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Capítulo 72: Xu Wang 

Você não pode conquistar um homem livre, o máximo que pode fazer é matá-lo. 

Teoria da Intenção ~ Sócrates 

— Já se arrependeu pelos seus erros? 

— Desde o primeiro dia, pai. 

— Eu sei quando está mentindo, Xu Wang, não recomendo fazê-lo. 

— Peço seu perdão, eu falhei. 

— Pare com essa baboseira! — retrucou o homem. — Não peça perdão, não peça desculpas! Não consegue entender que essa sua fraqueza é o maior de seus problemas!?  

Xu se calou com a gritaria do homem ecoando em todo o calabouço. 

— Não investi tanto tempo em um fraco que choraminga suas decepções, quero a verdade, nada mais do que isso. 

— O que o senhor quer que eu diga? 

— Pare de pensar no que eu quero! Não é desse jeito que te criei, você tem o sangue dessa família, não me desonre dessa forma! — respondeu. — Vou te perguntar novamente, você se arrepende dos seus erros? 

— Não… 

— Mais alto!  

— Não! Não me arrependi, nem por um segundo, eu precisava dele vivo!  

— E por que? O que você viu naquele garoto que os meus olhos falharam em enxergar? Me diga! 

— Ele é… interessante, vai me ajudar a ser mais forte, ele tem o que é necessário para que eu possa chegar ao ápice — respondeu Xu.  

— Aquele moleque? — debochou. — Sua mente deve estar tão vendada quanto sua visão, qual logica te levaria a essa conclusão?  

— Acreditaria em mim se eu dissesse que ele nunca havia sentido mana ate aquele momento? O senhor viu o que ele é capaz de fazer, derrotou todos os mercenários que o senhor colocou atrás dele, que preço deve ter sido pago para manipular aquele exame? 

— Bem menos do que pensa. 

— O que? — perguntou, surpreso. 

— Teus olhos não falharam contigo… nós, deuses não interferimos nos testes, o preço a ser pago por tal interferência normalmente é muito mais pesado do que foi, a força do mundo em si nos cobra, mas nesse caso em especifico, é como se o moleque fosse uma anomalia… só não consigo saber o porquê. 

— Então, por que me pediu para matá-lo? 

— Foi um teste, não somente seu, mas também do moleque. 

— Um teste? 

— Caso ele morresse ali, a situação seria resolvida por si só, a constante aleatória iria ser eliminada, no entanto, se ele sobrevivesse, confirmaria minhas suspeitas sobre sua anormalidade.  

— Pai, eu não entendo… 

— Significa que você está certo, garoto — elucidou. — Uma anormalidade pode ter potencial 0, assim como potencial infinito. Ele irá crescer e se tornara uma fonte, uma que alimentara o seu crescimento, até que um dia você consiga engoli-lo por completo. 

— Engoli-lo? 

— Xu, grave isso na sua cabeça, nós somos uma família de imperadores, quando gostamos de algo, pegamos, quando lutamos por algo, ganhamos e quando queremos algo, nós temos! — disse o homem. — Jamais se arrependa de uma decisão! Jamais peça perdão! Jamais se ajoelhe!  

— Sim, pai. 

— Você é meu filho, um filho da fênix, levante-se e honre o brasão que carrega em seu corpo. 

Wang ficou de pé, ainda amarrado pelas grossas correntes que o prendiam a parede. 

— Ex Favilla Nos Resurgemus — disse o homem. 

— Das cinzas nós ressuscitamos — respondeu Xu. 

— Perfeito, venha, temos muito o que fazer — falou, passando pela porta da cela. 

— Senhor, quer que o soltemos? — perguntou um dos guardas. 

— Não há necessidade, ele nunca esteve preso. 

BOOM 

Do fundo da cela, pedregulhos e poeira voaram para fora e o barulho das correntes caindo no chão foi ouvido. Os guardas imediatamente olharam para dentro, enxergando apenas um par de olhos vermelhos brilhando na escuridão, o corpo do albino em si emanava luz flamejante para iluminar o caminho. Em seu peito, um brasão incandescente brilhava. 

                                                                                                     

— Tomou um tempo para pensar em minha oferta? 

Parado em frente ao homem com o mesmo rosto que ele, mas que possuía um longo cabelo branco, Li novamente era questionado. 

— Ainda não tenho motivos para confiar em você. 

Urgh que moleque irritante!” pensou. “De uma forma ou de outra, é melhor que ele foque na conjuração, afinal, uma vez que eu tomar esse corpo vou precisar que ele já esteja acostumado à minha magia.” 

— Por que não considera que sou apenas sua mente tentando te levar para o melhor caminho? — disse o homem. — Afinal, você já viu que eu não consigo te ferir fisicamente, não tenho como lhe fazer mal. 

— Mas você tentou… 

— Pelos deuses, o que posso fazer para lhe convencer de que quero ajudá-lo? 

— Me diga o que quer em troca? — disse Li, após pensar um pouco. — Talvez eu sinta alguma verdade se você for sincero. 

“Ele não vai acreditar em mim se eu continuar inventando desculpas… uma coisa que eu quero em troca…” pensou calmamente.  

— Zilá. 

Jihan arregalou os olhos ao ouvir o nome demoníaco de seu pai biológico. 

— Como… sabe esse nome? 

— Eu quero que você o destrua, queime suas partes e faça-o sofrer — disse o homem, cada uma de suas palavras carregavam genuína sinceridade, afinal, ele odiava aquele nome ainda mais do que Li. — Eu juro sob minha alma. 

— Perguntei como sabe esse nome!? 

— Ele era meu amigo, mas me traiu e se tornou um demônio — respondeu, juntando uma mentira no meio das verdades. 

Dentro de sua mente, Jihan sentiu que aquela pessoa não estava mentindo, se imergindo nos próprios pensamentos, tentou entender a situação. 

— Eu fui sincero, era o que você queria, foi o suficiente? — perguntou, depois de algum tempo. 

— Qual o seu nome?  

— Já te disse, eu sou você. 

— Só me diga logo algo que posso te chamar — retrucou. — Se vamos passar por isso mais vezes, você tem que ter um nome… 

— Um nome… Nasháh, me chame de Nasháh. 

“Er… um nome difícil, combina com alguém tão excêntrico” Pensou Li. 

— Se está dizendo isso, quer dizer que aceitou minha oferta? 

— Eu vou tentar, se vir que não está funcionando, ou se perceber que você está mentindo para mim, ou qualquer coisa desse tipo, encerrarei tudo! 

— Muito bem… 

— Comecemos logo? 

— Não, você voltara aqui mais tarde. 

— Que? Achei que quisesse fazer isso o mais rápido possível. 

— Não é escolha minha, já está na hora de acordar… 

— Li! Acorda logo, você tá atrasado! 

Abrindo os olhos, Jihan se deparou com a mão de Matheus estapeando sua cara. 

— Já acordei, já acordei! 

— Por Kali, como alguém pode ter um sono tão pesado… ahn? Que cara é essa? Não dormiu direito? 

— Não… não, na verdade me sinto melhor do que nunca — respondeu. 

— Então vá tomar um café, temos que nos apressar para o treino, já passou da hora. 

Levantando-se rapidamente, Li lavou o rosto e se preparou para mais um dia de treinamento árduo nas mãos de Matheus e Prado. Andando pelos corredores de Arcadia, Li percebeu pela janela que a cidade de Anpýrgio estava cada vez mais movimentada, devido ao Torneio de Erebus estar cada vez mais próximo. 

— É uma pena que o seu primeiro torneio vai ser aqui mesmo na cidade, seria incrível conhecer outros reinos, eu soube que a capital do Império Élfico é extremamente linda — disse Matheus. 

— Pensei que todos os torneios fossem aqui. 

— Acho que não te expliquei exatamente o que é esse torneio… — O homem levou a mão ao queixo pensativo. — Bem, acho que é bom começar com o início. O torneio é feito anualmente em diferentes reinos para celebrar a paz após a guerra secular há muito tempo atrás. 

“Paz?” pensou Li. 

— Acho que não tem sentido em explicar isso agora, não vem ao caso. O ponto é, esse ano completam 500 anos do fim e o nosso Rei propôs que o torneio desse ano fosse feito no Bastião Humano, Anpýrgio — explicou. — Dito isso… ouvi em um bar esses dias conversas sobre isso ser uma jogada política na intenção de dispensar o pensamento que existe uma animosidade entre a humanidade e as outras raças. 

— Eu percebi, sinto que desde que cheguei aqui só me encontrei com humanos e nada mais. 

— Outras raças não gostam de se misturar com humanos e é compreensível. Quando eu era mais novo passei meses estudando sobre as abominações que a humanidade fez com Elfos, Anões, Homens besta e todo o resto. 

— Estou ficando mais curioso a cada vez que você fala sobre isso… 

— Talvez não seja uma má ideia para você dar uma lida de vez em quando… por precaução. 

— Vou manter isso em mente. 

— Enfim, minha esperança é que depois desse torneio as coisas comecem a ficar mais tranquilas… além disso… espero que as outras raças comecem a se sentir mais a vontade por aqui — desejou Matheus. — Eu pessoalmente sempre me dei bem com os Homens Besta. 

— Vai ser incrível! — Li animou-se ainda mais. — Não estava esperando que fosse algo tão grande, quer dizer que vou ter a chance de lutar contra e conhecer muita gente. 

— São oponentes ainda mais difíceis que humanos, digo, cada um tem suas especialidades e fraquezas, mas se formos considerar apenas mana, os elfos tem bastante vantagem… 

— Elfos…  

“Me pergunto se ela vai estar aqui… talvez seja um desejo vão.” Pensou Li. 

— Ei, que cara é essa? — Matheus percebeu que Jihan ficou repentinamente cabisbaixo — Perdeu o ânimo?  

— Claro que não! Eu só… estava pensando em uma coisa… 

— Esse é o espirito, vamos apressar o passo, Prado deve estar ficando aflito. 

                                                                                                     

BUM 

Em meio a uma planície deserta de terra e areia, sons de estouros podiam ser ouvidos a longa distância. Para quem estava mais perto, até mesmo o chão tremia, barulho esse que podia ser facilmente confundido com a explosão de bombas, quando na verdade, eram apenas passos. Passos de pessoas que carregavam pedregulhos de uma tonelada em suas costas. 

— Quer dar um descanso? — perguntou o homem mais velho a outra pessoa. 

— Consigo continuar mais um pouco… — respondeu a mulher. 

Ter uma noção de espaço e tamanho é difícil quando não se tem um referencial. De longe, a impressão é que era um pai e uma filha adolescente carregando uma montanha de carga. De perto, a mulher de quase dois metros parecia uma criança perto do homem de mais de três. 

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Olá, eu sou Dealer!

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