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Capítulo 62: Fim de uma Jornada 

— Senhor Li? — O menino abria lentamente os olhos. 

A magia pouco a pouco deixava o corpo de Ceb fazendo com que sua consciência ativasse. 

— Acordou? Como está se sentindo? 

— Melhor… eu acho… — respondeu com uma voz fraca de cansaço. — Eu estou cansado… 

— Não se preocupe com isso, o efeito da magia não deve ter passado ainda… 

— Magia? 

— Me desculpe, garoto. Tivemos que colocá-lo para dormir, era o único jeito de protegê-lo. 

Ceb pensou por um segundo, mas não demorou muito a concluir. 

— O senhor acreditou em mim… eu também acredito em você… 

Apesar das palavras, ele parecia receoso a perguntar sobre o que realmente queria saber. Talvez, por realmente acreditar em Li, ele tivesse medo da resposta. 

— Ele está bem — disse Jihan. O garoto olhou em seus olhos. — Seu pai se chama Jonas, certo? Ele está bem. 

Seus olhos inchados se encheram de lagrimas, sua garganta presa o fazia gaguejar e se engasgar em suas próprias palavras. Seu medo cresceu por um instante, por achar que talvez houvesse ouvido errado. 

— De ver…verdade? O se…senhor não es… tá mentindo?  

— Achei que confiasse em… 

Ceb enterrou sua cabeça no peito de Jihan e desesperadamente chorou. Entre rios de lagrimas e soluços, balbuciava algumas palavras. 

— Eu achei… eu achei que fosse ficar sozinho para sempre! — chorava o garoto. — Ninguém, nenhum deles acreditava em mim, eu estava com tanto medo!  

No fundo, Li sentiu a dor do menino. Seu pai era tudo que tinha, era seu mundo. Perdê-lo deve ter sido amedrontador.  

— Você foi corajoso, garoto.  

Ver a situação de Ceb o lembrou de sua mãe. Ele já esteve no lugar desse garoto, mas nunca pensava muito sobre, havia a perdido ainda muito novo e só algumas poucas memórias restavam, por algum motivo, embaçadas no fundo mais escuro de sua mente. 

— Estamos indo até ele, pode chorar até lá, mas acho que seu pai preferiria te ver sorrindo. 

— Hm… — Após alguns segundos, Ceb enxugou as lagrimas de seus olhos ainda mais inchados que antes. — Senhor Li, pode me colocar no chão agora. 

— Certeza?  

— Sim, acho que consigo ficar de pé.  

Colocando-o no chão, o garoto teve dificuldades em manter o equilíbrio, mas Li estendeu-lhe a mão. 

— Não tem nada de errado em se apoiar em outras pessoas.  

Ceb hesitou por um instante, mas apoiou-se em Jihan. 

— Agora vamos, estamos quase chegando lá. 

                                                                                                     

Perto do centro da vila, um forte brilho dourado vinha de dentro das instalações médicas. Dois soldados se posicionavam frente a porta, espantando a população do vilarejo que curiosa tentavam espiar a situação. 

— Ah… — suspirou uma voz masculina — Terminei. 

— Terminou? Qual é a situação deles? — perguntou Glória. 

— Estão sofrendo de deficiência de mana, baseado nas sequelas que apresentam, suspeito que mais um ou dois dias e eles estariam mortos, todos os três. 

Em frente a Glória, um homem com um brasão da igreja de Yun* analisava os três pacientes desacordados. Seu cabelo era liso e curto, passando um pouco as orelhas. Sua pele parda e seus olhos castanhos. Já sua voz, apesar de ser jovem, era lenta e grave. Hans não estava entre os homens; seu estado era bem mais seguro, suas feridas já haviam sido tratadas e ele estava descansado em outra sala. 

— Como está o estado do Alferes? Ele estava desaparecido há mais tempo. 

— Melhor do que você pensa, na verdade. 

— Melhor? 

— Bem, como posso explicar, imagine dois tanques — disse o homem. — Um dos tanques tem espaço para dez mil litros e uma torneira que solta mil litros por hora; o outro tanque tem mil litros, mas sua torneira só permite a passagem de 10 litros por hora. Resumindo, mesmo que o primeiro fosse aberto dias depois do segundo, ainda secaria mais rápido. 

— Entendi, mas isso não significaria que o estado dos dois é crítico? 

O homem suspirou. 

— Não se prenda tanto a números, é só um exemplo. De um jeito ou de outro, tudo que podemos fazer nesse momento é aguardar. 

— Certo. — Glória se curvou levemente. — Obrigado, senhor. 

— Não precisa ser tão formal, Glória — respondeu. — Além disso, só estou fazendo meu trabalho. 

— Hm… de qualquer forma, não esperava te encontrar por aqui. 

— Sim, foi uma coincidência eu estar junto do Tenente Victor, encontrei com ele há alguns dias e ele ofereceu me escoltar até aqui. Estou só de passagem. 

— Mesmo assim tivemos sorte, quem diria que um Arcebispo estaria pelas redondezas — disse um pouco irônica. 

— Glória, não precisa dizer dessa forma. 

— Sim… sim, me desculpe Juan… eu deveria estar te agradecendo. 

— Tudo bem… enfim… a garota que estava contigo antes, ela é uma sacerdotisa, certo? 

— Você a conhece?  

— Só de vista, ela é pupila de um dos patriarcas de Anpýrgio. 

— De um patriarca!? 

— Não sabia? — Perguntou o homem. — Ela é uma das preferidas dele, bem talentosa. 

Glória fez uma expressão conflituosa em seu rosto. 

— Algum problema?  

— Pode me dizer uma opinião sincera sem fazer perguntas?  

— Sobre?  

— Sem fazer perguntas. 

— Prometo. 

Glória se segurou por alguns poucos segundos antes de perguntar. 

— Acha que ela poderia sair se quisesse.  

Sendo pego de surpresa pela questão, Juan pensou um minuto. 

— Sendo sincero, é permitido a quem quiser se retirar sob devidas condições de acordo com sua posição. Não deveria haver problemas para uma sacerdotisa sair…  

— Mas? 

— O patriarca tutor dela é um homem um pouco complicado, conhecido por ser rigoroso quanto a seus discípulos. Isso pode acabar dificultando a saída dela, de uma forma ou de outra, depende a vontade dela é o que mais importa. 

— Entendo… 

— Glória… eu não farei perguntas, mas tome bastante cuidado, um Patriarca é o equivalente a um Vice Lorde na hierarquia das facções, não é ninguém que você pode ser descuidada. 

— Não se preocupe com isso, não tocarei mais nesse assunto… 

TOC TOC TOC 

Batendo na porta, Li entrou junto de Ceb. Vendo seu pai deitado, o garoto correu até sua cama, aflito por ele não estar acordado. 

— Ele deve acordar nos próximos dias, mas já está seguro agora — disse Juan, percebendo que o garoto tinha alguma relação com o paciente. 

Ceb apenas acenou com a cabeça e ficou em silêncio ao lado do pai. 

— Vocês pareciam estar conversando de um assunto interessante — disse Li. — Interrompi algo? 

— Não, nosso assunto já havia acabado — respondeu Glória. — A propósito, este é Juan, um Arcebispo da Igreja de Yun. 

— Você deve ser o Jihan, Glória me falou muito bem de você — comentou o homem, estendendo-lhe a mão.  

— Apenas coisas boas, espero. — Cumprimentou-o. 

— Ela disse que havia um demônio na floresta e que você o matou. Como membro da Igreja é nosso dever combater essas criaturas, assim como ajudar aqueles que o fazem. 

— Assim ouvi, felizmente tivemos ajuda de uma sacerdotisa nessa jornada, sem ela não teríamos conseguido. 

Juan pausou por um instante e soltou a mão de Li. 

— Bem, fico feliz em ouvir isso. — Virando-se para Glória, o homem finalizou. — Eu devo ir agora, foi bom te ver de novo. — E direcionou-se para a porta. 

— Se for o desejo dela… ela sairá, quer queiram ou não. 

O Arcebispo parou em frente a saída. 

— Tome cuidado, jovem… não deixe a vitória de hoje subir a sua cabeça… você tem potencial… seria péssimo jogá-lo fora quando ainda é tão fraco… 

E passou pela porta, deixando-os. 

BAM 

— O que foi isso? — Indagou Glória, acertando a nuca de Jihan. — Foi ele que curou Matheus e Fynn, você deveria estar o agradecendo e ao invés disso está procurando briga? 

— Desculpa, desculpa — respondeu enquanto adulava a própria cabeça. — Foi… força do hábito? 

— Hmpf! Na próxima vez, deixe as palavras comigo. 

— Falem mais baixo! — uma voz veio da porta do comodo. — Essa dor de cabeça esta me matando… 

— Hans! — gritaram em uníssono.  

— Você está acordado! — falou Glória. 

— Ick! Não gritem… — disse o homem levando a mão a testa. — Por que a surpresa? Não é como se eu tivesse morrido. 

— Não estivemos muito longe também — comentou Li. 

— Hm… enfim, só espero que os dois acordem logo para irmos embora daqui…. 

STEP STEP STEP 

Passos apressados corriam pelo corredor, em alguns segundo um soldado apareceu. 

— Desculpem incomodá-los, senhores… mas algumas pessoas vieram buscá-los… 

— Algumas pessoas? — perguntou Li. 

— Sim… eles disseram ser de Arcadia… 

                                                                                                     

Enquanto os três ouviam o anúncio da chegada, bem longe daquele lugar, uma Elfa adentrava um grande portão branco. Escoltada por uma duzia de soldados, homens e mulheres de beleza invejável e trajados de armadura e armas.  

A elfa não estava algemada nem nada do tipo, mas o sentimento que se passava era de que ela era uma prisioneira, apesar de ter acabado de chegar por pura e espontânea vontade. Chegando perto a um trono de madeira pura da cor de neve no fim do salão, todos os soldados se ajoelharam. 

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