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Capítulo 77: Novas Chegadas 

A competição está no sangue de cada ser vivo, somos postos a prova desde nascença, afinal, numa você está aqui, numa ínfima chance, entre muitos outros, você nasceu. Continuamos lutando durante toda a vida, pois vencer o próximo desafio é o que nós move, a vida seria completamente sem emoção se nunca tivéssemos uma barreira a superar, nesta ínfima chance de viver de viver, somos infinitos. 

Sem Medo de Falhar ~ Socrates 

— Finalmente chegamos!  

Duas pessoas encapuzadas se aproximavam dos grandes portões da magnifica muralha que cercava Anpýrgio. 

— É realmente muito diferente de Yggdrasil — comentou uma delas. 

— Akemi, sem se empolgar muito, temos que entrar na fila para nos identificar na portaria antes de seguirmos. 

— Sim, senhorita!  

Com o torneio para acontecer em menos de uma semana, a movimentação dentro da cidade havia aumentado consideravelmente. Diferente de quando Li havia acabado de chegar, pessoas de diversas raças diferentes perambulavam pelas ruas, muitas delas, assim como Akemi e Miriem, estavam encapuzadas, cobrindo seus rostos e feições. 

Apesar de possuir um espirito livre e geralmente odiar o capuz, a meio elfa foi aconselhada por sua mestra a manter a discrição dentro e fora da cidade, a menina concordava, afinal, ela ter uma ou outra amizade, não significa que seu desprezo por humanos havia se esvaído. 

Acompanhando a mulher mais velha, Akemi se esgueirou pelas pessoas, curiosa com os mais variados rostos que ela normalmente não via, já que muito raramente saia dos arredores de Yggdrasil. 

“Incrivel, eles são tão grandes!” pensou, quando viu uma dupla de gigantes passar pela entrada. 

— Pare de encarar as pessoas — repreendeu-a. — Vamos é nossa vez! 

Sem falar nada, ela apenas seguiu Miriem até o posto de entrada. Quando se foi, um dos gigantes encapuzados olhou as suas pequenas costas correndo. 

— Akemi? — falou um deles. 

— Alguém que você conhece, Irmin? — perguntou o mais alto. 

— Não, Sr. Geist, acho que foi só minha imaginação — respondeu.  

— Entendi, mas tenho que te dizer, essa cidade é realmente pequena — comentou enquanto entrava. — Apesar disso tem algumas coisas bem interessantes, se aquela mulher, Brigida, fosse uma gigante, ela seria muito mais vangloriada! 

— Ela é incrível a ponto de o senhor elogiá-la? — questionou Irmin. — Eu escutei esse nome algumas vezes durante o teste dos deuses, mas não a esse ponto. 

— Incrível? Ela é bem mais que isso, arrisco a dizer que se não fosse por ela, a raça humana estaria anos luz atrás de qualquer outra — respondeu o outro. — Argh, é realmente uma pena que ela não é uma gigante! 

Olhando para cima, a mulher viu um grande zepelim cruzar os céus, era a sua primeira vez vendo tamanha maquinaria já que eles não passavam em cidades pequenas e nem alcançavam os longínquos desertos de Bereha. Andando pelas ruas, a população local encarava todas aquelas novas pessoas; alguns empolgados, outros com certo receio, mas a maioria apenas seguia suas respectivas vidas normalmente. 

— Engraçado, não é?  

— Senhor? 

— Tendemos a pensar que se formos muito diferentes da maioria, chamaremos muita atenção pra nós mesmos, quando na realidade a maioria esmagadora das pessoas só estão vivendo as próprias vidas e não sairiam de seu caminho para nos incomodar, então não precisa ficar ansiosa, só continue. 

— Sim senhor. 

Olhando novamente para os céus, Irmin notou o zepelim parando próximo a uma torre para desembarcar seus passageiros.  

— Probably some big shot in the empire just arrived — Geist comentou. — can’t imagine who it is. 

Na torre de desembarque, um grupo de soldados desceu do dirigível, escoltando dois homens, o primeiro possuía cabelos longos e pretos, o outro, cabelo curto e branco; mantas brancas com detalhes dourados cobriam seus corpos, além de chamativos olhos vermelhos. Ambos carregavam em seus peitos o brasão de uma fênix em chamas. 

— Nunca imaginei que você de fato viria prestigiar o nosso torneio, Veritas. 

Vindo de encontro com os recém chegados, um outro homem, também de cabelo longo e preto os cumprimentou, embora este estava com a barba por fazer e olheiras como de costume. 

— Shen! — disse o homem ao lado do albino. — como eu poderia perder a estreia de meu filho em um grande palco. 

“Filho?” pensou Shen, olhando para o homem ao lado de Veritas. “Então aquele moleque era filho desse monstro? Salvo engano seu nome era Wang”. 

— Em nome de Kali peço perdão por ela não poder vir recebê-lo.  

— De forma alguma, Anpýrgio deve estar extremamente movimentada nessa época do ano, como o principal território de Arcadia, creio que a deusa tem muito o que fazer! 

“Cínico como sempre, a facção de Ignis é a maior rival de Arcadia há quase um século, espero que ele não cause problemas na ausência de Kali…” pensou o lorde. 

— Vamos, vou acompanhá-los aos seus aposentos, a melhor vista da cidade fica no topo do nosso quartel, assim como os melhores quartos. 

— Por favor, lidere o caminho. 

                                                                                                     

SHUSH SHUSH 

Em outro lugar, um homem socava o ar, desviando de golpes imaginários e trocando golpes com sua própria sombra, mas não eram socos. Seus movimentos eram diferentes, como se estivesse desviando de cortes e pontadas. 

SHUSH SHUSH 

Seus socos perfuravam o ar rapidamente, suor escorria de sua testa e grudava em seu cabelo solto. Seus olhos cor de âmbar estavam mais claros do que nunca, como se visse dois ou três passos à frente de seu inimigo.  

SHUSH SHUSH 

“Minha respiração…” pensou. “Meus músculos, minha mana, cada fibra do meu corpo, consigo sentir tudo.” 

TOC TOC TOC 

— Vamos Li, o festival já começou, vai ser bom para você esfriar a cabeça — Matheus bateu à porta, chamando-o. 

Parando o que estava fazendo, Jihan foi até a porta, abrindo-a. 

— Me de alguns minutos, vou tomar um banho. 

— É melhor mesmo, você tá fedendo, lave esse cabelo também. 

— Só estou um pouco suado. 

— Estava fazendo shadow boxing de novo? Isso realmente ajuda de algo? 

— No mínimo ajuda a tirar um pouco da ansiedade do meu corpo, você deveria tentar também. 

SHUSH SHUSH 

— Acha que eu seria um bom boxeador? — perguntou Matheus, brincando enquanto socava o ar. 

— Hahaha, talvez. 

— De qualquer forma, vem logo, a cidade está lotada, tem todo tipo de gente aqui e ta cheio de barracas de comida também! 

— Certo, certo, já vou. 

— Anda logo, a Gloria já está está ficando irritada — brincou Fynn. 

— Não estou não! — respondeu Gloria. 

— Ela está sim… — sussurrou Matheus pela porta. — Aiai, era brincadeira! 

Saindo do quarto, Li amarrou seu cabelo que já alcançava o meio de suas costas e saiu junto aos outros para aproveitar um pouco a festa. A mecha de cabelo branco que tinha aparecido em Mnemósine ainda estava ali, apesar de não ter aparecido nenhuma nova. 

— Quanta gente… — comentou, saindo pela porta de Arcadia.  

A cidade estava decorada para festividades, várias barracas de comida e brinquedos estavam armadas para comercio. Carrinhos de pipoca, balões, confete, artistas de rua e várias outras novidades lotavam as ruas. 

— Anpýrgio deve estar em sua capacidade máxima — disse o líder da equipe. 

O grupo andava pelas ruas, parando de vez em quando para experimentar uma guloseima ou para jogar algum jogo. Nos jogos de habilidade Fynn tomava a dianteira, enquanto os de sorte eram totalmente dominados por Selene. Matheus, pelo contrário, era pessimo em tudo que tocava. 

— É o que dizem, azar no jogo, sorte no amor — disse Li. 

— Por que você não tenta também? — perguntou Glória. 

— Estou bem, não gosto muito desses jogos… — respondeu. 

— Hehe — Enquanto isso, Selene ria para o dono de uma das barracas de jogos abatido e em choque, enquanto fazia um sinal de V com os dedos por ter acertado mais uma vez o número certo de balas dentro do pote. 

— É sua primeira vez num festival, Li? — perguntou Hans. 

De todos os integrantes do grupo, Hans era provavelmente o que Jihan menos tinha proximidade, talvez todos menos Fynn pensassem o mesmo em relação ao homem, afinal, ele estava quase sempre calado. 

— Eu já vi um ou outro acontecendo, só nunca cheguei a participar de um… 

— Espero que aproveite, não é muito comum, mas acontece pelo menos duas vezes ao ano… 

— Obrigado, Hans… 

STEP STEP STEP 

Altos sons de passadas simultâneas ecoaram na praça onde o grupo estava. 

— Estamos quase chegando, infelizmente a cidade está cheia então está meio difícil de se locomover — disse Ya Shen. 

— Não se preocupe, fui eu que insisti em andar pela cidade, afinal, é um festival, seria uma pena se não aproveitássemos em nada — respondeu Veritas. 

Com exceção de Wang Xu, seis homens encapuzados andavam perfeitamente sincronizados logo atrás do líder da facção de Ignis. 

— Devo dizer, Anpýrgio está belíssima, não vejo a hora do torneio começar. 

Subitamente o albino parou de andar, seus olhos fixos por baixo de seu capuz encaravam um grupo de pessoas que estavam rindo e se divertindo em uma das barracas. 

— Wang? — Veritas também parou, assim que cessou a passada, os seis homens também pararam de se mover. — Ah… quem diria que nos já o encontraríamos aqui… 

Lentamente ele caminhou em direção ao grupo, até parar ao lado de Li. 

— Vejo que ficou mais forte. — Levantando seu capuz, sua voz soou ao lado de Jihan, que se lembrou no mesmo instante do dono dela. 

— Wang… — sentimentos mixados surgiram na sua mente. — O que está fazendo aqui? 

— Você! Como ousa aparecer na minha frente! — Selene, que estava logo ao lado imediatamente puxou seu cajado. 

— Selene, abaixe isso! — ordenou Matheus, colocando a mão na frente da arma da mulher. — Estamos no meio da cidade, é estritamente proibido criar confusão aqui. 

— Não é obvio por que eu vim aqui? Para ganhar o torneio — respondeu calmamente. 

Todo o restante do grupo notou a presença do homem, embora calma, seus olhos vermelhos transmitiam grande ameaça. 

— Você ainda está convencido como sempre, acha mesmo que tem o que é necessário para isso? — disse Li. 

— Não estou sendo pretensioso, são apenas fatos. 

— Ahn, quem é esse cara para falar esse tipo de coisa? — Fynn, que estava mais atrás começou a se irritar com a atitude do homem. 

— O que foi, de mullet? Está incomodado com alguma coisa? — Apesar de estar visivelmente calmo, a temperatura ao redor de Wang aumentou alguns graus.  

— Está tentando arranjar briga? — Um pequeno choque percorreu os dedos de Fynn. 

— Chega! — Uma onda de pressão pesou precisamente acima dos sete. Ya Shen, que até o momento estava neutro parou a discussão.  

— Está tudo bem, são só crianças… — Veritas estendeu a mão e repousou sobre o ombro de Shen. — Deixe-os se divertir um pouco. 

— Está tudo bem, pai. — Afirmou Wang indo em sua direção, dando as costas para o grupo de Li. — Meus cumprimentos acabam aqui. 

— Quem ele pensa que é, que mal educado! — disse Gloria. 

— Ele tem o que é preciso para tal — falou Matheus. — Aquele símbolo no peito dele é da Facção de Ignis, nossa principal rival. 

— Ele não é um inimigo comum — concordou Li. — Mas não se preocupem, quando chegar a hora… sei que serei eu a enfrentar ele. 

— Hahaha, olha só para ele, todo pomposo — brincou o líder. — Vamos, ainda tem muito do dia para aproveitar… o torneio começa em breve. 

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Olá, eu sou Dealer!

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