“Deve ser difícil, né?” perguntou Lucian, olhando para Kie.
“Do que está falando?” Kie pareceu confusa com a pergunta de Lucian, ainda mais considerando o quão repentinamente ela foi feita.
“Viver aqui, cuidando sozinha de seis filhos.”
“Bem… Não posso dizer que seja fácil, mas nós conseguimos nos virar. Eles me ajudam muito, principalmente Tanjiro que desce a montanha para vender carvão, e a Nezuko cuidando de seus irmãos mais novos.”
“Isso é bom. Ver que a ausência de um uma figura paterna não causou danos me deixa aliviado.” Lucian então sorriu, antes de sugerir “Não quer encontrar um novo pai para eles?”
“O que? … Você realmente está dizendo o que eu acho que é?” Kie corou timidamente enquanto sua voz diminuía.
“Claro” disse Lucian, enquanto se aproximava dela.
Ele então colocou uma de suas mãos na cintura dela, e se aproximou lentamente.
“M-Mas já estou velha e tenho filhos…” Kie gaguejou levemente, a hesitação escrita em seu rosto. Ainda mais quando sua atual idade e o fato de ter filhos tornava quase impossível que ela se envolvesse em um novo relacionamento romântico.
“Na minha opinião você ainda é muito atraente” disse Lucian, exalando ar quente na orelha esquerda de Kie.
“N-não…” O rubor se alastrou ainda mais pelo rosto de Kie, suas orelhas ficando vermelhas, e sua mente ficando tão confusa quando sua face ficou vermelha.
Olhando para aquele vermelho brilhante, Lucian até sentiu vontade de arrancar um pedaço.
“Sim…”
Smack!
E ele concretizou sua vontade dando um beijo em suas delicadas bochechas.
Neste momento, Kie quase soltou fumaça, então rapidamente o empurrou, soltando-se dos braços de Lucian antes de correr para longe.
Fugindo cheia de vergonha e timidez.
“Eu tenho muito charme.” Arrogantemente comentou Lucian. Afinal, se não fosse por isso, ela o teria afastado no momento em que ele começou a se aproximar.
Ainda mais ao considerar que eles se conheceram a poucos dias, então mesmo se ela tivesse dado um tapa nele, não teria sido surpreendente.
‘… Ou sendo pessimista é porque ela acumulou muita solidão. Também pode ser que eu tenha um pouco de protagonismo.’
Ele então se virou para a pia, que ainda havia louça não lavada porque Kie fugiu. Deu uma breve risada e começou a lavar a louça.
Se ele a fez fugir, ele tem que se responsabilizar e terminar o trabalho.
………..
‘Ele me beijou…’ Kie recostou-se na parede, enquanto cobria o rosto com as mãos.
Seu coração batia rápido, seu rosto queimava e sua mente constantemente pensava no acontecido.
Fazia muito tempo que ela não possuía um contato tão próximo com um homem, ainda mais sendo um homem tão bonito.
Ela ficou emaranhada internamente. Deveria aceitar? Mas e os filhos dela? Eles poderiam aceitar isso? Ele seria um bom pai? Todas essas são questões que ela deve considerar.
Então ela deveria recusar? Porém, só de pensar nisso já a deixava relutante. Ela não queria ficar sozinha o resto da vida, e mesmo que se conhecessem a tão pouco tempo, ele ainda a deixava muito confortável.
Então lá estava ela, enfrentando um grande dilema. Cumprir os deveres como mãe e colocar os filhos em primeiro lugar? Ou considerar apenas a sua felicidade pessoal?
E depois de alguns minutos respirando fundo e acalmando seu coração, Kie tomou uma decisão.
‘Se ele puder ser bom para meus filhos, então não haverá problemas. Caso contrário, simplesmente não acontecerá nada entre nós.’ Ela então fortaleceu sua determinação.
Tomando uma decisão que juntava o melhor de dois mundos.
‘Talvez assim como ele disse, eu deveria dar um novo pai para meus filhos.’
“Mãe! Rokuta caiu e machucou o joelho!” Shigero se aproximou correndo, enquanto gritava.
“Se acalme, me leve até ele.” Kie falou suavemente, confortando Shigero.
“Sim, por aqui!” disse Shigero, puxando a mão de Kie.
Buááá buáá
Dando alguns passos na direção indicada por Shigero, Kie logo começou a escutar o leve som de choro, já que a casa não é tão grande.
Porém ao se aproximar mais um pouco, o som foi cessando lentamente.
E quando Kie finalmente chegou, o choro já havia parado.
Olhando para Rokuta no chão, e Lucian que o confortava, Kie sentiu poderia dar certo…
“Ele se machucou só um pouco, apenas tem que limpar e fazer um curativo, e em poucos dias estará bom.” Lucian anunciou para os presentes ouvirem.
“Sim, não se preocupe com o machucado” disse Kie, agachando-se e confortando Rokuta, enquanto o ajudava a levantar.
“O que aconteceu?” perguntou Nezuko, que acabara de chegar.
“Ele caiu. Nezuko leve-o para fazer o curativo.” Kie deu a ordem para Nezuko.
“Sim, mãe” respondeu Nezuko, pegando a mão de Rokuta para levá-lo a outro cômodo, e Shigero rapidamente a seguiu.
“Desculpe por empurrá-lo mais cedo.” Kie então se desculpou com Lucian, seu rosto levemente vermelho.
“Está tudo bem. Eu que fui abrupto em minhas ações” falou Lucian, um sorriso aparecendo em seu rosto, e um sentimento de euforia surgindo em sua mente, pois ele sabe o que esse pedido de desculpas significa.
Significa que ela não ficou brava com o fato dele ter beijado-a e que ela deseja continuar esse relacionamento.
“Na verdade, estou feliz por você não estar brava.” Lucian sorriu provocativamente.
“Você… poderia parar de tentar me provocar?” retrucou Kie, entendendo o significado das palavras dele, porém mesmo que tentasse demonstrar raiva, a vermelhidão em seus rosto, e a timidez em seus olhos dificultavam essa tentativa.
“Não, não posso parar.”
“Uff… Você se diverte tanto provocando essa velha?” Um leve desamparo apareceu no rosto de Kie ao fazer essa pergunta.
“Sim, não é minha culpa que a ‘velha’ em questão seja tão bonita. Além de sua expressão envergonhada ser tão fofa.” Sorria Lucian, enquanto se aproximava, seu olhar provocativo se intensificando.
“Ora, se continuar falando assim ficarei brava. E eu sei que está se aproximando porque vai tentar me beijar de novo.” Retorquiu Kie.
“Você acertou, e como não se afastou nem meio passo, vou considerar como consentimento” disse Lucian ao estender os braços, e puxar Kie em seu abraço.
Sentindo os braços que a envolviam, Kie fechou os olhos e levantou a cabeça fazendo bico com seus lábios, ela estava pronta para o beijo.
….. Cadê o beijo?!?
Kie abriu os olhos e observou Lucian confusa, apenas para se deparar com o olhar ainda provocativo.
“Você realmente quer ser beijada, né.” Então ele abaixou a cabeça e roubou os lábios dela.
Kie ficou surpreendida por um momento antes de fechar os olhos e ficar imersa no beijo.
Ambos se juntaram numa ávida busca pelo calor um do outro, enquanto se abraçavam firmemente, e beijavam-se apaixonadamente.
E depois de um longo tempo, eles se separaram porque ficaram sem fôlego.
… ou pelo menos Kie ficou sem fôlego. Lucian ainda poderia durar horas ou até dias.
“Meus lábios estão um pouco dormentes…” disse Kie olhando para Lucian com certo ressentimento.
“Quer um beijinho para sarar?” Maliciosamente sugeriu Lucian.
“Não!!”
“Tudo bem, logo você vai se acostumar. E para te apoiar nesse processo de adaptação estarei disposto a te beijar todos os dias.”
“…Tenho medo dos dias vindouros.” Comentou Kie com certo temor: ‘Se for tão vigoroso todos os dias, meus lábios não caíram?’
“Agora vamos checar o curativo de Rokuta?” Sugeriu Lucian, desviando o assunto para evitar que Kie continuasse pensando aleatoriamente.
“Sim.” Kie concordou, afinal mesmo que tivesse confiança em Nezuko, ela ainda precisava olhar para garantir que tudo estivesse bem.