Vendo aquela katana cheia de olhos se aproximando em uma velocidade aterrorizante, e vendo que não possuía nenhum apoio o meio para manobrar no ar, uma mistura de medo e admiração surgiu no coração de Shinobu.
Seu coração batia rápido, ela sabia que era impossível desviar, e tentar bloquear provavelmente quebraria sua espada.
Mas ela não tinha muitas opções, a espada ou o corpo dela, portanto não teve que pensar muito antes de tomar uma decisão.
Crack!
A lâmina de sua katana se partiu em duas, mantendo assim apenas dois terços.
Por causa do impacto a queda de Shinobu foi acelerada, e logo ela bateu as costas no chão.
Sangue sendo cuspido para fora de sua boca, algumas de suas costelas quebradas e seus órgãos levemente dilacerados.
“Nesse nível de força você poderia rivalizar com Akaza ou Douma.” Kokushibo elogiou, enquanto se aproximava.
“Mas não o suficiente para matar, certo?” perguntou Shinobu enquanto se levantava, uma pitada de zombaria em sua pergunta.
Seu corpo tremia, mas mesmo assim ela se levantou, o objetivo era se fortalecer, e ficar no chão não ajudaria.
Então, juntando suas últimas força e o que restava de sua espada, Shinobu novamente lançou uma estocada.
“Ela realmente é determinada”, comentou Kokushibo, olhando para seu abdômen perfurado e para a desmaiada Shinobu que ele havia aparado com sua mão direita.
“Desde que ela sobreviva, deverá despertar a marca” concluiu ele, apontando para a bochecha esquerda dela.
“Sim, e eu garantirei que ela sobreviva” concordou Lucian, antes de pegá-la e deitá-la em seus braços.
‘Que inveja’ pensou Daki enquanto olhava para os dois, sentindo vontade de ficar próxima de Lucian também.
Enquanto ela tinha pensamentos e Kokushibo apenas observava calmamente, Lucian estendeu sua mão, um fio vermelho brilhante saiu do corpo de Shinobu.
Sim, essa era uma de suas criações, ele havia colocado no corpo dela para estimular os batimentos cardíacos e o aumento na temperatura corporal.
Efetivamente garantindo que ambos chegassem ao requisito mínimo ao mesmo tempo garantindo que não atingissem um ponto letal.
Afinal de contas, deixar tudo para a sorte não é um hábito dele.
Em seguida, ele injetou seu sangue em Shinobu, a transformação garantiria à ela a capacidade de se recuperar totalmente.
E não decepcionando os esforços de ambos, após 30 minutos Shinobu acordou como uma demônio com marca demoníaca.
“… Sinto o poder correndo através de mim” disse ela, olhando para suas mãos, depois de ter ficado alguns segundos atordoada.
“Espero que sim”, disse Lucian, rindo ao ver a expressão no rosto dela.
Shinobu, vendo a situação em que se encontrava, deitada no colo de Lucian, corou levemente, e então escorou novamente, colocando seu rosto no peito dele.
“Obrigado… a ambos” ela agradeceu, notavelmente, suas palavras e postura mudaram porque lembrou-se da presença de Kokushibo e Daki.
Ela rapidamente se levantou, disfarçando seu rubor, se recompôs e olhou para sua espada, que agora estava quebrada.
“É realmente uma pena que ela tenha quebrado desse jeito.”
Quebrar tão preciosa katana já seria algo infeliz, porém pior ainda é quebrá-la em um treinamento.
“Logo você poderá criar uma nova, uma feita da tua carne e do teu sangue, refletindo a imagem em teu coração” confortou Lucian, que espada poderia ser melhor e mais adequada do que aquela feita do corpo do próprio espadachim?
“Por enquanto, use os restos dessa. Ambos me ataquem” disse ele, preparando-se para despertar a marca demoníaca também.
Assim, Shinobu e Kokushibo fizeram, enquanto Daki estava lá unicamente para servir como plateia.
Depois da transformação, Shinobu experimentou um acentuado aumento nas capacidades físicas, portanto seu poder de combater anteriormente já alto, agora se tornará ainda mais formidável.
Suas estocadas tão rápidas quanto relâmpagos, agora caíam como chuva, devido ao seu vigor que se tornará tão vasto quanto o oceano.
Ao mesmo tempo, Lucian, lidava com os frenéticos ataques de Kokushibo, ele então pegou sua espada, e girou com ela.
Mesmo que não houvesse nenhum kekkijutsu envolvido, seus oponentes podiam sentir a temperatura escaldante e pareciam ver chamas solares.
Sim, Lucian estava usando a respiração solar. Nos poucos dias em que esteve relativamente parado, ele pediu que Tanjiro o ensinasse.
Imagine a surpresa do garoto ao descobrir que essa dança familiar na verdade era a suprema técnica de respiração.
A respiração do inseto de Shinobu é leve e ágil, similar à uma borboleta.
A respiração da lua de Kokushibo é fria, afiada e rápida, enviando uma enxurrada de ataques .
Já a respiração do sol, ela é forte, mas ainda assim rápida e é quente como o sol, com ataques que se interligam e fluem como as águas de um rio.
Simplesmente uma técnica que beira a perfeição.
Um dos grandes motivos pelo qual Lucian desejava tanto a respiração do sol é porque ele quer despertar um kekkijutsu relacionado.
Neste momento sua lâmina simplesmente está quente, mas futuramente ela estará queimando em terríveis chamas.
Ao mesmo tempo que desviava e bloqueava os ataques que o enxameavam, Lucian controlava seus batimentos e temperatura.
E após vários minutos nessa situação, ele sentiu como se algo quebrasse dentro dele, e sua vitalidade começou a fluir em direção a algo desconhecido.
Com o crescente fluxo de sua força vital, uma marca começou a aparecer em seu peito esquerdo, acima de um de seus coração, aquele que seria o único para os humanos e a maioria dos demônios.
Após o aparecimento dessa marca ele sentiu cada célula de seu corpo se agitando.
Seu corpo agora estava mais forte e mais rápido, e seus sentidos se tornavam ainda mais apurados.
“Podemos parar agora, já despertei a marca” disse Lucian, parando Shinobu e Kokushibo.
“Isso significa que não precisa de muita pressão para que a marca desperte” comentou Kokushibo, ele sabia que Lucian estava lidando com esses ataques com relativa facilidade.
A questão é, sem um grande estimulo ninguém chega a 200 batimentos cardíacos por minuto.
Principalmente se for um demônio, considerando que praticamente nada altera a frequência cardíaca deles.
Deve ser por isso que nenhum demônio possuía a marca, exceto Kokushibo, que a despertou antes de virar um demônio.
“Isso é verdade, um real risco a vida não se faz necessário, desde que eu controle os batimentos e temperatura da outra parte, torna-se bem fácil o despertar acontecer com segurança” Lucian confirmou.
“Então eu não sofri em vão?” perguntou Shinobu com certo descontentamento.
Quem iria querer apanhar quando poderia não passar por isso?
“… Claro que não, experimentos são a base para o progresso, e o que não mata apenas fortalece” respondeu Lucian com um pouco de constrangimento, tentando se justificar.
Claro, essas palavras apenas fizeram Shinobu revirar os olhos. Então ela continuou treinando, para se familiarizar com seus novos poderes e se preparar para a guerra que estava prestes a acontecer.
