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Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』

Bifron era uma cidade abandonada. Embora tivesse sido o décimo quarto distrito de Ravigion e até mesmo um distrito residencial com uma Praça Dimensional, o círculo mágico de proteção que defendia contra o veneno da Bruxa havia se rompido há muito tempo, e toda a área ficou inutilizada.

“E virou um campo de prisioneiros.”

O palácio achou um desperdício abandonar um distrito inteiro da cidade, então criaram um novo, separado, chamado Distrito Quatorze, e nomearam-no Bifron para usá-lo com um objetivo diferente.

Sonhadores que sonhavam com revolução. Pensadores com ideais progressistas. Ou talvez aqueles insatisfeitos com a forma como a cidade estava sendo administrada, e assim por diante. Todas essas figuras de oposição foram trancadas em Bifron, e ao fazer isso, o palácio ganhou mais do que uma simples execução poderia proporcionar.

“Mas, dadas as circunstâncias, o palácio provavelmente está inquieto com eles.”

Isso foi provado quando os aventureiros de Noark deixaram os muros da cidade. O veneno da Bruxa, que deveria derreter sua carne instantaneamente, não estava em lugar algum.

Bem, os cidadãos comuns tinham dificuldade em acessar esse tipo de informação, então isso era tratado mais como um rumor estranho do que qualquer outra coisa.

Suspirei.

Isso era tudo que eu sabia sobre Bifron no momento. Então, o que tornava Bifron tão importante neste conflito? A cidade tinha alguma importância política para o palácio? Os aventureiros de Noark estavam tentando usar isso?

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais descartava minha suposição inicial. Não fazia sentido. Se Bifron fosse importante, o palácio teria enviado soldados ou outras forças para protegê-la. Não é como se o palácio fosse composto por idiotas. Não havia como eles não pensarem em algo que pensei.

“…Eu vou encontrar algo se continuar investigando.”

Com esse pensamento, saí do escritório de inspeção e continuei investigando Bifron. Formamos um grupo de busca para explorar várias áreas da cidade e perguntamos aos cidadãos se havia alguma lenda ou histórias sendo contadas.

Shwaaa!

Até escalamos os muros do castelo que eu não tinha conseguido verificar antes devido aos soldados. Meus aliados acabaram vindo comigo.

— Uau…

— É diferente do lado de fora que eu imaginava quando era criança. Eu pensava que era tudo coberto de escuridão…

— Sim. Parece… tranquilo, de alguma forma…

O mundo exterior que podíamos ver das muralhas imponentes só podia ser descrito como uma obra-prima. Florestas densas, montanhas e vales sugeriam uma vista natural ainda mais grandiosa além do horizonte à distância.

— Senhor, devemos simplesmente pular daqui?

— O quê…?

— É só que — Erwen hesitou — eu sinto que nada vai importar se sairmos. Os aventureiros de Noark, o palácio, ou…

Nem passou pela minha cabeça repreendê-la. Para ser honesto, senti um impulso semelhante ao ver o mundo além dos muros.

O que aconteceria se simplesmente fôssemos embora?

Se eu não ia voltar ao meu mundo original de qualquer forma, talvez essa fosse uma opção a considerar. Se eu seguisse esse caminho, não precisaria lutar para chegar ao Portão do Abismo ou estar sempre em alerta, tentando ao máximo ficar mais forte por medo de que o palácio fizesse algo contra mim. Talvez todos os sacrifícios que eu teria de fazer para continuar progredindo simplesmente desaparecessem.

No entanto, mesmo com esses pensamentos inundando minha mente, balancei a cabeça lentamente contra eles. — Provavelmente não vai funcionar.

— É?

— O círculo mágico de proteção ainda está ativo.

— O quê? Mas eu definitivamente ouvi que o círculo mágico de Bifron está quebrado…

— Por que você confiaria no que o palácio disse?

Mandei ela disparar uma flecha, e Erwen ficou um pouco nervosa enquanto puxava o arco. A flecha disparada fez um som audível ao se chocar contra algo no ar antes de cair no chão.

— Ainda está lá — eu reiterei.

— …É.

Apesar da decepção, Erwen se virou para mim com uma expressão séria e perguntou: — Mas não deveríamos conseguir quebrá-lo se eu atirar com mais força?

— Você pode tentar, mas provavelmente não vai funcionar. A formação mágica de proteção é o legado do Último Grande Sábio Gabrielius.

Isso, e embora eu não tenha dito em voz alta, não havia garantia de que eu conseguiria viver a vida que queria apenas saindo dos muros.

Quero dizer, pense nisso. Por que aqueles aventureiros de Noark voltaram para a cidade após passarem além dos muros? Deve haver uma razão para isso.

“E fugir não é meu estilo.”

Depois de viver como um bárbaro por tanto tempo, eu tinha me tornado como eles, em corpo e espírito. Não queria que fôssemos fugir e viver escondidos como fugitivos.

“Não, se for para ser assim, prefiro derrubar tudo. Me colocar em uma posição onde não precisarei fugir e me esconder.”

Se eu fosse e destruísse tudo para me tornar rei, não precisaria construir uma casa no meio do nada, certo?

Se isso era realista ou não, era outro problema completamente.

“Hmm… Quero dizer, acho que não é completamente impossível.”

Se eu podia ter esses pensamentos, talvez eu realmente fosse apenas um bárbaro agora.


Era o segundo dia desde que corremos em direção à cidade de Bifron sem muito plano. Durante nossa investigação, esbarrei em um velho conhecido.

— Você cresceu.

— Olá, Lorde Barão.

Era o garoto de cerca de dez anos que conheci no dia em que fui exilado para Bifron, aquele que corajosamente se aproximou de mim e pediu cem pedras em troca de me guiar pela cidade. Aquele menino tinha se tornado um jovem homem, eu não o teria reconhecido se ele não tivesse se aproximado primeiro para me cumprimentar.

— Você tinha uns onze anos na época, certo? — perguntei.

— Você ainda se lembra disso…

— E você também me disse que precisava ter quatorze anos para conseguir seu certificado de qualificação.

— Sim, está certo.

— Então por que ainda está aqui?

Ele deu um sorriso e deu de ombros. — Não consegui provar meu valor.

— Entendo.

— Eu diria que me faltou tempo, já que certamente não faltou esforço.

— Então, você pretende tentar de novo?

— Você realmente não sabe. Só é permitida uma chance para provar seu valor. Se você falhar em sair naquela vez, nunca mais pode sair.

Achei difícil encontrar as palavras ao ver o quão calmo ele estava com tudo isso. Acho que me senti um pouco mal por ele?

Certo, eu podia ser honesto com ele.

— Que pena.

— Não. Agora, penso que ter falhado naquela época foi o melhor. — Quando o olhei questionando, ele explicou: — Estou ajudando outras crianças a passarem no teste de qualificação. Para que, pelo menos, elas possam sair.

— Você não acha isso injusto?

Ele apenas sorriu em resposta, depois se preparou para sair, agradecendo por eu me lembrar dele quando só tinha vindo dizer um rápido olá. Ele precisava ensinar as crianças mais novas. Parei ele ali e perguntei se ele tinha ouvido algum rumor ou conhecido algum lugar misterioso em Bifron, só para ter certeza, mas ele apenas disse que não sabia.

“Então realmente não há nada…”

À medida que nossas investigações continuavam, eu ficava mais impaciente. Esperava que ‘algo’ surgisse quando começássemos a explorar a cidade a sério.

— Versyl, e as nossas comunicações com o exterior? Ainda difíceis de realizar?

— Sim, não está fácil. Pelo comportamento do círculo mágico de proteção, tenho que dizer que está mais próximo de um fenômeno de separação dimensional…

— Entendo.

— Nossa única opção é comunicar por métodos físicos, mas por mais que acenemos com bandeiras do topo dos muros, eles não estão nos vendo. E, por algum motivo, as residências perto dos muros também estão completamente vazias. Não vejo ninguém nas ruas. É como se todos tivessem evacuado.

— Uma evacuação…

À medida que o tempo passava, minha curiosidade sobre o que acontecia fora dos muros crescia mais do que o que ocorria dentro.

Hah, não havia nenhum jeito de conseguir notícias da situação deles? Se a comunidade não tivesse sido fechada, eu poderia pelo menos ter esperado enquanto me preparava para isso.

Um dia, dois dias, três dias…

O tempo passava sem grandes avanços, e os aventureiros que tinham me seguido até Bifron começaram a se acostumar com o lugar.

Como não podiam dormir na praça, eles dormiam nas casas dos moradores. Em troca, ajudavam a consertar os edifícios desgastados, traziam itens dos distritos externos, faziam os sacerdotes curarem os doentes, e assim por diante.

Com essas trocas contínuas, os aventureiros foram de tratar os moradores como se fossem vítimas de uma praga a lentamente aceitá-los como pessoas normais.

Para alguém que já governou Bifron, era ótimo ver isso.

Ba-dum.

No entanto, eu começava a me sentir cada vez mais inquieto conforme a paz perdurava.

Nossas investigações não davam em nada. Mesmo assim, nem o palácio, nem os aventureiros de Noark faziam qualquer coisa para nos impedir, e isso só deixava minha mente girando com mais possibilidades absurdas conforme o tempo passava.

Levantei da cama e coloquei minhas roupas. Meu corpo estava dolorido, e, como eu não conseguia dormir, mesmo fechando os olhos, saí para dar uma volta.

Embora Bifron tivesse se limpado relativamente bem, as ruas à noite estavam longe do que se via nos outros distritos.

Antes de tudo, era muito escuro, como era característico das noites em Bifron devido à escassez de recursos na região.

“Ainda assim, é bom que esteja calmo e silencioso.”

Enquanto caminhava pela noite, cheguei ao muro externo. Não planejava vir aqui. Pensei em voltar, mas a curiosidade me pegou. Como seria ver o lado de fora olhando para baixo das muralhas do castelo à noite?

Subi no muro.

O vento noturno soprava frio, com um som sibilante. No entanto, a paisagem além dos muros era completamente diferente do que eu esperava.

— Não consigo ver nada.

Abaixo de mim havia apenas escuridão. De alguma forma, parecia que, se eu continuasse olhando, algo saltaria da escuridão e me arrastaria para baixo.

“…O céu também está negro.”

Talvez eu tivesse escolhido a noite errada para fazer turismo. Também não havia muitas estrelas no céu. Aproveitei o vento por um tempo antes de me virar para voltar para casa.

Então, de repente, senti uma presença atrás de mim.

Mesmo com meus sentidos de bárbaro, já um pouco embotados, não havia como errar.

Me virei rapidamente e vi uma figura misteriosa, fantasmagórica, coberta por um manto, parada sobre a muralha do castelo.

— Uma mensagem para o Barão Yandel.

Eu não precisava perguntar quem era.

O vento soprou forte ao nosso redor.

Além do capuz esvoaçante, vislumbrei uma armadura leve, uma espada curta presa ao cinto e, então, uma silhueta feminina.

— Que negócios tem a Ordem da Rosa comigo? — perguntei, testando o terreno.

A mulher tirou um pergaminho de dentro do manto e o desenrolou. — Um decreto real.

“Hã, no meio da noite?”


O conteúdo do decreto real, entregue a mim sem cerimônia por um membro da Ordem da Rosa no meio desta noite sem lua, era bastante simples.

— Então o escritório de inspeção do Distrito Quatro será temporariamente aberto, e precisamos usá-lo para escapar? — resumi.

— Minha missão era apenas entregar a mensagem a você.

— Tão rígida.

Embora eu tenha dito isso em tom de brincadeira, a mulher não reagiu, preferindo permanecer em silêncio. Ela devia ser do tipo que não falava nada que não fosse relacionado ao trabalho.

Não que eu estivesse sem opções aqui.

— Ainda assim — protestei — não é sua missão transmitir corretamente a palavra do rei? Então, responda-me. O pergaminho diz para ir ao escritório de inspeção com os aventureiros residentes do Distrito Sete…

— O que deseja perguntar?

— Não temos que levar os moradores de Bifron conosco?

— Correto.

— Por que não?

— Você faz uma pergunta estranha. Eles não receberam permissão para entrar nas áreas de convivência.

— E se eu disser que vou levá-los comigo?

— Não adianta sugerir isso. Conforme dito, eles não têm permissão.

Então eu seria impedido de qualquer forma. O problema dessa vez era que meu oponente não era alguém com quem eu pudesse lutar na força.

— Ou está sugerindo traição contra o palácio? — ela provocou.

— De jeito nenhum. Só perguntei por curiosidade.

— Isso está bem. Leve os aventureiros do Distrito Sete e vá ao escritório de inspeção na hora declarada.

— Por que o escritório de inspeção do Distrito Quatro ainda está fechado? — perguntei, tentando fazer o máximo de perguntas possível. — Vocês poderiam ter usado Bifron para atacar o Distrito Sete e o Distrito Treze.

No entanto, obter qualquer resposta real dela era difícil. — Eu não sei.

— Quando souberam que estávamos em Bifron?

— Eu não sei.

— Parece que Noark está tentando usar Bifron para alguma coisa. O palácio sabe o que é?

— Eu não sei.

— Você sabe alguma coisa? — insultei, frustrado, mas a mulher apenas sorriu. Eu não me intimidei e continuei pressionando. — Então qual é o seu nome? Você deve pelo menos saber seu nome, certo?

— Eu não sei.

Uau. Ela estava realmente decidida a seguir esse caminho.

Percebendo que ela não era um alvo fácil, tentei provocá-la ainda mais. — O que acontece se não formos ao escritório de inspeção na hora declarada? Não que eu vá desobedecer ao decreto real. Qualquer coisa pode acontecer. Algo pode nos parar no caminho.

A mulher também não reagiu muito a isso, em vez disso, tomou um momento para pensar. Então, apontou para o céu noturno. — Está vendo aquela estrela?

— …Sim?

— Se olhar para nós de lá, até nós pareceríamos pequenos. Até você, Lorde Barão, aquele que chamam de Gigante.

O que essa mulher estava tentando dizer?

Franzi a testa, expressando ativamente minha confusão, mas, honestamente, eu tinha uma vaga ideia. Ela provavelmente só estava me lembrando que eu era uma existência minúscula da perspectiva do palácio.

— Há apenas uma coisa que você precisa saber, Lorde Barão. Não vá contra o decreto real e chegue ao escritório de inspeção com seu povo na hora declarada.

A maioria das pessoas teria ficado quieta e aceitado aquelas palavras, mas eu inclinei a cabeça como um bárbaro. — E o que acontece se não conseguirmos?

Assim como ela não era uma boa parceira de conversa, eu também não era um interlocutor tão fácil de aceitar as coisas.

Talvez ela também tenha se cansado da minha insistência, ou talvez estivesse se divertindo. A mulher me encarou por um segundo antes de responder com um tom frio: — Você deve ir. Pelo menos por seu próprio bem.

Foi uma frase que não me disse muito e me deixou com um peso nas costas. No entanto, o que ela disse me deu uma dica, embora eu não tivesse nenhuma prova disso.

— Vocês… estão planejando explodir Bifron pelos ares, não estão?

Por alguma razão, minhas previsões geralmente se mostravam verdadeiras.

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