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Capítulo 81: Reencontro Amistoso 

Aqueles que carregam o maior peso, são os que possuem os pês mais firmes. 

Sem medo de falhar ~ Sócrates 

— Você realmente veio. 

— Queria checar como você estava. 

Em um bar próximo ao coliseu, Li cumprimentava uma amiga que conheceu durante pouco tempo há alguns meses. Depois da finalização do dia de torneio, a maioria dos participantes foi descansar e outros foram comemorar. Matheus e os outros estavam no primeiro grupo, especialmente considerando que Fynn e Selene não tiveram suas partidas no primeiro dia. 

Li, no entanto, após assistir atentamente ao nível 3 do torneio, não estava conseguindo desligar sua mente, por isso contatou Irmin para se encontrarem em um bar próximo, já que nenhum dos dois teria que lutar no dia seguinte. 

— Mas sinceramente, o que estão te dando como alimento? Você deve ter crescido mais de 10 centímetros nos últimos meses. 

— Gigantes crescem bastante a partir de certa idade — respondeu Irmin. 

— Gigan…? — surpreendeu-se. — Parece que temos muito o que conversar. 

— De fato, sente-se. 

Sentando-se, Li percebeu que, desde a primeira vez que haviam se encontrado, Irmin havia mudado drasticamente, não se de aparência, mas de postura. Antes, exceto quando com seu escudo, ela parecia ser capaz de perder para uma mosca em uma luta, sendo completamente inofensiva. Mas, no momento, a mulher parecia outra pessoa. 

— Como vão às coisas do seu lado? — perguntou Li. 

— Estão fluindo… estou sendo muito, muito bem tratada em Magdala, apesar de ser mais baixa do que a maioria dos gigantes, não me destrataram por ser metade humana. 

— Você sempre soube?  

— Não… pelo contrário, na verdade, sempre achei que era apenas naturalmente maior do que as outras crianças, afinal, nunca conheci meus pais… nem eu, nem a Selene. 

De palavra a palavra, os dois conversavam lentamente, talvez pelo cansaço, pelo ambiente ou para aproveitar o tempo de descanso no bar. 

— A Selene… 

Ambos ficaram em silêncio por um instante. 

— Ela está bem, se é isso que você quer saber — disse Li. — Quando ela chegou estar com certeza mais abatida do que normalmente, mas ela já está voltando pouco a pouco a ser mais ativa.  

— Fico feliz em saber… — falou Irmin, olhando no fundo, de seu próprio copo.  

— Eu honestamente fiquei surpreso quando vocês se separaram… mas acho que aconteceria em algum momento. 

— Você acha? — perguntou a mulher. — Eu nunca achei que aconteceria… nós sempre tivemos o tipo de relação que você leva como certeza, como se aquela pessoa nunca fosse embora. 

— Então, por que você foi embora? — Questionou Li. Irmin pausou a bebericada que iria dar no copo antes de responder. 

— Ela te contou? 

— Não… não sei se ela falou sobre com alguém, mas consigo deduzir até certo ponto… duvido muito que ela tomaria essa iniciativa, ainda mais considerando o quão mal ela ficou. 

— Entendi… bem, existe uma história por trás, mas acho que é um pouco mais do que isso… 

Li continuou calado, esperando a explicação completa. 

— Certo… — aceitou Irmin. — A verdade é que, na minha opinião, nossa relação estava tomando um rumo que a destruiria eventualmente…  

— Prossiga… 

— Eu sei que ela não é uma mentirosa nem nada do tipo, sei que a única coisa que ela omitiu foi para me proteger na melhor das intenções… mas… também acho que eu precisava entender o mundo para crescer como pessoa; manter alguém numa gaiola dourada não ajuda em nada a longo prazo… 

— Entendi… acha que foi uma decisão acertada? — perguntou. 

— Vai saber… — suspirou, olhando para o teto. — Não consigo te dar essa certeza ainda… talvez se nosso irmão estivesse aqui ele saberia lidar melhor com isso… 

— Irmão? — questionou, surpreso. — Não sabia que vocês tinham um irmão. 

— Foi ele que me deu aquele escudo — disse Irmin. — Bem, não é surpresa que você não saiba. Acho que até hoje Selene não se sente bem em falar sobre ele. 

— O que aconteceu? 

— Ele faleceu há alguns anos — respondeu, tomando mais um gole. 

— Sinto muito por isso… 

— Está tudo bem, foi há muito tempo e eu não tenho tanto problema quanto ela em falar sobre — afirmou. — Seu nome era Breno, ele era uma ótima pessoa, digo, na medida do possível na nossa situação. 

— Eu entendo, fazemos o que podemos para sobreviver. 

— Sim… nós não o conhecíamos quando éramos crianças, nos tornamos mais próximos próximo à adolescência e continuamos juntos por uns 3 ou 4 anos… Selene era muito apegado a ele, mas consigo entender o porquê, ele era extremamente confiável. 

— E você? — perguntou. — Do jeito que fala, a relação sua com ele não parecia ser a melhor. 

— Não é bem assim — respondeu Irmin. — Vendo agora, a verdade é que eu tinha ciúmes dele. No fundo, talvez eu sentisse que Breno estava tomando Selene de mim… vendo agora, imagino que fosse algo do tipo. Ah… mas não é como se eu tivesse ficado feliz com a partida dele nem nada do tipo, não sou esse tipo de pessoa. 

— Você a ama? 

A súbita pergunta pegou Irmin de surpresa, porém, mesmo que tomando alguns segundos para pensar, a verdade é que ela já tinha a resposta em sua cabeça. 

— Sim, eu a amo… apesar de que não acho que seja reciproco… mas não foi por isso que parti. 

— Então por quê?  

— Porque não sou boa o suficiente… não me considero digna de estar ao lado dela e sei que se continuarmos dessa forma… — Irmin se segurou nas palavras. — A verdade é que amo ela, mas odiava a pessoa que eu era… simplesmente não suportava continuar naquela situação… mas como poderia dizer para Selene que o motivo de eu estar triste é porque eu a amo?  

Li tomou uma pausa para absorver a pergunta. 

— Entendi… de verdade, eu realmente entendo, sei como é se sentir insuficiente., apesar de nos dois sabermos que Selene não pensa da mesma forma… 

— Eu sei que não… Mas é algo que preciso fazer também por mim mesma… talvez assim consiga convencer a mim mesma que eu tenho esse direito. 

— Toda pessoa que pensa demais tem mais medo de ser entendido do que mal-entendido — sussurrou Li. 

— Hm? 

— Não é nada… só estou pensando alto… enfim, imagino que seu próximo objetivo seja ganhar esse torneio. 

— Sim…  

— Mesmo que cheguem as oitavas, ainda enfrentara o líder da minha equipe. 

— Eu sei… 

— E mesmo que ganhe dele, ainda me enfrentara nas quartas. 

— Está tão confiante de vencer aquela elfa assim? Digo, ela visivelmente não vai ser uma oponente fácil. 

— Percebi há algum tempo que somos mais fortes quando lutamos por outra pessoa, imagino que você também veja isso, por isso vai dar tudo de si. 

— Li… 

— Mesmo assim… eu vou vencer; as oitavas, quartas, semis, a final, vou derrotar todos… vou derrotar a todos por que também tenho uma pessoa para proteger. 

Irmin olhou no fundo dos olhos de Jihan. 

“É o mesmo olhar…” pensou. “Você também olhou para nós da mesma forma no último teste… Então você também está tentando se tornar uma pessoa mais forte.” 

— Como eu pensava… — disse a mulher. 

— Hm? 

— Nada. — Pela primeira vez ela sorriu. — Só pensei que fiz certo em confiar o meu amor em suas mãos. Por favor, tome conta dela até eu voltar. 

— Não precisa dizer, fique forte logo, Irmin. Estarei esperando por você. 

                                                                                                     

Após conversarem mais um pouco sobre suas respectivas facções e vida que levaram até ali, Irmin e Li se despediram no bar e ambos voltaram a suas acomodações para repousarem. Apesar do álcool não ter muito efeito em seu corpo, após alguns copos e uma longa conversa, Jihan finalmente conseguiu dormir. 

— Você está atrasado. 

Assim que adormeceu, já deu de cara com Nasháh em seu plano mental. 

— Às vezes eu sinto falta de uma boa noite de sono — comentou Li. 

— Dormir seria um desperdício de sua força mental e você ainda descansa fisicamente desse jeito, pare de desculpas e vamos começar logo com isso. 

— O que foi? Você normalmente não é tão agitado. 

— Acho que temos um problema… 

— Problema? Aconteceu alguma coisa? 

— Ainda não… mas tem uma força estranha na cidade… 

— Não é normal? Afinal, estamos no meio do torneio, é normal que pessoas fortes estejam perambulando as ruas. 

— Não… não é simples assim… a energia que eu senti era definitivamente sombria… e estava dentro do coliseu. 

— Dentro do coliseu? Não seria suicídio tentarem alguma coisa onde está a maior concentração poder? 

— Você não entende, Li… se um demônio realmente está dentro do coliseu então ele deve ter suporte o suficiente para estar ali… isso quer dizer que alguma facção ou casa esta o ajudando. 

— Não podemos só o identificar e tentar alguma coisa? 

— E como exatamente você pretende fazer isso? Tenho que te lembrar que ainda é um novato?  

— Então, o que você recomenda que façamos? 

— Primeiro, vamos identificá-lo, não tem muito o que fazer antes disso, depois pensamos em como prosseguir. 

— Certo… mas ainda não acho que é uma coisa pra se preocupar, afinal, se alguém se revelar um demônio, tenho certeza de que ele seria facilmente eliminado ali… não sei por que você está tão aflito. 

“Por que o alvo dele pode ser você, moleque!” pensou Nasháh. “É vergonhoso pensar que não posso aparecer na frente de tantas pessoas estando tão fraco!”  

— Só estou um pouco preocupado, nada mais — respondeu. — De qualquer forma, voltemos ao treinamento, ainda precisamos aperfeiçoar aquela coisa que estávamos treinando. 

— Aquela?  

— Sim… sua arma principal nesse torneio. 

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