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Combo 12/25

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Após terminar seu delicioso almoço, Lith teve uma hora de folga. Ninguém se aproximou de sua mesa, e isso o deixou muito feliz.

Ele gostava muito de seu espaço pessoal, sem mencionar que não tinha nenhuma vontade de perder tempo conversando fiado com um bando de crianças.

Apesar de sua aparência física, a mente de Lith era a de um homem adulto, que viveu por quase quarenta anos entre suas três vidas.

Além de estar cheio de hormônios por conta do corpo adolescente e viciado em oxigênio, não havia nada em comum com seus colegas de classe.

Dessa perspectiva, o isolamento era uma bênção disfarçada. Se ele não falasse com ninguém, era impossível que alguém notasse o quão diferente ele era de seus colegas.

Lith e Solus passaram o tempo durante a refeição discutindo a falta temporária de livros didáticos da academia. Ambos reclamaram do fato de que a academia só liberaria os livros após o primeiro dia de aula, considerando isso injusto.

“É uma pena.” Solus disse. “Se os tivéssemos, já poderíamos colocá-los na Soluspedia, ficando anos-luz à frente dos outros alunos. Conhecimento instantâneo!”

“Sim, mas eu posso entender a importância dessa regra. Especializações são classes exclusivas das seis grandes academias.

Se eles simplesmente os entregassem nas casas dos alunos antes do início do ano, seus conteúdos seriam acessíveis a todos os membros da família. Esse tipo de conhecimento não pode ser divulgado sem supervisão.” Lith pensou.

“E o que acontece quando os alunos tiverem a oportunidade de voltar para casa, no final do trimestre?” Perguntou Solus.

Lith deu de ombros mentalmente e então se levantou da cadeira, caminhando em direção ao seu quarto.

“Naquela época, eles já ganharam o status de estudantes. De acordo com o que Linjos nos contou em seu escritório, eles são protegidos e mantidos sob vigilância. Meu palpite é que os livros não podem sair das dependências da academia.

As únicas coisas que alguém pode tirar são o que aprendeu ou copiou em seu grimório. Se você ama sua família, não os colocará em perigo ao revelar segredos de estado que podem custar a vida deles e a sua.

Se você os odeia, em vez disso, no momento em que eles tentarem coagir você, você só precisa denunciá-los para se livrar deles de uma vez por todas. É uma situação ganha-ganha.”

De volta ao seu quarto, Lith ligou para seus pais. Ele tinha saído de casa há apenas sete horas, mas o entusiasmo com que o receberam fez parecer que ele tinha desaparecido por anos.

— Meu bebezinho! — Elina estava à beira das lágrimas. — Eles estão te tratando bem? Você está comendo direito?

— Sim, mãe. Está tudo bem. — Ele mentiu descaradamente. — Os professores que conheci hoje foram todos incríveis. Meus colegas são meio convencidos, mas até agora tudo bem. Sem mencionar a comida. Queria poder levar um pouco para você, é simplesmente maravilhoso.

Contrariando suas expectativas, o tempo voou, e ele foi forçado a deixar Tista às pressas, depois de consultá-la sobre um paciente dela.

Todas as atividades relacionadas a cada ano ocorriam em um andar próprio.

O problema era que cada andar era tão grande que se perder ou fazer um desvio longo era bem fácil. No caso de Lith, ele tinha calculado mal o tempo que precisava para chegar à sala de aula.

Somente quando ouviu o gongo ressonante que anunciava o início das aulas é que ele percebeu quanto tempo havia passado conversando.

“Porra! A primeira coisa que vou reinventar assim que me tornar um Mestre de Forja é um maldito relógio de pulso. Como diabos as pessoas controlam o tempo?’

Solus calculou que mesmo se corresse até seu destino, Lith não chegaria a tempo, então ele foi forçado a correr. Para evitar o cheiro no primeiro dia, ele usou magia de água para coletar o suor na palma da mão assim que ele se formou, enviando-o direto para a dimensão de bolso de Solus.

Apesar de seus melhores esforços, ele foi o último a chegar. Felizmente, o professor responsável ainda não tinha aparecido. De acordo com a programação, Lith teria conhecido o Professor Marth, o mesmo Marth que havia criado a magia de Ressonância de Sangue.

Foi uma ótima oportunidade para Lith chamar sua atenção e, talvez, se a oportunidade surgisse, compartilhar um pouco de seu conhecimento com Marth. Ter um dos maiores especialistas do departamento de magia da luz como seu patrocinador, ou melhor ainda, como um mentor, poderia ser uma verdadeira virada de jogo.

“Fique tranquilo e tente não parecer desesperado, velho.” Lith pensou consigo mesmo.

“Temos um ano inteiro pela frente juntos, talvez até dois. Preciso jogar minhas cartas direito e manter minha pontuação de admissão enquanto melhoro meus status. Não dou a mínima para amigos e os outros alunos são inúteis.

Aliados, pelo contrário, podem me ajudar a manter minha família segura de gente como Duke Hestia e me fornecer os recursos que preciso para equipar meu próprio laboratório de Mestre de Forja. Não posso desperdiçar anos moendo ouro, preciso de tempo para viajar e encontrar a resposta para meu problema de ressurreição.”

A sala de aula era bem menor do que a das aulas obrigatórias. Era uma sala quadrada, com cada lado medindo doze metros. Em frente ao quadro-negro, havia três fileiras de carteiras, separadas por pequenos corredores.

Ele poderia acomodar confortavelmente até cinquenta alunos, mas, de acordo com Solus, havia apenas vinte e seis alunos presentes, incluindo Lith. Ele ocupava o lugar mais próximo do quadro-negro, sentado perto dos outros alunos.

Quando eles lançaram um olhar maldoso para ele, ele apenas segurou o Voto na mão, forçando-os a calar a boca e cuidar da própria vida. Depois do que aconteceu naquela manhã, eles não ousaram se afastar dele.

Também porque fazer isso significaria ficar ainda mais longe do quadro-negro e do Professor. O chão era plano, dificultando a visão através de todas as cabeças na frente deles.

O homem que entrou na sala era extraordinário à sua maneira. Ele era bem baixo, com pouco mais de 1,55 metros de altura, e tinha pelo menos sessenta anos.

O topo de sua cabeça era completamente careca, o cabelo que ele tinha deixado nas laterais era branco como a neve, assim como seu bigode de guidão encerado. Sua barriga era tão grande que era difícil adivinhar se ele era maior do que alto.

Isso, junto com seu manto branco puro, o fazia parecer um Humpty Dumpty da vida real.

— Olá, queridos alunos. Sou o Professor Vastor e vou guiá-los pelos primeiros passos no curso de Mestre Curandeiro em magia da luz.

Nem todos eram tão ignorantes quanto Lith, a maioria deles já sabia como era a aparência do Professor Marth. Antes que o Professor Vastor pudesse terminar sua introdução, a classe estava cheia de gemidos tristes.

Sua expressão de descontentamento diante de tal reação demonstrou claramente o quanto ele estava irritado com aquela flagrante falta de respeito.

— Sinto muito por desapontá-los, mas como vocês deveriam ter previsto, o Professor Marth não pode desperdiçar seu precioso tempo com gente como vocês. Todo o departamento de pesquisa de magia de luz repousa sobre seus ombros, então vocês terão que se contentar comigo.

— Não há palavras para expressar o quanto me entristece perceber que até mesmo os caipiras têm mais maneiras do que os nobres poderosos.

Ele não estava se referindo apenas a Lith, mas a todos os alunos que, devido à sua origem pobre, não o reconheceram e o olharam com admiração, apesar de sua aparência engraçada.

— Tenho boas e más notícias para todos vocês. A boa notícia é que não passaremos duas horas nesta aula. Só preciso explicar a vocês as diferenças entre o nível três e quatro da magia de cura. Depois disso, iremos para o hospital da academia.

— Lá faremos algumas rodadas de testes com nossos pacientes residentes, dando a vocês a chance de conhecer o Professor Marth e o Professor Manohar, se tivermos sorte.

A turma explodiu em gritos e aplausos.

“Que diabos?” Lith pensou. “Onde eles acham que estamos, em um estádio? Na Terra, meus professores da faculdade os teriam esfolado vivos por tal comportamento.”

Vastor tinha uma expressão muito parecida com a da Terra naquele momento, suas mãos tremiam de raiva e suas narinas dilatavam a cada respiração.

— As más notícias… — Ele continuou, interrompendo-os.

— … É que isso significa que vou começar a avaliar todos vocês logo de cara. Até as rodadas de hoje vão nos ajudar a testar suas habilidades, separando o ouro do lixo brilhante.

A sala ficou em silêncio, a maioria dos alunos da primeira fileira havia perdido todo o entusiasmo. Alguns estavam com cólicas estomacais devido ao nervosismo, outros pareciam prestes a vomitar.

Não foi nada como eles imaginaram que seria seu primeiro dia de especialização.

O professor Vastor ficou encantado com o resultado de seu discurso, franzindo o bigode e exibindo um sorriso sádico no rosto.

— Não vamos perder mais tempo. Tenho certeza de que vocês mal podem esperar para parar de ouvir minhas bobagens e se tornarem verdadeiros curandeiros como seu herói, Professor Marth.

“Cara, eu não preciso de magia de nível quatro para diagnosticar o Professor Vastor com um caso realmente grave de ‘Síndrome da Inveja.’ Ser tão mesquinho na idade dele é muito triste.” Solus disse.

“Sim. Acontece quando você perde seu trono para alguém mais jovem e talentoso. Eu me sinto da mesma forma.” Lith respondeu, pensando em quão sortudos seus colegas de classe eram por nascerem com núcleos de mana ciano, sem ter que trabalhar duro por anos para atingir esse nível.

— Primeiramente, quem pode me dizer quais são as maiores limitações dos níveis um a três da magia de luz?

Lith levantou a mão, mas todos os outros também. Vastor escolheu um deles aleatoriamente para responder.

— Você, com cara de esnobe. Sinta-se à vontade para compartilhar com a classe. — Ele disse apontando para uma garota com cabelos pretos na altura dos ombros na primeira fileira.

— Professor, meu nome na verdade é…

— Eu não me importo. — Vastor a interrompeu.

— Espero que pelo menos metade de vocês desistam nos primeiros seis meses. Não vou me incomodar em lembrar seus nomes.

A maioria dos rostos ficou vermelha de raiva, enquanto Lith sorria interiormente.

Quando comparado à maioria dos nobres que ele havia encontrado no passado, o Professor Vastor era realmente educado. Pelo menos ele não discriminava, ele tratava todo mundo como lixo.

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