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Combo 8/25

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Ainda faltava algum tempo para o início do ano acadêmico. Lith passou a maior parte dele lendo os livros do diretor e planejando seu futuro. De acordo com os registros da escola, a maioria dos alunos alcançaria apenas uma única especialização.

Bons e grandes magos alcançariam duas, enquanto atingir três ou mais era o sinal de um verdadeiro gênio. Não era suficiente simplesmente frequentar os cursos para ser considerado um especialista, era preciso também possuir talento considerável na área.

E como a maioria das coisas na vida, a genialidade não podia ser avaliada apenas com números. Krishna Manohar, o deus residente da cura, tinha apenas duas especializações, simplesmente porque não tinha interesse em outros tópicos.

Sua segunda especialização era Mago de Batalha, e mesmo em sua biografia, foi mencionada apenas uma vez, para ser completa. No entanto, Nana ter apenas uma especialização parecia errado em muitos níveis, então Lith decidiu dar uma pausa em seus estudos para perguntar a ela o porquê.

Desde o dia em que recebeu seu uniforme da Grifo Branco, ele se tornou a única roupa que ele usaria. Não por estilo, mas pela pura praticidade de suas características. Ele era capaz de auto limpar qualquer sujeira ou suor, e até oferecia algum grau de proteção contra ataques físicos e mágicos.

Permitiu que ele ficasse mais relaxado durante sua vida diária e quando caçava. Era como se Lith estivesse usando uma armadura completa, mas era leve como seda. Ela poderia suportar o golpe de garra de um urso sem rasgar, mas Lith ainda sentiria o impacto contundente.

Ele havia realizado muitos experimentos para testar sua confiabilidade e limites. Estranhamente, a proteção foi estendida à sua cabeça e mãos também, apesar de estarem descobertas. O manto, no entanto, ainda estava armazenado na dimensão de bolso de Solus.

Usá-lo fortaleceria o efeito protetor, mas era muito longo e impraticável de usar. Ele ficaria preso nas árvores, arbustos, em tudo. Além disso, ser furtivo usando um roupão grande demais era quase impossível.

“Eu disse isso na Terra e vou repetir agora. O senso de moda dos magos é péssimo. Capas e túnicas são idiotas de usar. Elas tornam muito fácil agarrar e bater como um tapete.

Lith poderia ter voado, mas preferiu andar. Aqueles eram seus últimos momentos de verdadeira liberdade, e ele queria aproveitá-los ao máximo.

No escritório de Nana, todos o elogiaram e parabenizaram, dando à curandeira tempo para falar com seu antigo aprendiz.

— Desculpe desapontá-lo, jovem espírito… — Desde que Lith salvou a família do Conde Lark anos atrás, ela o promoveu de diabinho a espírito.

— …mas eu tenho apenas uma especialização. — Ela piscou descaradamente, apesar do fato de que eles estavam sozinhos em seus aposentos privados.

— Aqui vai um conselho não solicitado. A vida é imprevisível, e muitas coisas que você precisa para sobreviver não estão escritas em nenhum livro. — Ela piscou novamente.

— Você precisa aprender com eles por meio da experiência.

— Entendo, desculpe por ter desperdiçado seu tempo. — Lith piscou de volta.

— Não se desculpe, querido. É sempre um prazer te ver. E nem pense em ir embora sem dizer um adeus apropriado, ou quando eu morrer, vou te assombrar como um fantasma!

— Por favor, se é verdade que as ervas daninhas nunca morrem, então você provavelmente viverá mais que todos nós!

Lith comprou alguns doces frescos e pão branco antes de voltar para casa.

“Não consigo decidir se a ideia de especializações ocultas é mais interessante ou perturbadora. Imagino se o segundo talento de Nana é o verdadeiro motivo de sua queda. Talvez ela fosse uma assassina mágica que falhou em uma missão importante ou foi incriminada.

De qualquer forma, para evitar repetir os erros dela, devo seguir o plano, obter minhas especializações e o máximo de apoiadores que puder. E para obtê-los, ser um curandeiro é a melhor isca.

A Marquesa me provou que não importa quão ricos e poderosos, eles ainda têm medo da morte. Além disso, ser um grande curandeiro lhe traz mais clientes do que inveja. Se eles o virem como um trunfo, aqueles no poder não se sentirão ameaçados por sua existência.”

Os últimos meses de Lith passaram pacificamente. O Conde Lark deu uma pequena festa de despedida privada, com a presença da família de Lith e Lark, Nana e Selia. Hilya, a primeira cozinheira, ainda acreditava no #TimeRaaz, então ela se esforçou ao máximo para a ocasião.

Ela até o chamou de “Jovem Mestre” algumas vezes, envergonhando tanto Lith quanto o Conde. Eles não sabiam se riam ou choravam, rumores realmente são difíceis de morrer.

A única nota amarga era a presença de Senton, o futuro marido de Eliza. Lith ainda tinha dificuldade em deixar sua irmã ir, então, quando apertou a mão do homem, ele o lembrou de duas verdades.

— Lembre-se, quando você se casa com uma mulher, você se casa com toda a família dela. — Disse Lith em voz alta, provocando risos e alegria nos participantes.

— E eu sei onde você mora. — Ele o ameaçou, sussurrando no ouvido de Senton enquanto eles se abraçavam.

A marquesa também havia sido convidada, embora apenas por educação, mas ela não pôde comparecer por um bom motivo. Sua família havia sido atacada mais uma vez, e ela estava ocupada tentando identificar o instigador.

Em seu primeiro dia de aula, Lith saiu de casa antes do sol nascer. Todos os seus pertences, infelizmente, cabiam em um baú menor que uma poltrona, que seu pai Raaz havia feito à mão para a ocasião.

Apesar das circunstâncias felizes, seus pais choraram como se ele estivesse prestes a ir para a guerra.

— Oh, Lith, prometa que vai me escrever todos os dias. — Soluçou Elina, sua mãe, enquanto o abraçava com força suficiente para tirar o ar de seus pulmões.

— Mãe, nós temos o amuleto de comunicação, lembra? Você realmente quer esperar a correspondência ser entregue?

— Claro que não, seu bobo. Ligue para nós assim que tiver um minuto de sobra. — Ela disse, jogando-o nos braços do pai.

— Lembre-se, pequeno, não importa o quão longe você esteja, você sempre terá uma família e uma casa aqui. — As bochechas de Raaz estavam manchadas de lágrimas, sua voz embargada.

— Longe? Pai, entre o voo e os Passos de dobra, estou a apenas uma hora de casa. Estarei de volta no final do primeiro trimestre, a tempo para o Festival da Primavera.

Lith ficou comovido e confuso com os sentimentos deles. De volta à Terra, quando ele e Carl deixaram sua casa, o presente de despedida de sua mãe foi trocar as fechaduras das portas.

As despedidas de suas irmãs foram muito mais alegres. Ambas estavam seguindo em frente com suas vidas e estavam felizes que seu irmãozinho também conseguiu perseguir seus sonhos.

Trion não estava em lugar nenhum. O relacionamento deles nunca tinha melhorado, e quanto mais poder e autoridade Lith ganhava, mais Trion se sentia um estranho para sua própria família.

Ele saiu de casa assim que completou dezesseis anos, anunciando sua decisão de prestar serviço militar voluntário e se casar fora da família, deixando Tista para herdar a fazenda e a casa.

Lith saiu de casa, fazendo sua capa voar junto com ele. Somente quando ele estava longe o suficiente, ele a guardou dentro da dimensão do bolso e pisou fundo no acelerador.

Ele tirou o baú antes de se aproximar da filial mais próxima da Associação de Magos, mantendo-o flutuando enquanto caminhava pelo Portão de Dobra até a academia. Um atendente o acompanhou até seu quarto pessoal na ala do quarto ano do castelo.

Para evitar trotes, cada ano tinha uma ala separada para suas aulas, alojamentos e até mesmo o refeitório. Alunos de anos diferentes não tinham espaços comuns.

Após injetar na sala sua mana, tornando-se seu mestre, Lith deixou seu baú e dispensou o atendente. Ele tinha o mapa do castelo copiado e armazenado na Soluspedia, portanto não precisava de ajuda para chegar à sua sala de aula.

Independentemente das especializações escolhidas, os alunos do quarto ano tinham algumas aulas que todos tinham que frequentar. Teoria da Magia de Combate era uma dessas disciplinas obrigatórias.

Lith foi um dos primeiros a chegar, a sala de aula estava quase vazia, exceto por alguns alunos que já estavam ocupando as carteiras da última fileira.

A sala de aula lembrava uma sala de aula de uma faculdade, com um piso inclinado e as carteiras dispostas em um formato semicircular. À primeira vista, parecia ter capacidade para pelo menos duzentos alunos.

Em qualquer outra circunstância, Lith teria admirado a iluminação perfeita da sala, a magnificência do piso de mármore, o artesanato refinado das mesas. Cada uma delas foi feita com os melhores materiais disponíveis, fazendo uma comparação implacável com sua antiga faculdade.

Naquele momento, no entanto, seus olhos estavam apenas notando como todos os presentes suspiraram de alívio ao vê-lo. A julgar pelo posicionamento e nervosismo deles, eles estavam claramente tentando ficar quietos e passar despercebidos.

Lith já tinha passado pelo mesmo problema o suficiente para saber o que isso significava e quão inútil era seu esforço.

“Pobres rapazes, vocês ainda não aprenderam que não podem evitar problemas quando são os problemas que estão procurando por vocês, hein? Assim como no ensino fundamental, a presa chega cedo para evitar o contato, enquanto os predadores levam seu tempo.”

Ele escolheu um assento na fileira do meio, não muito perto, mas não muito longe. Ele ainda conseguiria ver claramente o professor e ler no que parecia ser um quadro-negro.

Com um suspiro, lith pensou. “Eu adoraria sentar na primeira fileira, mas aposto que é o ponto de encontro das crianças legais. É melhor evitar discussões inúteis e ficar na zona segura. Se alguém vier me incomodar, será de propósito.”

Lith pegou seu caderno e tinteiro para se preparar para a aula, esperando que tudo corresse bem.

De acordo com Nana, a verdadeira hierarquia de classes seria estabelecida desde o primeiro dia. Tanto ele quanto Solus permaneceram alertas o tempo todo, enquanto a sala de aula ficava cheia de pessoas.

Alguns zombavam dele enquanto o olhavam, outros balançavam a cabeça com uma expressão triste, considerando-o muito burro ou ingênuo para saber seu lugar.

“É muito interessante.” Disse Solus. “O pior núcleo de mana que detectei é verde brilhante, todos os outros são diferentes tons de ciano ou azul profundo. Não é surpresa que tantos dos protegidos de Lark tenham falhado nas admissões.”

“É, ótimo. Não só não sou o melhor em termos de núcleo de mana, como não posso usar nenhuma magia além da falsa. Olhos no prêmio, Solus, aqui é Esparta. Com base nos olhares que recebi, a situação pode ser pior do que eu esperava.”

Quando faltavam apenas quinze minutos para o início programado da aula, três meninas entraram gingando como se fossem donas do lugar. Lith lançou um rápido olhar para as fileiras de trás e, a julgar pelo encolhimento atrás das carteiras, a rainha estava em casa.

Depois de sacudir a manga direita do manto, ele se preparou para o impacto.

Eles estavam conversando entre si, olhando ao redor da classe como lobos famintos em um açougue. Ele podia ouvir a que estava no ponto, uma garota ruiva, dizer:

— Vamos dar as boas-vindas aos novatos.

Eles subiram as escadas até chegarem em frente à mesa de Lith.

— Ei, baixinho, o que você está fazendo tão perto da minha mesa? Seu cheiro imundo de camponês me deixa enjoada. Corra para a última fileira junto com o resto do lixo!

Disse a garota ruiva, que era apenas cinco centímetros mais alta que ele, enquanto suas duas companheiras riam e zombavam assustadoramente.

“Que porra é essa?” Lith pensou. “Isso parece saído da fábula ‘O lobo e o cordeiro’ de Esopo. Aposto que mesmo se eu já estivesse sentado na última fileira, ela me assediaria por não respeitar meus superiores ou algo assim.

Ela está procurando briga, não importa o que eu faça. Solus, vamos com o pior cenário possível.”

— Sinto muito? — Lith respondeu com seu tom mais inocente. — De acordo com as regras da Grifo Branco, tenho o direito de sentar onde eu quiser. Você não tem autoridade para me dar ordens. Por favor, deixe-me em paz e todos nós podemos esquecer esse incidente.

Lith ficou realmente decepcionado. Pelo menos na Terra, as garotas más eram gostosas, essas três eram apenas bonitinhas, com curvas medianas e o carisma de um gambá podre.

— Seu idiota insolente! — Ela rosnou para ele. — Você não sabe quem eu sou? Eu…

Nesse momento, Lith ativou o feitiço Silêncio em ambos os ouvidos, evitando ter que ouvir toda aquela besteira que a garota estava falando.

Ele conhecia seu temperamento o suficiente para saber que, de outra forma, provavelmente teria perdido a calma, especialmente se ela mencionasse sua família. Cair em suas provocações significaria dar a eles e a outros uma desculpa para assediá-lo.

“Ei, Solus, eu não consigo ler lábios, mas acho que ela está se fazendo parecer alta e poderosa, ostentando seu status familiar. Tudo isso enquanto menospreza a mim e minha aparência física. Quão perto cheguei?”

“Muito perto. Pelo meu criador, essa garota realmente tem jeito com as palavras. Se eu tivesse um corpo, eu já chutaria a bunda dela. As coisas que ela está dizendo sobre você! Ela é simplesmente a pior! Para piorar a situação, aquelas duas harpias se juntam a ela nas horas certas.”

“Por favor, não me dê detalhes, já estou indignado, não coloque mais lenha na fogueira. É hora de testar a palavra do diretor. Não vou tolerar essa merda mais uma vez…”

Antes que ele pudesse completar o pensamento, Solus interrompeu tanto ele quanto os feitiços.

“Essa é a sua deixa!” Lith mal conseguiu chegar a tempo de ouvir:

— Você está me ouvindo?

— Pelo amor de Deus, não, querida. Sua voz é tão estridente que eu arrancaria minhas orelhas, se tivesse que ouvir todo o seu choro e reclamação.

As três meninas ficaram em silêncio devido ao choque.

— Querida? — Alguém ecoou na sala de aula.

— É só uma figura de linguagem, é claro. — Lith respondeu, já que era o líder do bando falando.

— Você não é cego, tenho certeza de que, apesar do seu ego inflado, no fundo do seu coração podre você sabe que é quase tão feia por fora quanto por dentro. Temos nobres até mesmo na minha aldeia remota, mas você ganha o prêmio de quem tiver o maior pedaço de pau enfiado na bunda e a maior merda no nariz, sem dúvida, isso eu tenho que admitir.

Lith só tinha uma saída para aquela situação. O mínimo que ele podia fazer era extravasar toda a sua raiva reprimida.

— Como… Como você ousa? — O rosto da garota ficou roxo, seus olhos estavam saltando de raiva e cheios de mana.

— Olha, garota, a aula vai começar e eu já estou entediado. Talvez você esteja acostumado a assustar as pessoas com sua cara feia e voz irritante, mas eu já enfrentei coisas muito piores na minha vida. Agora suma, antes que eu te denuncie por assédio. Esta não é sua casa, esta é uma das seis grandes academias, ela tem regras!

Como eles pretendiam machucá-lo de qualquer maneira, ele lhes dava toda a corda que queriam, esperando que acabassem se enforcando com ela.

A menina riu muito.

— Regras? Eu não dou a mínima para as regras, eu poderia te matar aqui mesmo e sair impune em menos de uma hora. Você acha que algum desses covardes ousaria dizer uma palavra?

— Que alguém de uma família nobre ou mágica desperdiçaria um suspiro por um camponês imundo? Gente como você nem deveria estar aqui. Sua espécie não faz nada além de manchar este lugar e arruinar o bom nome da magia.

Lith se levantou indignado, pronto para o grand finale.

— Como você ousa? Falei com o diretor quando me matriculei, ele disse…

A garota à sua esquerda o interrompeu.

— Quem? Aquele perdedor? Meu pai diz que ele é tão novo que provavelmente ainda se molha à noite.

— Ele é só um espantalho, como todos os diretores. — Acrescentou a da direita. — Ele é só um fantoche nas mãos das grandes famílias. Você está sozinho aqui, seu caipira de merda.

A líder da matilha havia recuperado sua confiança, seus braços estavam cruzados na frente do peito e um sorriso maroto ia de orelha a orelha.

— Agora tire sua bunda imunda dessa cadeira, ajoelhe-se para mim e lamba meus sapatos limpos. Se fizer isso, prometo não bater em você com muita força.

Seus punhos agora estavam em chamas, suas bocas e mãos se moviam em uníssono, cada uma lançando um feitiço diferente.

Lith apenas tirou a mão direita da manga longa do manto, revelando uma pequena esfera preta. Magia corria e pulsava suavemente dentro dela.

Ele colocou na frente de seus rostos horrorizados. Seus sorrisos e feitiços desapareceram, a classe inteira ficou em silêncio.

“Mais uma vez, com sentimento.”

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Olá, eu sou SnowBear!

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