Enquanto o sangue de Lucian se espalhava pelo corpo de Kie, uma sensação de formigamento foi aparecendo.
Ao contrário de Mitsuri que se contorceu violentamente, destruindo tudo ao redor, Kie tremia, a intensidade era baixa, porém a frequência era muito grande.
Parecia que o corpo de Kie estava paralisado, incapaz de se mover ou emitir qualquer som.
Ela apenas sentia como se formigas andassem por suas veias, entrassem seus ossos e mordessem seus nervos.
Lentamente mordendo cada centímetro de seu corpo e pingando um líquido pútrido em sua alma.
A dor lancinante nublando seu pensamento.
Conforme o processo de transformação cessava, Kie apenas continuou atordoada com os olhos vazios.
Lucian se aproximou, e segurou seu ombro levemente, a balançando um pouco, em busca de despertá-la.
Logo Kie recuperou seus sentidos, e virou-se para olhar Lucian.
“… Foi ainda pior do que pensei que seria”Kie comentou fracamente, a temível sensação ainda estava impressa em sua mente.
“Falei que seria ruim, mas veja positivamente, você completou o ‘teste’ e agora seu potencial é tão alto quanto poderia ser” disse Lucian, de certa forma tentando confortá-la.
É uma experiência desagradável, porém recompensadora.
“Pelo menos isso…” Kie resmungou levemente, ‘uma recompensa é o mínimo’
Os dias que se seguiram foram um pouco mais entediantes.
Simplesmente passando um tempo com Kie e seus filhos, e treinando um pouco para obter a maior força possível.
Apesar de que ele já havia chegado ao limite de poder, algo que Muzan também havia encontrado.
Literalmente o limite do quanto alguém poderia se tornar mais poderoso neste mundo.
‘Talvez eu deveria criar um sistema para quantificação de poder… Chamarei de Poder de Sangue’
Esse nome pode ser um tanto casual, porém é o que mais faz sentido, os demônios são transformados por seu sangue, e ele consomem carne e sangue para se fortalecerem e seus poderes sobrenaturais utilizam sangue.
A importância do sangue para eles é demonstrada pela grande atração que possuem pelo sangue marechi.
“Então a força, velocidade, regeneração e força do kekkijutsu estariam ligados o poder de sangue”
“Com o poder de sangue mostrando o poder máximo que um demônio seria capaz de alcançar”
Não que o poder de sangue fosse um limitador, justamente o oposto, aumentar o poder de sangue é um aumento no limite.
Sendo assim, um demônio com 1 poder de sangue pode ser mais forte do que outro demônio com igual poder de sangue.
Suponha que o limite trazido por 1 poder de sangue seja uma força de 200kg.
Ter 1 poder de sangue não lhe garante 200kg de força, o indivíduo poderia ter apenas 100kg de força.
Assim deve ser dito que apesar da ligação entre a força de um demônio e o poder de sangue ser alta, o poder de sangue não é o único fator determinante.
“Humanos possuem menos de 1 ponto de poder de sangue, e a taxa de absorção não é 100%, então comer 100 humanos não lhe dá 100 poder de sangue.”
“O poder de sangue é uma quantificação da vitalidade do demônio.”
“O poder de sangue não aumenta a força em si, mas o nível do organismo, portanto além desses atributos físicos e sobrenaturais, também aprimora a capacidade de adaptação a venenos, temperatura, pressão, radiação e outras situações que podem ser encontradas.”
Analisou Lucian, contemplando as capacidades dos demônios.
‘Eu tenho 1000 BP(Blood Power) e neste mundo não há possibilidade de aumentar esse nível.’
‘Terei que obter a respiração do sol, o mundo transparente e a marca do matador de demônios’ Pensou Lucian, listando as coisas que ainda poderiam aprimorá-lo.
A respiração do sol estava quase em suas mãos.
A marca do matador de demônios também não estava longe, com o aprendizado de uma técnica de respiração e um período de ressonância com o Kokushibo, ela viria rapidamente.
O mundo transparente só poderia ser obtido depois da marca do matador de demônios.
‘No futuro ela será chamada de marca demoníaca, afinal apenas demônios a possuem atualmente.’ Lucian zombou levemente.
‘O que devo fazer a seguir? Atacar a base da Demon Slayer Corps? Eu poderia fazer isso, afinal tenho Mitsuri para guiar o caminho.’
‘Ou deveria esperar os resultados do lado da Daki e diminuir suas forças mais?’
‘Ou apenas esquecer isso?… Nah, nunca, jamais’ Rapidamente negou Lucian.
‘Apesar que a possibilidade sobre a existência de uma certa entidade me diz que não posso desenvolver esse mundo em uma base.’
Não é totalmente impossível, mas comparado a outros mundo o esforço é desproporcional.
Qual é melhor, um mundo cheio de recursos e relativamente fácil de dominar ou um mundo pobre em que um novo Yoriichi nasce de vez em quando?
“Mestre Lucian!” De repente um chamado interrompeu seus pensamentos.
“O que houve Daki?” perguntou Lucian, atendendo ao chamado dela.
“Um hashira apareceu no distrito da luz vermelha” respondeu Daki, um toque de alegria claramente visível em sua voz.
“Um hashira? Descreva ele.” Pediu Lucian.
“198 centímetros de altura, cabelos brancos e olhos fúcsia, ele está disfarçado, tentando se passar por um cliente comum” rapidamente disse Daki, dando tantos detalhes quanto conseguia.
Depois de tanto esforço ela não poderia e não queria deixar falhar na parte final.
“Entendo… Tengen Uzui, o hashira do som.” Concluiu Lucian.
É porque o atraente Uzui possui uma certa vantagem no distrito da luz vermelha ou tem algo haver com o “destino”?
Talvez ambos?
Lucian então estalou os dedos, uma porta para o distrito da luz vermelha aparecendo em sua frente.
No momento seguinte ele estava ao lado de Daki.
Sim, ele havia copiado o kekkijutsu de Nakime nesses poucos dias.
Para maximizar os benefícios e economizar tempo, ele não criou um novo castelo infinito, apenas injetou seu poder no castelo já existente.
Agora o castelo infinito possui tanto ele quanto Nakime como administradores.
Quanto ao dono… Sempre foi ele, até a Nakime é sua propriedade.
“Não agiremos por enquanto, apenas observaremos” Instruiu Lucian.
“Sim mestre!” respondeu Daki, dando uma reverência.
“Aliás, considere isso uma recompensa” disse Lucian ao estender um tentáculo e injetar sangue em Daki.
“Obrigada mestre!” falou Daki, alegria estampada em sua face, mesmo que as veias pulsantes em seu rosto entregasse a sua agitação interna.
‘Aliás, quando e por que ela começou a me chamar de mestre?’ Lucian de repente se perguntou.
Ele sabia que ela estava chamando-o assim fazia um tempo, porém só agora parou para pensar nisso.
Mas ele não iria fazer nada para impedir isso, afinal não era algo desagradável.
Pelo contrário, ele gostava disso.
‘Por que aqueles protagonistas ficam tão incomodados?’