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Harley acordou da inconsciência em um lugar desconhecido. Parecia, que de alguma maneira, talvez com a ajuda da adaga, ele estava vivo. Harley sabia que tinha escapado de uma calamidade iminente. 

A memória de seus últimos atos retornou, e ele percebeu que o ambiente ao seu redor não se assemelhava ao que ele imaginava ser o fundo de um precipício, mas sim a um cômodo de uma casa construída nas rochas.

Ao tentar mover-se, ele constatou que seus movimentos eram limitados e dolorosos. A dor pulsante era constante, e seu corpo exibia numerosos cortes e contusões. Seu braço estava firmemente enfaixado, e a fraqueza era avassaladora.

No entanto, ao tentar se levantar, uma voz calma o deteve. “Não levante. Isso só vai piorar seus machucados. Você perdeu muito sangue.”

Os olhos de Harley se voltaram na direção da voz e encontraram um rosto cujas rugas deviam contar histórias de incontáveis jornadas. Era um homem de estatura média, com uma cabeleira e barba brancas. Vestia roupas simples, porém, notavelmente limpas, e estava acomodado em uma cadeira próxima à cama de Harley. Enquanto ajeitava com calma os fios de sua barba, ele perguntou:

— Acredito que você esteja confuso e em busca de respostas? 

— Sim… — Harley respondeu ao velho com uma expressão ligeiramente perplexa, seu olhar alternando entre o sábio ancião e a adaga preta, que ainda repousava firmemente em suas mãos. — Por que ela não brilha mais? Será que tudo o que vivi foi apenas fruto da minha imaginação? — Ele continuou, mais como um murmúrio para si mesmo do que uma pergunta direta ao velho.

O ancião assentiu com compreensão.

— Meu nome é Silas Ginsu, e sou o guardião desse Santuário do nosso clã. 

Silas olhou para a adaga negra, suas rugas pareciam acentuar-se enquanto prosseguia:

— Apenas os portadores da Adaga Arcana podem chegar até aqui. E quanto à sua pergunta, Harley, não foi imaginação. O que você segura é a Adaga Arcana, um artefato que protege e é protegido pelo nosso clã. Se ela brilhou para você, isso significa que você deve ter de fato visitado ou visto outros mundos. E por isso conseguiu chegar aqui. 

Harley balançou a cabeça, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido.

— Acho que sim, estava em uma situação difícil. A adaga acabou me salvando, mas também sinto que algumas coisas foram misturadas com minhas lembranças.

O ancião sorriu gentilmente e perguntou: 

— Você conseguiu controlar a abertura de algum portal? 

— Não. Por mais que tentei, ela parecia ter vontade própria.  

— Entendo. Pelo visto, esta adaga estabeleceu uma conexão inicial contigo e usou suas lembranças e percepções para avaliar se você é digno dela.

Harley pareceu surpreso.

— Até mesmo uma arma agora pode avaliar e decidir se me quer ou não? — ele resmungou, ainda meio mal-humorado, lembrando-se do fato passado com Isabella.

— Essa adaga não é apenas uma arma, Harley. Ela é um artefato sagrado que simboliza a liderança de nosso clã. Só pode ser transferida de líder para líder, seja por meio da morte ou quando o antigo detentor abre mão de sua função. Seu pai, Julius Ginsu, não está morto, caso contrário, a adaga não o teria testado e buscaria rapidamente um novo descendente de nosso clã para vincular-se.

— porque isso? 

— Harley, a adaga perde poder. Regride quando perde o vínculo. Com o passar do tempo sem vínculo, pode voltar a ser apenas uma arma comum. Porém, ao mesmo tempo, quanto mais tempo ela está vinculada a um portador, mais poderosa ela se torna — Silas explicou, enfatizando a importância do laço entre a adaga e seu portador.

Harley escutava atentamente, absorvendo cada palavra com seriedade, e uma grande questão surgiu em sua mente:

 — E por que a adaga me escolheu? 

— Antes de você, outra pessoa de seu clã tentou dominar a adaga e fracassou no teste — disse, o pensativo velho, enquanto ajeitava com calma os fios de sua barba.

— Pelo que aprendemos e compartilhamos, este artefato escolhe aqueles que compreendem o preço de viajar entre os mundos, aqueles dispostos a sacrificar o conforto, o familiar, o amado, o desejado, o sonhado e até mesmo a própria existência em busca de um propósito maior. Possivelmente, você deve ter feito algum sacrifício aqui no Abismo Sem Fim que fez com que a adaga se manifestasse e influenciasse o seu destino.

— E o meu pai… — perguntou Harley, hesitante em como formular a pergunta. 

— Julius está vivo, já que a adaga te testou mentalmente ao invés de se vincular diretamente a você. Talvez, aquele que, antes de sua avaliação, teve contato com a adaga, saiba sobre o paradeiro de seu pai e esteja por trás dos motivos que levaram o nosso grande líder a tomar essa decisão — disse Silas, com uma expressão pensativa, enquanto ajeitava a barba.

— Não sei que métodos secretos essa pessoa usou, mas ela conseguiu estabelecer contato com o artefato e ser testada por ele — afirmou o velho, e então fez uma pausa, olhando seriamente para Harley antes de prosseguir:

— Agora, como novo portador da adaga e futuro líder de nosso clã, é sua responsabilidade descobrir tudo sobre isso. Você precisa descobrir por que seu pai foi compelido a abandonar o clã e onde ele está aprisionado ou escondido. E, acima de tudo, é crucial descobrir quem deseja tomar posse do artefato de nosso clã e quais são suas motivações.

O jovem olhou para a adaga em suas mãos, agora mais ciente do peso que ela carregava. Ele sabia que havia mais a descobrir, que sua jornada estava apenas começando. A adaga ainda não o aprovara completamente, então, por enquanto, era apenas uma simples arma de metal negro.

— Descanse. Depois conversamos mais — disse o velho enquanto saía. 

Harley olhou na direção da voz enquanto era inundado por perguntas e incertezas, reconhecendo a sua própria impotência diante da situação. Lutar contra a realidade era inútil. Ele estava à mercê de sua própria fraqueza, sem forças ou meios para se defender. Com um suspiro, ele murmurou com dificuldade: 

— Obrigado por salvar minha vida. 

— Agradeça ao destino — disse serenamente, Silas — Agora, descanse. Conversaremos mais tarde. 

Harley, resignado, não teve outra alternativa senão fechar os olhos e permitir que o sono o envolvesse, apesar de um turbilhão de dúvidas e pensamentos em sua mente.

Olá, eu sou o Val Ferri Sant. Ana!

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