Combo 13/25
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A garota de cabelos pretos estava simplesmente indignada. Ela pertencia a uma das antigas famílias nobres, admirada e respeitada por todo o Reino Griffon. Ela sempre foi tratada como uma princesa de sangue real, ninguém nunca ousou desrespeitá-la.
Agora, ela não só tinha que suportar todas aquelas palavras duras, mas também não tinha como revidar o Professor Vastor. Ameaçar um mago pertencente a uma academia era como cuspir para o céu, sempre sairia pela culatra.
Tudo o que ele teria que fazer para pôr fim à carreira dela como curandeira era dar-lhe uma avaliação ruim. Tendo cinco irmãos e estando no fim da linha de sucessão, a magia era sua única característica redentora.
Ela só conseguiu engolir seu orgulho e responder:
— Os níveis mais baixos da magia de luz têm dois limites intransponíveis. O primeiro é que a magia de luz só pode melhorar a recuperação do paciente. Se eles sofreram de uma perda excessiva de sangue ou já estiverem à beira da morte, a magia de cura é inútil. O segundo limite…
— Ok, chega. Sua vez, cara nervosa. — Ele a interrompeu, apontando o dedo para Lith.
— O segundo limite é que ele não pode regenerar partes perdidas do corpo, sejam órgãos ou membros. Dedos ou extremidades de corte limpo podem ser recolocados, mas somente se bem preservados e dentro de uma hora da amputação.
— Correto e correto! — Vastor quase parecia desapontado.
— Agora, quem pode me dizer como, hipoteticamente, o primeiro problema poderia ser resolvido? — Todos levantaram a mão, mais uma vez.
— Você, com cara de mendiga. — Ele disse para uma menina pequena com longos cabelos castanhos, sentada a algumas carteiras de distância de Lith. Por causa de sua constituição pequena e magricela, era difícil imaginá-la com doze anos, ela mal parecia ter um dia depois dos oito.
Claramente, ela sofria de desnutrição há muito tempo. O sexto sentido de Lith lhe disse que o uniforme da academia era provavelmente a primeira roupa bonita que ela já teve.
Com todo o estresse do seu primeiro dia de academia, as ameaças e insultos do Professor Vastor foram a gota d’água para ela. Quando ela tentou responder, só saíram soluços, ela estava lutando contra as lágrimas.
“Que idiota.” Pensou Lith.
Sua mão instintivamente brincou com o Voto, mas ele não a ativou. Era problema dela, não dele. Ela não tinha feito nada por ele quando ele foi intimidado duas vezes naquela manhã, então Lith não tinha razão para se incomodar em ajudá-la.
Seus movimentos, porém, não escaparam aos olhos do Professor Vastor.
“Ah, pelo amor de Deus! Eu quase tinha esquecido do vagabundo com o Voto. Se essa coisa estiver gravando e ele se incomodar em me denunciar ao diretor, eu vou estar em apuros.
Linjos deixou bem claro que o amor duro dos professores agora é considerado bullying, e tentou mais de uma vez me demitir. Ele só está esperando uma desculpa para me substituir por um de seus lacaios raivosos. Droga, estou velho demais para perder um emprego tão bom.”
— Sinto muito, jovem senhorita. Não tive a intenção de ofendê-la. Pronto, pronto. Não tenha pressa antes de responder. — Sua voz de repente era toda leite e mel, oferecendo a ela um lenço do bolso do peito.
Apesar de sua aparência frágil, ela precisou apenas de um segundo para se recompor.
— A única maneira de fazer isso… — Ela respondeu fungando de vez em quando.
— …Seria de alguma forma infundir o paciente com uma fonte externa de força vital. Mas isso é impossível. Trabalhei como curandeira desde os seis anos de idade, tentei inúmeros feitiços e sempre falhei. A magia da luz não pode criar ou transmitir energia, apenas nutrir o que já existe.
A turma inteira assentiu.
“Diabos se eu soubesse.” Lith pensou. “Os únicos pacientes com quem falhei foram aqueles que chegaram tarde demais para serem salvos. Nem mesmo minha verdadeira magia conseguiu transferir força vital.”
— Correto, jovem senhorita! — Desta vez ele parecia genuinamente feliz, a turma estava começando a achar que ele sofria de graves alterações de humor.
— E não se preocupe, aqui no departamento de iluminação nós consertaremos seu problema de crescimento num piscar de olhos, você tem minha palavra. — Depois de se certificar de que estava fora do buraco que havia cavado para si mesmo, ele voltou a usar seu tom sarcástico.
— A pequena está certa, magia de luz não pode fazer isso. Não importa quão talentoso seja o mago ou quão complexo seja o feitiço, é impossível. No entanto, magia de luz de nível quatro pode. Alguém quer dar um palpite?
A sala de aula ficou em silêncio, ninguém levantou a mão.
O professor Vastor zombou da ignorância deles, estufando o peito.
— Oh, oh, oh! Parece que vocês ainda têm muito a aprender. Mas vocês vieram ao lugar certo. A resposta é: só é possível misturando com magia das trevas.
— O que?
— Como?
— Que porra é essa?
O professor Vastor ignorou a expressão chocada deles e as exclamações que enchiam a sala de aula. Ele acenou com as mãos no ar, gerando com a primeira magia um círculo preto e branco idêntico à representação de Yin e Yang da Terra.
— O maior legado que nos foi deixado pela Magus Silverwing é o conhecimento de que a magia da luz e da escuridão são uma só. Elas dançam perpetuamente juntas em todas as coisas. Quando uma empurra, a outra puxa.
— Quando a luz avança, a escuridão recua e vice-versa. Quando estão em harmonia, a vida prospera, caso contrário, só a morte espera. A chave para a magia da luz de nível quatro é tecê-las juntas.
— A magia negra tira a energia do doador, enquanto a magia da luz permite que ela entre no corpo do paciente sem uma reação adversa. Equilibrá-los é a chave para o sucesso.
“Vai se lascar!” Lith pensou. “Como posso ser tão estúpido? Eu li esse maldito livro centenas de vezes, eu deveria ter entendido isso anos atrás sozinho. Eu queria ser mais talentoso em magia, ou pelo menos mais inteligente.”
“Ei, isso é ofensivo!” Solus repreendeu. “Eu sou muito mais inteligente que você, e eu falhei mesmo assim. O problema real é que nossa abordagem à magia é muito ingênua. Pelo meu criador, eu odeio me sentir tão inútil. Se eu ainda tivesse minhas memórias…”
— Com licença, professor, tenho uma pergunta. — O rosto esnobe os despertou do momento de autopiedade.
— Se aqui no Grifo Branco nós misturamos magia de luz e escuridão para cura, qual a diferença entre nós e o Grifo Negro? Eles não podem fazer o mesmo?
— A diferença, minha cara esnobe, está no propósito. Aqui no Grifo Branco, temos orgulho do nosso departamento de magia da luz, onde podemos curar quase tudo. No Grifro Negro, eles são especialistas em destruir coisas.
Durante o resto da hora, o Professor Vastor mostrou-lhes repetidamente o feitiço de luz mais simples de nível quatro, até que todos fossem capazes de executá-lo.
Os alunos mais rápidos eram a jovem senhorita, uma criança com cara de arrogante, cara de esnobe e rosto nervoso, nessa ordem.
Lith fez o melhor que pôde. Ele precisava experimentar o feitiço com magia falsa, antes de ser capaz de reproduzi-lo e aprimorá-lo com magia verdadeira. No entanto, ele terminou em quarto lugar.
Depois disso, o Professor Vastor abriu uma Escada de Dobra que os levou para fora do hospital da academia.
“Lith, ao manter o portal aberto por tanto tempo, o Professor me deu o tempo que eu precisava para esclarecer seu mistério. A razão pela qual a equipe consegue criá-los com tanta facilidade é por causa do anel com a insígnia da academia que eles usam.
O castelo inteiro é um artefato gigante, eles simplesmente usam os anéis para acessar seus poderes. Se seu uniforme tem tantas funções, eu não consigo nem imaginar o que algo tão grande e poderoso quanto este edifício pode fazer.”
Lith não respondeu, ele apenas se perguntou o quão poderosa Solus poderia ser, comparada à academia, se ela recuperasse seu antigo poder. Ele só havia encontrado menções de torres mágicas em contos de fadas, e elas eram descritas como algo insondável.
De acordo com a tradição, dentro de sua própria torre mágica, um mago era quase onipotente. Mas contos de fadas também falavam sobre fadas madrinhas, elfos, duendes e finais felizes, e ele ainda não tinha conhecido alguém que levasse qualquer uma dessas coisas a sério.
Quando ele falou sobre eles com Nana, Lark e a Marquesa, todos zombaram dele por seus devaneios infantis.
Quando os alunos entraram pelas portas duplas, eles acharam difícil acreditar no que viam.
A enfermaria do hospital da academia envergonharia qualquer hospital da Terra. Os pisos eram capazes de se auto limpar, as camas se moviam e massageavam os corpos dos pacientes para evitar atrofiamento, e eles monitoravam constantemente seus sinais vitais.
O ar era fresco e limpo, livre do cheiro de desinfetantes que geralmente assolam esse tipo de lugar. Tudo parecia mais saído de um resort de celebridades do que de um lugar onde as pessoas iam para morrer.
— Que maravilha de magia! — Disse o garoto de rosto arrogante de antes, um garoto de quinze anos, 1,65 metros de altura e cabelo ruivo. — Mas suponho que era de se esperar, já que foi você quem projetou a coisa toda, Professor Vastor.
— Yurial, meu garoto! — O professor Vastor finalmente o reconheceu.
— Há quanto tempo. Como está seu velho, Deirus? Ser um arquimago é um grande fardo, você deve estar pronto para intervir e ajudá-lo o mais rápido possível.
— Meu pai está bem, obrigado. Vou mandar lembranças a ele. Com sua ajuda, tenho certeza de que conseguirei manter a tradição da família.
— Mas é claro! As linhagens de magos são muito valorizadas aqui no departamento de luz. Espero que você mostre a todos aqueles nobres esnobes e plebeus pobres do que um verdadeiro mago é feito.
“Eu me corrijo.” Lith pensou. “Ele discrimina, mas não do jeito que estou acostumado. Ele parece ser um otário para famílias mágicas em vez de nobres. Acho que nem todo professor pode ser como Trasque ou Nalear.”
Só de pensar no nome dela, uma sensação quente percorreu seu corpo, que Lith rapidamente reprimiu. Ele se desprezava por seu corpo fraco e hormonal, desperdiçando seu precioso tempo e energias em delírios adolescentes.
Lith não podia se dar ao luxo de cometer erros, a rodada de testes estava prestes a começar e ele estava determinado a brilhar entre seus colegas.