Enquanto Lucian treinava e esperava a família Kamado achar o lírio aranha azul, algo acontecia ao mesmo tempo no distrito de Yoshiwara em Tokyo.
Neste lugar, mais conhecido como distrito da luz vermelha, uma mulher andava lentamente.
Esta mulher alta e curvilínea, com seus longos cabelos pretos presos com vários grampos kanzashi, seus lindos olhos verde limão, sua pele branca e perfeita…
Normalmente estando nesse lugar ela apenas seria considerada uma oiran de alto nível.
E essa é a identidade que ela costuma ter, porém qualquer um que a visse agora apenas sentiria medo, pois seu belo rosto está cheio de sangue, e em sua mão esquerda carrega os restos de um braço que ela havia arrancado.
Sim, ela é uma demônio, mais especificamente Daki – uma das duas partes que juntas formam a Lua Superior 6.
‘Isso deve ser suficiente por hoje… Já estou cansada de comer’ pensou Daki enquanto jogava o braço para o lado.
Mesmo que isso fosse contra seus hábitos alimentares, que seriam comer apenas pessoas bonitas, além de que normalmente ela estoca e devora lentamente.
Porém agora ela estava comendo para parecer um ataque de um demônio normal.
Se um grande número de vítimas não fosse feito, não atrairia hashiras.
Caso as vítimas apenas morressem sem serem devoradas, se poderia chegar à conclusão de que não foram demônios, afinal esse costuma ser o propósito singular que eles possuem quando matam.
Deve ser dito que mesmo que Daki aja de forma infantil grande parte do tempo, ela ainda pode ser bem inteligente nos momentos certos.
‘Será que ele irá me elogiar?’ Uma tênue expectativa surgiu no coração de Daki.
Esse desejo inicialmente pequeno amplificou-se infinitamente.
A vontade de ser reconhecida se tornando avassaladora.
A necessidade de completar a tarefa que lhe foi incumbida perfurando seu coração.
Ela não sabia se esse sentimento era natural ou artificial, porém ela não se importava.
Ela apenas quer que seu desejo seja concluído, isso e apenas isso.
“O que ele mandou que você fizesse irmãzinha?” Neste momento, Gyutaro que se aproximava perguntou, esta era a única explicação para o que acontecia.
“Nada demais onii-chan, apenas para matar mais.” Respondeu Daki, escondendo o verdadeiro propósito por trás dessas ações.
Isso porque Lucian mandou que ela fizesse assim. E ele o fez porque sabia que Gyutaro seria contra, considerando o quão protetor ele é com a irmã.
Gyutaro provavelmente surtaria se soubesse que Daki está sendo usada como isca neste momento.
“Essa é uma ordem estranha, cara. Mas ela ainda é legal. Ainda vamos continuar?” falou Gyutaro enquanto acenava com suas foices.
“Não. Por hoje isso já é suficiente.” Daki sorriu ansiosamente, antes de se afastar, indo em direção ao bordel em que está morando atualmente.
“Isso é estranho, cara” Gyutaro disse, com sua face se tornando ainda mais obscura ao pensar no comportamento recente de Daki.
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Uma sala mal iluminada, com uma grande cama no centro, uma mesa e uma almofada na parede oposta.
Este quarto extremamente simples é o quarto de Daki.
E neste momento Daki aproximou-se da almofada e sentou-se nela, antes de começar a contatar Lucian.
Após alguns segundos, uma ligação telepática foi formada.
“Mestre Lucian, a tarefa que você me confiou está indo bem. Aumentei muito a frequência em que devoro humanos. O pessoal da Demon Slayer Corps tornou-se cada vez mais visível, Nakime já mandou familiares para seguir vários deles. Acredito que em pouco tempo mandarão um hashira até aqui.”
Daki relatava os acontecimentos recentes para Lucian, a expectativa enchia seu olhar.
E Lucian, conhecendo Daki e sentido as emoções dela, não a decepcionou.
“Muito bom! Sabia que você poderia realizar essa tarefa. E quando um hashira aparecer, me avise primeiro e evite entrar em combate.”
“Sim, Mestre Lucian.” Exclamou Daki, com alegria em sua voz, afinal com este novo chefe ela estava obtendo reconhecimento, ao contrário do anterior que mal podia esperar para repreendê-la.
Se falasse que está quase achando um hashira ele perguntaria: “por que ainda não achou?”.
Se falasse que achou um hashira ele perguntaria: “por que ainda não o matou?”.
Caso falasse que matou um hashira ele perguntaria: “por que não matou dois deles?”.
Em suma, para ele tudo era pouco.
O novo chefe pelo menos fica feliz e elogia um pouco quando algo é concluído.
‘Agora a única coisa que tenho que fazer é garantir o sucesso nessa tarefa’ pensou Daki enquanto sua determinação aumentava
Daki mordia levemente sua unha do polegar, seu rosto levemente distorcido enquanto sua raiva por não ter nenhuma ideia aumentava.
Matar mais? Não, isso causaria pânico e espantaria os clientes, então boa parte do plano perde eficácia.
‘… Espalhar rumores seria melhor, porém também pode espantar as pessoas… Já sei, vou capturar ao invés de matar.’
‘Já que o plano é se aproveitar da densa multidão que costuma estar aqui no distrito da luz vermelha, então irei criar uma área especial para o combate.’
“Uma área cheia de pessoas… Tão cheia que ele nem vai conseguir brandir sua espada sem acertar alguém… mwahahahaha.”
Concluiu Daki, antes de soltar uma risada cheia de malícia.
E essa abordagem está de acordo com os hábitos dela de estocar, inclusive o kekkijutsu dela é perfeito para isso.
“Arrancar um membro ou dois e então armazenar a pessoa ainda viva dentro do obi… Deixa rastros, e junta mais restrições aos caçadores… Eu sou simplesmente genial Hahaha.” Arrogantemente riu Daki, ao ver sua própria genialidade.
Simplesmente o esperado da belíssima e poderosa Daki.
“Vou me apressar e transmitir o novo plano ao onii-chan.” Daki se levantou com um sorriso no rosto.
Pulando pela janela, ela rapidamente correu pelos telhados dos prédios ao redor, indo na direção em que sentia Gyutaro.
Enquanto pulava de prédio em prédio, ela respirou fundo e sentiu que seu corpo estava mais leve.
Ela tinha certeza de que tudo daria certo, e isso simplesmente a deixava aliviada.
“Onii-chan, mudança nos planos. Agora nós vamos capturar em vez de matar.” Sorriu Daki enquanto falava com seu irmão mais velho.
“Por que? Lucian lhe disse algo, por isso essas mudanças, certo?” Gyutaro disse enquanto olhava para as feições alegres de Daki, estranhando seus comportamentos recentes.
“… Sim.” Após alguns segundos de hesitação, Daki assentiu, confirmando o palpite de Gyutaro.
“O que ele pretende?” Gyutaro perguntou, levemente confuso. Qual o objetivo dessas ações?
“… Ele pretende atrair hashiras, bem como atacar o quartel general deles.” Novamente hesitando, Daki ainda contou para Gyutaro.
Diante de perguntas tão direcionadas ela simplesmente não foi capaz de esconder.
“Legaal. Acho que agora eu gosto mais dele.” Gyutaro sorriu sedento de sangue ao imaginar suas foices cortando a carne de todos os caçadores que ele conseguisse.