

E era exatamente porque estavam nesse lugar há tanto tempo que sabiam melhor do que ninguém. Abrir o Portão do Abismo para voltar para casa era quase impossível. Por isso, a maioria havia aceitado seu novo destino e tentado ao máximo viver vidas plenas aqui.

Mas agora…

— O que foi? Não gostaram do prêmio?

As coisas haviam mudado.

A origem dessa agitação era Auril Gavis, o homem que criou Dungeon and Stone. Esse homem havia declarado de repente que poderia tornar o impossível possível. Que se jogássemos seu jogo e ganhássemos, ele daria a um de nós um bilhete para casa como recompensa.

— Hmm, achei que isso seria uma compensação suficiente.

Era uma oferta que qualquer outro jogador aceitaria na hora, como uma mariposa atraída pela chama, mas os membros da Távola Redonda estavam mais calmos do que se esperava. Para ser justo, quem eram essas pessoas, se não indivíduos que conseguiram esculpir um lugar para si mesmos neste mundo brutal e mortal? Eles sabiam melhor do que ninguém que a resposta mais segura quando confrontados com algo que parecia bom demais para ser verdade era a desconfiança.

— …Quero saber qual é o jogo primeiro.

— Se temos que concordar em jogar antes de saber o que é, então eu recuso…

Assim, em vez de abanarem o rabo e correrem para aceitar, eles decidiram coletar informações primeiro para tomar uma decisão informada.

— Esperar que vocês concordem sem saber com o quê? Ah, não, eu jamais faria isso — Auril Gavis respondeu magnanimamente. — O jogo que preparei é muito simples.

Era realmente bizarro. Se você o ouvisse falar, pensaria que ele era qualquer avô amigável de bairro, mas para nós ao redor da mesa, essa não era a realidade.

Quando Auril Gavis fez uma pausa, os rostos sem máscaras ao nosso redor ficaram tensos.

Que tipo de jogo seria? Ele não era tão senil a ponto de nos mandar levantar e matar uns aos outros ali mesmo, certo?

A voz do velho cortou meus devaneios. — É um quiz.

O jogo acabou sendo um que ninguém aqui poderia ter esperado.

— Um… quiz?

— É exatamente o tipo de quiz em que você está pensando agora, então não me olhe com tanta suspeita — ele repreendeu.

— Eu não estava… Só estou curioso para saber como isso vai funcionar…

— Ah, ainda não contei isso. Vocês simplesmente precisam fornecer a resposta certa para minhas perguntas. Verdadeiro ou falso, vocês só precisam escolher uma dessas duas opções.

— Um quiz de verdadeiro ou falso… — o Goblin murmurou para si mesmo, parecendo preocupado.

Auril Gavis elaborou um pouco mais. Embora eu não soubesse se poderia chamar isso de elaborar.

— O quiz continuará até que apenas uma pessoa reste. Ah, também, vocês podem desistir a qualquer momento.

— Heh…? — Borboleta parecia ter interpretado isso como um insulto, um sentimento compartilhado pelos outros membros. Nem mesmo serem eliminados, mas desistirem de um quiz de verdadeiro ou falso? O que ele estava planejando?

— Você está dizendo que espera que exista uma situação em que ‘precisemos’ desistir?

Em resposta à pergunta incisiva da Rainha, o velho deu uma resposta vaga. — Quem sabe? Eu simplesmente desejo deixar a opção aberta caso vocês tomem essa decisão. Respeito sua liberdade de escolha.

Respeitar nossa liberdade? Besteira. Fomos arrastados para cá enquanto jogávamos um videogame no conforto de nossas próprias casas.

Minha vontade de xingá-lo era esmagadora, mas eu engoli. Fazer isso não ajudaria em nada.

— De qualquer forma, acho que já dei uma explicação adequada, então, se quiserem participar, por favor, digam agora. — O velho prosseguiu perguntando quem de nós estava dentro, e os outros decidiram rapidamente.

— Você está sendo sincero quando diz que não há penalidade por desistir ou ser eliminado?

— Não se preocupem. Não lhes disse isso antes? Este jogo é uma compensação por eu ter tirado suas máscaras.

— Então, se é assim… eu também vou participar.

A Rainha, a última que ainda pesava suas opções, finalmente entrou no jogo, e com isso, todos estavam dentro.

Ah, exceto eu, claro.

— Desculpe, mas você não pode jogar — ele disse, virando-se para mim. — Mas não fique muito chateado. Você não pode voltar para casa desse jeito mesmo, certo?

Em vez de ‘não pode’, era mais como se ele não tivesse a intenção de me deixar fazer isso. Ele precisava que eu continuasse ficando mais forte para abrir o Portão do Abismo algum dia.

— Heh… então o Leão não é como o resto de nós? Isso é interessante.

O olhar afiado nos olhos da Borboleta se intensificou, mas Auril Gavis logo bateu palmas para recapturar a atenção deles.

— Vamos parar de perder tempo e começar.

De repente, notei que agora havia dois remos na frente de todos, um com um ‘O’ e outro com um ‘X’. Era como um minijogo ao vivo.

“…Esse velho definitivamente está planejando algo.”

Eu só teria que esperar para ver qual era o truque dele.

— Muito bem, então a primeira pergunta.

E eis que, assim que o jogo começou, eu imediatamente entendi por que o velho fez questão de esclarecer que poderíamos desistir no meio.

— Raposa é uma maga, verdadeiro ou falso?

Alguém soltou um engasgo.

— Se for verdadeiro, levantem o ‘O’, e se não, o ‘X’ — Auril Gavis instruiu.

Isso não era um quiz sobre acertar a resposta.

Um desconforto voltou a varrer a sala. Embora ela tentasse ao máximo esconder sua expressão, Raposa não conseguiu mascarar totalmente seu choque.

— Uh… — o Goblin, que sabia exatamente quem ela era, parecia ainda mais abalado ao olhar para ela.

Parecia que a Rainha também havia percebido o verdadeiro objetivo deste jogo. — Hmm…

Os outros dois aparentemente ainda não tinham se dado conta.

— Heh… não podemos apenas levantar o mesmo remo que a Raposa levantar? A pergunta é sobre ela.

— Hoh, não é uma má estratégia.

E assim, toda a atenção se voltou para Raposa. Ela levou um momento para pensar em suas opções antes de levantar um remo.

— É o ‘O’.

— Então você realmente é uma maga. Você se encaixava no perfil. Ei, Mestre? Você não deveria nos dizer se acertamos agora?

Com a pergunta da Borboleta, Auril Gavis assentiu. — Parabéns. Todos acertaram. Então, vamos passar para a próxima pergunta. O Goblin é um paladino.

Foi então que o Lobo e a Borboleta também perceberam o que estava acontecendo.

A sala ficou tão silenciosa que ninguém passando por ali acreditaria que um jogo estava sendo jogado lá dentro. No silêncio, as pessoas levantaram o remo com o ‘O’, e a rodada prosseguiu.

— A Rainha nunca pisou no labirinto.

‘O’ foi a resposta da terceira pergunta.

— Lobo é o capitão de um clã.

‘O’ novamente para a quarta.

— Borboleta é uma cidadã de Noark.

E como esperado ‘O’ também foi a resposta para a quinta pergunta.

A essa altura, eu quase começava a questionar por que ‘X’ era sequer uma opção.

— Muito bem, então é hora da sexta pergunta.

Com a primeira rodada encerrada, o olhar do velho voltou-se para a Raposa, e todos sabiam o que aquele olhar significava. A essa altura, todos já haviam percebido que isso não era um simples jogo de verdadeiro ou falso. Era um esquema para expor as identidades das pessoas disfarçado como um simples jogo de verdadeiro ou falso. Com a verdadeira natureza do jogo agora de conhecimento comum e uma rodada atrás de nós, era óbvio que a dificuldade das perguntas aumentaria na próxima rodada.

— Vou dizer isso uma última vez: respeito sua liberdade de escolha, então, se quiser desistir, pode fazê-lo quando desejar.

Respeitar nossa liberdade…

Embora eu tenha descartado isso como uma piada cruel antes, o peso dessas palavras era diferente desta vez. Ele até ofereceu aos membros uma espécie de ‘teste de sabor’, por assim dizer. Qualquer dúvida sobre se ele sabia nossas verdadeiras identidades já havia sido eliminada da mente de cada pessoa nesta mesa. A qualidade das informações pessoais reveladas começaria a aumentar a cada turno que passasse.

— O que acontece… se desistirmos agora?

Auril Gavis respondeu à pergunta da Rainha sem hesitar. — Nada. Ah, mas como continuaremos com o jogo, você precisará sair. Um espectador é suficiente.

— E que garantia temos de que você realmente nos enviará para casa no final disso?

— O que posso dizer para convencê-la? Fé é o único antídoto para a dúvida.

— Se você puder apresentar qualquer tipo de evidência…

— Se não pode confiar em mim, então só há uma coisa a fazer: sair. Então, o que vai escolher?

Qualquer um diria que essas eram as palavras de um trapaceiro, mas a Rainha não podia se dar ao luxo de se levantar e sair agora.

Auril Gavis riu. — Eu sabia que você ficaria. A verdade é que esta é sua única chance de voltar para casa, certo?

A Rainha não respondeu.

— Relaxe. Vai valer a pena se você ficar aqui até o fim e sair vitoriosa. Ah, ou devo lhe dar um tempo para pensar enquanto consulto nosso amigo em comum? Sobre se devo prosseguir com isso ou não, é claro. Assim como nos velhos tempos, quando você…

— Tudo bem… Continue.

A Rainha o interrompeu com um óbvio desagrado, e Auril Gavis concordou e continuou seu jogo com uma alegria palpável.

Como ninguém fez um som, exceto para mover seus remos, demorou apenas cerca de três minutos para passar por outra rodada.

— A Raposa já matou um aventureiro inocente para roubar seu dinheiro.

— O Goblin já recebeu uma profecia de Reatlas.

— O Lobo está atualmente residindo no Distrito Sete.

— A Rainha é uma nobre.

— A Borboleta é membro da Orcules.

Não sei por que a Raposa foi a única a ser alvo de uma pergunta como essa sobre seu passado, mas a segunda rodada terminou num piscar de olhos.

— …Ei, Mestre? Vou parar por aqui!

A Borboleta desistiu.

— Por algum motivo, tenho a sensação de que meu nome surgirá na próxima rodada. Bem, não é como se eu precisasse esconder isso, mas é um pouco… sabe? Especialmente porque ainda não tenho certeza se você realmente pode nos mandar de volta para casa.

— Entendo sua decisão. Então, poderia sair?

A Borboleta acenou com a cabeça ao pedido dele e depois se virou para nós com uma despedida alegre. — Vamos nos encontrar lá fora algum dia!

O fato de que ela tinha apenas vinte e poucos anos dava a ela um ar alegre e amigável. No entanto, talvez por eu ter descoberto através deste jogo que ela era cidadã de Noark e membro da organização criminosa Orcules…

“Por que isso soa como uma ameaça?”

Não pude ignorar a sensação de mau presságio que senti. Mesmo que eu ainda não soubesse quem ela era, não havia como ela ser uma pessoa normal.

— Eu… também vou parar por aqui.

De qualquer forma, parecia que ver a Borboleta cortar suas perdas e sair a fez voltar à razão, já que a Raposa também anunciou que estava desistindo.

— Hmm, não esperava que você fizesse essa escolha, Srta. Raposa. Você não era a mais desesperada para voltar para casa?

— Eu era… mas após morrer e voltar, isso tudo começou a parecer uma bobagem para mim. A vida que tenho agora já vale a pena. — Seguindo essa resposta incrivelmente sincera, a Raposa fez um aceno curto para Auril Gavis. — Ainda assim, sou grata pelo que você fez por mim naquela época. Não importa quais eram suas intenções, se você não tivesse me acolhido, eu não estaria viva hoje.

— …Não mencione isso. Mesmo sem mim, você teria ficado bem sozinha, Srta. Raposa.

— Então, posso tirar um momento para me despedir antes de sair?

— Faça como quiser.

Diante disso, a Raposa se virou e olhou cada um nos olhos, Lobo, Goblin, Rainha, e então eu.

— Acho que, de alguma forma, acabamos com um grupo menor. É uma pena. Não pensei que seguiríamos caminhos diferentes sem uma despedida adequada.

— …Eu também não — a Rainha admitiu lentamente.

— Ainda assim, é bom ver o rosto de todos. Parece que estamos finalmente nos conectando como seres humanos.

— É… é mesmo?

— Sim. Pelo menos para mim, embora eu admita que me assustou um pouco no começo. Mas, quer você acabe voltando para casa ou não, espero que viva uma boa vida. De verdade.

A Rainha ficou em silêncio com a bênção da Raposa. Era óbvio o que ela estava pensando. Ela devia estar se perguntando por que a Raposa diria isso, qual era a intenção dela. Mas no final, foi forçada a reconhecer que não havia uma agenda oculta.

— …Obrigada — sussurrou.

A Raposa deu um sorriso brilhante para a Rainha antes de desviar o olhar para a próxima pessoa. Ela passou direto pelo Lobo, com quem teve apenas um breve contato, e pousou no Goblin por apenas um momento. No entanto, talvez ela tenha pensado que poderia falar com ele fora dali, porque não ofereceu palavras de despedida antes de olhar para mim.

— Para ser honesta… tenho algo que quero te dizer. Posso? — Quando dei permissão para ela continuar com um pequeno aceno, Raposa perguntou em voz baixa: — Se sua vida é realmente chata, que tal tirar sua máscara e fazer um amigo?

Uh…

— Então sua vida aqui ficará muito mais interessante.

Espera, por que ela está assumindo que eu não tenho amigos?

Não tenho certeza, mas meus lábios se curvaram ao ouvir as próximas palavras saírem da boca dela.

— Assim como a minha ficou.

“Obrigado.”

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