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AMYRRH

Uma dúvida cruel se alojava no fundo de minha mente, tomando todo o controle à cada segundo pelos quais eu me forçava a lembrar…

Cleiton pediu uma maçã vermelha ou azul? Não podia voltar sem a maçã certa.

— Olha, garota, se você não sabe qual levar, por que não leva uma de cada? — A pergunta puxou meinha visão para frente. O senhor Rasfaír sempre fazia a mesma cara quando eu aparecia para comprar suas maçãs.

— Boa ideia! — exclamei sorridente, antes de lembrar-me de algo e sentir minha expressão mudar. — Mas ele pediu três… Não dá para levar uma de cada. O que eu faço?

Ele suspirou, assim como as outras duas pessoas atrás de mim na fila.

— É sério, pequena, você deveria começar à anotar essas coisas. Faça assim, leve duas vermelhas e uma azul, se ele quiser a azul, fique com as duas vermelhas, se ele quiser as vermelhas, fique com a azul.

— Certo! — exclamei novamente, e de novo, minha expressão voltou ao estado de dúvida. — Mas se ele escolher a azul, o que eu vou fazer com duas maçãs vermelhas?

— Pelo Pai! — gritou a mulher atrás de mim de repente, assustando-me um pouco. — Divida com alguém ou sei lá. Você já está olhando essas maçãs tem quase dez minutos.

— Não foram nem seis minutos… —falava o tirar as moedas do bolso, mas fui interrompida.

— Aqui, leve-as de uma vez e não volte para trocar, por favor. Você vai acabar esquecendo de novo. — Rasfaír me empurrou uma sacola de papel com as três maçãs.

— Ah, obrigada, senhor Rasfaír. — Sorri ao pegá-la e por as moedas em sua mão. — E como tá a família?

Mais suspiros vieram das duas pessoas na fila, na verdade três, com a que havia chegado. Não me importei muito enquanto guardava a sacola molhada em minha mochila.

— Sai logo daqui, menina! — ordenou ele, apontando para a direção que eu iria.

— Certo. Obrigada! — Sorri novamente e saí da fila, andando um pouco depressa.

— E diga à Aghate para voltar cedo! — ele gritou enquanto eu me afastava.

— Sabe que ela não vai — disse o olhando por cima do ombro sem diminuir o passo.

Segui meus caminhos pela rua movimentada. Eram em dias de compras como esse que eu via o quanto as pessoas se adaptaram à tempestade com o passar do tempo. Ver tantos humanos assim juntos ao ar livre era como as visões das Fontes do Saber, mas vistas pessoalmente. Embora não fosse a mesma coisa… Com a tempestade, nunca nada seria igual à antes, nem para eles, e nem para mim.

— Aaah! — Um grito repentino vindo de dentro de uma casa próxima chamou minha atenção e eu corri para lá.

Algumas poucas pessoas olharam e comentaram quando eu pulei habilmente o pequeno portão de madeira da frente e me dirigi até a porta da casa. Estava trancada, percebi ao forçar a maçaneta.

— Socorro! — Outro grito veio, era a voz de um homem velho. Não havia reconhecido antes, mas era a casa de um velho senhor que conhecia. Ele vivia sozinho com seu gato.

Retirei minha mochila das costas com velocidade e peguei meu báculo. Com um movimento de braço, ergui uma pequena parte da terra do chão atrás de mim, moldando-a em uma pedra sólida e a empurrei contra a fechadura. Um buraco foi feito na madeira da porta, que se abriu com o impacto do movimento rápido.

Não perdi tempo esperando-a terminar de abrir, empurrei e adentrei o local.

Na sala, uma situação que só me enviava horror e culpa absolutos.

O velho, em cima de uma cadeira, visivelmente assustado. No chão do outro lado do cômodo, uma criatura, pequena, corpo inchado de uma maneira irreconhecível, com pelos negros em certas partes, membros moles como tentáculos, bolhas azuis espalhadas e um par de orelhinhas de gato viradas para baixo.

Uma espécie de miado que se mostrava tão cruel quanto a situação foi emitida do filho da tempestade.

— Por favor, é o Pipi, ele… Ele ficou assim. Por favor, ajude ele! — implorava o velho após notar-me na sala.

“Ajudar…” Após tanto tempo, após encontrar mais de uma vez com essas pobres coisas, aprendi que só uma ajuda era possível.

Mas não seria eu à fazê-lo.

Virei-me para trás com o balançar do cajado e concentrei-me em erguer mais pedaços de terra do chão no lado de fora. Trouxe todos para dentro da casa e os enviei com calma até o “Pipi”, cercando-o completamente com os pedaços, modelando e passando-os por baixo dele com cuidado para não machucá-lo enquanto ele emitia gemidos agoniantes.

Por fim, ele foi envolvido em uma bola de terra à qual usei minha mana para solidificar. Estava contido.

Levitei a prisão de terra, muito mais pesada do que esperava que fosse, e trouxe até mim, mas não arrisquei tocá-la, apenas mantive-a flutuando por perto.

— O que vai fazer com ele? — O velho desceu da cadeira com cuidado. Surpreendia-me que ele tinha sequer conseguido subir, de tão velho.

— Por favor, não chegue perto. O Pipi foi contaminado pela doença da tempestade, irei levá-lo para os especialistas da guilda para que ele possa ser… ajudado. — Mentira. Mas não poderia dizer a verdade.

— Vai mesmo? Oh, muito obrigado, muito obrigado, pequena Greeta. Você é um anjo. — Juntou as mãos, lágrimas quase saindo de seus olhos meio fechadinhos.

— Não foi nada… E eu sou a Amyrrh. — Movi-me pela porta, mantendo minha concentração na prisão flutuante para que me seguisse. Ainda era possível ouvir o choro da criatura condenada soando abafado lá dentro.

— Amyrrh, claro. Não esquecerei. — Ele continuou dentro da casa, seu olhar era de alguém preocupado demais para se mostrar completamente agradecido.

— Não se preocupe, tenho certeza de que não vai demorar para lhe darem notícias. Até lá, vou pedir para alguém consertar sua porta. — Tentei sorrir ao por a mochila nas costas, mas meus sorrisos falsos nunca eram bons.

Ele agradeceu mais uma vez e me virei para ir. Notei as pessoas observarem enquanto eu passava com a bola de terra flutuante, mas ninguém ousou perguntar.

Poucas pessoas me perguntariam qualquer coisa sobre aquilo, considerando os avisos de Cleiton e Greeta sobre deixar nosso grupo em paz, então as pessoas nunca conversavam comigo sobre coisas relacionadas à guilda e missões. Mas consegui me enturmar com boa parte da cidade ainda assim, principalmente os mais velhos e vendedores.

Fiz meu caminho pela rua coberta de cascalho até o prédio da guilda, onde, curiosamente, não havia nenhum aventureiro na entrada, e nem no salão.

— Ah, pequena Amyrrh — chamou a recepcionista atrás do balcão de entrada. Só ela estava presente, nem mesmo sua colega estava no balcão ao lado. — Isso é algum novo treino?

— Novo treino? — Demorei um instante para perceber do que ela falava. — Não, isso não. Err… — Aproximei-me dela enquanto falava. — Isto é para a guilda, um filho da tempestade…

— Um filho da tempestade? Vivo? — Sua expressão se contorceu em uma careta que estava entre nojo e espanto.

Sabia que a maioria das pessoas reagiriam assim. Quando se tratava de um qualquer que tinha se transformado, eles querem a “coisa” longe e, de preferência, morta. Mas tinha certeza que seria diferente se o condenado fosse alguém próximo.

Limpando o pensamento, respondi a pergunta: — Sim. Será que posso deixá-lo com você? Preciso entregar ao pessoal de cima, você sabe, e não estou vendo mais ninguém por aqui. — Procurei pelo salão novamente como se para provar meu ponto.

— Claro… — falou com desdém e apontou para o canto da parede. — Acredito que seja seguro, então pode deixar ali. Eles ficarão felizes em saber que você trouxe uma dessas coisas ainda vivas.

— Acredito que sim. — “Apenas para matá-lo” acrescentei em pensamento enquanto conduzia a esfera para o canto indicado.

Após pousar a prisão de terra com cautela, guardei meu báculo na mochila.

— Aqui. — Ela levantou uma pequena sacolinha de couro escuro e pôs em cima do balcão.

— O que é isso? — Afrouxei a corda da sacola para abri-la e ver o conteúdo.

De dentro, retirei uma moeda de bronze, havia muitas delas.

— Não sei quanto será sua recompensa por trazer algo assim, na verdade, nem sei se esses imundos te darão uma recompensa, mas acho que você merece pelo menos isso pelos seus serviços à cidade. — Sorriu.

— O quê? Não posso aceitar isso… — Pus a moeda de volta com as outras e empurrei levemente a sacola.

— São só cem moedas de bronze, aceite, é o mínimo que você merece, e não fará falta. — Empurrou de volta.

— Cem?! — Tapei minha boca com as mãos imediatamente ao perceber meu tom de voz alterado, depois abaixei as mãos e baixei o tom. — Tem certeza que pode me dar isso?

— Você deveria ter muito mais. Desde que você chegou, a cidade tem se reconstruído e melhorado muito bem. Há poucos magos de terra aqui, como sabe, e os que temos nunca pensaram em ajudar como você ajuda. Você é uma ótima pessoa, Amyrrh. — Inclinou um pouco a cabeça enquanto me lançava um sorriso que fechava seus olhos.

Ela não pensaria assim se soubesse da verdade… Era mais que meu dever ajudar no que pudesse.

Suspirei, continuar recusando seria estranho. Para ser sincera, estava muito ansiosa por ter um dinheiro realmente meu, já que eu só podia gastar o dinheiro que Cleiton me dava com o que ele pedia.

— Está bem. — Fechei a sacola de moedas e pus na mochila. — Mas então, onde estão todos?

— Onde mais? — Revirou os olhos.

— Claro. — A compreensão veio com um suspiro no momento em que vi sua expressão de desinteresse. Tínhamos isso em comum. — Quero dizer, mas por que dessa vez?

— Parece que os dois discordaram sobre uma missão aí. É sério, Amyrrh, como você consegue estar no mesmo grupo que eles?

— He. Alguém tem que equilibrar as coisas. — Virei-me para sair. — Bem, estou indo.

— Até mais. — Sentou-se relaxada na cadeira atrás dela.

Dirigi-me pelo corredor que levava até a arena de treinos da guilda. Antes mesmo de chegar lá, já podia ouvir os comentários e apostas, junto ao som da batalha.

Quando entrei, meus olhos pousaram no centro da coisa toda, onde Greeta e Cleiton haviam acabado de socar um o punho do outro, com Cleiton levantando seu braço e Greeta tentando empurrá-lo para baixo.

Como o anão tinha uma mão a mais que minha amiga lagarto, ele tentou socá-la no estômago, mas ela empurrou seu braço livre pro lado com o próprio braço sem mão, ao mesmo tempo em que sua cauda corria para os pés dele, mas sua bota suja pisou em cima.

— Já disse, Greeta, nós vamos!

— E eu já disse para você apagar esse fogo no rabo!

Parei de prestar atenção nessa hora enquanto me aproximava de Aghate na arquibancada.

Pus um sorriso no rosto, colocando o último caso com o gato do velho no fundo de minha mente.

— Oi! — Cutuquei o ombro de minha amiga humana com ânimo. Quando ela olhou para mim, continuei: — Então, o que é isso dessa vez?

— Você tá bem atrasada, sabia? — Respondeu sorridente.

— Estou? — ironizei, sabia bem que estava, mas… — Então por que você ainda está aqui?

— Estava te esperando, claro. — Moveu-se para abrir minha mochila em minhas costas. — Então, trouxe?

— Trouxe, mas não sabia se ele queria vermelhas ou azuis.

— Ai, Amy, é sempre a mesma coisa. Como você consegue? — Abriu a sacola de papel molhada com as maçãs e tirou uma das vermelhas de dentro. — E ainda trouxe duas vermelhas?

— Ah, não… Eram azuis. — Percebi.

— É, eram. — Colocou a maçã de volta na sacola e a guardou na mochila novamente. — Você tem sorte que essa briga começou, ele nem deve lembrar depois.

— Não duvide do quão chato Cleiton pode ser com maçãs. — Ri um pouco. — Mas então, por que a luta? A recepcionista disse que era uma missão.

— Ninguém entendeu direito. — Virou-se para a luta. — Parece que foi dada direta pelos de cima e Cleiton quer muito ir, mas Greeta não. A maioria está torcendo para Greeta ganhar, já que assim, Cleiton não vai ter a missão. A popularidade de vocês entre eles está caindo cada vez mais.

— Hum… — Para Greeta não querer ir, deveria ser uma missão chata, com certeza, mas se valesse grana o suficiente, era óbvio que Cleiton aceitaria. — Seu pai mandou você chegar cedo hoje.

— Ha! Ele sabe que não vou — disse sem tirar os olhos da arena.

Greeta e Cleiton continuavam a troca de golpes. Já tinha cansado de tentar impedir essas lutas sem sentido à um ponto em que nem me importava muito mais. O melhor era deixá-los lutar até o fim e esperar pelo resultado.

— Eu disse à ele — respondi antes de pegar a mão de Aghate e ela olhar para mim. — Vem, temos que ir pra aula.

— Mas a luta… — Ela olhou de mim para a luta e depois para mim novamente.

— Vamos. — A puxei, ela cedeu e veio junto.

Seguimos pela arquibancada, passando por trás das pessoas até chegarmos em uma escada que descia para fora do local, no lado contrário da arena.

A escada dava em uma pequena área ao ar livre atrás da guilda. Não havia mais que duas casas próximas, era praticamente uma área fora da cidade.

Ao descermos, logo localizei Draven sentado na grama, uma bola de pura escuridão sobre suas mãos.

— Muito bom, Draven — disse o professor Sosuni antes de olhar para mim e Aghate enquanto nos aproximávamos. — Diferente de uns e outros que não conseguem sequer chegar no horário.

— Oi… — cumprimentei sem graça ao chegar perto dele. Meu irmão me deu um “tchauzinho” ao me ver e a forma da esfera escura se deformou no mesmo instante, mas ele voltou à se concentrar nela para que voltasse ao normal.

O mago rank E não era exatamente poderoso e sábio, mas ele ensinava o que sabia aos mais novos da guilda em troca de uma porcentagem das missões que fizéssemos em grupos. Isso foi bem útil para mim, Draven e Agathe nos últimos meses.

— Não chegamos atrasados, mas se a tarefa for formar uma magia de bola… — Aghate ergueu suas mãos juntas e uma pedra azul em seu pescoço brilhou fracamente. Gotas de chuva se juntaram lentamente em uma bola que crescia à cada gota que se unia.

Ainda me impressionava a magia de água, por mais que a humana não fosse boa sem círculos mágicos, ainda era uma magia que parecia extremamente útil e poderosa, mas que a de terra até. Com a tempestade, havia água em literalmente todo lugar à céu aberto, era impossível um mago de água não ter de onde conjurar. Mas aquilo não parecia impressionar o professor.

— É um bom começo para a magia de nível dois, mas ainda tem que treinar muito para chegar ao nível de sua amiga — disse ele, virando-se para mim. — E você, como anda seu domínio da magia de fogo?

Aghate abaixou as duas mãos, deixando a pequena esfera de água cair e se desfazer na grama.

“Era claro que ele não pediria por magia de terra…” Suspirei internamente enquanto pegava meu báculo na mochila.

Olhei para o báculo com a pedra vermelha na ponta de cima e marrom na de baixo. Originalmente, um cajado longo apenas de fogo, quebrado ao meio por mim… Foi modificado pelo artesão da cidade à pedido de Cleiton para se tornar uma ferramenta adequada para mim, e desde então tenho aprendido magia de fogo com ele… para ser digna de sua posse e tão boa quanto seu antigo dono.

Respirei fundo e, com uma mão erguida à frente, canalizei minha mana no corpo branco do báculo, de forma que subisse direto para a pedra vermelha e se manifestasse na natureza seguindo os padrões do círculo mágico em minha mente.

Demorei um tempo considerável até sentir um calor em minha palma. Abri os olhos para ver a pequena esfera de chamas flutuar sobre ela.

— Eu diria que você ainda tem que melhorar muito para se considerar uma maga, se não soubesse o quão absurdo é seu domínio da terra. Aquele anão sabe o que faz. — O professor cruzou os braços.

— Para de ficar chupando as bolas deles — disse uma voz forçada no meio dos outros onze alunos, não pude identificar, e nem o professor, aparentemente.

Ele suspirou antes de anunciar: — Dispensados por hoje. Lembrem-se de pegarem as missões mais fáceis.

— Já? — perguntou Aghate enquanto todos se levantavam do chão, apenas Draven continuou, mas desconjurou sua magia. — Acabamos de chegar.

— E eu já vou sair. Se me dão licença…

— Na verdade, professor — chamei, fazendo-o parar antes de sair de perto. — Eu e Draven conversamos sobre aquilo que você disse e… — Olhei para meu irmão sentado, sua cauda balançando tranquilamente atrás dele combinado com seu rostinho de certeza me diziam que era isso que ele queria. — … achamos que estamos prontos para tentar.

— Ah, maravilha. Aghate quer tentar também? — perguntou ele, movendo-se para perto de Draven. Nós o seguimos.

— Vou só acompanhar hoje — respondeu a garota.

— Certo. Muito bem, vamos nos sentar?

Concordei com a cabeça e nos acomodamos em uma rodinha junto ao meu irmão.

Draven não disse nada. Se houve algo que não gostei em nossa estadia na cidade, era que Draven tinha aprendido ainda mais a arte de ficar calado.

Ele pegou de uma bolsa em suas costas um livro negro com gemas vermelhas em sua capa: o livro demoníaco.

Observei bem enquanto ele folheava as páginas. Por mais que eu tivesse aprendido um pouco da língua de Lifuad, era impossível para mim entender uma palavra do que aquele livro dizia. Entretanto, Cleiton reconheceu um dos círculos mágicos desenhados em uma página e disse que Draven deveria tentar ele.

O menino desenhava o círculo complexo no chão ao meio de nossa roda com sua própria mana pura. De olho no livro e no próprio círculo mágico.

O problema era que a magia, seja o que fosse, exigia uma quantidade de mana maior do que a que o garoto tinha, então o professor nos sugeriu uma técnica que era muito usada pelos magos para fazer magias mais poderosas, que é juntar a mana de duas pessoas em um único círculo mágico.

Quando o círculo mágico foi quase completo, nada aconteceu. Foi aí que o professor disse: — Agora, Amyrrh, sabe o que fazer.

Empurrei minha própria mana pura para fora, fazendo se unir ao círculo mágico, e o professor também fazia a mesma coisa. O círculo começou a brilhar com mais intensidade e Draven completou o que faltava.

A cor translúcida e brilhante mudou para um preto rapidamente e uma luz prateada surgiu do centro.

— O que tá acontecendo? — perguntou Aghate.

— Eu não sei, nunca lidei com magia negra, mas um círculo tão pequeno assim não deve fazer mal algum, afinal, se seu líder permitiu isso… — dizia o professor quando uma coisa surgiu do centro do círculo.

Algo como uma pequena pinça negra saiu para fora, imediatamente minha memória foi puxada para a caverna onde encontramos o livro e eu baguncei o círculo mágico num reflexo, balançando minha mão e quebrando a mana que depositava.

O círculo se comprimiu pro centro em um instante, como se fechasse na perna da aranha, que foi cortada para fora.

— Amyrrh! — reclamou Draven, visivelmente frustrado. — A gente tava fazendo alguma coisa.

— Sim, estávamos trazendo uma daquelas coisas, você não viu?! — exclamei, meu coração acelerado.

— E daí? Cleiton disse para tentarmos, não foi?

— Ele nem deveria saber o que é… — eu dizia, antes de ser interrompida.

— Na verdade, eu sabia, mas queria que vocês descobrissem. — O anão se aproximava de nós, junto à Greeta. Ela tinha uma cara fechada, além de um olho um pouco roxo.

— O quê? Por quê?

— Draven tem um ótimo controle das trevas. Dependendo do que ele conseguir invocar, pode ser bom para o nosso grupo.

— Então você quer que uma criança aprenda magia de invocação sozinha? Seu lunático. Ele nem tem mana para isso — disse o professor. Não entendi bem sua reclamação, mas concordei internamente.

— Ele é mais do que capaz, mas enfim, temos novidades. — Bateu as mãos uma na outra à sua frente.

— Decidiram sobre a missão? — perguntou Aghate. Eu ainda estava um pouco em choque com o acontecimento, mas me interessei pela possível resposta deles.

— Eu não concordei com nada — afirmou Greeta, um tom nervoso e frustrado.

O anão sorriu antes de responder gesticulando.

— Bom, arrumem as malas e reúnam toda sua coragem, pois nós vamos investigar o aparecimento de um vagante.

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Olá, eu sou o TolrielMyr!

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