O quinto andar do labirinto, o Grande Reino dos Demônios, era monumental para qualquer aventureiro. Era o ponto em que os aventureiros começavam a trabalhar em grupos, como clãs.
“E a forma como você é tratado muda.”
Os humanos honestamente não precisavam mais se preocupar com impostos a partir desse ponto. Era por isso que os cidadãos de Rafdonia viam os aventureiros que conseguiam chegar ao quinto andar como os melhores potenciais cônjuges.
“É algo como entrar em uma grande corporação, eu acho?”
Os aventureiros do quinto andar iam ao labirinto como se fossem para um trabalho das nove às cinco. Após chegar ao andar, iam ao seu local de caça habitual e farmavam pedras de mana sem descanso até o labirinto fechar. Depois, eram recompensados de acordo com seu desempenho.
Bem, havia muitos outros que não gostavam dessa rotina e preferiam andar sem clã, com suas próprias equipes.
“E essas pessoas, eu acho, seriam os empreendedores de sucesso.”
De qualquer forma, isso não mudava o fato de que eles eram considerados o parceiro ideal.
“É meio irônico, no entanto.”
A ‘idealidade’ de um parceiro era mais alta no quinto andar e começava a diminuir a partir do sexto.
Ah, também, minha referência para isso foi um livro na biblioteca. Era um livro que compilava os resultados de uma pesquisa com mais de dez mil cidadãos, e a razão pela qual a favorabilidade deles diminuía era bem interessante.
Primeiro, era muito perigoso.
Segundo, seria difícil encontrá-los, realisticamente falando.
Terceiro, porque eles poderiam ser mal-humorados.
A terceira razão pode parecer estranha, mas não era um estereótipo sem fundamento. O tempo de um aventureiro fluía de maneira diferente do de uma pessoa comum. Sua saúde mental era desgastada de maneiras que a pessoa média não entenderia, e o nível de estresse que eles experimentavam no labirinto, a partir do sexto andar, aumentava exponencialmente. Era por isso que, entre os aventureiros famosos, muitos eram conhecidos por serem bastante…
— Lorde Barão, no que está pensando tão profundamente?
Me tirei dos meus pensamentos com a pergunta do chefe da aldeia. — Ah… eu estava apenas inspecionando os arredores.
Eu não disse isso como uma desculpa plausível. Eu realmente estava observando a área, e foi isso que me levou a essa linha de pensamento.
O quinto andar do labirinto, o Grande Reino dos Demônios. Ao contrário de seu nome temível, o andar era relativamente seguro. No entanto…
— Isso é um pouco diferente do andar que eu conheço.
Nós abrimos os olhos e nos encontramos em um lugar diferente do familiar quinto andar, pelo qual havíamos passado várias vezes. Embora o terreno e a atmosfera geral fossem semelhantes, havia uma coisa que o diferenciava do andar que conhecíamos.
— Não deveria haver monstros de terceiro nível como aquele perambulando pelo Grande Reino dos Demônios.
Em um dos caminhos que descia, um monstro de terceiro nível estava lá, bloqueando o caminho enquanto nos encarava.
— Senhor, aquele é um Vamdemon, certo?
Vamdemon era um chamado monstro raro porque algumas condições precisavam ser cumpridas para ele aparecer. Eu ainda não tinha tido a chance de ganhar experiência com ele.
“Como não precisamos da essência dele, não há necessidade de tentarmos derrotá-lo aqui…”
Embora eu tenha levantado minha guarda assim que o vi, por algum motivo, ele apenas nos olhou de cima a baixo e não se aproximou.
— Gahuin, você tem alguma ideia de para onde devemos ir?
Ele levou um momento para considerar minha pergunta. — Não, não estou sentindo nada. É como se essa habilidade tivesse desaparecido assim que chegamos aqui…
“Hmm, é mesmo…?”
— No entanto — ele acrescentou — tenho a sensação de que este é o último desafio que devemos superar.
— Uh… não é só o que você está esperando?
— Lorde Barão, a maneira como você fala… Não está indo longe demais? Bem, não posso negar o que você disse… — Gahuin soltou um suspiro profundo antes de revelar seus pensamentos. — Mas já está na hora de isso acabar. Já estamos aqui há meio ano!
Considerando que eu tinha acordado no capítulo onze assim que o capítulo dois terminou, eu não podia fazer nada para consolá-lo. Afinal, eu não estava aqui há nem vinte e quatro horas.
— Vamos deixar isso de lado e concentrar nossas cabeças. Para resumir, parece que precisamos encontrar o deus maligno aqui. — Jerome interrompeu a tensão constrangedora e colocou a situação sob controle, perguntando — Para que direção vocês acham que devemos ir?
— Isso é óbvio.
— Não precisamos pensar nisso.
Gahuin e eu respondemos ao mesmo tempo.
Como isso aconteceu?
— Gahuin, você pode falar primeiro…
— Fale você primeiro, Lorde Barão…
Eu queria dar a ele a chance de falar, mas acabamos nos sobrepondo de novo, mergulhando a situação de volta em um clima constrangedor. Internamente, eu estava pensando algo como ‘Posso falar agora?’ Hmm, e se eu falar ao mesmo tempo que ele de novo?’ Esperei um momento, dando-lhe a chance de falar.
“Certo, agora.”
Aproveitei o momento e apontei para a rota que o Vamdemon estava bloqueando.
— Eu…
— Eu…
Esse velho ia fazer isso de novo? Que irritante.
— Gahuin, você está fazendo isso de propósito? — acusei, com um olhar de desconfiança.
— P-Por que eu faria?! — Gahuin me olhou como se eu o tivesse acusado injustamente.
O chefe da aldeia interveio com uma expressão neutra para resolver essa situação sem graça. — Não percam tempo assim. Parece que vocês dois apontaram para a mesma direção. Não estão pensando a mesma coisa?
— Bem… parece que sim…
“Concordo.”
Dessa vez, de novo, Gahuin e eu falamos ao mesmo tempo.
— Naturalmente…
— Naturalmente…
Isso estava me irritando. Ele estava dizendo as mesmas palavras que eu a essa altura…
“Ah, que seja.”
Decidi ignorá-lo e continuar falando, e infelizmente, Gahuin pensou a mesma coisa.
— Precisamos ir por aquele caminho.
— Precisamos apenas evitar ir por aquele caminho, certo?
Depois que um momento de silêncio se passou, Gahuin e eu nos olhamos e caímos no silêncio constrangedor de novo. Eu realmente não me dava bem com esse velho.
— Há algo perigoso naquela direção, então não seria sensato evitá-lo e seguir por outro caminho?
Surpreendentemente, o ponto de partida lógico de Gahuin era o mesmo que o meu, mas sua conclusão era completamente diferente. Era uma diferença fundamental na maneira como pensávamos.
— Não — refutei. — Precisamos ir naquela direção porque há algo perigoso lá.
O objetivo deste capítulo era encontrar o deus maligno Karui. E pelo que eu podia ver, havia uma boa chance de Karui estar à espreita em um dos quatro cânions. Tesouros eram geralmente escondidos em lugares como aquele.
— Há um ponto seguro nos esperando lá, então por que deveríamos perder nosso tempo indo para outro lugar primeiro? — argumentei.
— É muito cedo para dizer que será uma perda de tempo. A rota para o sucesso pode exigir que procuremos nos outros três cânions por algum objeto antes de encontrarmos o deus maligno!
— E se for um sistema em que a batalha resultante se torna mais difícil quanto mais tempo demorarmos? Uma decisão errada aqui pode levar a um resultado irreversível.
— Isso é forçar demais!
— Gahuin, em uma Fenda, você precisa estar aberto a todas as possibilidades enquanto se mantém atento a elas. Ainda mais agora, já que é a primeira vez que estamos aqui. E ouvir você dizer essas coisas tão amadoras… — Ele me lançou um olhar questionador, e eu respondi com uma resolução — Você realmente é um mago. Não um aventureiro.
— O q-quê?!
Ver o rosto dele corar de raiva me lembrou da reunião na Ilha da Biblioteca sobre qual dos monstros de primeiro nível invocar. Também tivemos um debate bem acalorado naquela vez.
— Mesmo que a gente converse aqui, é o conde quem toma a decisão, não é? Conde Saintred, tome sua decisão. — Não fazia sentido perder tempo aqui, então deixei o conde decidir, e, naturalmente, o resultado já estava decidido.
O chefe da aldeia fingiu pensar por um momento. — Hmm… Parece que devemos seguir a decisão do barão — disse ele, ficando do meu lado, e a conversa terminou ali.
— I-Isso é…!
Gahuin claramente não gostou da decisão, mas não pôde dizer nada, já que o chefe da aldeia tinha a palavra final ali.
“Certo, então a rota está decidida.”
Gahuin soltou uma risada amarga antes de se afastar, e, embora minha relação com aquele velho tenha piorado um pouco, isso ainda foi melhor. Na verdade, isso foi até um desfecho refrescante.
Em seguida, me aproximei do arcebispo, que eu estava observando há um tempo. — Arcebispo, por que está parado aí sozinho?
— Ah… Oh! Eu estava pensando por um momento. Sobre aquele… deus maligno. Pode ser que possamos encontrar esse deus maligno neste lugar.
— Por quê? Você não quer?
— Bem… Eu não sei. — A expressão do arcebispo ficou bem séria ao dizer isso.
Bom, eu imaginei que esse tipo de preocupação era algo que qualquer pessoa devotamente religiosa teria. Como ateu, não conseguia me relacionar, mas também não era algo com que eu precisasse me preocupar. — Não me importa o que você está pensando, mas não se distraia e nos atrapalhe. Entendido?
— …Eu vou me cuidar.
Certo, tanto faz.
De qualquer forma, depois de verificar o estado do arcebispo, tivemos uma breve sessão de informações sobre o Vamdemon. Quem deu a lição não fui eu, mas sim Gahuin. Embora ele não tivesse a mentalidade de um aventureiro, não era como se lhe faltasse conhecimento.
“Ele deixou passar alguns pequenos detalhes… Mas isso já é o suficiente. Seria estranho se eu mencionasse esses detalhes… Além disso, não estou com paciência para isso.”
【Você derrotou um Vamdemon. EXP +7】
Nossa batalha contra o monstro de terceiro nível Vamdemon não foi tão difícil. Todos nós estávamos sob o efeito de habilidades bastante poderosas. Poder divino ilimitado para o sacerdote, atributos dobrados para o cavaleiro, a poderosa magia antiga para o mago, mesmo considerando que eu não podia assumir o papel de tanque como costumava fazer, os bônus foram suficientes para derrotar facilmente um monstro de terceiro nível.
“Talvez devêssemos ter tentado com apenas três pessoas…”
O saque do Vamdemon foi apenas uma pedra de mana, mas eu não fiquei muito desapontado. Quer dizer, talvez devesse ficar feliz por termos conseguido. Mesmo que fosse uma coisa pequena? Eu estava mais focado em outra coisa, no entanto.
— Isso não foi tão difícil. Não sei por que o velho ficou tão assustado — observei.
— …Lorde Barão, o que você acabou de dizer?
— Nada?
— Como assim nada?! Você estava falando de mim.
— Mas eu realmente não posso te chamar de jovem, posso?
Pode parecer um pouco infantil, mas eu não perderia nem uma palavra sequer para Gahuin.
“Ele tem agido de forma estranha ultimamente. Mesmo sendo de uma família nobre, ele não tem um título de nobreza.”
Eu precisava fazer com que ele percebesse sua posição pelo menos uma vez…
— Senhor…
Erwen me chamou enquanto eu estava prestes a aumentar a pressão sobre Gahuin.
Eu pausei. — O que foi?
— E-Eu só…
— Não me faça esperar. Apenas diga.
— Bem… você não está agindo como você mesmo hoje…
Ao ouvir suas palavras cuidadosas, não pude deixar de esboçar um sorriso. — Como assim eu não estou agindo como eu mesmo? — Pensando bem, ela também sempre esperava tudo de mim sem motivo. Assim como Amelia e Missha…
— Ah, você está perguntando por que eu não estou agindo do jeito que você gosta? — Questionei, dando um passo em sua direção. Erwen deu um passo para trás, o medo evidente em seus olhos.
— Que diabos…? — murmurei.
Ao ver sua expressão, minha mente clareou instantaneamente, dissipando o turbilhão de emoções que eu nem tinha percebido até então. Foi uma mudança tão natural que eu nem percebi.
— Porra.
Deixei o martelo que estava segurando cair no chão, me abaixei e, com um estrondo, bati minha cabeça no martelo.
— Hah… — suspirei de alívio. — Agora eu finalmente posso pensar.
Um problema havia surgido na minha cabeça assim que entramos no Grande Reino dos Demônios.
Não, talvez…
— Tão bárbaro… P-Por que você está me olhando assim?
Talvez eu não fosse o único com um problema.
【Você entrou em uma área especial.】
【Efeito de Campo – Grande Reino dos Demônios está em vigor.】
【O Controle diminuirá continuamente.】
