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“Nossas trajetórias são linhas que se cruzam em um vasto e complexo padrão. Cada vida é uma linha nesse tecido, cada encontro, um nó que fortalece ou desafia nossa compreensão do destino. E esse entrelaçamento das vidas cria o tecido da existência. 

Misteriosos inscritos no templo da Adaga Arcana. Sem autor identificável.


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Os companheiros sintéticos de Harley permaneciam impassíveis, indiferentes ao caos ao redor. A inatividade deles reforçava as convicções do jovem: ou eles não possuíam sistemas de combate, ou suas funções estavam estritamente limitadas ao auxílio e à captura da Guardiã Sombria. 

Parecia claro que tinham instruções rígidas para evitar qualquer agressão aos demais componentes da missão.

Harley desviou definitivamente o olhar de seus companheiros e olhou para a névoa que tinha produzido. Ele sabia que não podia depender de sua vantagem por muito tempo. A névoa eventualmente se dissiparia, e ele precisava maximizar o caos enquanto tinha a oportunidade. 

Como um lutador solo, o jovem tinha a habilidade de costurar seus ataques com precisão, confundindo os inimigos e aproveitando a liberdade de não precisar se preocupar com a proteção de companheiros. 

Embora um ataque em equipe pudesse ser uma grande dor de cabeça, ele tinha a vantagem de se mover de forma independente e ágil.

Mas havia uma exceção que o fazia sentir falho. Harley não atacaria a garota sem motivo. No entanto, ele sabia que Milenium, no fundo, era uma ilusão tecida por suas próprias expectativas. 

“Como poderia alguém se conectar ao vento? Como poderia alguém se preocupar com impressões superficiais, com o insólito? Com uma entidade sem referências em suas memórias, além daquela única visão ao lado de Aurora poderia continuar significativa?” — pensava Harley.

Ele não a atacaria sem motivo, mas também não hesitaria em se defender se ela viesse em sua direção. A imagem de Milenium era tão etérea quanto o próprio vento, e ele estava preparado para enfrentar qualquer ameaça que surgisse.

Os sons de espadas se chocando e gritos indicavam que as tentativas de luta dentro da névoa eram intensas. O jovem sabia que precisava voltar para a névoa rapidamente, pois ela oferecia uma vantagem tática crucial. 

Ao se direcionar para a névoa, observando os movimentos confusos dos inimigos, ele percebeu que a adaga ou talvez a própria névoa concediam a ele uma visão clara, enquanto seus adversários pareciam cegos, incapazes de discernir qualquer coisa além da espessa bruma.

Harley se dirigia à névoa, determinado a aproveitar a desorientação dos membros da ‘Escola de Exploradores Interdimensionais’, que, sob o efeito da névoa, lutavam entre si. Entretanto, uma figura se aproximou rapidamente. Ele reconheceu instantaneamente a lutadora cuja movimentação indicava ser Milenium. 

Com cada passo, ela parecia realizar pequenas viagens temporais, deixando pós-imagens sobre pós-imagens enquanto se distanciava dos seus inimigos e se aproximava cada vez mais do jovem. A visão criava uma estranheza para ele, que não conseguia reconhecer como real aquela movimentação. 

“Será que isso era devido a alguma ferramenta ou arma mágica, ou uma consequência do ambiente em que todos estavam expostos?” — ponderava Harley, lembrando que já havia notado algumas formas geométricas se movendo de maneira semelhante.

O jovem observava atentamente, tentando discernir a natureza daquela habilidade. A fluidez dos movimentos de Milenium fazia parecer que ela estava em múltiplos lugares ao mesmo tempo, uma ilusão que confundia seus sentidos e desafiava sua percepção da realidade. 

Cada passo dela parecia dobrar o tempo e o espaço, criando um rastro fantasmagórico que deixava Harley em um estado de constante alerta.

A urgência da situação não permitia muitas reflexões, mas a visão de Milenium utilizando essa técnica avançada o fez reconsiderar suas estratégias. Ele precisava estar preparado para qualquer eventualidade e adaptar-se rapidamente às mudanças no campo de batalha. Milenium, ou quem quer que fosse aquela figura, demonstrava um nível de habilidade e adaptação que excedia suas expectativas.

Harley não podia permitir-se ser distraído por essa visão. Ele concentrou-se, aumentando sua velocidade de movimento, contudo no seu íntimo, ele sabia que não conseguiria chegar à névoa a tempo de usá-la a seu favor, pois Milenium o alcançaria antes que ele chegasse.

E como esperado, antes que pudesse reagir, seja para lutar ou fugir, a figura se deteve à sua frente e, com uma voz firme e familiar, disse:

— Harley, sou eu, vamos!

Surpreso, o jovem respondeu:

— Aurora?

Ela não respondeu. Em vez disso, aproximou-se mais, pegou a mão de Harley e o puxou para uma fuga rápida dos dois grupos. A garota estava com um capacete, e fora a voz, não havia mais nenhum detalhe que remetesse a ela.

Mentalmente, ele tentava processar a situação enquanto corria ao lado de Aurora: 

“Era possível que ela fosse uma proteção, uma substituta que se colocava em risco para aumentar as chances de vida de Milenium. 

Como uma garota que ele conhecia como estudiosa e cientista poderia, de repente, se transformar em uma guerreira com habilidades marciais e estratégias de combate que deixariam qualquer adversário admirado e receoso?” 

Eles fugiam com determinação, cada passo ecoando a urgência de sua fuga, até que, num instante súbito, um impacto poderoso atingiu Harley, lançando-o para trás. Uma figura geométrica emergiu diante dele, colidindo mais uma vez com sua força avassaladora. 

Por um breve momento, novamente as linhas negras apareceram em sua percepção, revelando o que o jovem acreditava serem as conexões invisíveis que o ligava a algo maior.

Agora ele via novamente as linhas. Ele compreendia que a linha que escolhera anteriormente, aquela que o conduzira àquela confusão entre os grupos, estava conectada a Aurora. 

Era como se uma revelação silenciosa lhe confirmasse que sua jornada estava entrelaçada com a presença dela, uma verdade que ele aceitava com determinação e um senso renovado de propósito.

A certeza tomou conta dele, uma convicção profunda de que estava exatamente onde deveria estar, que cada passo o tinha conduzido até ali por uma razão, independentemente do desfecho.

Antes que pudesse perguntar algo, Aurora falou, a voz carregada de urgência:

— Depois te explico. Nem os meus companheiros são confiáveis.

Sem mais uma palavra, ela arremessou um artefato entre eles e os perseguidores com escudos. Uma grande explosão seguiu, paralisando e nocauteando os perseguidores momentaneamente. O som ensurdecedor e a onda de choque deram a Harley e Aurora o tempo necessário para aumentar a distância da fuga.

O jovem olhou para trás e contemplou as quatro criaturas sintéticas de sua equipe emergindo das chamas produzidas pela explosão, aparentemente sem um arranhão. 

Elas seguiam em direção a ele e a garota com a mesma indiferença de sempre. Assim como antes, elas acompanhavam silenciosamente os passos apressados dos jovens em fuga, sem questionamentos ou reações.

À medida que continuavam a correr, a distância entre eles e os inimigos aumentava. O campo de batalha ficava para trás, e com ele, as imediatas ameaças. Harley sabia que as respostas viriam, mas até lá, ele precisava confiar em Aurora, ou Milenium, e concentrar-se na fuga.

Ele apertou um dos três botões de sua pulseira grossa. Um leve zumbido preencheu o ar, e um drone compacto de energia emergiu de um compartimento oculto na pulseira. 

O pequeno dispositivo flutuou por um momento, emitindo uma série de luzes azuis antes de se dividir em dois fragmentos, cada um com uma missão específica.

O primeiro fragmento disparou à frente, assumindo a função de batedor. Ele transmitia em tempo real imagens tridimensionais holográficas das áreas à frente de Harley e Aurora. 

Com precisão milimétrica, o drone projetava o terreno, revelando cada obstáculo, cada movimentação suspeita, e possíveis rotas de fuga. As imagens holográficas flutuavam diante dos olhos do jovem, permitindo-lhe analisar cada detalhe do caminho que percorriam. 

Graças ao drone, ele podia ver o terreno como se estivesse olhando de uma perspectiva elevada, fornecendo uma visão panorâmica e estratégica do campo de batalha.

O segundo fragmento do drone permaneceu para trás, monitorando os adversários que haviam sido deixados na neblina e nas chamas. Esse fragmento também projetava imagens holográficas, mas focava-se nos movimentos e nas táticas dos inimigos. 

Harley via, em tempo real, as movimentações dos membros restantes da ‘Escola de Exploradores Interdimensionais’ e da ‘Academia de Combate Tradicional’. A visão detalhada permitia-lhe antecipar qualquer tentativa de retaliação ou perseguição, fornecendo um aviso precoce de perigo iminente.

Enquanto o primeiro drone mapeava o caminho à frente, detectando possíveis emboscadas e revelando passagens seguras, o segundo fragmento alertava sobre os inimigos que se reorganizavam, destacando aqueles que ainda estavam em condições de lutar. 

As imagens holográficas mostravam o cenário atrás deles, onde os inimigos, confusos e desorientados, tentavam se reestruturar após o caos da batalha e da explosão.

Harley enquanto fugia ao lado de Aurora, recebia as informações repassadas pelos dois drones. As projeções detalhavam não apenas o terreno, mas também destacavam pontos de interesse estratégico, como áreas elevadas para possível vantagem tática e esconderijos naturais que poderiam ser utilizados em caso de uma nova emboscada. 

A inteligência avançada do drone fazia uma análise contínua, atualizando os dados cruciais em tempo real.

No entanto, a coleta de dados no Local Proibido era uma tarefa monumental. As características únicas daquele ambiente dificultavam a precisão das informações. Objetos geométricos surgiam aleatoriamente, sem padrões detectáveis, enquanto o tempo fluía em velocidades diferentes em cada zona ou terreno. 

Isso gerava uma avalanche avassaladora de estímulos sensoriais que o sobrecarregavam por completo. Sons agudos e graves ecoavam em uma cacofonia ensurdecedora.

Cores vibrantes se sobrepunham umas às outras, criando um turbilhão de tintas mescladas que deixava tudo em um emaranhado sem forma ou definição. A falta de uma visão clara era como ter um véu de névoa densa sobre os olhos. 

Em meio a essa confusão, o drone lutava para filtrar as informações mais relevantes, ajustando as projeções holográficas para refletir uma porcentagem de confiabilidade nos dados coletados.

Harley percebeu que, embora tivesse uma visão abrangente e detalhada do campo de batalha, as informações vinham com níveis variados de precisão. A cada atualização, ele recebia indicadores de confiabilidade, permitindo-lhe discernir quais dados eram mais sólidos e quais necessitavam de cautela ao serem interpretados. 

Isso exigia dele uma constante adaptação, pois o ambiente ao redor mudava rapidamente, desafiando suas habilidades de análise e decisão.

As projeções informativas do drone forneciam atualizações constantes, mas o terreno instável e a natureza imprevisível do Local Proibido tornavam a navegação uma tarefa monumental. Cada curva, cada desvio, era calculado com base nas informações recebidas, embora a confiabilidade dessas informações fosse variável.

De repente, o drone sinalizou uma anomalia à frente. Antes que pudessem reagir, cinco figuras emergiram das sombras, bloqueando seu caminho. Eram os membros da ‘Escola de Magia dos Ossos de Dragão’, que deveriam estar na ‘zona intermediária’, mas agora estavam aqui, prontos para interceptar os dois fugitivos.

“Como eles chegaram aqui tão rápido ou já estamos na ‘zona intermediária’?” — pensou Harley.

Os cinco magos com movimentos rápidos começaram a finalizar um feitiço complexo, utilizando os ossos de dragão que traziam consigo. As características do Local Proibido começaram a se modificar ao seu redor, como se o próprio ambiente estivesse sendo manipulado por suas magias.

Do chão, formas geométricas começaram a surgir, brilhando com uma luz pulsante e criando padrões intrincados que pareciam dançar no ar. Essas formas não eram aleatórias; cada uma delas servia a um propósito específico, alinhando-se para formar um círculo em torno de Harley e Aurora. 

As cores vibrantes e os sons ensurdecedores do Local Proibido intensificaram-se, formando um invólucro que deveria ser uma forma de aprisionamento para os dois.

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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