Lucian caminhava lentamente pela rua lotada, olhando para os grandes arranha-céus ao redor, com várias telas e letreiros, porém escondido nessa cidade aparentemente próspera, ele podia sentir o cheiro de sangue flutuando no ar.
‘Estou em Tokyo, mas de que mundo?’
Alisando seu terno, Lucian olhou ao redor antes de se dirigir na ao local de onde vinha o cheiro de sangue fresco, ele tinha a sensação de que isso poderia ajudá-lo com seu problema.
Como a fonte do cheiro não estava muito longe, ele não demorou muito para chegar lá, era um beco, que nesta noite, estava completamente engolido pela escuridão.
Se aprofundando no escuro beco, logo avistou um homem ajoelhado no chão, suas mãos se moviam, parecia estar comendo algo.
Olhando mais atentamente, Lucian viu que o homem estava comendo um cadáver humano, que havia morrido perfurado por um objeto de formato cilíndrico no peito.
Ouvindo o som de passos, o homem virou-se, seus olhos tinham escleras negras e íris vermelha, uma fome louca podia ser vista em suas pupilas.
Sangue manchava sua boca, o mesmo com suas mãos e roupas, que estavam bem desgastadas, indicando que o homem não tinha condições de vida muito boas.
“O que é você? Veio me roubar?” O homem se levantou vigilante ao sentir um cheiro estranho, olhando para Lucian ele não sentia o cheiro de humano, nem o cheiro que sentia com aqueles de sua espécie.
“Longe disso, estou apenas passeando por este lugar”, disse Lucian, negando as palavras do homem, “Porém acho que você deveria ficar mais atento, se sujar assim pode lhe causar problemas.”
“… Problemas? Vou ter problemas? Você vai causar problemas para mim?” Infelizmente, o homem não parecia ter muita sanidade sobrando.
A fome, a miséria e a perseguição, tanto pelos humanos, quanto por seus iguais, o haviam levado ao limite.
Então um apêndice similar a uma cauda saiu do corpo do homem, que atacou Lucian furiosamente.
“Vejo que a fome reduziu sua inteligência.” A voz de Lucian estava cheia de zombaria e antes que o homem pudesse se aproximar, Lucian o decapitou com um rápido movimento de sua mão direita.
E tendo uma boa mentalidade de não desperdiçar comida, ele absorveu o corpo do homem e o cadáver que estava no chão.
Visitando as memórias do homem, ele logo confirmou seu palpite.
Ele estava no mundo de Tokyo Ghoul e havia acabado de matar um ghoul.
‘Células rc…kakuhou… kagune, esse músculo líquido é realmente fascinante, além do fato de que alguns desenvolvem habilidades especiais.’
Saindo do beco ele continuou andando, dessa vez com um destino – Anteiku.
Felizmente ele já estava no vigésimo distrito, o que facilitava o processo.
Quanto ao motivo dele estar indo até lá, existem dois motivos: verificar o andamento da trama e claro, entrar em contato com os ghouls poderosos que estão na Anteiku.
Ao descobrir se Kaneki estava ou não trabalhando na Anteiku ele saberia se a cirurgia de transplante de kakuhou já havia ocorrido.
Com um objetivo em mente, Lucian caminhou calmamente enquanto assobiava uma musiquinha.
Ao mesmo tempo ideias começaram a surgir em sua mente, no mundo de Tokyo ghoul os humanos possuem células especiais e um grande número delas garante grande poder.
Pode ser presumido que contanto que um humano obtenha um número de células rc suficientemente alto, ele gradualmente iria virar um ghoul.
O corpo então iria se adaptar, tornando -se cada vez mais adequado para obtenção de células rc, e um órgão diretamente relacionado a isso surgiria – o kakuhou.
O kakuhou e kagune existem com o propósito de facilitar a caça.
‘Juntar demônios com células rc com toda certeza trará mudanças agradáveis…’
Caminhando perdido em devaneios, não demorou muito para que Lucian chegasse à porta da Anteiku, caso você se pergunte como ele sabia o caminho, a resposta é simples: familiares em forma de inseto.
Liberar familiares que possuem forma de inseto é muito bom para a obtenção de informações.
Entrando na Anteiku, Lucian olhou ao redor.
De um lado haviam mesas e cadeiras bem distribuídas e do outro lado havia um balcão com alguns bancos.
Ele simplesmente se sentou em uma cadeira aleatória, respirou fundo e deu uma olhada no cardápio.
‘Ahh esse cheiro… não gosto muito de tomar café, mas o cheiro é tão agradável’, pensou Lucian, o cheiro a Anteiku era uma mistura de café, cappuccino e doces.
Uma garçonete se aproximou não muito tempo depois de Lucian sentar-se, ela tinha uma grande franja de seu cabelo azul escuro cobrindo o lado direito de seu lindo rosto, deixando apenas um de seus olhos azuis expostos.
Esta é Touka Kirishima, uma ghoul com kagune tipo ukaku.
“Me traga um cappuccino… aliás você gosta de coelhos?” Lucian fez seu pedido, antes de fazer uma pergunta tão estranha quanto poderia ser.
Ouvindo a pergunta de Lucian, as pupilas de Touka encolheram-se, para qualquer outro essa pergunta não teria nenhum significado especial, mas para ela…
‘Ele sabe quem eu sou?’ Ela se perguntou nervosamente.
“Trarei um cappuccino”, disse ela, saindo em direção à cozinha.
Antes de Lucian realmente tomar alguma ação ofensiva, ela não poderia fazer nada ali, porém ela ainda iria notificar o gerente sobre isso.
‘Um dove ou ghoul inimigo?’
‘Ela realmente é bonita’, pensou Lucian, olhando para as costas de Touka que se afastava lentamente, e então voltou seu olhar para o balcão.
Atrás do balcão um homem de cabelos pretos e um tapa olho branco fazia café, com tais características tão reconhecíveis, Lucian não demandou muito esforço para saber quem era – Kaneki Ken.
‘Então Rize já foi capturada pelo Kanou… agora devo pensar: darei tempo para que ele crie mais ghouls ou atacarei agora mesmo?’
Permitir que Kanou criasse mais ghouls seria o mesmo que esperar os frutos amadurecerem antes de colhê-los, algo que Lucian se sentia bem propenso a fazer.
‘Apesar de que Kaneki estar aqui na verdade não diz muito, apenas que a Aogiri Tree não o capturou ainda.’
Tiniling Tiniling!
“Bom dia!”
Neste momento o som do sino na porta da Anteiku tocou, interrompendo os pensamentos de Lucian.
Normalmente alguém entrando no café não seria algo notável, e Lucian não prestaria atenção a isso, mas a dupla que entrou era especial.
Uma mulher com longos cabelos castanhos, colocados em uma trança em seu ombro e adornada com três flores, suas feições eram gentis e tinham um brilho maternal. Ela como um todo passava um sentimento de gentileza e fraqueza, totalmente diferente do se esperaria de um ghoul.
Em sua lateral, uma versão menor dela, uma garota igualmente bonita, usando uma tiara no cabelo, seu semblante era tímido.
Eram Ryoko e Hinami Fueguchi, duas personagens bem lamentáveis na obra de Tokyo Ghoul.
Ryoko foi morta por Mado Kureo usando uma quinque feita com a kagune do marido dela, enquanto Hinami basicamente viu a mãe ser morta na frente dela.
Inclusive, esse evento foi um dos motivos pelo qual Lucian odeia o Kaneki fraco, apenas observar sem fazer absolutamente nada…
Na época Kaneki estava fraco, porém mesmo assim, ele poderia ter ajudado Ryoko a fugir.
Mesmo que Lucian não fosse muito gentil, ele ainda queria ajudá-las, alterando esse triste destino.
“Bem-vindas!” Kaneki as recebeu, pensando que ambas eram apenas clientes humanas comuns.
“Ora, você é novato?”, perguntou Ryoko, olhando para o até então desconhecido Kaneki.
“Oh! É isso mesmo!” Kaneki assentiu.
“Ryoko-san, garotinha!” Touka as cumprimentou logo depois, percebendo-as.
“Olá Touka-chan, eu vim… pensei que não haveria clientes aqui nessa hora.” Ryoko sorriu ao cumprimentar Touka de volta, e quando estava prestes a dizer pelo que tinha vindo, percebeu a presença de um cliente ainda na Anteiku.
“Você não estaria errada, mas eu estou aqui para falar com o gerente, estava apenas tomando um cappuccino enquanto esperava a loja esvaziar.” Lucian levantou-se, sorrindo amigavelmente para ela.
“Entendo.” Ryoko assentiu, imaginando que Lucian também deveria ser um ghoul.
Porém, Hinami, que é portadora de sentidos afiados, notou algo anormal em Lucian e se escondeu ainda mais.
“… Ele é perigoso.” Hinami
Sim, ela podia sentir que Lucian é uma grande fonte de perigo.
“Sem dúvidas, porém vocês deviam se preocupar com os investigadores que estão vindo atrás de vocês.” Lucian confirmou as palavras de Hinami, mantendo seu sorriso inalterado.